Why Cliché? escrita por Jess Gomes


Capítulo 12
Capitulo XI




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Tremendo, alcancei o celular que estava no bolso de minha calça e por sorte não se quebrou. Disquei o número de Peter rapidamente, lágrimas rolando pelo meu rosto enquanto chamava.

– Oi, gatinha. – Atendeu no terceiro toque.

– Você está devendo ao Basso? Esse é o problema sério? – Disparei, minha voz embargada pelo choro.

– Sara, o que aconteceu? Como sabe de Basso? Você encontrou com ele?

Ele me encontrou, Peter. – Choraminguei. – Ele entrou na minha casa e...

– Você está sozinha? – Interrompeu.

– Sim. Minha mãe saiu de manhã – Falei. - Ele disse que se você não o pagar até semana que vem, ele vai matar todos os que nós amamos.

– Sara, fique calma. – Pediu, me fazendo chorar ainda mais.

– Eu estou com medo. – Disse e consegui o ouvir suspirar.

– Eu estou indo pra ai. Não abra a porta pra ninguém, entendeu?

– Entendi. – Respondi e ele desligou. Cerca de vinte minutos depois, alguém bateu na porta. Lentamente, segui até lá e olhei no olho mágico. Abri a porta imediatamente ao ver que era Peter.

– Sara! – Exclamou, me abraçando apertado. Sua jaqueta de couro esbarrou em meu cotovelo machucado e eu prendi a respiração. – O que foi?

– Meu cotovelo. – Admiti, envergonhada.

– Ele machucou você? – Perguntou, fechando as mãos em punho.

– Peter, calma, foi só um corte.

– Onde mais ele te machucou? – Me encarou e eu apontei pro meu couro cabeludo que só havia parado de sangrar fazia pouco tempo. – Eu vou matar esse infeliz.

– Se ele não nos matar primeiro. – Ironizei, recebendo um olhar irritado de Stevens. – Ok. Brincadeirinha sem graça. – Ignorando-me, Peter adentrou a casa, parando perto de espelho quebrado.

– O que aconteceu aqui?

– Ele me jogou aqui. – Respondi e ele urrou. – Peter, para! Não adianta mais ficar assim. Agora já foi.

– Você não entende? – Se virou pra mim. – Sara, eu prometi que não deixaria nada acontecer com você. E olha isso. – Apontou pros cacos de vidro no chão, e depois pro meu cotovelo.

– Eu sei, amor, eu sei. – Me aproximei dele, colocando meus braços ao redor do seu pescoço. – Sei também que, por mais isso magoe seu ego de macho, nenhum de nós pode contra o Basso.

– Se pelo menos ele estivesse sozinho...

– Espera. O Basso não está sozinho? – Interrompi e Stevens suspirou, se soltando de mim.

– Não. Ele tem vários caras trabalhando pra ele. Provavelmente têm alguém nos espionando agora pra saber se vamos chamar a polícia ou algo assim. – Engoliu em seco antes de continuar. – Foi assim que ele chegou até você.

– Tudo bem, isso eu já entendi. Mas o que esse Basso é? Por que você deve dinheiro a ele? Peter, você é rico e...

– Eu não peguei dinheiro emprestado com ele. – Interrompeu.

– Então por que você o está devendo? – Arqueei a sobrancelha e Peter respirou fundo.

– É uma longa história.

– Eu tenho tempo. – Retruquei. Stevens pareceu pensar por alguns minutos, mas logo começou a falar:

– Tudo começou cerca de um ano atrás. Eu estava andando com más companhias e por intermédio delas, acabei conhecendo um clube de sinuca. – Pausa. – O clube pertencia a Basso. No início, era apenas um hob, uma brincadeira, mas depois de um tempo... Tornou-se um vício. Eu ficava um dia inteiro lá, às vezes nem voltava pra casa.

– O que isso tem a ver com sua divida? – Questionei confusa.

– Você por acaso já foi a um jogo de sinuca, Sara? – Disse e eu dei de ombros.

– Uma vez com meu pai. Não tem nada demais lá.

– Talvez você pense isso porque vocês não fizeram nenhuma aposta.

– Aposta? – Repeti. – Há apostas num jogo de sinuca?

– Na maioria das vezes sim. – Respondeu. – Quando eu jogava, todas as rodadas tinham apostas. Algumas baixas, outras grandes. Com o tempo, eu fui pegando o jeito e ganhava todas as apostas. Cheguei a juntar dois mil dólares numa noite só. – Abri a boca para interrompê-lo, mas Stevens fez sinal com a mão para que eu parasse. – Me deixa terminar. – Pediu e eu assenti. – Um dia, minha sorte mudou. Comecei a perder todas as apostas e a ficar sem grana. No inicio não era nada demais, mas depois as dividas foram aumentando. Eu sei que devia parar de jogar naquele momento, mas... Eu não consegui. Era mais forte que eu. Chegou uma hora que minha divida com o clube se tornou tão grande, que o dono me chamou no seu escritório.

– Basso te chamou no escritório? – Sussurrei, a voz fraquejando no final.

– Ele me disse o valor real da minha divida. Trinta mil dólares. – Prendi a respiração, assim como ele. – Não tinha como eu pagá-lo. Então, ele propôs um acordo. Trabalharia pra ele por um ano, e ele esqueceria a dívida.

– Que tipo de trabalho? – Gaguejei.

– Trabalho... Pesado. Eu era responsável pela cobrança das pessoas que o deviam.

– Você chegou a...- Parei por um momento, antes de continuar. – matar alguém?

– Não. Eu desisti antes disso. – Peter abaixou a cabeça. – As coisas que eu via, as pessoas que eu assistia serem mortas. Os choros, gritos, alguns se ajoelhavam e pediam pelo amor de Deus. Mas nada adiantava. Basso matava todos eles, sem demonstrar um pingo de piedade. Então eu abandonei o serviço. Isso irritou Basso, que aumentou minha dívida. Agora eu devia cinquenta mil dólares.

– Oh meu Deus! – Tremulante, me levantei, ficando de costas pra ele.

– Eu não queria te assustar, Sara. – Stevens falou, com ternura.

– Eu já estou assustada desde que eu encontrei aquele monstro na minha cozinha! – Gritei, me virando pra ele. – Ele vai nos matar, Peter. Vai matar a todos nós!

– Ele não vai nos matar. – Retrucou, vindo em minha direção. – Eu não vou deixar!

– Não somos nada contra esse cara. Nada!

– Sara, se acalma. – Pediu, me segurando. – Eu já deixei ele te machucar uma vez – Apontou pro meu cotovelo – Mas não vou o deixar encostar em um fio de cabelo seu. Eu juro pela minha vida.

Não respondi. Aos prantos, o abracei, e chorei tudo o que tinha pra chorar nos seus braços enquanto ele acariciava meus cabelos e murmurava que tudo iria ficar bem.

Peter ficou comigo até minha mãe chegar e, junto comigo, inventou que um rato havia entrado em casa quando ela fez um escândalo por causa do espelho. Quando ele foi embora, mamãe sentou-se perto de mim no sofá, me entregando minha caneca de chá.

– Então, o que aconteceu de verdade aqui? – Perguntou. – Por que eu sei que você não tá assim só por causa de um rato.

– Ele era um rato gigantesco. – Respondi, fungando. Ela riu.

– Eu estou falando sério, Sara.

– Eu também. – Retruquei.

– Você brigou com Peter? – Me encarou e eu neguei com a cabeça. – Então o que foi? – Desviei o olhar, deixando claro minha falta vontade de responder. – Ok, pelo visto você não quer falar nada. – Levantou-se. – Mas você vai explicar o que está aconteceu depois, mocinha. Agora levanta, vou te colocar na cama.

Levou-me até o meu quarto, e trocou minha roupa. Desfez meu coque bagunçado e penteou meu cabelo, como fazia quando eu era criança. Arrumou minha cama, e após ter me deitado, ficou comigo até eu cair no sono.


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Notas finais do capítulo

Heeeey guys, como vão vocês? Então, aqui está mais um capitulo. Sei que está curtinho mas ele é importante para vocês entenderem quem é o Basso e o que ele quer. Enfim é isso, espero que gostem, obrigado por lerem e por favor, COMENTEM! Beijos e até semana que vem.
Obs: Hoje tem att de Bad Love, corre lá ;)