IX

 Abrindo os olhos

 

 

 

 

 Era uma linda manhã depois da noite em que Jacob me contou a verdade. Por algum motivo eu me sentia incrivelmente bem àquele ponto, portanto resolvi fazer o café da manhã de todos. Por isso, lá estava eu, lavando o recipiente que já fora usado, enquanto a massa assava na máquina de waffles.

 

 

 "Waffles? Uau." Ouvi sua voz divertida soar atrás de mim. Precisei virar a cabeça para vê-lo encostado ao batente da porta. "Não sabia que tinha tanto medo assim da minha comida."

 

 

 "É melhor prevenir do que remediar." Sorri, antes de voltar a atenção para a comida e desligar a máquina. Os waffles estavam prontos e cheiravam realmente bem.

 

 

 Virei para poder colocar a comida em cima do balcão. Foi quando olhei para Jacob - que agora caminhava em minha direção - e percebi o quanto ele estava lindo. Vestia uma bermuda Jeans e uma camisa com gola V branca, fazendo contraste com sua pele morena. Seu cheiro amadeirado estava mais forte, devido ao banho recém tomado.

 

 

 Precisei piscar duas vezes para sair de meu transe e perceber que estava quase derrubando a comida no chão.

 

 

 "Precisa de ajuda?" Jacob franziu o cenho ao perceber minha pausa momentânea. Tentei disfarçar. Mas todos sabem o quão mal eu sou nisso.

 

 

 "Tudo bem, eu só.. preciso colocar isso na mesa." Afirmei enquanto levava os pratos para a sala de jantar. Jacob aceitou, mas insistiu em levar os pratos de porcelana - claro que ele estava com medo que eu derrubasse, devido ao minha total falta de coordenação nos pés e mãos.

 

 

 Assim, consegui arrumar a mesa com a ajuda de Jacob.

 

 

 Algo em mim não estava certo. Eu me sentia ansiosa, nervosa. Era mais do que isso, e eu tinha certeza que Jacob era quem estava causando essa sensação. Só a presença dele no cômodo me deixa dessa forma. Descoordenada, sem saber o que fazer.

 

 

 Sei que disse para sermos amigos, mas era estranho como eu me sentia depois de ter descoberto a verdade. Era algo como estar feliz em ser mãe das duas crianças mais lindas da Terra e ao mesmo tempo ficar extremamente aliviada por estar casada com Jacob.

 

 

 Mas o que diabos eu estava pensando? Era só amizade com Jacob e pronto! Tudo bem que ele está me esperando. Mas não posso querer que ele ainda sinta algo por mim depois de tudo o que aconteceu esse ano. Tudo o que eu o fiz passar. Estava errado com ele, era egoísmo. Jacob merecia viver, e eu tinha certeza que eu não era a pessoa certa para proporcionar tal sentimento à ele. Não do jeito que ele verdadeiramente merece.

 

 

 "Waffles?" Uma voz masculina e admirada soou no local, tirando-me de meus pensamentos. Era Jullian que adentrava a sala de jantar junto de Samantha.

 

 

 Senti naquele instante um orgulho extremo por eles serem meus filhos. Estava tão feliz com isso, pois no fundo eu sempre tive-os como meus, e eles sempre foram. Eu era a mãe mais orgulhosa e feliz do mundo.

 

 

 "Algo me diz que não foi o papai quem cozinhou." Samantha riu divertida enquanto sentava-se na cadeira junto a mesa.

 

 

 "Mas que preconceito é esse com minha comida, agora?" Jacob perguntou, fingindo-se emburrado.

 

 

 "Se é que podemos chamar seu omelete de comida, não é pai?" Jullian sorriu malicioso - aquele olhar que me lembrava tanto Jacob. Não deixei de rir de seus comentários.

 

 

 "Filhos ingratos." Jacob murmurou sentando-se à minha frente na mesa. Nossos filhos olharam-se, antes de gargalharem felizes. Eu é claro, acompanhei seu ato.

 

 

Logo estávamos todos comendo, enquanto eu assistia Jacob conversar alegremente com as crianças. Algumas vezes eles se dirigiam também a mim, mas eu não sabia como responder, passei tanto tempo fora que não tinha noção do que eles falavam, ou muitas vezes, de quem eles falavam.

 

 

 Até que Samantha resolveu conversar sobre um assunto que tinha certeza que eu iria saber.

 

 

 "Ei Nessie, será que poderia me ensinar uns movimentos de cheer leader? Estava pensando em me inscrever no colégio e já vi fotos suas com o uniforme, então eu estava pensando se..." Ela começou um pouco constrangida.

 

 

 O quê? Ela realmente havia me chamado de Nessie? Talvez por medo de eu reclamar se ela resolvesse me chamar de mãe. Mas é claro que eu não reclamaria! Eu era a mãe dela não é mesmo?

 

 

 Resolvi corrigi-la.

 

 

 "Não!" Disse impedindo-a de continuar. Nesse momento, observei os garotos pararem de comer e olharem assustados para mim. Me apressei em continuar. "Não me chame de Nessie, eu ainda sou sua mãe e tem que me respeitar."

 

 

Observei então, Samantha olhar admirada para Jullian, e depois ambos sorrirem maravilhosamente e se levantarem para ficar mais próximos de mim. Não deixei de acompanhar o sorriso deles.

 

 

 "Oh mamãe!" Samantha esticou-se para me abraçar. Aconcheguei-a em meus braços enquanto sentia uma vontade repentina de chorar. "Senti sua falta."

 

 

 "Eu também minha pequena." Murmurei beijando o topo da sua cabeça. Ela logo se afastou pra que Jullian pudesse se aproximar. "Eu sempre soube que eram meus filhos, nunca esqueci vocês."

 

 

 Sequei uma lágrima que desabara e fitei meus dois garotos com orgulho. Samantha fazia o mesmo, secando os olhos marejado, enquanto Jullian colocara as mãos na cintura para falar. Ele estava corado, e isso o deixava maravilhosamente lindo.

 

 

 "É bom te ter de volta mamãe." Ele sorriu sem jeito e permaneceu no lugar. Quando percebi que ele não faria nada, resolvi dar um passo em sua direção e abraçar sua cintura - Jullian estava muito grande para abraçá-lo de outra forma -, ele logo retribuiu meu ato.

 

 

 "É bom estar de volta." Murmurei sinceramente feliz.

 

 

 Com minha visão periférica pude ver Jacob sorrir. Tinha algo em seu sorriso que o deixara extremamente atraente. Não sei se era orgulho, aceitação. Parecia ser mais que isso. Parecia ser amor.

 

 

 Ele encontrou meu olhar e resolveu disfarçar. Logo entendi sua atitude: Ele era meu amigo agora, não deveria me olhar com tanta ternura dessa maneira. Não posso dizer que não senti um certo desapontamento. Seria sempre assim daqui para a frente?

 

 

 "É.. o papo está bom, mas alguém tem que trabalhar." Jacob levantou-se da mesa para pegar seu prato e caminhar com ele até a cozinha. Resolvi levar meu próprio, deixando as crianças - que ainda não haviam terminado sua refeição - sentados à mesa de jantar; E fui em direção à cozinha acompanhada de Jacob.

 

 

"Não acha muito cedo para fazer ronda?" Perguntei curiosa, pegando o prato de sua mão para poder lavá-lo.

 

 

 "Ronda não é meu trabalho Nessie." Jacob disse enquanto procurava o pano no suporte ao lado do balcão. "Ronda é o trabalho dos outros lobos, eu sou o 'chefe' esqueceu?"

 

 

 Ele sorriu maravilhosamente, aquele sorriso tão contagiante que quando você o presencia, não consegue fazer mais nada além retribuir com o mesmo ato. Precisei balançar a cabeça para poder voltar a realidade e continuar a ensaboar os pratos.

 

 

 "Então qual é o seu trabalho?"

 

 

 "Eu.. concerto carros." Ele disse hesitante. "Tenho uma oficina em La Push. Estava parado por uns tempos sabe.. mas agora que as coisas se acalmaram, eu posso voltar ao trabalho."

 

 

 Jacob sorriu tranquilamente enquanto pegava um dos pratos de porcelana para secar e logo guardá-lo no armário.

 

 

 Parei um momento para pensar: Jacob deveria se dar tão bem fazendo esse trabalho. Pois até o ponto que eu sei, a moto em nossa garagem foi reconstruída por ele, e isso é uma grande coisa. Jacob era muito inteligente.

 

 

 "Preciso ir agora Ness." Ele afirmou sorrindo e colocando o pano novamente no suporte. O ato seguinte me fez perder o ar com uma rapidez impressionante. Jacob piscou para mim, tão rápido que senti-me estremecer ao seu ato. "Até mais tarde."

 

 

 O quê? Ele já estava indo embora? Eu precisava de uma desculpa para poder continuar a falar com ele. Precisava descobrir o que era aquilo que eu sentia naquele instante. Foi por isso que eu fiz a estupidez de dar um passo em sua direção.

 

 

 "Ei Jake." Foi a única coisa que murmurei, pois no momento seguinte já adquiria as leis malditas da gravidade e falta de coordenação.

 

 

 Tropecei no ar - pois definitivamente não havia nada fisicamente possível para um ser humano tropeçar - e estava logo ao caminho do chão, quando sinto suas mãos quentes e fortes me capturarem e puxarem-me para cima, encostando-me na bancada.

 

 

 Então, uma memória apareceu em minha mente. Em sua forma natural, sem flashes, sem dor de cabeça, nada. Como se eu nunca tivesse esquecido e sim apenas escolhido pensar agora.

 

 

 Era Jacob, ele me beijava. Intensamente, apaixonadamente em cima de uma bancada como essa; A bancada da casa de Billy, eu me lembro. Estávamos loucamente apaixonados naquela época, e próximos para o próximo passo quando alguns barulhos nos interromperam.

 

 

 Agora eu me lembro de tudo. Eram Rachel e Paul aos beijos na cama de Jacob - ele ficara muito irritado com isso e até mesmo expulsara os dois de seu quarto aos berros. Fora uma tarde de muita tensão aquela, mas de vários sorrisos também.

 

 

 Essa lembrança me fez perceber o que eu sentia. Ficou claro naquele instante o que meu coração sempre quis que Jacob fosse: Meu marido.

 

 

 Era isso, eu estava apaixonada por Jacob. Eu o amava, com todo meu coração e como deveria ser, sempre. Nada em mim mudara e era ele quem eu queria naquele momento e em todos de nossas vidas. Demorou, mas eu finalmente compreendi.

 

 

 "Uou, vai com calma pequena!" Jacob cortou meus pensamentos e eu percebi a distância mínima que ele estava de mim. Eram apenas poucos centímetros - o bastante para meu coração começar a bater e a vontade de lhe beijar aparecer novamente.

 

 

 Mas então, em vez de se aproximar de mim - como ele fizera em todas as oportunidades -, Jacob apenas se separou de mim e fez o mesmo com suas mãos, sorrindo no processo.

 

 

 Fiquei parada, sem reações e sem entender o que acabara de acontecer. Jacob se afastou de mim em vez de me beijar.

 

 

 "Já havia esquecido o quanto você é desastrada, Ness." Ele disse divertido pegando uma maçã na fruteira. "Te vejo mais tarde."

 

 

 E foi assim, mandando beijos para os filhos e comendo a maçã que ele saiu em pleno sábado para trabalhar em sua oficina; Me deixando completamente sem rumo por mais de dois minutos.

 

 

 Então seria assim agora? Jacob me tratando como sua melhor amiga novamente? Sei que em partes isso era culpa minha, pois eu realmente precisava de um tempo para colocar tudo em ordem. Acredito que uma noite fora tempo demais. O bastante para Jacob levar a sério nossa amizade.

 

 

 "Mamãe?" Samantha apareceu depois de cinco minutos de reflexão. "Nós vamos para a cachoeira com Seth e Leah, quer vir também?"

 

 

 "Cachoeira?" Perguntei finalmente voltando a si.

 

 

 "Sim, achamos uma cachoeira na floresta esses dias e vamos experimentar, que tal?" Foi Jullian que explicou, com um sorriso esperançoso nos lábios.

 

 

 Os dois tinham a mesma feição, e com certeza queriam que eu passasse a tarde com eles. Resolvi aceitar. Nada melhor do que algum tempo de diversão com meus pequenos para refrescar um pouco a mente.

 

 

 Além disso, essa palavra 'Cachoeira' me trazia uma boa sensação.

 

 

 Assim, todos nos arrumamos e fomos em direção à floresta. Em pouco tempo, pude ver Seth e Leah encostados em uma árvore. Estavam com uma feição nervosa - pareciam que estavam brigando antes de nossa chegada -, mas assim que viram as crianças, sorriram alegremente, como se esquecessem todo o acontecido.

 

 

 Observei Jullian caminhar até Leah - que parecia um pouco ansiosa e um tanto tímida - e pegar sua mão, beijando seus lábios suavemente, porem, demoradamente. Era óbvio que ela havia aceitado o pedido de namoro de Jullian. Os dois pareciam muito apaixonados e felizes.

 

 

 Quando virei para minha filha, notei que ela não havia saído do meu lado. Estava corada e tinha o rosto virado para as mãos, deixando-a totalmente tímida e adorável. Então, percebi que ela não havia conversado com Seth ainda, por isso não estavam namorando - Samantha olhou para mim e sorriu constrangida.

 

 

 Não falei com ele mamãe, não sei como falar. Sua voz doce respondeu a meu pensamento.

 

 

 Não se preocupe querida, você saberá o que fazer. Pensei sorrindo, antes de olhar para Seth - que agora caminhava em nossa direção.

 

 

 "Ei Nessie." Ele disse sem me olhar - algo que eu nunca o vira fazer antes -, seus olhos estavam presos em Samantha.

 

 

 "Como vai Seth?" Cumprimentei-o sorrindo, ele correspondeu meu sorriso.

 

 

 "Ei Sammy." Ele murmurou beijando a bochecha de Samantha - que apenas sorriu, totalmente corada -, e então ofereceu sua mão à ela, a qual Samantha logo aceitou. "Vamos?"

 

 

 "Claro." Afirmei, e todos nós caminhamos floresta adentro.

 

 

 Em poucos minutos estávamos nos aproximando de uma caverna. Eu tinha um pressentimento bom sobre isso tudo. Parecia que eu já conhecia o lugar ou algo assim - o que eu provavelmente conhecia, mas com certeza não lembrava até aquele ponto.

 

 

 Entramos no lugar onde o barulho de água era mais alto e logo pude ter a visão de uma cachoeira linda, a qual desabava em um lago maravilhoso dentro da caverna suavemente escura. Era um lugar realmente muito mágico e romântico.

 

 

Algo nessa caverna me chamou a atenção, e não era a cachoeira ou o lago de águas reluzentes. Era a parede da caverna. Não sei o porquê, mas desde que coloquei os pés dentro desse lugar, senti a imensa vontade de tocar aquelas paredes.

 

 

 Assisti as crianças irem em direção ao lago e logo pularem ainda vestidos, antes de começar nadar e jogar água uns nos outros. Não pude deixar de sorrir com a cena, eles eram feitos uns para os outros.

 

 

"Ei Nessie, não vai entrar?" Seth perguntou encostando-se na margem do lago.

 

 

"Não eu.. vou explorar um pouquinho."

 

 

 "Tudo bem então." Ele sorriu, antes de voltar a mergulhar.

 

 

 Assim, resolvi chegar perto da parede que me chamava tanto a atenção. Não demorou muito até eu colocar a mão nas rochas. Foi quando um choque passou por minha mente e as memórias daquele dia começaram a aparecer.

 

 

 Jacob me levou para mostrar-me seu 'lugar especial'. E essa cachoeira fora o lugar escolhido. Lembro-me muito bem das palavras que ele usou e os gestos que fez. Parecia que tudo fora escolhido para me fazer se apaixonar por ele. E Jacob conseguiu.

 

 

 Então, ele me beijou - fora nosso primeiro beijo - e encostou-me nessa parede da caverna. Por isso essa sensação de bem estar e de felicidade quando eu toquei a mesma. Era isso.

 

 

 Eu precisava dizer isso a Jacob. Dizer que eu me lembro, que eu o quero por perto. Dizer que estou apaixonada por ele e que mesmo sem me lembrar, eu já o amava tanto quanto agora. Precisava fazer isso agora.

 

 

 Olhei para a cachoeira, e foi quando presenciei a cena mais linda que eu poderia ver. Em um lado do pequeno lago, Leah jogava água em Jullian - que gargalhava feliz, e do outro lado, Seth e Samantha estavam nadando apenas, quando de repente, Seth levanta puxando Samantha junto dele.

 

 

 Observei ele acariciar o rosto dela suavemente - fazendo-a corar - e aproximar seu rosto do dela, colando seus lábios em um beijo tímido. Depois disso eles sorriram apaixonadamente e voltaram a se beijar.

 

 

 Não deixei de sorrir, a felicidade de meus filhos era tão óbvia que me deixava igualmente feliz. Me fazia querer essa mesma felicidade para mim. Me fazia querer dizer o que sinto para Jacob. O mais rápido possível. E era isso que eu ia fazer.

 

 

 Disse para meus filhos que eu precisava fazer algumas coisas em casa e deixei-os sozinhos, me dirigindo à La Push. Precisei perguntar para apenas uma pessoa onde seria a oficina de Jacob - os Quileutes são muito unidos.

 

 

 Assim, finalmente cheguei à uma oficina pequena, perto da praia. Observei de longe Jacob caminhar até o motor de uma BMW preta, levando uma peça desconhecida consigo. Senti-me aliviada de vê-lo daquela forma, tão trabalhador e maravilhoso.

 

 

 Foi quando todas minhas esperanças acabaram ao ver a cena a seguir. Uma loira vestida de branco se aproximou de Jacob, esticando-se na direção dele e sorrindo atirada. Mas isso não era o pior. O que me desapontou, foi o sorriso correspondente que Jacob lhe enviou.

 

 

 Abaixei a cabeça desapontada. Então, Jacob havia mesmo encontrado alguém?

 

 

"Renesmee?"

 

 

 Levantei o rosto para encontrar seus olhos estupidamente azuis me encararem sinicamente. A mulher loira havia saído da oficina e deixado Jacob para trás, apenas para ver o que eu fazia espiando do lado de fora, com certeza.

 

 

 Olhando de perto, reconheci no mesmo instante aquela mulher tão bonita e irritante ao mesmo tempo. Seu nome saltou de meus lábios, sem eu precisar de um tempo para me lembrar.

 

 

 "Meredith." Disse com desdém. "Não deveria estar no hospital?"

 

 

 Meredith era minha enfermeira no hospital; Acompanhou meu caso trabalhando para Carlisle. Ela era tão má, que fofocava de Jacob enquanto eu estava me recuperando. Sempre dizendo o quão lindo ele era, e o quanto queria ficar com ele.

 

 

 Lógico que na época eu não me lembrava dele, e por isso não sabia que ela estava fazendo por mal. Mas agora meus olhos estão abertos. Agora eu sei que ela é uma atirada e só queria acabar com nosso relacionamento.

 

 

 "Meu carro quebrou, e eu decidi vir concertar." Ela sorriu maliciosa, enquanto cruzava os braços sobre os seios. "Ouvi dizer que Jake é o melhor mecânico de todos."

 

 

 Franzi o cenho para a ênfase que ela fez em 'Jake'. Até parece que ela seria tão íntima assim para chamá-lo pelo apelido. Nem eu mesma fazia isso - estava começando a chamá-lo assim agora.

 

 

 "Você mora em Forks, existem muitos mecânicos por lá."

 

 

"Não como Jacob." Ela levantou as sobrancelhas enquanto sorria. Eu sabia exatamente o que essa mulher atirada estava pensando.

 

 

 "Sabe que ele é meu marido não é?" Perguntei também cruzando os braços. A raiva me corroia lentamente.

 

 

 "De acordo com ele não é mais." Ela disse indiferente, enquanto fitava a unha pintada de roxo.

 

 

 "Como?"

 

 

"Ele disse que não quer mais nada com você e só quer sua amizade." Meredith sorriu misteriosa, passando a mão pelos fios loiros - aqueles do qual eu estava prestes a arrancar.

 

 

 "Está mentindo."

 

 

 "Se é o que acha monstrinha, tudo bem." Ela deu de ombros e virou-se para voltar à oficina. "Não venha me culpar quando eu virar mãe daqueles adolescentes."

 

 

 Basta. Meredith estava brincando com fogo. Quem ela pensa que é para falar sobre ficar com meus filhos? Se continuasse assim, ela estaria bem próxima de conhecer a 'monstrinha' Renesmee.

 

 

 "Não pense que pode chegar dessa maneira, se intrometer na minha vida e tirar os que eu mais amo de mim!" Disse nervosa. Precisei controlar-me para não rosnar. "Eu vou te impedir de todas as formas!"

 

 

 "Não se Jacob não quiser que me impeça." Ela citou, virando o rosto para me olhar. Fiquei quieta naquele momento, não sabia o que dizer. "Ele parece gostar muito da minha companhia. Além disso, ele já me disse que não é mais casado com você, então está tecnicamente livre para mim. Por isso estou aqui, querida. Oportunidades como essa não devem ser perdidas."

 

 

 Senti como se um nó amarrasse minha garganta, no mesmo instante em que uma imensa vontade de chorar provocava a maresia em meus olhos. Meredith não estava mentindo. Eu vira muito bem o sorriso que Jacob enviou à ela quando conversavam. Então era verdade. Jacob realmente não se interessava mais em mim.

 

 

 Abaixei a cabeça no mesmo instante, escondendo meus olhos marejados.

 

 

 "Bem, por que não vai para casa dar comida a seus filhinhos e deixa que eu cuido do Jacob para você ok?" Ela murmurou com desdém. "Até mais monstrinho."

 

 

 Observei com ódio aquela loira atirada caminhar de volta para a oficina.

 

 

 Me sentia extremamente sem rumo. Sei que fui eu quem disse que Jacob deveria seguir em frente e sair com garotas, mas isso já era ridículo. Meredith não era exatamente o tipo de mulher com que Jacob deveria ficar.

 

 

 O que eu faria agora? Não poderia impedir se ele quisesse ficar com a enfermeira, seria egoísmo de minha parte. Ele merecia ser feliz, merecia outra chance. Mas por outro lado, Meredith não era boa para Jacob.

 

 

 Olhei para a oficina, onde a cena de Meredith literalmente se jogando para cima dele me provocou náuseas. Jacob estava mesmo gostando dessa mulher atirada? Nunca pensei que isso poderia acontecer.

 

 

 Fiquei sem saber o que fazer no momento. A única coisa que passou por minha cabeça foi minha cama - Ir para a casa seria uma boa opção agora. Assim, fitei com tristeza o olhar de Jacob uma última vez, antes de correr para a floresta, em direção à minha casa - de onde eu não deveria ter saído.

 

 

 

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