V 

 Sobre Vampiros e Lobos

 

 

 

 

 "Então quer dizer que você também mora aqui?"

 

 

 Virei a cabeça para ver minha pequena - que estava sentada junto ao balcão da cozinha -, antes de sorrir e adicionar mais sal na omelete de queijo que eu preparava no fogão. "Preparava" em termos, pois estava saindo uma coisa grotesca.

 

 

 "Eu ajudei a construir a casa e, você.." Peguei a tampa da panela para me proteger do óleo quente que espirrava para todos os lados. "..me deixou morar aqui, para proteção, claro."

 

 

 "Tem certeza que não quer ajuda?" Observei Nessie aparecer ao meu lado com um sorriso divertido nos lábios.

 

 

 "Claro que tenho, eu sou profissional." Menti descaradamente. Ela me olhou com sarcasmo nos olhos, enquanto cruzava os braços.

 

 

 "Você não pa rece estar muito bem ai, senhor profissional." Nessie gargalhou maravilhosamente - me fazendo prestar muita atenção nela e esquecer da gosma de ovos borbulhando na frigideira. "Deixa que eu cuido disso."

 

 

 "Não! O óleo está quente e não é bom ficar perto dele." Disse tentando mexer 'aquilo' com uma colher de pau.

 

 

 Mas qual era o problema com aquela comida?! São só ovos, não deveriam estar implicando comigo dessa forma! Não entendo como Sue consegue fazer isso ficar perfeito, parece tão simples quando é ela quem cozinha.

 

 

 "Que óleo quente?" Nessie sorriu divertida. "Tem mais água nessa frigideira do que no oceano pacífico."

 

 

 Franzi o cenho enquanto ela gargalhava.

 

 

 "Você está muito engraçadinha pra quem perdeu a memória." Disse divertido entregando-lhe finalmente a frigideira. "Digo, ontem você queria me matar com um abajur, e hoje quer me ajudar a cozinhar omelete?"

 

 

 "Ajudar a arruinar a omelete você diz não é?" Disse ela, desligando o fogo e colocando a frigideira na pia. "Não precisa tentar me irritar, eu já estou vacinada contra seu humor negro."

 

 

 "Eu estou brincando." Afirmei sorrindo, ela acompanhou meu ato.

 

 

 "Jacob, nunca te ensinaram que não se coloca água na omelete?" Perguntou ela gargalhando. "Olha o estado desses ovos!"

 

 

 Olhei para a frigideira e encarei a massa amarela mergulhada na água. Realmente, aquilo estava deplorável. Eu deveria ter feito panquecas.. minhas panquecas saem perfeitas.

 

 

 "Ué.. não é a água que dá consistência pros ovos?" Perguntei sínico, ela sorriu.

 

 

"Não! É a farinha!"

 

 

 De repente ela parou de rir e olhou para mim - como se tivesse levado um susto ou algo assim. Observei ela fitar a omelete confusa e um sorriso crescer em seus lábios finos. Logo entendi o que tinha acontecido.

 

 

 "Ness.. você..?"

 

 

 "Sim.." Ela sorriu antes de desviar o olhar do meu. "Eu era pequena, mas já sabia ler. Estava na cozinha da avó Esme e lia um livro de receitas, e a que eu mais gostei foi a de omelete, que era mais fácil de fazer. Eu sei Jacob, eu sei a receita toda!"

 

 

 "Você lembrou.." Murmurei admirado. "Ness, isso é ótimo!"

 

 

 Ela sorriu animada e por impulso, passou seus braços ao redor de minha cintura. Assustei-me com sua atitude, mas não deixei de abraçá-la também, apertando-a contra meu peito.

 

 

 "Obrigada Jacob." Ela disse sorrindo contra minha camiseta - a qual ela me obrigara a usar quando estivesse perto dela. "É bom passar o tempo assim, sem ter obrigação de lembrar de nada. Parece que as coisas vêm com o tempo."

 

 

 Beijei sua cabeça ternamente e fechei os olhos, aproveitando ao máximo aquele instante.

 

 

 Ela então se soltou de meu abraço timidamente e olhou para baixo constrangida - suas bochechas ganhando a cor vermelha. Ah como eu amava quando minha pequena corava dessa maneira..

 

 

 Um silêncio dramático baixou sobre a sala no momento; Resolvi cortá-lo.

 

 

 "Então, você sabe a receita agora não é?"

 

 

 "Completa." Ela sorriu.

 

 

 "Então vamos trabalhar." Disse animado, virando para pegar a frigideira. Ela me impediu antes que eu o fizesse.

 

 

 "Não. Eu trabalho, você observa."

 

 

 Revirei os olhos sorrindo, antes de bater continência.

 

 

 "Sim senhorita."

 

 

 Recebi um maravilhoso sorriso de volta, e antes que eu pudesse fazer algo, ouço a campainha tocar. Assim, apenas segui em direção à porta de entrada e abri a mesma, tendo uma surpresa ao ver quem era.

 

 

 Pai, precisamos conversar.

 

 

 Não tinha como escapar disso agora. Jullian merecia respostas, merecia saber tudo que acontecia com a mãe. Eu sei o quanto tem sido difícil para eles, pois acontece o mesmo comigo.

 

 

 Apenas assenti derrotado e joguei o avental florido no sofá mais próximo.

 

 

 Vamos fazer isso longe de sua mãe ok? Pensei, ele apenas respondeu assentindo.

 

 

 Caminhamos em direção a floresta. Nunca havia visto Jullian tão quieto como ele estava no momento. Ele nem ao menos se deu ao trabalho de olhar para mim. Deveria estar realmente bravo.

 

 

 "Sim pai, eu estou bravo." Ele disse finalmente, parando de caminhar para ficar à minha frente. "Mas não é raiva por mim."

 

 

 "Você poderia ser mais específico?" "É a Samantha." Ele respondeu levemente irritado. "Ela sofre por não ver a mãe. Esse ano inteiro ela sofreu."

 

 

 "Todos nós sofremos Jullian." Respondi tentando entender.

 

 

 "Não tanto quanto ela." Ele disse enquanto negava com a cabeça. "Sabe pai, não é fácil para uma garota crescer sem a mãe. Ela sentiu muita falta de conselhos femininos enquanto ela crescia."

 

 

 "Eu sei que mesmo com minha ajuda Samantha não estava completamente bem como ela sempre dizia." Revirei o olhar para o chão enquanto cruzava os braços. "Mas.."

 

 

 "Pai, por favor faz isso acabar." Interrompeu ele. Observei novamente meu garoto e encontrei um olhar piedoso em seus olhos. "Eu não aguento mais escutar os pensamentos tristes dela."

 

 

 "O que quer que eu faça Jullian? Que diga a verdade à sua mãe?"

 

 

 "Pode começar por isso, sim."

 

 

 "Eu não posso Jullian." Suspirei pesadamente, ele me olhou interrogativo.

 

 

 "Por que não?!" Começou. "Pai, ela é nossa mãe e todos nós sofremos por isso. Eu te peço por favor; Por Samantha, por mim."

 

 

 Observei o olhar triste em seu rosto enquanto ele me fitava fixamente. O que eu estava fazendo? Não poderia deixar os garotos longe da mãe desse jeito. Eles já sofreram demais.

 

 

 Edward 'proibiu' que eu deixasse Nessie ver as crianças agora; Disse que seria arriscado porque poderia enche-la de informações e que ela não conseguiria se adaptar a esse estado.

 

 

 Ah, mas que o Edward vá pro inferno! Ele não sabe a situação de meus pequenos, não deveria dar palpites dessa maneira!

 

 

 "Tudo bem." Suspirei, finalmente aceitando a possibilidade. "Mas, será que poderiam não dizer que são filhos dela por enquanto?"

 

 

 "Como assim pai?" Ele piscou sem entender.

 

 

 "Eu não... falei que sou marido dela." Disse. Ele me olhou mais confuso ainda. "Disse que sou melhor amigo."

 

 

 "Pai.." Ele bufou cansado.

 

 

 "Eu sei Jullian, mas não deixa de ser verdade." Disse. "Só dê um tempo para sua mãe ok?"

 

 

Ele pensou por uns instantes, antes de suspirar e finalmente aceitar.

 

 

 "Acho que assim Sammy ficaria melhor."

 

 

 "Obrigado Jul." Disse sorrindo, ele finalmente me enviou o mesmo de volta.

 

 

 "E o que pretende fazer agora?" Ele perguntou cruzando os braços.

 

 

 "Volte pra casa com Samantha, filho." Disse sorrindo. "Eu vou encontrar uma maneira de explicar para Nessie."

 

 

 "De um jeito que realmente pareçamos filhos dela não é?" Ele alertou com uma sobrancelha levantada.

 

 

 "Claro Jul." Sorri sinceramente antes de caminhar até ele e abrir os braços. "Que tal dar um abraço no seu velho pai, huh?"

 

 

 Ele gargalhou sem humor - o que me fez sorrir mais ainda; Não deixava de me surpreender com a atitude e humor de meus pequenos.

 

 

 Eu queria ser velho e estar tão bem como você. Sua voz sarcástica invadiu minha mente me fazendo rir.

 

 

 Então tenho ótimas notícias para você. Pensei. Você vai ser como eu, eternamente.

 

 

 Pude vê-lo revirar os olhos antes de finalmente aceitar minha oferta e se aconchegar em meus braços. Beijei sua cabeça aliviado. Não era muito bom ficar brigado com meu filho. Nós quase sempre brigamos - isso já estava virando rotina - mas é por sermos muito iguais. Isso eu tenho certeza.

 

 

 "Vá chamar sua irmã." Disse sorrindo.

 

 

 "Ela está na praia com o Seth." Ele suspirou cruzando os braços. "Sei não pai.. ele está muito perto dela, acho que está querendo alguma coisa."

 

 

 Olhei divertido para aquele garoto. Achei graça no fato de ele estar com ciúmes da irmã; Ele nunca demonstrara isso antes, era a primeira vez. Fico feliz por ele cuidar tanto de sua irmã dessa maneira.

 

 

 "Eu também não acho boa coisa com minha menina, mas sua mãe sempre disse que ele seria bom para Sammy."

 

 

 Pude ver ele suspirar novamente, antes de virar de costas para mim e começar a caminhar entre as árvores.

 

 

 Vou me encontrar com Leah agora, até mais tarde. Sua voz apareceu em minha mente. E valeu pai.

 

 

 Sorri, e antes que eu pudesse responder, pude assistir um lobo preto com rajadas marrom avermelhadas sair de trás de uma árvore. Ele abaixou a cabeça com respeito em minha direção e partiu pela floresta em direção à La Push.

 

 

 A bermuda amarrada na pata me chamou a atenção; Fico tão orgulhoso com esse garoto. Ele estava literalmente seguindo os passos do pai.

 

 

 Saí de meus devaneios ao lembrar que Nessie ainda estaria preparando nossa omelete. Foi incrível como ela se lembrou da receita sem perceber, sem esforços. Talvez se eu continuasse dessa maneira ela se lembraria mais sobre mim e os filhos.

 

 

 Corri de volta para casa e a adentrei rapidamente. Chamei por seu nome repetidas vezes mas ela não respondera. Estranhando esse fato, me direcionei até a cozinha - de onde vinha um cheiro delicioso de sua omelete - mas ela não estava.

 

 

 Encontrei um prato grande com um pano cobrindo o mesmo em cima da bancada, e em baixo do prato tinha um bilhete. Estava escrito com sua letra perfeita e dizia:

 

 

 

 Jacob,

 Fui para a reabilitação na casa de meu avô.

 Se quiser vir tudo bem... Não me importaria de sua presença enquanto eu tenho minha sessão tortura.

 Além disso, vi que estava com visitas então deixei um pouco mais de omelete no prato.

 Boa diversão.

 Nessie.

 

 

 

 Dobrei o papel novamente e o coloquei no bolso. Quando tirei o pano de cima do prato a minha frente, pude ter uma visão dos deuses. Aquela omelete com queijos maravilhosa me chamava, e o melhor de tudo era que naquele prato tinha pelo menos, um porção para quatro pessoas.

 

 

 "Ah Nessie, como eu amo você." Sussurrei feliz, antes de sentar-me no balcão e apreciar a maravilhosa comida feita por minha pequena.

 

 

 Não preciso dizer que acabei com ela não é?

 

 

 Resolvi em seguida ir fazer uma visitinha à casa dos Cullens. Minha pequena precisaria de um ombro amigo enquanto tentava - forçadamente - se lembrar do que acontecera. Principalmente quando é o pai dela quem faz as sessões.

 

 

 Assim, apenas peguei as chaves de minha Harley e saí de casa.

 

 

 

 XxXxX

 

 

 Entrei sem bater - o que todos já esperavam pois ninguém reclamou no momento, apenas Rosalie revirou o nariz como sempre - e adentrei a sala sempre iluminada dos Cullens. Coloquei as chaves da moto no bolso e caminhei até ser visível a todos.

 

 

 "Olá Jacob querido." Esme sorriu amorosamente e caminhou até mim para me beijar a bochecha. Á esse ponto, eles já haviam aprendido a não respirar quando eu estivesse na casa. Meu cheiro continuava sendo 'diferente' para eles, assim como os deles são horríveis pra mim. Mas aprendemos a conviver com isso. "Como está hoje?"

 

 

 "Muito bem Esme." Sorri sinceramente, e virei o rosto para olhar para os lados à procura de Nessie.

 

 

 "Ela está no andar de cima Jacob, junto de Edward e Bella." Foi a vez da baixinha enxerida falar, antes de caminhar dançando até mim. "Sabe, eu estive pensando.."

 

 

 Franzi o cenho ao ver ela me fitar de cima a baixo - não a mim claro, mas a minha roupa. Arfei no mesmo instante em que descobri o que ela pretendia.

 

 

 "Oh não Alice, sem chances!" Disse por fim, desviando dela para me jogar no grande sofá branco, junto de Emmett - que assistia algo parecido com um desenho que Samantha via quando era pequena.

 

 

 "Por favor Jacob!" Ela implorou juntando as mãos na frente de seu corpo miúdo. "Agora que resolveu usar camisetas e roupas descentes, eu tenho uma lista enorme de estilistas que dariam tudo para poder te vestir. Vai por favor, por favor, por favor?!"

 

 

 Revirei os olhos. Como uma criatura tão pequena tinha um poder de chatice tão grande?

 

 

 "Eu não vou ser seu boneco Ken, esquece." Disse voltando a atenção ao jogo de Emmett.

 

 

 "Vai Jacob!" Ela persistiu parando na frente da televisão. Observei Emmett levantar as mãos indignado.

 

 

 "Ei pedaço de gente? Será que dá para sair da frente da televisão? A lindinha está prestes a usar o raio supersônico no macaco loco, e você está atrapalhando minha visão." Emmett disse parecendo irritado. "Digo, metade de você está."

 

 

Observei ele sorrir mostrando os dentes, antes de receber uma almofadada de Alice - que o olhava irritada. Não deixei de rir daquela cena. Eles nunca mudavam; Nunca mesmo.

 

 

 "Pelo menos eu sou maior que sua inteligência, seu bronco." Ela cruzou os braços desafiadora. Emmett franziu o cenho.

 

 

 "Isso é algum tipo de ironia? Eu sou branco mesmo, com orgulho! Na verdade você também é, então não pode me insultar com essa palavra!" Emmett sorriu novamente.

 

 

 Céus, quando ele queria, ele conseguia ser realmente não-inteligente. Digo, quando ele queria, e quando ele não queria também. Emmett tinha esse dom de ser incrivelmente forte e absurdamente burro.

 

 

 "Não é branco, panaca; É bronco!" Alice disse para ele.

 

 

 "Ah e o que quer dizer, senhorita anã?"

 

 

 "Significa que você é burro, Emmett." A loira azeda falou do outro sofá, enquanto cruzava as pernas e folheava uma revista.

 

 

 "Até você, Rose?!" Emmett perguntou indignado.

 

 

 "Não amorzinho." Ela continuou - sua voz era sarcástica. "Foi o que Alice falou. É o significado da palavra."

 

 

 "Ah.." Pude ver ele revirar o olhar para o chão, antes de voltar a fitar a morena psicótica e recomeçar a discussão.

 

 

 Não prestei muita atenção a partir desse ponto. Eu estava forçando minha audição para ver se conseguia ouvir algo do andar de cima. Claro que eu conseguiria, mas pelo que parecia, eles estavam em silêncio.

 

 

 Ficava difícil de me concentrar com duas crianças brigando na sala enquanto a 'mãe' tentava controlar a situação.

 

 

 "Jacob?"

 

 

 De repente a voz de minha pequena apareceu, enquanto a briga dos vampiros cessava instantaneamente.

 

 

 Levantei do sofá para caminhar até ela. Nessie segurava os dedos em frente ao corpo, e o tinha uma feição desapontada no rosto. Estranhei seu estado no momento.

 

 

 "Nessie? O quê..?"

 

 

 "Pode me levar pra casa?" Ela sussurrou.

 

 

 Estranhei a situação mas não deixei de caminhar até ela e segurar em seus ombros, direcionando-a à porta de entrada. Virei apenas para ver Edward e Bella assentirem para mim, como se me confiassem a filha deles naquele momento.

 

 

Deixei a casa para levá-la até a moto, mas ela parou no meio do caminho. Foi então que percebi que ela não queria ir embora, apenas queria sair daquela casa; Fugir da pressão de sua família.

 

 

 "Ness?"

 

 

 "Quando pretendia me contar que é um lobo, Jacob?" Ela perguntou em um sussurro.

 

 

 Uou, essa me pegou de surpresa. Pelo o que parecia, Edward finalmente lhe contou o que todos nós éramos - o que já era tempo, pois se ele não fizesse, eu o faria; O mais rápido possível.

 

 

 "Eu.. estava esperando por seu pai." Disse sinceramente, ela desviou o olhar.

 

 

"Sua família inteira é.. uma alcatéia?" Nessie perguntou surpresa, eu sorri desajeitado.

 

 

 "É estranho não é?"

 

 

 "Você acha isso estranho?" Ela começou. "Hoje eu descobri que sou metade vampira, metade humana, meu pai, minha mãe como minha família inteira são vampiros; Tenho um melhor amigo que é um lobo e que anda com outros lobos. Isso é estranho."

 

 

 Ri alto sem perceber. Ela me observou e sem querer, riu também.

 

 

 "É realmente, somos todos muito estranhos." Disse sorrindo, enquanto sentava na moto, apenas para poder ficar no tamanho de minha pequena.

 

 

 "Então, como você .. vira lobo?" Ela perguntou enquanto abraçava os braços com as mãos. Sorri de canto, antes de olhar para a floresta.

 

 

 "Eu posso te mostrar se quiser." Disse mordiscando o lábio inferior. "Claro que vou precisar tirar a roupa primeiro."

 

 

 Nesse momento ela ficou totalmente e inteiramente corada. Tanto que precisou virar o olhar para o chão tentando disfarçar. Sorri divertido; Minha Nessie não tinha mudado nada.

 

 

 "Não na sua frente, claro." Disse finalmente. Percebi que ela voltou a respirar nesse momento.

 

 

 Nessie assentiu como se me desse permissão para lhe mostrar meu estado de lobo. Apenas sorri antes de colocar a mão na camiseta e a puxar para cima, retirando-a no mesmo instante. Não perderia a chance de ver minha pequena corar. Ela ficava maravilhosa.

 

 

 Sorri antes de lhe entregar a camiseta e partir em direção à uma árvore próxima. Chegando lá, retirei meu shorts e o joguei em qualquer lugar, sentindo meus ossos tremerem e queimarem até minha transformação acontecer.

 

 

 Já em forma de lobo, saí de trás da árvore hesitante. Não sabia como Nessie iria reagir quando me visse daquela forma; Estava com medo de ela sair correndo, gritando de horror de mim. Apesar de que seria a opção mais sábia no momento.

 

 

Caminhei três passos em sua direção e parei em uma distância de dois metros dela. Abaixei a cabeça envergonhado com a forma que ela me olhava. Parecia assustada com meu tamanho, mas mesmo assim, em algum lugar em seu olhar, tinha um ponto de admiração.

 

 

 "É você.." Ela sussurrou. Eu? Eu o quê? Fiquei com vontade de perguntar, mas claro que ela não entenderia.

 

 

 Assisti ela caminhar em minha direção e esticar seu braço frágil, tentando alcançar minha cabeça. Abaixei o rosto, ficando ao alcance da minha pequena. Não pude deixar de rosnar quando senti sua mão pequena por meu pelo.

 

 

 "É você Jacob.." Ela sussurrou novamente, enquanto acariciava minha cabeça.

 

 

 Eu? Claro que era eu, o que ela estava pensando?

 

 

 "Você é o grande lobo que apareceu nos meus sonhos desde que estive no hospital."

 

 

 Fiquei parado por um instante até que a ficha finalmente caiu. Assim, apenas me afastei de Nessie e corri de volta à árvore, colocando o shorts rapidamente. Quando pronto, saí de trás da árvore, observando minha pequena encostar na moto. Sorri satisfeito antes de caminhar até ela.

 

 

 "Não entendo.." Ela sussurrava. "Por que eu vejo você nos meus sonhos Jacob?"

 

 

"E se eu te dissesse que você já sonhou muito comigo no passado?" Disse enquanto me encostava na moto ao seu lado.

 

 

 "Eu diria que faz muito sentido." Ela me fitou sem graça. "Eu odeio não conseguir lembrar de nada!"

 

 

 Uma brisa gelada da noite passou entre nós naquele instante, bagunçando nossos cabelos e deixando minha pequena maravilhosa com seus cachos bronze ao vento. Céus, como ela era linda.

 

 

 "Calma minha pequena, você vai se lembrar." Disse pegando seu cacho e colocando atrás da orelha. "Não precisa ser tão dura consigo mesmo."

 

 

 Observei Nessie fechar os olhos com meu ato; Foi então que percebi o quão perto estávamos um do outro.

 

 

 Meu olhar percorreu seu rosto perfeito até parar em seus lábios róseos e finos. Eu daria tudo para poder sentir o gosto deles novamente.

 

 

 Sem perceber, comecei a me aproximar de seus lábios, trocando olhares com minha pequena - que parecia não saber o que fazer naquele momento. Podia ouvir seu coração bater tão forte e rápido quanto o meu, conforme me aproximava de seu rosto.

 

 

 Estava prestes a encostar meus lábios no seus, quando ela virou o olhar constrangida.

 

 

 "E-Então.. vamos pra casa?"

 

 

 Desviei o olhar para o chão sorrindo. Vá com calma Jacob! Ela acabou de voltar. Vá com calma!

 

 

 Peguei a camiseta da mão dela e a vesti.

 

 

 "Sim madame." Disse sorrindo antes de subir na moto acompanhado de minha pequena.

 

 

 Ela rodeou seus braços em minha cintura, e eu dei a partida, seguindo rapidamente em direção à nossa casa.

 

 

 Ficamos em silêncio, apenas sentindo o calor um do outro; Nessie me deixava louco com sua respiração em meu ouvido. Era ruim saber que não poderia fazer nada que ela não gostasse.

 

 

 Mas que pensamentos são esses? Jacob, controle-se!

 

 

 Alguns minutos se passaram e estávamos na fronteira de La Push e Forks. Estacionei minha Harley em frente à nossa casa e não demorou muito para adentrarmos a mesma.

 

 

 Fechei a porta atrás de mim e voltei-me a Nessie - ela estava paralisada e olhava fixo para algum lugar na sala, maravilhada, admirada. Sorri ao perceber o que ela olhava: Nossos filhos, sentados tensos no sofá da sala de estar.

 

 

 É claro que qualquer pessoa ficaria daquele jeito ao reparar na beleza incomparável de nossos pequenos.

 

 

 Não precisa exagerar pai.. Ouvi Samantha timidamente. Apenas sorri em resposta para ela.

 

 

 "Ehr.. Nessie." Chamei, ela não se deu ao trabalho de me olhar. "Esses são Samantha e Jullian."

 

 

 "Jacob.. eles são idênticos a você.." Ela sussurrou antes de voltar a si.

 

 

 "Eles também são da reserva; Moram conosco desde pequenos, cuidamos deles como nossos filhos." Expliquei. Claro que foi pela metade. Fico feliz por ela não perguntar mais.

 

 

 Ela os observava com uma feição inexplicável em sua face. As crianças estavam ficando preocupados com o olhar da mãe. Foi quando ela finalmente sorriu caminhou na direção deles, depositando sua mão leve no rosto dos dois.

 

 

"Vocês são lindos." Ela disse amorosamente.

 

 

 A tensão dos meus filhos pareceu passar naquele instante, fazendo eles sorrirem e esticarem-se para um abraço - que Nessie ofereceu sem questionar. Quem visse aquela cena diria que ela nunca se esqueceu dos filhos, pois estava agindo como antes. Com o mesmo amor, com a mesma dedicação e carinho.

 

 

 E assim passou-se a noite. Todos nós sentamos para uma conversa agradável e familiar. Nossos filhos falaram sobre tudo que haviam feito naquele ano, e Nessie acompanhava tudo com um sorriso no rosto. Rindo de todas as palhaçadas e das histórias que eles contavam, como se nada tivesse acontecido.

 

 

 Então, a família finalmente voltava a passar um tempo juntos, depois de um ano difícil de sofrimento e tristeza. Finalmente eu me sentia em casa de novo, com minha Nessie e meus filhos, como uma família.

 

 

 E é assim que seria daqui para a frente.

 

 

 

 XxXxX