Caroline

We could build a universe right here

All the world could disappear

Wouldn't notice, wouldn't care

We can build a universe right here

The world could disappear

I just need you near

Depois da minha missão em salvar Stefan falhar miseravelmente, quando falhei em matar sua duplicata para mantê-lo a salvo. Eu me sentia estupidamente inútil por não ter conseguido me livrar dos meus escrúpulos e princípios para salvar meu melhor amigo. E desejei ser um pouco mais como Enzo, Damon e ate mesmo Elena, que eram capazes de tudo por aqueles que amavam. Por vezes eu questionei Elena por suas atitudes “extremas” em nome do amor doentio que ela sentia por Damon.

Como, por exemplo, quando ela matou Jessie. Eu não conseguia compreender nem perdoá-la por isso, não apenas porque tinha começado a ter sentimentos por ele, mas porque o medo e pavor nos olhos dele eram os mesmos que um dia se encontravam nos meus quando fui sufocada até a morte e transformada em um ser que eu julgava só existir em livros, pela ex namorada psicopata do namorado de minha amiga, que por sinal era sua duplicata.

Era inevitável não pensar nele, em Stefan. Se ele não tivesse tido piedade por mim naquele momento, se ele para proteger seu segredo para continuar a viver seu contos de fadas conturbado com Elena concorda-se com Damon e deixa-se que seu irmão acaba-se com minha vida? Porque seria uma escolha em nome do amor, ele poderia ter escolhido a saída mais fácil, livrar-se de mim antes que acabasse por me me tornar um problema maior como Vick Donavan, antes que atrapalha-se mais ainda sua vida complicada com Elena, afinal quem além de sua mãe sentiria realmente sua falta naquela época?

Eu refiz essa pergunta novamente enquanto observava Tom Avery devorar waffles como se não houvesse amanhã. Me perguntei até onde eu iria porque quem eu amasse? Eu me senti completamente inútil quando Enzo quebrou seu pescoço na minha frente, e eu não pude fazer nada para impedir, quando vi Tom Avery que tinha o mesmo rosto que meu melhor amigo, aquele mesmo que eu tentava a todo custo salvar cair morto no chão, com todas suas chances e sonhos de uma vida normal e feliz serem destruídas para sempre. Tudo que conseguia pensar era se algo parecido acontecesse com Stefan? Se eu não fosse capaz de protegê-lo como ele me protegeu?

Então eu temi encontra-lo depois disso, primeiro porque a cena de Tom morrendo ainda se repetia em minha mente a todo momento, segundo porque pensei que Stefan ficaria decepcionado comigo, afinal era o cérebro dele que estava em risco sendo constantemente fritado com feitiços e mais feitiços o dia inteiro, correndo o risco de perder sua memória mais uma vez ou pior correndo o risco de morrer caso a vontade dos viajantes não fosse realizada. Mas Stefan Salvatore tinha o dom de surpreender-me, de compreender a mim mesma mais do que eu mesma. Enquanto eu me culpava e remoía minha incapacidade em salvar Tom. Ele sorriu, mesmo que ainda exausto. Em seus olhos verdes salpicados de avela, não tinha se quer um pingo de decepção ou raiva. Tudo que encontrei em seus olhos era aceitação. Porque ele sabia que eu não seria capaz de fazer nada disso, não por que eu não era capaz de algo assim por alguém que eu amava, mas sim porque aquilo não era eu.

Naquela noite no ferro velho, deitados num carro velho sem tento, olhando o céu estrelado. Dormindo ao lado dele, com sua respiração acalmando e calando todas e qualquer dúvidas e perguntas estúpidas que encheram minha cabeça naquele dia. Quando horas mais tarde acordei com sua mão agarrada a minha e tudo que conseguia sentir era segurança… Nada mais importava. Eu pensei que nada de mal poderia nos alcançar ali, naquele momento. Que em breve estaríamos livres dos viajantes, e poderíamos voltar a normalidade ou mais normal que aquela cidade e nossas vidas poderiam ser.

Mas é claro que eu estava errada sobre isso. Quando presenciamos os viajantes entrando em combustão espontânea por seu mestre Markos. Ou quando no dia seguinte Elena desabafou para Bonnie sobre suas visões estranhas de um futuro alternativo ao lado de Stefan com direito a uma casinha simples e filhos.

Um nó formou-se me minha garganta. Eu podia jurar que minha cabeça começava doer mesmo sendo cientificamente impossível. Enquanto ouvia Bonnie contar em detalhes sobre as visões de Elena. Tudo que um dia eu mesma via no futuro de Elena e Stefan… Ou talvez no meu enquanto ainda era humana. Eu não consegui me conter, liguei para ele assim que Bonnie saiu do dormitório. Eu precisava saber se ele estava bem depois de tudo, se ele assim como Elena estava tendo aquelas visões estúpidas e cada toque que ele demorava de atender, eu podia jurar que o quarto diminuía, que o ar que eu nem mesmo precisava para respirar começava a sumir me sufocando.

— Aló

— Stefan — soltei o ar que nem se quer sabia que estava guardado quando escutei sua voz.

— Caroline… Pensei que não ligaria hoje.

— Ah não… Por que? Estou atrapalhando alguma coisa? — ele riu do outro lado da linha

— Claro que não. Eu apenas estranhei demorar tanto para verificar seu melhor amigo com cérebro recém-frito. Pensei que Caroline Forbes estivesse esquecido sua promessa.

— Eu nunca esqueceria essa promessa, principalmente tendo um melhor amigo que atrai tantos problemas como você. Mas então…Como você está? Ele suspirou pesadamente, aquela demora me deixou apreensiva.

— Estou bem.

— Mesmo?

— Na verdade… Não.

— O que ouve? Está sentindo-se mau depois de ontem? Quer que eu…

— Não — ele riu — Acalma-se Okay. Não estou me sentindo mau e sim estranho. Na verdade, eu ia mesmo ligar para você. Lembra todas as vezes que você me ligou para que eu a convence de que não está ficando louca?

— Sim, mas o que isso tem a ver com…

— Tem a ver que preciso que devolva o favor hoje, tem acontecido algo estranho, algo que me faz questionar minha sanidade.

— Estranho do tipo sonhar que é um objeto; como uma flecha? – brinquei, não querendo ouvir o resto. Ele mais uma vez riu do outro lado

— Não, quem geralmente tem esse tipo de sonho e você.

— Então o que? O que está acontecendo de tão estranho Stefan?

— Caroline — ele fez uma longa pausa, talvez decidindo se contaria ou não — Eu tenho tido um tipo visões, na verdade soa mais como um sonho do que qualquer outra coisa. Visões que envolvem...

— Elena — completei sentindo minha boca seca de repente.

— Sim… Como sabia disso?

— Eu chutei — menti — Que tipo de visão está tendo com ela?

— Do tipo casados, com filhos, felizes numa casa…

— Uau... É uma bela visão — caímos em tipo de silêncio, o que era estranho — Mas tem ideia do por que disso?

— Sinceramente não faço ideia — admitiu ele — Mas acho que tenha alguma relação com aquele feitiço com nossos sangues e única e explicação plausível para isso. Suspirei aliviada, pelo menos ele não estava dizendo que era porque eram “almas gêmeas” ou porque queria Elena de volta depois de tudo.

— Por que acha que os viajantes fariam isso?

— Não tenho ideia, mas quero que acabe — desabafou, com tom que jurei ser de exaustão.

— Por que diz isso, deve ser extraordinário ver isso… Um futuro diferente ao lado dela. Igual ao que imaginava não é?

— Não nego que já imaginei milhares de vezes uma vida diferente ao lado dela, casados, com filhos…

— Então o que é diferente agora?

— E diferente porque não estamos juntos Caroline, isso uma fantasia que não vai acontecer — rebateu enfático

— Como pode ter tanta certeza Stefan? — Inquiri medindo se deveria falar ou não — Ainda mais agora que Elena e Damon terminaram.

Stefan ficou em silêncio. E durante aqueles segundos de espera que parecia durar uma eternidade, eu esperei ouvi-lo sorrir do outro lado da linha, derramar suas esperanças e declarações de amor eterno a Elena, então ele suspirou do outro lado antes de finalmente me responder

— Isso não muda nada Caroline, eu e Elena mudamos muito. Eu não me encaixo mais na vida dela, nem ela na minha. Somos pessoas diferentes daquelas duas pessoas cheias de expectativas de um amor eterno…

— Stefan quer mesmo me dizer que não esta nem um pouquinho feliz por isso? Por eles terminarei o namoro — cortei irritada, fazendo logo a pergunta que estava querendo me sufocar de vez. Nem mesmo entendia bem o porquê daquilo tudo.

— Não fiquei feliz, na verdade sinto por eles. Elena e Damon se amam, e quando Elena se afasta de Damon tudo se complica você sabe disso.

— O que eu sei, é que a Elena não e a Elena de sempre ao lado do Damon — teimei, nem entendo porque estava sendo tão insensível e atacando Stefan, naquele momento crítico e bizarro.

— Sim Caroline. Ela mudou muito, mas não acho que seja culpa apenas do meu irmão. Você também mudou muito e não foi por Matt ou Tyler. Talvez essa nova Elena estivesse ali, escondida esse tempo todo.

— Eu sei — respondi sem saber ao certo o que dizer depois daquele fato incontestável. Caímos novamente naquele silêncio estranho e incomum para nós dois, me joguei na cama, olhando para o teto, tomando coragem para fazer a pergunta que realmente me interessava — Posso te fazer uma pergunta?

— Claro!

— Ainda a ama? — Stefan demorou a responder. O estranho foi incomodo que senti esperando sua resposta, apesar de saber exatamente qual seria.

— A resposta é sim Caroline, sempre vou amá-la. Mas não sei se o mesmo amor de antes. Eu sinto que sempre estarei ao lado dela quando ela precisar de mim, mas já não me sinto presso aquele sentimento como antes. Mas sim, eu ainda a amo e provavelmente nunca vou deixar de amá-la.

Fechei os olhos suspirando, tinha certeza que ele fazia o mesmo do outro lado, mordi a bochecha tentando em vão controlar minha língua que ganhara vida própria, a pergunta escapuliu da minha boca, antes que pudesse pensar se queria ou não ouvir mais.

— Se pudesse voltar no tempo, se pudesse por acaso…

— Fazer tudo diferente? — ele completou — Não, teria feito tudo exatamente igual. Acho que era o destino dela morrer naquela ponte, era nosso destino não estarmos juntos agora. E isso que penso hoje, aconteceu o que era para acontecer.

— Queria pensar como você. Acho que se voltasse no tempo mudaria muitas coisas na minha vida.

— Como o que por exemplo?

— Não faço ideia — admiti — Se bem que se mudasse alguma coisa, eu poderia nunca ter me transformado em vampira, eu realmente não sei se é uma coisa boa ou não. Eu gosto da pessoa que sou hoje, mas não posso evitar de pensar em como seria minha vida se…

— Ainda fosse humana — ele mais uma vez completou — Eu costumava fazer muito essa pergunta a mim mesmo.

— E qual era a sua resposta?

— Era que talvez tudo tivesse sido mais fácil… Mas a verdade e que eu nunca saberei como minha vida seria, se Katherine nunca tivesse cruzado meu caminho.

— Pois eu tenho algumas ideias de como seria minha vida, não sei se gosto realmente de como seria — confessei — Além do mas se eu continuasse humana, nós nunca teríamos nos tornado amigos.

— E por que não?

— Porque você me detestava Stefan.

— Não detestava não, apenas estava…

— Apaixonado demais pela Elena, mas se quer saber eu entendo sinceramente, nem eu me suportava aquela época. Eu era fútil e egoísta demais — Stefan riu

— Caroline você era muito jovem, apenas começando a sua vida e ainda não tinha encontrado seu caminho ou a si mesma. O que você é hoje, sempre esteve dentro de você. A mulher incrível que se tornou agora sempre esteve ai o tempo todo. E acredito que iriamos ser amigos Caroline, de uma forma ou de outra. O que toda essa palhaçada de destino me fez ver é que nada acontece por acaso. Katherine estava no meu destinho assim como Elena e você também estavam no meu, querendo ou não. Você estava no meu destino Caroline.

Fiquei em silêncio sem saber o que dizer. Sentia meus olhos arderem pelas lágrimas que teimavam em surgir. Nunca ninguém me dissera tudo aquilo, nem mesmo eu acreditava naquela época que eu poderia mudar, ser querida por alguém sem precisar me esforçar, conseguir viver e ser feliz sem me importar com que todos achavam ou esperavam de mim.

— É um pensamento encorajador — acabei rindo, tentando esconder a emoção em minha voz — Tenho que desligar agora, mas me liga se algo acontecer. Eu vou correndo até ai…

— Eu sei que sim.

— Okay então… Boa noite Stefan.

— Boa noite Caroline… E antes que eu me esqueça obrigado.

— Pelo que?

— Por me impedir de surtar com tudo isso.

— Você é bem-vindo Stefan, sabe que pode me dizer tudo e vir a mim sempre que…

— Perder o controle — ele completou sorrindo — Eu sei Caroline.

Desliguei o celular, com sorriso no rosto. Ainda pensando naquela conversa sobre destino e escolham. Era impossível não pensar em destino, será mesmo que de todo o jeito eu acabaria ali naquele momento sozinha, diferente daquela garota de cinco anos atrás. Feliz, sem sentir-me sozinha por não estar com um namorado. Sem me importar com que todos achavam de mim. Será mesmo que Stefan eu estaríamos juntos, de todo jeito, ele estava no meu destino esse tempo todo e de qualquer forma terminaríamos assim… Melhores amigos mesmo sendo a coisa mais improvável de se pensar há cinco atrás?