É Megan! escrita por HuannaSmith


Capítulo 48
Nossa História Começa Hoje


Notas iniciais do capítulo

Apesar de pequeno, o capitulo está cheio de emoções! Espero que gostem.



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Your selfish hands

Always expecting more

Am I your child?

Or just a charity award?

You have a hollowed out heart

But it's heavy in your chest

I've tried so hard to fight it but it's hopeless

You're hopeless

Oh Father

please, Father

I'd love to leave you alone

But I can't let you go

Oh Father

please, Father

For the love of a daughter

For The Love Of A Daughter - Demi Lovato (editado)

O carro preto parado ao longe, parecia apenas observar todos os detalhes de uma noite fria, a enorme lua cheia pendurada no céu, dispensava relógios, o céu negro acompanhava apenas para confirmar, as estrelas já quase sem brilhar, era tarde, muito tarde.

A rua deserta, apenas os pontes de luz acesos, o silêncio chegava a gritar, Jonas de dentro do carro dava indícios de que foi ali para bem mais do que apenas observar, pôs o carro a andar, até a esquina parecia bom pra ele, estacionou.

Mesmo de noite ele não dispensava seus óculos escuros, mas este tomou lugar preso junto ao bolço do paletó, respirou fundo antes de continuar caminhando, na direção de um prédio de baixa estatura, completamente escuro e com um pequeno campo ao lado, este cercado de grades enferrujadas.

Havia alguém a sua espera, ao longe, um olhar intimidador não media esforços para ser percebido, escondido na penumbra gerada pelo teto, reencostado sobre a porta marrom, Herval observava, com um leve e tenebroso sorriso, a aproximação de Jonas.

– Não precisava vir tão arrumado, Jonas, aqui não tem câmeras - o dono da Plugar alfinetou

– Eu venho de uma reunião, creio que uma das mais importantes que já ocorreram em solo brasileiro

– Então Jonas Marra, o que você quer comigo? Veio aqui mais cedo, me jogou indiretas... só que eu ainda não consegui entender esse seu joguinho

– Então deixa que eu digitalizo pra você, a algumas semanas, um dos meus seguranças capturou um drone que sobrevoava minha casa, ao que tudo indica ele estava a um certo tempo observando á mim, minha mulher e minha filha, eu analisei o material e os sinais vem daqui, como as crianças não possuem capacidade para tal ato, imagino que...

– "capturou", "sobrevoava", todos os patriotas tem mania de falar assim ou só você que resolveu variar? O que aconteceu é que, de fato, um dos seus seguranças acertou uma pedra no meu drone, pegou o que restou no chão e levou pra você, ocupado como é só teve tempo de vir tirar satisfações agora, acertei?

– Então o drone é seu?!

– É claro que é, de quem mais você achava que fosse? Das crianças? Ou do Caolho? O vendedor de açaí?

– E você fala assim? Não sabe que eu posso te colocar na cadeia?!

– Cadeia... vocês, "altos empresários", - Herval disse com ironia - sempre acham que podem resolver tudo com essa frase, né? Mas se cadeia funcionasse pra alguma coisa, não tinha tanto vagabundo por aí, começando por você

– Eu não lhe dei liberdade pra me tratar assim - Jonas engrossou a voz - se você não parar de observar minha casa...

– Não se preocupe com isso, não vou mais, até porque o que mais me interessa pouco está por lá agora, umas das, vejo sempre, bem aqui na Plugar - Herval deu duas leves batidas na parede - a Megan

– Não se atreva a chegar perto dela! - Jonas se aproximou de Herval

– Mas não sou eu, Jonas Marra, é ela, ela mesma vem pra cá todos os dias, está morando a poucas quadras daqui, sempre me pede conselhos, e tudo isso por culpa de quem? Sua, ela não te aguenta mais, um dia ninguém mais vai aguentar, nem sua própria mulher aguenta

– Do que você está falando?

– Eu sei que vocês se divorciaram, Jonas, não tente esconder, só falta resolver a papelada, né? Mas o casamento, este já foi desfeito

Jonas estava perplexo, ninguém, além dele e da Pamela, sabe que eles se separaram, como ele sabia? E ainda conhece detalhes? Que tudo foi resolvido só em palavras e nos papéis os dois ainda são casados? Como ele sabe de tudo isso?!

– Como você sabe disso?

– Da mesma forma que sei que a Megan pede para que você fique com ela enquanto ela dorme, da mesma forma que eu sei que a Pamela adora vestidos azuis, da mesma forma que eu sei que o Brian faz meditações todo dia em uma fonte no teu jardim, e que a Dorothy tem mania de fazer chá de alface pra curar especificamente tudo

– Você anda me espionando?! É isso Herval?!

Jonas partiu para a quase agressão, pegou Herval pela gola da camisa e o colocou contra a parede, este estava rindo, parecia achar tudo uma brincadeira, como se não acreditasse que Jonas pudesse agredi-lo, Herval não tinha medo.

– Vai fazer o que Jonas Marra? Me agredir? Eu só disse a verdade, a Megan se afastou de você e é comigo que ela tá todos os dias, a Pamela acabou com o casamento de vocês e é pra mim que ela liga, quando quer algum conselho, as duas tão esquecendo de você Jonas, e um dia, ninguém mais vai lembrar que Jonas Marra existiu

– Cala a boca!!

Jonas estava bufando de raiva, bateu as costas de Herval contra a parede, este ria como um verdadeiro maníaco, pra ele era divertido presenciar a cena, mas Jonas havia desrespeitado as orientações do médico, um estresse como esse nunca poderia ter acontecido.

Jonas começou a sentir uma dor extremamente forte na parte de trás da cabeça, tão forte que o fez soltar Herval e se ajoelhar lentamente no chão, era como se alguém perfurasse sua cabeça, alguma coisa latejava lá dentro, como os sinos de uma igreja algo insuportável, Jonas gritou de dor.

De pé, Herval aproximou-se lentamente do magnata ajoelhado, gritando de dor, com o olhar sério, a cena parecia prazerosa pra ele, olhava apenas para baixo, com uma superioridade desumana, ele sabia que Jonas não iria aguentar muito tempo, a dor estava o matando por dentro.

Com um últimos grito, que calou o silêncio ensurdecedor, Jonas caiu no chão, bem na entrada da Plugar, Herval observou que seu peito ainda acompanhava a respiração, ele apenas desmaiou, mas sem nenhum ato de companheirismo, Herval apenas se virou e entrou no pequeno prédio, subiu as estreitas escadas e foi para sua "casa", deixando Jonas sozinho em uma noite fria, desmaiado.

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– Porque ele trocou o sanduíche pelas chaves? - Davi perguntou indignado

– Porque são as chaves do porão, onde a Liza está, agora ele vai atrás dela

– Essa parte eu entendi, mas porque ele trocou o sanduíche?

– Porque ele a ama - expliquei

– Que filme mais sem noção, eu ficaria com o sanduíche

Davi me fez rir, mas resolvi colocar a tese dele á prova, o filme estava realmente chato mesmo...

– E se fosse eu? Você trocaria o sanduíche pelas chaves?

Davi passou a mão no cabelo, com um meio sorriso encantador.

– Por você eu daria tudo

Alcancei seus lábios em um beijo, um pequeno agradecimento pela mini declaração de amor, as pálpebras pesaram sobre meus olhos, o sono me levava avidamente, Davi percebeu, abraçada á ele, fomos juntos para o seu quarto/garagem.

O colchão ficava permanentemente no chão, próximo ao sofá, já que agora eu estou definitivamente morando aqui, não é mais uma estadia, é moradia, minhas costas gritam por uma cama sob medida.

Deitamos os dois juntos, ele me enrolou cuidadosamente com o cobertor, o sono tratou de nos levar rapidamente para a terra dos sonhos, eu já estava lá a alguns minutos.

Ainda não era de manhã, mas por algum motivo o destino decidiu me acordar, o destino ou um encomodo, uma coisa no sofá estava me atrapalhando, entre as almofadas lá estava, uma batom, não é meu, eu não uso esse tipo de marca brasileira, mas então... de quem será?

Davi dormia como um anjinho, não tive coragem de acorda-lo, por mais que a curiosidade me quisesse fazer o contrário, deve ser da Rita, tentei espantar os pensamentos ruins, amanhã pergunto á ela.

==========

Danilo esfregava as mãos em um claro sinal de nervosismo, Baylee mordeu o lábio inferior e cruzou as pernas, no pequeno e humilde sofá de tecido, os dois não poderiam estar mais nervosos, mas não tem jeito, eles vão ter que contar a verdade.

– Se você não me falar pra que é essa mala, Danilo, daqui você não sai - Sílvio disse seriamente

– Pai, eu preciso que você tenha a mente aberta, tá?

– Fala logo menino! Tá deixando eu e seu pai mais nervoso, o que aconteceu? - Marisa apressou-o

– E que eu e a Baylee... a gente tá... - Danilo procurava as palavras - a Bay tá gravida

– O que?!

– Como assim grávida?! - Sílvio estava perplexo com a notícia sem preparo prévio

– A gente teve a mesma reação quando descobriu mas... - Baylee tentou acalma-los - o fato é que eu e o Dani precisamos contar pro meu pai, já que ele não pode vir pra cá e esse não é o tipo de assusto para ser conversar por telefone... a gente precisa ir, e tem quer ser hoje, meu pai já tá começando a desconfiar, eu já devia ter voltado pra casa

– E eu prometo a vocês, que vou assumir meu dever como pai, não se preocupem - Danilo disse segurando a mão de Baylee

Marisa e Sílvio se entreolharam, não tinham quase nada para dizer, os dois já estavam decididos e, apesar de tão novos, estavam agindo com uma responsabilidade imensa, como dois pais, que vão ser em alguns meses.

– Vai meu filho - Sílvio encorajou Danilo - faz o que tem que ser feito, toma juízo e cuidado da Baylee e do teu filho, enquanto estiverem lá

Danilo e Sílvio levantaram do sofá e se abraçaram, Baylee e Marisa também fizeram o mesmo, os acompanhando.

– Sempre soube que um dia você se tornaria pai, e agora que você vai ser... saiba que eu estou muito orgulhoso - os dois se abraçaram novamente

– Pra mim foi bem difícil no começo pai, mas eu tenho arcar com as minhas responsabilidades, e pelo incrível que pareça - Danilo olhou para Baylee, os dois deram as mãos - tá sendo a melhor decisão da minha vida

Os dois completaram o momento com um beijo, despedidas não puderam ser interrompidas, ambas as parte precisavam, e por fim, chegou a hora, a porta fechou logo atrás, eles partiram.

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Os pássaros ensaiavam uma orquestra inteira só deles, o sol parecia de bem com a vida, irradiando em uma quantidade agradável, as nuvens estavam albinas e dispersas, uma ali, outra naquele lugar, o ar vinha para agradar e espantar qualquer tristeza, pois este fazia com que as folhas das árvores caíssem e "dançassem" pelo chão, formando uma sinfonia de pequenos
risos e sorrisos.

– Hoje a aula vai ser like a esped test!

– O que é isso, tia Megan? - Laura perguntou curiosa

– Vai ter que ser bem rápida, como os teste relâmpagos que dão na escola

– Mas porque? - um pequenininho questionou

– Porque eu tenho um compromisso hoje - as crianças me olhavam como se houvesse uma interrogação em seus pensamentos - vou ter que acompanhar minha prima até o aeroporto, ela vai pra França, junto com o tio Danilo

– Com o tio Danilo? Ela é a Baylee, não é? Ele nos falou dela na última vez que veio - Pedro, um dos mais velhos, disse

– Exatamente - confirmei com um sorriso

– E eles vão embora pra sempre, tia Megan? - o menor entre todos, Gabriel, perguntou

– Não meu amor, eles foram resolver uma coisa mas voltam em breve - ele sorriu com a resposta - mas vamos continuar a aula, se não a gente não termina a matéria

Eles já foram logo abrindo os cadernos a alcançando os lápis nos estojos transbordados de cor, exalando vontade de aprender e eu... exalando vontade de ensinar.

– O nome das cores, que eu ensinei na aula passada, quero que escrevam em uma folha limpa, vocês podem fazer um desenho no final - expliquei - Biel, vem aqui

Gabriel ainda não sabe escrever, então ele teve que ir me falando as respostas oralmente, para que eu escrevesse por ele, tão pequeno e acertou praticamente tudo! Confesso que ele precisou de ajuda em algumas, mas em um todo se saiu bem, mas comigo de professora, como poderia se sair mau?

Uma figura alta parou perto da nossa pequena roda acomodada na sombra da árvore, se abaixou para ficar da minha altura, que estava sentada em uma toalha rala de piquenique, era Herval.

– Não entendo porque você gosta de aula aqui fora, se tem uma sala com cadeiras só sua lá dentro

– Aqui fora é mais tranquilo, as crianças ficam em contato com a natureza e consequentemente mais calmas e tranquilas para acompanhar a aula, um ambiente assim, ao ar livre, esfria a mente

– Jonas Marra, acertei?

– Yeah... - disse com um meio sorriso - dad me ensinou isso, é a teoria dele, já foi comprovada a veracidade e tudo, mas... ele sabia, de alguma forma, desde o começo

– Pesquisas, estudos, comprovações, homens como ele são feitos disso, Megan

– Eu duvido, é como coisa da alma, entende?

Herval me olhou por alguns rápidos segundos, com um estranho sorriso de lado.

– Não

– Tia Megan! - Laura interrompeu nosso estranho diálogo, agradeci mentalmente - olha o meu desenho como ficou bonito!

– É muito lindo mesmo - confirmei analisando - mas eu quero as cores primeiro, depois você termina o desenho

Herval riu com a esperteza da pequena, eu também não consegui me conter.

– Algum motivo especial pra tá aqui tão cedo? Praticamente me ajudou a abrir a Plugar

– Eu vou ter que sair mais cedo, tenho umas coisas pra resolver e...

– Megan!! - Davi gritou em quanto corria até nós

– O que foi?! - perguntei me levantando, deixei que ele respirasse um pouco de ar para os pulmões

– O Jonas... ele...

– Ele o que Davi?! Me fala logo!

– Jonas foi encontrado a algumas quadras daqui de madrugada, tá internado no hospital, parece que a doença dele se agravou, ele... ele tá muito mal, Megan, a Pamela disse pra você ir rápido pra lá porque... talvez seja...

Eu parei no tempo, o chão aos meus pés desapareceu no quântico, não havia mais oxigênio, eu estava asfixiando, Davi esperava uma resposta á minha frente, ou pelo menos algum tipo de reação humana, mas minhas pernas pareciam mortas.

Como em um golpe da realidade, saí na direção do meu carro, dei ei Davi para trás, mas pude escutar ele me acompanhando. Os pneus ferveram no asfalto, não vi o que estava no meu caminho, apenas finquei o pé naquilo que me dava mais velocidade, Davi atordoado, foi me guiando entre as ruas, mas, de alguma forma, eu já sabia o caminho.

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Baylee olhava as enormes portas de vidro com ansiedade, o pé direito não lara de dar pequenas batidas no chão, se auto-repreendeu por roer umas das unhas da mão esquerda, mais um sinal de ansiedade, ela parecia ter pressa e paciência ao mesmo tempo, uma coisa mística.

Passageiros com destino à França, no vôo 227, favor se dirigirem para o portão de embarque B.

– Ô Bay... eu posso até tá enganado, mas pelo que diz no meu bilhete, se a gente não embarcar agora, vai acabar perdendo o vôo - Danilo alertou

– É que a Megan ficou de vir se despedir mas... deixa, se não a gente vai acabar se atrasando - Baylee disse pegando a mala e se dirigindo, junto com Danilo, para o portão de embarque - e se diz passagem, não bilhete

E lá foram os dois, de mãos dadas rumo ao portão de embarque B, rumo á uma história que começa a ser traçada hoje, com uma carga de responsabilidade e coragem enorme, hoje, eles começam a traçar... a história deles.

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Megan nem sequer fechou o carro, tive que o fazer por ela, enquanto agradeci a Deus por ter sobrevivido a esse trajeto de carro, tive que correr logo em seguida para alcança-la, ela já estava dentro do hospital.

Megan parecia não enxergar nada á sua frente, só queria de ver o pai, saber como ele está, nem seque me deu a oportunidade de acalma-la, ainda bem que Pamela já tinha me contado, Megan não sabe reagir aos próprios sentimentos.

A avistei na bancada da recepção, já perguntando por Jonas, pude ver algo brilhar em seus olhos, corri para alcança-la, quando consegui ela já estava correndo rumo ao quarto, não perguntei a recepcionista se podia entrar junto, eu só fui entrando.

"Quarto 265", "Quarto 265", "Quarto 265", Megan não parava de repetir, talvez por conta do medo de esquecer e ter de voltar na recepção, o pelo simples fato de que possa ser mais rápido encontrar um quarto repetindo o número dele, ela estava impacientem indo de um lado á outro do corredor, procurando portas, procurando números.

Quando finalmente encontramos, ou achávamos que tínhamos encontrado, Megan não quis saber de bater e esperar uma resposta, ou confirmar se poderia realmente entrar lá dentro, como eu que não dei satisfações a recepcionista, ela foi entrando.

O quarto estava tão frio que me fez tremer logo no primeiro contato, fechei a porta a trás de mim, Pamela em pé ao lado da cama, estava com uma expressão de extrema tristeza, a cama... Jonas estava nela.

– Dad?!

Megan não quis saber da mãe, correu pra onde Jonas tava, este estava dormindo, talvez dopado ou porque ainda não havia acordado do misterioso acidente, Megan se sentou na cama, ao lado dele, mas ele não abriu as pálpebras, continuou imóvel, isso e o quarto extremamente frio, fez com que eu me perguntasse, por alguns instantes, se ele estava... morto.

Megan também se assustou com a não reação dele, mesmo tudo muito rápido, pude ver no rosto dela, estava preocupada, Megan passou a mão no rosto de Jonas, procurando algum sinal de que ele ainda estivesse vivo, mas ele não respondeu ao toque da mão dela.

– Dad...

Pude ver lágrimas traçando caminho pelo rosto dela, eu não sou burro, Megan se importa com ele.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e vou tentar postar em breve, não se esqueçam de comentar sua opiniões, beijos e até próximo cap!