É Megan! escrita por HuannaSmith


Capítulo 46
Eu estou grávida!


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora pessoal! Mas minha vida anda muitoooo corrida, espero que não desistido da fic por que eu não desisti dela! Mais um cap pra vocês:



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Como a águia que reconhece sua hora

As pétalas que caem sobre o orvalho

A notícia que vem outrora

Não é um atalho

Trás dor e sofrimento

Para o coração despedaçado

Falar ainda é o melhor movimento

Cinza ou marfim

A verdade nem sempre é o fim

Huanna S.

Empurrava o joelho da Megan e, ela ainda na poltrona inflável, a segurava pelo pé, puxava de volta e ela abria o maior sorriso, comecei a beijar sua perna e só parei quando estava no meio de sua coxa.

– Opa! - Ernesto pulou com tudo na piscina, Megan gritou e virou o rosto tentando desviar dos respingos d'água, ele riu - deixa eu falar uma coisinha, a gente é super conhecido no meio tecnológico, então vai ser mole achar gente pra colocar grana na Brazuca

– A gente podia entrar em um site de financiamento também, né? Pra procurar investidor pro Júnior, eu ia fazer isso antes de entrar no concurso - dei uma ideia

– Exatamente Davi, tá rolando cada vez mais crowd funding

– Crowd funding? É o que estou pensando? - Megan perguntou

– É o que estou pensando? - imitei a voz dela e a virei na poltrona

– É um financiamento coletivo Megan - Ernesto explicou -pode ser por exemplo um cd, um evento, um... uma peça de teatro! Uma banda que tão querendo trazer pra cá, qualquer ideia que precise de grana pra ser feita, aí um cara anuncia essa ideia em um site, as pessoas que curtirem essa ideia, os fãs da banda por exemplo, vão botar grana pra ver ela realizada

– Exatamente, é tipo uma vaquinha, só que agora na internet - resumi

– Vaquinha? Like pequena vaca? - esqueci que namoro com uma gringa

– Môôôôôô... - fiz o barulho de vaca e ela riu

– A gente só precisa calcular o quanto vai precisar, aí as pessoas vão depositar, quando atingirmos a meta... a grana é liberada - ela fez um sinal com as mãos, juro que pude ver sair brilho

– Acho que pra isso um video com as crianças seria fundamental, right? - Megan opinou

– Sim, claro, a campanha pessoas do amanhã vai sensibilizar a galera, mas pode deixar que dessa parte eu cuido - Ernesto explicou

– Acho que eu posso fazer o vídeo com as crianças, eu sou boa nisso, não sou?

– As aulas que você dá pra elas no campinho, você é muito boa com isso, pode ser algo nessa linha - disse

– Exatamente! - Ernesto levantou da água de repente - o Júnior vai ser apenas o primeiro lançamento da Brazuca! Depois a gente vai lançar produtos, aplicativos... o céu é o limite! - ele deitou em uma das cadeiras de sol

– Calma Ernesto Avelar! Calma, vamô focar no Júnior primeiro, mas tudo bem, estamos evoluindo bem - coloquei meu braços envolvendo Megan por trás, beijei seu ombro algumas vezes

– Não te falei que as melhores ideias nascem nas piscinas? - Megan disse

– Isso mesmo, você só tem dado bola dentro

– Thanks

– Linda - beijei seu rosto, ela sorriu

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– Você vai sair assim? - Veronica levantou indignada, colocando a bolça na mesa

– Tem alguma coisa que não ficou claro? - Jonas perguntou

– Pra você talvez tenha sim, comigo está tudo bem mas já com a Dona Beatriz...

– O que tem ela? - Jonas não deixou transparecer o interesse

– Nada, é que sua mãe Jonas, ficou com uma cópia da entrevista, de minha parte parte não vai sair nada mas... não posso garantir o mesmo da parte dela

Verônica não se viu satisfeita em ver Jonas sair tão tranquilamente, precisava fazer algo para tira-lo do sério, mas Jonas está a anos-luz dela, já sabia suas intenções, mesmo fervendo por dentro, deu as costas para a jornalista e seguiu seu caminho interrompido de segundos atrás.

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– Depois da piscina da um sono, right? - disse beijando Davi, ele bocejava

– Nem me fale

Girei a chave e o painel acendeu, Davi ao meu lado e Ernesto no banco de trás, Baylee vai ficar para contar a mom sobre tudo e, como o Danilo não solta dela por nada, ficarão os dois juntos, mas que eu saiba a Bay quer fazer isso sozinha, sem mais ouvidos.

Será uma conversa muito séria, não existe nada que eu já tenha passado que se assemelhe com o que vai acontecer e não quero que exista tão cedo, por mais alegrias que uma criança possa trazer, foi consequência dos atos de Baylee, precisa contar a verdade, afinal, meu tio confia plenamente em mom.

Me despedindo dos dois na entrada da casa com um leve aceno do carro, segui caminho para a Plugar, Davi está super ansioso para contar as novidades para Herval, não sei se é tão bom assim ele ficar cheio de esperança, se nada do que tanto sonhamos acontecer, não quero que ele se machuque.

Tudo isso, o Júnior, a possível empresa..., tudo é muito importante pra ele, mas precisamos ter os pés firmes no chão, se existe alguém que ja está mais do que acostumada com decepções geradas por fé em sonhos ludibriáveis, essa sou eu.

Não quero que ele tenha essa sensação, passei pela mesma coisa várias vezes, não quero porque sei o quão ruim é, e eu o amo, finalmente encontrei alguém que posso dizer isso abertamente, sem medo, e mesmo que eu pareça estar invertendo os papéis, não quero que nada de ruim acontece á ele.

As crianças pulavam, giravam e corriam umas atrás das outras, aliás como sempre, nunca quietas, sempre inquietas, como se tivessem consumido uma descarga enorme de energia, com os cabelos em pé elas não ligam se você é branco ou negro, rico ou pobre, o que importa de verdade é se você vai poder brincar com elas.

Não que eu sinta saudade desse tempo, mas pra elas tudo parece tão simples, tão agradável, dá vontade de experimentar essa sensação, de não se importar com nada.

Acho que no fundo essa história toda de Brazuca e Júnior, de ser verdadeiramente independente, viver sozinha, ter um trabalho, isso nunca passou pela minha cabeça e... me assusta, como dad vai reagir a isso? Mas também não me importa! Ele tem que ver que não é único, ver que existem pessoas tão talentosas quanto ou até mais! Eu vou provar pra ele, provar que não preciso de Jonas Marra pra nada!

– Megan!

Pisei no freio quase em cima da calçada, meu corpo foi pra frente e o sinto o troce de volta com violência, o pneu da frente já estava dando "oi!" pras crianças, nem vi que estávamos tão perto, o carro desligou de repente, a direção não girava para nenhum dos lados e as portas destravaram sozinhas.

– Fuck.... - bati na direção

– Tá tudo bem, Megan? - Davi perguntou, ainda se segurando no banco

– Tudo bem aí atrás Ernesto?

Ele fez que sim com a cabeça, os olhos esbugalhados mostravam o susto que ele tomou, liguei o carro novamente, as portas fecharam e a direção já estava livre, não tive muito trabalho para estacionar, eu já tava em cima da vaga mesmo, literalmente.

Davi continuou me observando em quanto eu manobrava o carro, meia volta os olhares de encontraram, foi inevitável, mas preferi não responder, não sei o porque ou melhor, sei, não estou me sentindo "bem", não acho que ele gostaria de saber.

Puxei o freio de mão enquanto tirava o cinto e saí, andei até a entrada da Plugar, Ernesto veio logo atrás, mas faltava mais um, parei na porta, Davi demorou mas veio, tranquei o carro de longe, nossas respirações não se encontraram, segui em frente.

– Tia Megan! - Lívia veio até mim, tive que ficar de joelhos para ficarmos do mesmo tamanho

– Hi! - ela me abraçou com um sorriso - que saudade

– Todo mundo fez o desenho que você pediu, tá la dentro pra gente colocar no mural - ela disse com um sorriso ofegante no rosto

– Então vai logo lá chamar todo mundo que eu já tô indo, ok?

Ainda sorrindo ela pegou a pequena mochila jogada no chão e correu para nossa sala, puxando o número máximo de crianças que os bracinhos podiam abarcar, queria contar para todos.

Passei alguns segundos ainda ajoelhada, até respirar profundamente e tomar coragem de levantar, peguei minha bolça que havia escorregado do ombro e levantei me apoiando em uma mesa próxima.

– Não vai me responder, Megan? Tá tudo bem com você? - Davi perguntou ajeitando a mochila com suas roupas molhadas no ombro

– Eu tenho aula agora, a gente se vê mais tarde, pra combinar o vídeo, certo?

– Certo...

O beijei rapidamente, peguei o pote de giz em cima da mesa e saí na direção das crianças que me chamavam na porta.

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O carro deixou marcas no chão, o cheiro forte de borracha queimada eram indícios de que logo logo aqueles pneus não serviriam mas para nada, estacionando quase em cima da porta, Jonas entrou em sua casa ofegante, pronto para quebrar qualquer coisa que tocasse o seu alcance.

A sala vazia não pareceu o mais receptível pra ele, passou a mão no rosto tentando se acalmar, parece que funcionou um pouco, a respiração ficou mais compassada.

– Senhor Jonas? - empregada perguntou acanhada - o senhor por aqui? Essa hora?

– Onde tá a Pamela?

– Ela saiu senhor, foi para Parker

– Como assim pra Parker?

– Ela tinha algumas coisas para resolver, senhor, não avisou que viria

Jonas revirou os olhos de uma lado para outro, preferiu não responder a empregada que esperava por palavras excitadamente, ele não tinha o que perguntar mesmo, deu alguns passos na direção da escada e gritou um nome conhecido.

– Megan! - ele chamou a filha

– A senhorita Megan não está

– Como assim não tá? Saiu? Foi pro shopping?

– Não senhor, na verdade a Megan não dorme nesta casa a um tempo, ela está morando com o namorado dela, o Davi, ela trabalha como professora junto com ele

– Professora? - Jonas perguntou, indiferente

– Ela dá aulas de... de inglês, para as crianças do bairro que frequentam a ong, todas elas por sinal

– Essa ong fica na Gambiarra, não é?

– Sim senhor, ela já deve estar lá com as crianças

Jonas arrumou a gravata que estava um pouco amarrotada e se despediu da empregada de cabelos bronzeados e pele amarelada, mas um pedido inusitado veio por parte dela, fazendo-o ficar por mais alguns segundos.

– Não conte nada disso á Megan - disse baixo, escondendo os nós dos dedos nas palmas, escondendo a vergonha - só sei disso pois a própria me contou, eu moro perto da mãe do Davi, ela é uma menina tão boa, mas entendo que você é pai e precisa saber

– Não se preocupe, eu já sabia da situação só... só não tinha escolhido aceitar ainda

Jonas deu um meio sorriso para a empregada e saiu sem mais despedidas, sem parar para olhar pra trás, ele ligou o carro e foi embora sem rumo, ou com um bem transcrito.

****

As gotas de água escorriam pelo cabelo úmido até serem consumidas pela toalha felpuda, posta na mão vacilante apoiada no joelho, Baylee secava um fios finos de cabelo, sentada na cama, o olhar parecia analisar cada substância ali existente, como se estivesse perdida em outro planeta, outra dimensão.

Danilo saiu do banheiro já pronto, o cabelo meio lambido e as roupas de "game" como sempre, percebeu a estranha imersão de Baylee, sentou cuidadosamente ao lado da namorada, a qual nem sequer olhou em seus olhos, o olhar que para ele é penetrante, estava voltado para o chão.

Apesar da vontade enorme de intervir naquele profundo silêncio, preferiu guardar as palavras preocupadas para si, preferiu respeitar o momento dela, mas um sinal o fez agir diferente, uma lágrima escorreu dos olhos de Baylee.

– Tá tudo bem, Baylee? Tá chorando?

– Como eu posso estar bem, Danilo? Como? - mais algumas lágrimas escorreram

– Do que cê tá falando?

– Isso que tá aqui dentro - ela posicionou umas das mãos na barriga - é disto que estou falando

– Baylee, "isso" é o seu filho, o nosso filho

– Fala assim tranquilo porque não é com você - ela virou o rosto, ele o puxou com os dedos

– Como não é comigo se sou eu o pai? Eu sei que deve ser difícil pra você, mas também é pra mim, eu vivia minha vida sem pensar nas consequências, agindo por impulso, isso me trouxe o que estamos vivendo agora, isso nos trouxe, porque a responsabilidade é de nós dois, a gente faz isso e a gente vai ter que arcar com as consequências

– Como que eu vou falar isso pra tia Pam, Danilo?! - Baylee levantou - me fala! Como?

– Do mesmo jeito que você disse pra mim, falando a verdade

Baylee não se conteve e mais lágrimas vieram a caminhar a estrada úmida já formada em seu rosto, como o látex que sai do caule machucado, ela estava cortada por dentro, seu coração estava ferido, tudo em volta é motivo de perigo.

Danilo levantou da cama e a abraçou, tentando reparar os infinitos ferimentos, abarcando todo o medo e sofrimento, beijou sua cabeça e olhou nos enfurnados de seus olhos.

– Eu sei que não poderia ter vindo em momento pior, mais inadequado, mas veio, nós fizemos e, agora que está feito não importa mais se é muito cedo, o que importa é que é uma coisa linda, que vai mudar nossas vidas e, pra melhor, pode acreditar

Baylee acalentou as palavras motivadoras de Danilo e o abraçou mais fortemente, pedindo mais conforto, mas logo as mãos posicionadas nas coras do amado se desprenderam, em um gesto de que nada estava tão "bom" quanto ele dissera.

– Eu vou dar uma volta no jardim, respirar um pouco de ar puro

Danilo respeitou novamente o espaço na namorada e a deixou ir, mesmo com o coração cheio de preocupação, preferiu deixar Baylee se curar sozinha. Quando a porta se fechou a fundo, vasculhou as coisas dentro de sua mochila até encontrar o MarraPhone, digitou alguns números e iniciou uma ligação.

– Hello?

– Megan? Cê tá podendo falar? - Danilo perguntou

– Acabei de terminar a aula com minha turma, mas tenho pouco tempo, Davi e Ernesto estão me esperando

– Eu vou ser breve

– O que é tão importante, Danilo?

– A Baylee tá estranha, peguei ela chorando, perguntei o porque e ela deu a gravidez como motivo, disse que não sabe como contar pra Pamela, saiu pra dar uma volta no jardim sozinha, eu não entendo

– É ela quem tá gravida, Danilo, não você

– Mas eu vou ser o pai! Me preocupo com ela, mas parece que ela nem liga

– Danilo, a Baylee gosta de ser protegida, não mandada

– Porque é tão difícil ela aceitar?

– A tia Tory morreu quando estava dando á luz a Baylee, o tio Jack nunca casou de novo, imagina como deve ser difícil pra ela, não teve a mesma sorte ou azar, right? Que eu, porque tenho Jonas - Megan escutava apenas uma respiração, a boca dele estava imóvel - mom é tudo pra ela, Danilo, é como mãe dela também, imagina como deve ser difícil contar uma coisa dessas, passar por isso tão jovem

– E o que eu faço, Megan?

– Respeite o momento dela e, faça com que se torne o melhor possível - alguns segundos de silêncio por parte dos dois foi concedido - agora eu tenho que ir, Davi e eu temos uma empresa para erguer

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Desliguei o celular e guardei dentro da bolça, dei mais uma olhadinha nas crianças, todas brincando no campinho como verdadeiros anjinhos, Davi estava sala de computadores junto de Ernesto e... uma garota.

Me aproximei silenciosamente dos três que trabalhavam empolgantes em um dos computadores, Davi notou minha presença e me deu rápido beijo, segurando meu rosto como se fosse um raro e valioso vaso, fez questão de explicar pedacinho por pedacinho do que estavam fazendo.

– O Ernesto já fez nosso cadastro no site e é super fácil, a gente só precisa gerar material pra divulgação e postar na nossa página - ele explicou todas as rubricas

– Isso... Megan, tu podia aproveitar que as crianças ainda não foram embora, usa elas no vídeo

– Isso mesmo que a gente vai fazer Luene, acertou em cheio - Davi disse - a propósito, deixa eu apresentar vocês, Megan essa é a Luene e Luene, essa é a Megan, minha namorada

– Megan, da Califórnia - cumprimentei

– É Luene daqui mermo da Gambiarra - ela mascava impiedosamente o chiclete - por isso que eu digo que esse é mundo pequeno, tu acredita que eu era caidinha pelo Davi antes dele entrar do concurso do teu pai?

– Really...?

– Tá engasgada? Pega um pouco de água pra ela...

– Ela não ta engasgada não Luene, é que a Megan mistura um pouco o português com o inglês, afinal, ela foi criada na Califórnia

– Ahh... sim, mas não de preocupada não, viu? Isso são águas passadas, mas deixa eu te falar uma coisa, tu tirou a sorte grande!

Eu ri com a brincadeira, mas ela tem razão, tirei realmente a sorte grande. Apesar do jeito esquisito de falar e o estilo completamente diferente de tudo o que eu já vi, Lu... Luene! Me parece ser uma boa pessoa.

– Então não vamos perder tempo, o quanto antes fizermos o vídeo melhor - Ernesto disse digitando algumas palavras e levantando logo em seguida - se precisar de ajuda Megan, pode contar comigo

– Todos vão ajudar! But of course que a maior parte é comigo, as crianças gostam mais de mim

– Você tirou meu posto de "Tio Davi" - Davi reclamou

– Agora é Tia Megan! - brinquei - eu vou trazer as crianças e vocês vão ligando a câmera - disse a retirando da minha bolça, coloquei na mão de Davi

– É uma MarraCam? - ele perguntou

– É o que agente tem e não enche

Davi riu e eu também, antes que saísse Herval se juntou a nós, com um sorriso no rosto e a camisa um pouco suada, ele estava curioso.

– O que vocês tão fazendo?

– Vai ser meio difícil resumir tudo - Davi disse ainda rindo - mas é meio que uma vaquinha virtual pra conseguir fabricar o Júnior antes da Marra

– Meio não Davi - Ernesto se intrometeu - é isso!

– Isso mesmo Ernesto, é isso...

– Nossa... que legal galera! E vocês acham que conseguem dinheiro suficiente?

– Não achamos nada, não é mesmo guys? Vamos tentar, ver no que vai dar, mas o Júnior é um robozinho incrível que vai encantar todo mundo, disso eu tenho certeza

– É verdade Megan, você tem toda razão - Herval concordou comigo - bom, eu vou deixar vocês trabalharem e vou cuidar do meu trabalho também, depois agente se fala - ele e Davi se cumprimentaram, duas leves batidas no ombro

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Pamela sentou sutilmente na cadeira transparente como o vidro, um homem alto, de cabelo franzido, meio branco e um óculos tão fino quanto os próprios fios, ocupava o outro lado da mesa.

– O que você conseguiu, Veriato?

– Nada - ele disse secamente - nada foi o que eu consegui

– Como assim?

– O seu ex-marido dona Pamela, não quis me atender, mandou o funcionário inventar uma desculpa baixa e me colocar para fora da empresa! Nunca fui tão humilhado!

– Jonas what?! Não acredito que ele foi capaz de uma coisa dessas, nunca foi tão baixo, mas mesmo assim eu agradeço a sua tentativa

– Nossas contas já foram todas quitadas - o advogado levantou, Pamela fez o mesmo - Adeus Pamela - ele estendeu a mão

– Adeus... - Pamela se despediu da mão pendurada no ar

****

O prédio hora de madeira, hora de cimento, abriga pouco mais de cem crianças por dia, as quais recebem aulas instrutivas sobre tecnologia, "Plugar" é um nome um tanto misterioso, mas nomeia uma ong poderosa para aquele bairro, a única aliás.

Jonas, ao longe, observava tudo de dentro do carro, as crianças corriam por todos os lados, o lugar exalava alegria pelas janelas, literalmente, até que o magnata da tecnologia viu um rosto conhecido, em um campo ao longe, Megan e Davi corriam junto com as crianças, enquanto Ernesto, um dos participantes de seu concurso, filmava toda a cena, felicidade, era isso o que eles exalavam.

Jonas? - uma voz veio da mini televisão que ligou de repente, uma chamada de video

– Tô aqui, eu só tava vendo uma coisa - Jonas passou o dedo indicador abaixo do olhos esquerdo - você tem certeza que os sinais saem daqui?

Absoluta man - Brian deu sua palavra - e se Megan frequenta esse lugar diariamente, você precisa fazer isso, ninguém sabe que tipo de corporação é essa

– Estou indo, nos falamos mais tarde

Jonas desligou a chamada e abriu o porta-luvas em seguida, de lá tirou uma pequena caixinha que continha seus óculos escuros, os quais colocou, preferiu deixar o carro ali mesmo, saiu em direção ao prédio rodeado de crianças.

Não queria que a filha o visse então preferiu não passar pelo campo, preferiu a entrada principal, tudo ali fascinou Jonas, tudo voltado para tecnologia, crianças e voluntários por todos os lado, salas de aula, um mural de placas-mães, tudo muito caprichado, mas uma mesa rústica próxima chamou sua atenção, rostos conhecidos conversavam por lá.

Respirou fundo e caminhou até lá, tomando cuidado com algumas crianças que estavam no caminho, a mulher de cabelos encaracolados e ruivos notou a presença de Jonas, o homem alto, não mais que ele, estava de costas, conversando com a mulher sentada á mesa, quando esta se tornou muda, ele virou e deu de cara com Jonas.

– Jonas Marra?

– Herval Domingues?

– Nossa, é um prazer recebe-lo aqui Jonas - a mulher de cachos ruivos levantou

– Oi Rita

– Ô Herval! A gente tava pensando em...

Davi parou no meio da frase, queria perguntar a opinião de Herval a respeito de uma ideia que tinham tido para o vídeo de divulgação, mas se deparou com Jonas conversando com sua tia e seu mentor, não poderia ter sido mais desagradável.

– O que esse cara tá fazendo aqui, Herval?!

– "Esse cara" é o pai da tua namorada! - Jonas não gostou

– Pai uma ôva! Você nunca foi pai dela e agora tá querendo dar uma de protetor?! Você não é pai dela Jonas Marra!

– Escuta aqui seu...

– Vocês dois - Herval interrompeu - A Meg tá lá fora com as crianças, a menos que vocês querem que ela escute, acho melhor falarem baixo

– Meg? - Jonas estranhou - Eu só vim pra levar minha filha

Jonas tentou passar entre Herval e Davi, para alcançar o campinho onde Megan e Ernesto estavam, mas ambos empataram sua passagem, o fazendo recuar indignado.

– Você não vai levar ela a lugar algum! - Davi permanecia irritado

– Como é? Eu vim ver como ela tá e leva-la pra casa, onde é o lugar dela!

– Como ela tá? Você nem se importa com ela! Deixa ela em paz! Tá escutando?! Você já fez ela sofre demais!

– Jonas Marra você não é bem vindo aqui - Herval interrompeu - não vou deixar que você acabe com a felicidade deles

– Eu não concordo com o que eles estão fazendo!

– Como você sabe?! - Davi perguntou

– Eu sei de tudo garoto - Jonas disse seriamente - o Júnior foi apresentado na minha empresa e agora ele é meu

– O Júnior não é seu!!

– Você sabia que o Davi já havia registrado o Júnior, Jonas? - Herval relembrou - Pois é... foi em uma feira de tecnologia em Brasília, o interessante é que agora só quem pode produzir alguma coisa relacionada ao Júnior, é ele

– Você apresentou um projeto já registrado?! - Jonas se voltou para Davi

– Como eu já disse Jonas Marra - Herval cortou com um tom de voz um pouco elevado - você não é bem vindo aqui, por favor saia

– Tem muitos drones voando por aqui, não é mesmo Herval? - Jonas jogou uma bomba interna

– Eu não posso conversar com você sobre isso agora, Jonas

– Isso o quê? - Davi perguntou

– Venha mais tarde, quando a lua já estiver completamente no céu, só aí a Plugar vai estar de portas abertas pra você

– Eu estarei aqui

Dando mais uma olhada no campinho, onde Megan ria e rodopiava com as crianças, se desconfiar do havia acontecido, colocou os óculos escuros que havia tirado no rosto e deixou a Plugar sem despedidas, ligou o carro e saiu com volta marcada.

– Esse cara, eu tenho vontade de...

– Calma Davi, calma que... - Herval parou na frase, Davi acompanhou seu olhar - oi Megan

****

Danilo respirou fundo e abriu a enorme porta de vidro que dava acesso ao jardim, colocou os sapatos na grama verde e puxou um pouco de ar puro para dentro dos pulmões, criando coragem para ir até Baylee, que deveria estar em algum lugar entre os enormes paredões de plantas.

Já quase se perdendo, um pouco cansado de tanto caminhar e acreditando seriamente ter encontrado, sem querer, uma passagem secreta para o País das Maravilhas, Danilo encontrou Baylee sentada na enorme fonte, com cabeça baixa, seus olhos observavam os insetos encardidos em meio a grama no chão.

Respirando fundo novamente, ele foi se sentar ao lado dela, tomando cuidado para não cair dentro da fonte, seria uma vergonha terrível, Baylee levantou o rosto e os olhares dos dois se encontraram, Danilo sorriu e tomou o tempo a observar a arte na qual os dois estavam sentados,

Dois anjos esculpidos á mão, tinham uns quatro metros e meio de altura e, com apenas panos de vestimenta, se entrelaçavam apaixonados, em suas mãos permaneciam, por toda a eternidade, vasos de mesma cor que seus corpos e cabelos, vacilantes eles deixavam transbordar uma água transparente e límpida, que acarinhava toda a fonte.

– Tá preparada? - Danilo voltou o olhar para a namorada

– Eu nunca vou estar, mas eu tenho que fazer isso, não é?

– Estarei aqui em baixo te esperando - ele disse passando a mão no cabelo dela - amas antes - ele colocou a mão no bolço - tome

Com delicadeza, Danilo depositou uma moeda brilhante na mão estendia, por ele, de Baylee, ela deixou os dentes escaparem dos lábios com um sorriso.

– Joga na fonte e faz um pedido, os anjos vão te atender, pede á eles coragem

Baylee fechou os dedos em volta na moeda, levantou e colocou o a mão no peito, disse algumas palavras com os olhos fechados e em seguida a lançou contra a água transparente, Danilo levantou ao encontro dela.

– Agora vai ter coragem pra falar

– Mas eu não pedi isso

– Não? - ele perguntou surpreso - então o que você pediu?

– Que eu sempre tenha você ao meu lado

Danilo sorriu com a declaração de amor inesperada, não perdeu tempo e a agradeceu com um beijo demorado, o jardim em volta, a fonte jorrando água, os passarinhos voando... uma cena digna de um filme romântico, a diferença é que esse casal, é de verdade.

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Davi falava alguma coisa para Herval, parecia estressado, um homem saiu entre eles, mas de costas não pude vê-lo bem, mas ele não disse que iria apenas perguntar a opinião de Herval? Pra quê tanta demora? Fui até os dois conversadores.

– Davi? - o chamei

– Oi Megan - Herval disse com um sorriso

– Então Herval, o que você achou da idéia? - perguntei me aproximando de Davi, ele me envolveu com um dos braços

– Idéia?

– Yeah, sobre o vídeo que estamos fazendo pra divulgar o Júnior

– A idéia das placas Herval - Davi disse

– Ahh... - ele parecia ter lembrado - eu acho super legal Megan, vocês deveriam realmente fazer isso - ele disse passando as mãos nos bolsos - eu tô precisando ver alguns papéis na minha sala, depois a gente se fala

Davi e Herval se despediram com um aperto de mão, da minha parte foi apenas um sorriso. Os ombros de Davi estavam tensos, a boca dele um pouco úmida demais.

– Tá tudo bem, Davi? - perguntei

– Tá, tá sim - ele disse se desvencilhando de mim - vamô continuar o vídeo

Dei um sorriso de lado e o puxei para o campinho, onde Ernesto tentava fazer com que todas as crianças ficassem quietas, pedi pra ele aguentar elas por mais alguns instantes, sei que Davi não está nada bem, conheço meu namorado, o puxei para tomar um pouco de suco.

– Dois de morango com laranja, Caolho, por favor

– Dois não - Davi interrompeu - só um

Caolho assentiu.

– Pra você - completou

– Pra mim? Estamos a horas planejando idéias pro vídeo, Ernesto e eu até já começamos a colocar algumas em prática, não tá com sede?

– Não tô não, mas mesmo assim obrigada amor

– So... ok

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– Agora vai, ela já chegou - Danilo disse

– Deve estar no quarto

Baylee e Danilo se despediram com um rápido beijo, até que suas mãos se desvencilharam e ela saiu do seu campo de visão. Com mais uma moeda brilhante, retirada do bolço, ele pediu sabedoria para superar aquela situação.

Baylee estava fria, o vento oriundo da janela entreaberta só a fez ficar mais nervosa, a mão tremula por um milagre alcançou a porta, respirou fundo umas três vezes antes de ter coragem para abri-la, até que o fez.

– Tia Pam? - Baylee chamou

O quarto estava vazio, mas Danilo não disse que ela havia chegado? Baylee andou até a enorme cama de casal, na esperança de encontrar alguém escondido entre as colunas, acabou conseguindo.

– Madrinha?

– Hi Baylee!

– Oh my God! - Baylee disse fechando rapidamente os olhos e colocando a mão tremula no peito

– O que foi, darling? - Pamela foi para perto da sobrinha/afilhada

– Tomei um susto só isso, eu achava que não estava aqui - Baylee disse se sentado na cama

– I'm sorry... - Pamela se sentou ao lado dela

– Tomara que esse susto não tenha feito mau...

– E porque faria?

– Tia Pam - Baylee respirou - eu tenho uma notícia, não muito boa, pra lhe contar

– Bay você está me assustando, diga logo

– Eu... eu...

– Você o quê, Baylee?!

– Eu estou gravida!!!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e não tenham abandonado a fic, prometo que ainda vão vir capítulos! Por favor não se esqueçam de comentar suas opiniões, beijos e até logo! 😘