Luzes coloridas enfeitavam o lugar, músicas, faixas e balões faziam parte da decoração, crianças corriam entre as pessoas com fichas nas mãos, outras se lambuzavam com algodão doce, casais se divertiam em pequenas barracas, o chão era coberto por uma grama rala, uma grande roda gigante, localizada no centro do lugar, perfurava o céu.

– Que lugar é esse Davi? - disse soltando sua mão e passando pela placa de entrada

– É o parque da Gambiarra, você nunca veio em um parque de esquina?

– No... - olhei em volta - I mean, quando eu era criança sempre ia aos parque da Disney em Orlando, era bem divertido

– Bem isso aqui não é a Disney, mas eu posso garantir a parte da diversão

Davi se aproximou de mim e me beijou, retribui o beijo, mesmo esse lugar sendo totally estranho para mim, o simples fato de Davi estar comigo, já faz com que seja o melhor lugar do mundo!

– E então Megan Lily? Em qual brinquedo você quer ir primeiro?

– House of Scares!

– Casa de susto? Sério?

– Let's go!

Puxei Davi para procurarmos a House, mas ele disse que tínhamos que comprar algumas fichas, me explicou que elas serviam para entrarmos nos brinquedos, uma espécie de moeda local, esperamos um pouco na fila, paciência não é o meu forte, mas até que foi bom esperar, além de estar abraçada a Davi, ninguém me deixou passar na frente pelo fato de ser Megan Lily, filha de Jonas Marra.

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Pamela saiu aos prantos da Marra, empurrando os seguranças ela entrou no carro, dirigiu loucamente até chegar em casa, durante o trajeto várias perguntas se passavam por sua cabeça, onde está Jonas? Por que ele mentiu? Por que ele não podia contar aonde ia? Será que ele está com outra?!

A visão de Pamela começou a ficar embaçada por conta das lágrimas, em quanto dava uma curva ela limpou os olhos, precisava relaxar ou iria acontecer um desastre. Estacionando o carro, quase quebrou a porta da garagem, a qual ela não esperou ser aberta, deixou o carro ali em frente mesmo, esse trabalho agora era de Edmilson, que havia voltado sem Megan.

Abrindo a porta e subindo as escadas, Pamela se jogou na cama, as lágrimas que habitavam seus olhos poucos minutos atrás, voltaram a aparecer, bem que ela tentava pensar em motivos corretos, mas a mentira de Jonas não tinha nada de correta, era apenas mais uma gota em meio a um copo que já está quase transbordando, as gotas que escorrem pela parede do mesmo, são as que escorrem dos olhos de Pamela.

Limpando os olhos, ela respirava fundo, ainda bem que a filha não estava em casa, para presenciar uma cena como aquelas, Jonas foi capaz de mentir não só para a mulher mas para a própria filha também.

Pamela é casada a mais de vinte anos com Jonas, um casamento com altos e baixos como qualquer outro, mas essa vinda para o Brasil no então só gerou baixos, Jonas era um homem misterioso, o que será que ele tanto guarda? E todas as noites que ele diz passar na Marra? Será que ele ficava realmente trabalhando?

O plano de Jonas sempre deixava uma sombra de dúvida, mas nunca uma grande certeza como essa, que Pamela descobriu da pior forma possível, dessa vez o plano dele falhou, o seu erro foi não contar a Murphy, como fazia das outras vezes.

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Com os olhos atentos, Megan observou cada um dos horrores dentro daquele corredor sem fim, em alguns momentos não consegui esconder que havia me assustado, Megan dava gargalhadas da minha cara, como alguém consegue rir dentro de uma casa de susto? Minha bad girl consegue.

Finalmente saímos daquela tortura, Megan não se assustou nenhuma vez, o que foi uma pena, porque se isso tivesse acontecido eu iria devolver as risadas.

Ainda recuperava o fôlego encostado na grade de saída, mas Megan não quis esperar, como uma criança ela me puxou até a barraquinha de algodão doce.

Megan observava o dono da barraca fazendo o algodão doce, quando terminou entregou a ela, eu já havia pago, como se nunca tivesse visto um na vida, ela atacou sem pena o pobre algodão rosa.

– Você não vai querer?

– Como contigo, é mais gostoso - disse arrancando um pedaço

A próxima parada? Megan decidiu como sempre, ela queria ver o que tinha de tão interessante nas "barraquinhas", escolhi uma bem fácil pra ela, a de tiro ao alvo, se tivesse boa mira poderia ganhar um chiclete.

Me entregando o restante do algodão doce, Megan se sentou em um dos bancos amarelos enferrujados, ela segurou a pistola de água com dificuldade, segundo ela o cabo que prendia a arma a barraca era pesado.

– O que eu tenho que fazer? - ela perguntou em quanto eu entregava a ficha ao dono da barraca

– Sua missão Megan Lily, é deixar aquele palhaço ali, sem dentes

– É só mirar?

Como estátua, Megan mirava nos dentes amarelados do palhaço, mas ela não sabia atirar, nunca brincou disso?

– Você não sabe atirar? Nunca brincou quando era criança?

– Mom não deixava, I mean... nunca ganhei um brinquedo como esse

– Esqueça todos os brinquedos de ouro que você já ganhou, nada supera o poder de diversão em massa dessas arminhas

Segurando sua cintura e posicionando os seus dedos, ensinei minha bad girl como atirava, de uma só vez ela derrubou três dentes do palhaço, mas como havíamos perdido tempo no começo, os segundos dela se esgotaram.

Como uma criança ela reclamava para o dono da barraca que sua diversão havia acabado, "eu paguei a moeda local de vocês! Tenho direito a mais água", para evitar uma confusão com o barrigudo que encarava a menina loira, pouco maior que a divisória da barraca, reclamar da "falta de água", dei a ele mais uma ficha.

– Meu amor não foi a água que acabou - expliquei a ela - os seus segundos esgotaram, pode acompanhar eles nesse visor, paguei mais uma ficha, você consegue

Com um jato ela derrubou dois dentes de uma vez, os segundos já estavam acabando e com dificuldade ela acabara de terminar o andar de cima, segurando sua mão e sua cintura, em cinco segundos derrubamos juntos os dentes que faltavam, como uma criança que acaba de vencer um jogo, ela levantou do banco pulando e sorrindo para mim, com um beijo nós comemoramos a vitória.

Megan tinha o direito de escolher os maiores prêmios, aqueles no alto da prateleira que nunca ninguém consegue, mas antes que ela pudesse escolher, o barrigudo disse que ela havia perdido, apontando para o palhaço, ainda havia um dente.

– Mas ela derrubou todos! Eu mesmo ajudei!

– Se é tão bom assim, paga outra ficha, se conseguir pode levar o maior urso

Coloquei a ficha na mão no mau feitor, que a poliu com os dentes, checando se era verdadeira, os meus quinze segundos começaram no visor, Megan segurava meu braço, claramente com medo do barrigudo e de uma possível briga, odeio gente como ele, que se aproveitam das pessoas que procuram aquele lugar por diversão.

Em apenas dez segundos eu já havia derrubado todos os dentes do palhaço, com raiva e bufando fumaça do cigarro jogado ao chão, ele permitiu que eu escolhesse um dos três maiores ursos na última prateleira.

– Qual você quer meu amor?

– O panda!

Com a ajuda de uma vara, o mau feitor pegou o urso e me entregou, o qual eu dei para Megan, era um panda gorducho, de olho marrom e com um bambu, também de pelúcia, preso na mão.

– Ele vai se chamar Davi

– E por acaso eu sou gordo assim? - disse a envolvendo com meu braço, em quanto andávamos pelo parque

– Não, mais você é fofo, como ele

– Quem é mais fofo? Eu ou o Davi?

– Umm... ele!

– Ele é mais fofo? Tá, mas aposto que ele não beija como eu...

Nós nos beijamos novamente, no meio do parque, aos olhos de várias pessoas, segurando o panda de pelúcia, ela me deu o palito do algodão doce, o qual eu joguei no lixo, em quanto isso Megan avistou um carrinho que vendia maçã do amor, é lógico que eu fui arrastado até lá.

Pedi duas maças, mas percebendo que éramos um casal, o dono da barraca nos ofereceu a "Maça do Amor Verdadeiro", segundo ele os casais compartilham a mesma maçã, que é ligeiramente maior que as outras, aceitei a proposta, Megan também gostou da idéia.

Ela me entregou o urso para não sujar, em quanto ela segurava, Megan e eu mordemos a maçã ao mesmo tempo, estava uma delícia, principalmente a calda, pela cara de satisfação dela, também gostou.

Em quanto eu dava mais uma mordida, Megan parou para escutar um anunciante em um palanque, ele usava uma roupa branca e vermelha, com uma cartola na cabeça, ele disse que aquela era ultima vez que a roda gigante cortaria o céu, quem ainda não tinha ido a hora era aquela.

– Vamos? - perguntamos ao mesmo tempo.

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Pamela resolveu tirar toda aquela maquiagem, tomar um bom banho para relaxar, ligou o chuveiro e deixou que a água passasse entre cada fio de cabelo, na temperatura certa era relaxante, mas nada fazia com que ela parasse de pensar no que o marido está fazendo neste exato momento.

Por um lado ela também estava feliz, a filha estava com um novo namorado, que parece realmente gostar dela, mas no fundo, assim como Megan, ela ainda tem medo que Davi seja mais um "Joshua".

Em quanto Pamela se enrolava com o roupão, seu MarraTablet começou a tocar em cima da cama, alguém a estava chamando no FaceTime, esse alguém estava gravado como "Herval Domingues".

Sentando na cama e fechando o roupão um pouco mais, Pamela resolveu atender a chamada de Herval, saber o que ele queria, Herval e Pamela se conhecem desde 2013, quando a gringa veio fazer uma visita as sua raízes brasileiras, desacompanhada do marido e sem a filha que preferiu ficar com o pai, Herval foi uma espécie de "guia de turismo".

– Hello Herval

Oi Pamela, eu ligue pro seu celular mas você não atendeu

– Eu não queria ser incomodada

Você quer que eu ligue outra hora? Eu posso...

– No, no, I'm sorry é que estou um pouco estressada, mas pode dizer o que você queria falar comigo

Sabe aonde eu tô agora?

– I don't know

Naquele restaurante na Pedra Lascada que você amou, lembra? Por que você não vem agora? Eu posso ir te buscar

– Eu não estou com um bom mood para sair, que tal outro dia?

Ok então, você vai ficar me devendo essa

Sem despedidas, a chamada foi encerrada por Herval, com dois toques na tela, ele já tinha imagens ao vivo de Pamela, ele havia mandado o seu drone para rondar a mansão Marra, mas em poucos segundos de observação a imagem ficou embaçada, até ele perder completamente o sinal.

Com alguns códigos e entrando em alguns sistemas, Herval tentava descobrir o motivo da tão inesperada perda de sinal, justo na hora em que Pamela iria tirar seu roupão, o que será que aconteceu?

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O pequeno banco de ferro permitia apenas duas pessoas, ele estava bastante enferrujado, a tinta azul já estava saindo, rapidamente retirei meu lencinho da minha bolça, que de tão pequena só tinha aquilo, coloquei no banco e sentei, segurando o meu ursinho, Davi se sentou ao meu lado, fechando a barra de segurança, ficamos bem coladinhos, I love!

Como toda roda gigante, ela permite que cada passageiro fique no ponto mais alto por alguns minutos, Davi and I tivemos o azar de sermos os últimos da fila, pelo menos eu pude ficar juntinho dele durante todo o trajeto, com a cabeça encostada em seu ombro, em quanto ele me envolvia com seu braço e brincava com a manga do meu vestido.

Finalmente chegou a nossa vez, estávamos tão perto do céu que sentia que poderia toca-lo, as estrelas pareciam diamantes pendurados na imensidão em azul escuro, a lua ao longe nos iluminando só fez com que tudo ficasse ainda mais lindo, como se fosse um quadro feito por um pintor famoso bem pertinho de nossos olhos, mas a tinta fica embaçada, e aquela beleza estava bem nítida.

Estar abraçada com Davi, em um lugar tão alto que não conseguíamos escutar os barulhos do parque, observando aquela lua, só fez de tudo ainda mais romântico, já fui a tantos encontros na minha vida, restaurantes caríssimos, hotéis, festas, iates, palácios, muitos foram os lugares que já me levaram, but you know a thing? Nunca me senti tão feliz do que estava me sentindo nesse exato momento, em um parquinho humilde da Gambiarra, pelo menos eu tenho certeza que o cara que brincava com a manga do meu vestido, me ama.

– Eu acho que nunca estive tão perto do céu antes- Davi disse observando o mesmo

– E quando está em um avião? Fica mais perto, está nele

– Desculpe, eu não me expressei bem, quis dizer que eu nunca estive tão perto do céu com uma pessoa que me faz ignorar a beleza do próprio, porque a sua é muito mais radiante

– Isso é lindo Davi...

– Quando agente tava na Califórnia, em Chinatown mais precisamente, eu comprei um presente pra você, não tinha muitos dólares então não é grande coisa, mas... espero que goste

Tirando algo do bolço e estendendo a mão para mim, Davi me deu um colar, bem simples, formado apenas por uma cordinha marrom e um pingente rústico, com alguns símbolos na frente, segurei meu cabelo e Davi colocou delicadamente o colar em mim, segurei o pingente para observa-lo novamente.

– O vendedor disse que o símbolo significa amor em chinês, e amor significa aquilo que os seres humanos tem de mais forte

– É lindo...

– Ele abre, com cuidado - ele me ajudou a abrir - coloquei uma foto nossa

– Davi... essa é coisa mais linda que eu já ganhei na minha vida

– Não inventa, você ganhava coisa muito melhor dos seus ex-namorados

– No, nada que eu já tenha ganhado deles chega aos pés desse colar, por que eles não gostavam de mim Davi, e você gosta, faz prevalecer o real sentido do ato... I love you

– Eu também te amo

Com um beijo apaixonado, nós selamos aquele momento, nunca ninguém havia me dado algo tão lindo, não era de ouro ou com um diamante na ponta, era feito por uma cordinha e um pingente de madeira cortado a mão, mas tinha o que nunca nenhum dos outros se importou em me dar, amor.