Ohana escrita por Miss FleurDeLouis


Capítulo 11
Viver e sobreviver


Notas iniciais do capítulo

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Voltei mais rápido que o imaginado!
Agradecimentos especiais para Thise e Isa pelos reviews! Beijos!



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Segunda-feira!

A droga de uma segunda-feira.

Inferno. Puro e simples inferno.

O dia mais chato criado por todo um sistema cretino baseado na mais pura encheção de saco. Tudo bem que ainda faltava uma semana pro início do semestre, mas mesmo assim... Segundas eram ruins simplesmente por serem segundas. E ninguém podia refutar isso.

Segunda era dia de terapia.

Segundas, quartas e um pequeno horário na sexta-feira para terapia ocupacional. Era um complô. Certeza.

Não que odiasse tanto a terapia assim. Havia estreitado seus laços com Kakashi Hatake, seu terapeuta, e passado a confiar nele. Mas definitivamente preferia ir surfar, ou ler um livro de um autor americano qualquer — considerando que o verão era a temporada dos autores americanos para ela —, ou mesmo mexer na estufa de Gaara sem que ele soubesse. Ela poderia passar o dia com Sasuke, inferno!

Certo... Ela queria passar outro dia com Sasuke. O Sasuke que conhecia a apenas uma semana. O Sasuke de quem sabia pouco, ainda que ele soubesse muito sobre ela.

Apertou as mãos no volante de Liz e esqueceu todas as suas indignações com as segundas-feiras. Kakashi precisava saber sobre tudo aquilo.

◆◆◆♡◆◆◆

Sakura realmente adoraria seguir para o Hospital Memorial de Honolulu sem interrupções, mas tinha algo que a impedia. Algo que a incomodava há muito tempo e que precisava ser resolvido logo:

Ino.

A adorável, loira, angelical e educada namorada do seu adorável, ruivo, angelical e talvez educado — se é que Mebuki soube educar algum filho — irmão mais velho, Gaara.

Ino, Ino, Ino. Ino que todas as segundas ia até o hospital sorrateira e escorregadia como se fosse roubar material hospitalar.

— Mas hoje não, Yamanaka.

Manobrou o carro o mais próximo possível da calçada que levava ao ponto de ônibus e buzinou. A loira olhou das rodas ao chassi do carro, até finalmente encarar a surfista, como se Elouisie fosse o barqueiro do Tártaro. Talvez ela fosse.

— Entra, eu te dou uma carona. — A expressão de pavor na cara dela era maravilhosa.

— Não... Não é necessário.

— Eu insisto. — O tom seco e o sorrisinho deixavam claro que Ino devia entrar no carro. Foi o que ela fez, relutante.

— Bem... Eu estou indo pa...

— Eu sei aonde você vai.

Isso foi o suficiente para calá-la.

Sakura manteve-se calada o trajeto todo propositalmente. Torcia para Ino estar formando teorias sobre aquele circo, para estar se perguntando o quanto ela sabia, porque na verdade, ela sabia não sabia muito. Sabia que Ino visitava o hospital todas as segundas, mas não fazia ideia do porquê já que ela jamais foi caridosa.

◆◆◆♡◆◆◆

Sakura só soube o porquê de tudo aquilo quando já estavam na ala da UTI depois de afirmar veementemente que não iria deixar Ino só, mesmo com a conotação esquisita da frase.

Foi quando viu Maya Sullivan.

Ela que já foi uma Akimichi antes do divórcio. A mãe de Chouji Akimichi.

Chouji que era seu colega de jardim de infância. Chouji que dava as melhores festas de aniversário. Chouji que era gentil e otimista, mesmo quando alguns idiotas o maltratavam. Chouji que era o melhor amigo de Ino e um bom amigo para si e para Hinata. Chouji que teve uma parada cardíaca aos dez anos em decorrência do acúmulo de gordura nas artérias. Chouji que estava em coma há dez anos.

Chouji que uma vez ouviu dizer que Ino não se importava mais.

Estranho, de fato.

Maya sorriu ao ver Ino. Um tipo de sorriso enrugado e cansado. Logo depois, avistou a Haruno e estreitou os olhos tentando reconhecê-la. Pudera, pelo que Sakura sabia, a antiga Sra. Akimichi quase nunca saía do hospital, vivia como um sentinela fiel ao pequeno Chouji. Se a rosácea não fosse uma boa fisionomista, talvez não houvesse reconhecido Maya também.

— Olá, Sra. Maya. Vim visitar o Chouji e a Elouisie veio comigo — a menina dos olhos verdes podia notar um tom seco ao final da sentença. Pouco importava.

— Elouisie?! Dos Blanchards? Como cresceu! — Maya sorriu docemente para a surfista que ficou constrangida. — Ou será que eu devo te chamar de Haruno Sakura?

— Ah, não! Elouisie está bom. — Constrangedor, muito constrangedor.

— Que bom que veio visitar nosso Chouji! Ino sempre vem, mas sempre tão sozinha! Mas entendo... Vocês jovens estão constantemente às voltas com suas prioridades e talvez...

— Eu prometo vir mais vezes, Sra. E talvez trazer Hinata comigo — falou ao notar o tom resignado e melancólico da mulher — e Karin, Suigetsu, Tenten, Gaara... — o último nome foi um sibilo ameaçador para que apenas Ino escutasse. Ela apenas ficava apática, certamente querendo sumir daquele lugar.

— Isso seria tão bom, querida. Vocês querem vê-lo?

— Claro.

E Sakura viu. Viu o garoto de dezessete anos como se fosse um expectro. Tão presente e tão irreal. Com todo os seus sistemas e terminações sendo conduzidos por máquinas. Artificialmente vivendo. Sobrevivendo.

Magro, como nunca achou que pudesse vê-lo, os lábios esbranquiçados e quebradiços, o cabelo desgrenhado, ainda que soubesse que jamais Maya permitiria que seu filho ficasse em desleixo, ainda assim... Era como se a vida tivesse sido desleixada com Chouji. E com todo o resto. Porque se Chouji dormia, aquele quarto inteiro dormia com ele. Parados no tempo, ou no vácuo entre tempos. Chouji, aquela ala, Maya com seus vestidos florais de algodão e o sorriso cansado... Todos em coma. Até mesmo Ino, até mesmo ela. Sentia que apenas aqueles poucos minutos olhando o velho amigo eram o suficiente para entrar em um estado de letargia profunda. Estava virando uma comatosa instantânea.

Pelo que soube, tempos atrás, os pais de Chouji se divorciaram após inúmeras tentativas de tirá-lo daquele estado, depois de tantos anos sendo quebrado por frustrações, Chouza, o pai do garoto, decidiu entrar com um pedido simplesmente complicado: Eutanásia.

Maya foi contra. Logo a disputa virou um problema que envolveu a Suprema Corte do Havaí e a vara da família. Akimichi versus Akimichi em dois processos deprimentes: divórcio e a vida do filho. O divórcio foi fácil de resolver, mas e Chouji?

Sakura ainda não sabia.

Mas sabia que o desfecho do caso seria acompanhado no mundo inteiro e sabia que tudo aquilo, da parada cardíaca à briga dos pais, acabou com uma família. Perda total. Irreversível.

Ela sequer notou o quanto estava pressionando os punhos, apenas quando os soltou e deixou o sangue circular, naturalmente. Viva, viva, viva! Aquele ato tão natural que chegava a ser imperceptível veio notificá-la de que estava viva. Ela não sobrevivia como Chouji, ela vivia. Todo seu corpo estava em perfeito funcionamento.

Adrenalina, estamina, dopamina...

Visão, paladar, tato...

Cérebro, pulmões, coração...

Era quase prepotente o quão viva ela sentia-se naquele momento. Mas não era uma falta de respeito, de modo algum. Talvez, apenas talvez, ela precisasse ver Chouji para se dar conta de tudo aquilo. Para se dar conta de que sua vida era dinâmica demais para que ela quisesse viver tão no automático. Sakura iria batalhar por tudo aquilo, pelo direito de viver ainda mais.

Beijou Chouji na testa, olhou de solslaio para Ino, em uma promessa de que iriam conversar sobre tudo aquilo em outra ocasião, despediu-se de Maya dando-lhe um abraço e partiu para a ala psiquiátrica. Precisava falar com Kakashi Hatake.


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Notas finais do capítulo

Weeeell... Sigam para o próximo capítulo. Sim, tive que dividir em dois depois que ficou enorme. kkkkkkkkkkk
O outro será bem pequeno.
Então, boa leitura!

E se puderem comentar nos dois, adoraria que fizessem. ^^

Beijos!



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