POV Ally

Eram 16h. Eu estava a cinco minutos me olhando no espelho do meu banheiro. Fiquei muito, muito estranha sem aparelho. Já tinha perdido as contas de quantas vezes tinha sorrido forçadamente para o meu reflexo só para olhar o resultado. Era estranho não sentir dor, não ter nada machucando a minha boca sempre que fazia a manutenção. Meu dentista disse que eu não precisava mais, eu já usava aparelhos há quase seis anos e ele disse que meus dentes agora estavam perfeitos. E era verdade, eles estavam muito legais.

Meus planos de Austin nunca saber que eu tinha ido ao dentista sozinha foram de água a baixo. Ah não ser que ele esteja tão desligado que não note que eu não estou mais com ferros na boca. Resolvi comer alguma coisa, então fui para a cozinha e fiz uma cobertura de chocolate para um bolo que minha mãe tinha trazido, sentei à mesa e comi.

Nada na TV me animava isso porque não estava na hora de Big Bang, escutei alguém me chamando no andar de cima e revirei os olhos sem responder. Se fosse outra pessoa que estivesse sozinha em casa e escutasse alguém a chamando, acharia que era um fantasma. Mas o meu fantasma tinha olhos castanhos e cabelo loiro.

–Ally? – ele falou parado no topo da escada, eu não queria falar com ele então fingi que estava dormindo. Ok isso foi uma criancice, mas eu não queria. E ponto. Ele desligou a TV e eu senti suas mãos acariciarem meu rosto. De repente sinto dois braços me levantando e vou sendo carregada até o meu quarto, sinto ele me colocar em minha cama com delicadeza e ele se senta ao meu lado. – Me desculpe ter esquecido o dentista hoje, - ele sussurrou – não foi minha intenção, mas eu devia ter lembrado, desculpe All.

Me mantive calada e ele depositou um beijo em minha testa, e depois saiu.

POV Austin

Sabe aqueles momentos em que você deseja se bater? Eu estava assim. Isso porque eu me esqueci de ir com a Ally a dentista. Pode parecer besteira, mas eu sei o quanto ela sempre teve medo de dentista, ela nunca gostou e por isso a Trish sempre ia com ela. E ela foi só por causa da minha burrice, e ela deve ter ficado magoada por eu não lembrar porque ela não falou nada para mim. E como foi que eu lembrei? Bom depois que eu, Dez e Kira saímos do cinema, nós passamos em frente ao consultório de um dentista no shopping, não era o médico da Ally afinal o dela é no centro da cidade, mas me fez lembrar, tarde demais. Me despedi de Dez e Kira e vim para casa o mais rápido que pude. Ally não estava no quarto e eu a encontrei dormindo no sofá. Eu a levei para cima e pedi desculpas mesmo sabendo que ela não estava ouvindo. Não usei a porta para entrar em casa de novo, pelos galhos da árvore eu entrei em meu quarto. Eu estava inquieto. Eu e Ally sempre fomos muito unidos e as únicas vezes em que brigamos foram dias sem se falar. E eu me lembro o quanto isso era horrível para mim.

Estava deitado na cama olhando para o teto quando vi o meu violão no canto da parede, eu sabia tocar desde pequeno e sempre gostei de música. Mas depois que cresci só o tocava para livrar os pensamentos da mente, e quando estava triste principalmente. E fazia muito, muito tempo que eu não o tocava. Me levantei e o peguei, sentei na cama e olhei para fora da porta da minha varanda, ela ainda estava lá deitada e dormia tranquilamente. Comecei a dedilhar algumas notas e lembrando uma música comecei a tocá-la, foi a única que me veio a mente.

Grenade (Granada)– Bruno Mars

Vem fácil, vai fácil

É assim que você vive

Oh leva, leva, leva tudo, mas você nunca dá

Deveria saber que você era "encrenca" pelo primeiro beijo

Tinha os olhos bem abertos

Por que eles estavam abertos?

Te dei tudo que eu tinha e você jogou no lixo

Você jogou no lixo, você jogou

Me dar todo o seu amor foi tudo que sempre te pedi

Porque o que você não entende é

Eu pegaria uma granada por você (yeah yeah)

Jogaria minha mão numa guilhotina por você (yeah yeah)

Eu pularia na frente de um trem por você (yeah yeah)

Você sabe que eu faria qualquer coisa por você (yeah yeah)

Oh oh whoa

Eu passaria por toda essa dor

Levaria uma bala no meio do meu cérebro

Sim, eu morreria por você, baby

Mas você não vai fazer o mesmo

Não não não não

Preto, preto, preto e azul

Bata até eu ficar anestesiado

Mande um olá pro diabo

Quando você voltar pro lugar de onde veio

Mulher louca, mulher má é o que você é

Você sorri pra mim e depois arranca os freios do meu carro

Te dei tudo que eu tinha e você jogou no lixo

Você jogou no lixo, você jogou

Me dar todo o seu amor foi tudo que sempre te pedi

Porque o que você não entende é

Eu pegaria uma granada por você (yeah yeah)

Jogaria minha mão numa guilhotina por você (yeah yeah)

Eu pularia na frente de um trem por você (yeah yeah)

Você sabe que eu faria qualquer coisa por você (yeah yeah)

Oh oh whoa

Eu passaria por toda essa dor

Levaria uma bala no meio do meu cérebro

Sim, eu morreria por você, baby

Mas você não vai fazer o mesmo

Se o meu corpo estivesse em chamas

Você ficaria me vendo queimar?

Você disse que me amava, você é uma mentirosa

Porque você nunca, nunca amou, querida

Mas, querida, eu pegaria uma granada por você (yeah yeah)

Jogaria minha mão numa guilhotina por você (yeah yeah)

Eu pularia na frente de um trem por você (yeah yeah)

Você sabe que eu faria qualquer coisa por você (yeah yeah)

Oh oh whoa

Eu passaria por toda essa dor

Levaria uma bala no meio do meu cérebro

Sim, eu morreria por você, baby

Mas você não vai fazer o mesmo

Não você não vai fazer o mesmo

Você não faria o mesmo

Você nunca faria o mesmo

Não não não não não

Quando terminei, guardei o violão e resolvi procurar comida.

POV Ally

Ele estava tocando e cantando, e fazia tempo que eu não o escutava. Ele canta tão bem! Eu continuei deitada ouvindo-o e sorrindo, a voz dele é perfeita e a letra da música não tinha nada a ver, mas a música em si é muito, muito boa. Quando ele terminou e saiu eu acabei verdadeiramente dormindo.

Escutei a voz da minha mãe bem perto de mim.

–Ally? Ally filha acorde. – pisquei algumas vezes antes de finalmente despertar.

–Ahn? Oi mãe. – eu disse, notei que a luz do quarto estava acesa, e que lá fora já tinha escurecido.

–Filha? Dá um sorriso para mim? – ela falou e em seu rosto eu vi surpresa e felicidade. Ótimo, ela já tinha percebido. Mostrei os dentes e ela gritou animada. – Ai meu Deus Ally, estão lindos! Você está linda filha! Que coisa boa! – ela falava enquanto examinava minuciosamente o meu sorriso.

–É o doutor Wiliam disse que eu não precisava mais usar aparelho e que o meu sorriso estava perfeito. Agora eu só vou lá para a revisão semestral. – ela sorria e meu pai apareceu na porta

–Mais que grito foi esse? O que houve? – ele falou entrando em meu quarto

–A Ally Lester, não está usando mais aparelho. – minha mãe falou orgulhosa

–Ah que coisa boa! – ele falou sorrindo e eu me sentei na cama, junto aos dois.

–Que horas são? Eu dormi demais? – perguntei confusa

–São 21h filha, você dormiu muito mesmo. – meu pai disse – Bom eu vou deitar, estou muito cansado, boa noite querida e eu você está mais linda do que já. – ele sorriu e me deu um beijo na testa.

–Eu também já vou filha, até amanhã. – minha mãe depositou um beijo em minha bochecha e saiu junto ao meu pai.

Respirei fundo e me levantei, lavei o rosto e quando saí, Austin estava sentado em minha cama, sua expressão era de culpado.

–Ahn oi? – eu falei chamando sua atenção.

–Ally desculpe. Eu esqueci que tinha prometido que ia ao dentista com você, me desculpe. – ele disse com os olhos vidrados em mim enquanto eu caminhava e sentava ao seu lado.

–Não se preocupe. – falei por fim, ele olhou para mim com um olhar curioso e em questão de segundos estava ajoelhado em minha frente.

–Fala de novo? – ele disse, seus olhos estavam semicerrados e eu vi certo brilho brincalhão e surpreso neles.

–Não se preocupe. – falei escondendo o riso, ele agarrou minhas bochechas com as mãos e analisou minha boca.

–Minha nossa! Você tá sem aparelho! Cara que coisa estranha, você tá muito diferente. – ele disse rindo – Mas está linda. – eu disse e eu corei

–Eu só tirei os aparelhos Austin, não exagere. – falei me levantando e ficando em pé no quarto.

–Mas está diferente, é sério. Cara eu não acredito que esqueci. – ele estava parado em minha frente e eu o abracei.

–Eu fiquei com muita raiva, não vou mentir. – Eu disse ainda abraçada com ele – Mas tudo bem, o mundo não vai acabar por causa disso. – ele sorriu e me apertou mais.

–É por isso que você é a melhor amiga do mundo! – ele gritou – Boa noite All. – beijou minha testa e saiu pela varanda.

Eu fiquei lá parada, olhando ele ir embora.

‘’É por isso que você é a melhor amiga do mundo!’’

Você não tem noção o quanto essa frase pode me magoar.