Além dos livros FreMione escrita por Artemis Stark
Capítulo 10
Escolhas
Harry ainda segurava Ron, enquanto Fred encarava a porta aberta diante de si e o corredor vazio. Ela se fora mais uma vez. George pedia, gentilmente, que os convidados se retirassem para uma reunião de família. Eric tentou sair, mas foi impedido por Angelina.
– Como você pôde dizer aquelas coisas sobre Hermione? Como? – Ron gritava. Ele conseguiu se soltar de Harry e empurrou o ombro irmão. Gina sentou-se no sofá e cobriu o rosto quando se virou para ela – E você? Combinar com esse cara para enganá-la dessa forma?! Todos sabiam disso?! Harry?
– Eu soube ontem, Ron... quer dizer... eu sabia que Hermione e Gina estavam aprontando alguma, só que não sabia...
– Era para ter sido apenas uma brincadeira – Gina falou com a voz baixa – Hermione ficou muito triste quando ouviu Fred dizer aquelas coisas e já fazia um tempo que ela estava apaixonada por ele.
Fred ainda estava parado olhando para a porta.
– Eu não quis dizer aquilo... Eu apenas...
– Ninguém mais é criança! – Harry falou nervoso – Eric, aqui não é uma de suas peças que você pode atuar! Junte suas coisas e vá para casa de sua irmã – o espanhol nem pensou em argumentar ao ver tantos rostos enfurecidos o encarando – George, leve seu irmão embora. Ele não tem condições de aparatar sozinho. Ron, venha para casa comigo e Gina. Vocês precisam conversar.
***
Draco não pensou duas vezes ao ver aqueles olhos castanhos. Ao vê-la ali, pedindo sua ajuda. Seria capaz de lançar um feitiço que queimasse todos os Weasleys e Potters e quem mais que fosse. Ao sentir o corpo de Hermione perto de si, aparatou para sua casa.
Sentiu que ela tremia e as lágrimas desciam de forma incontrolada. Abraçou-a com mais força. A mão passando pelos cabelos. Apenas com ela conseguia agir assim.
***
– Quero saber a história desde o começo – Ron falou encarando a irmã com raiva.
– Não me olhe assim! Já não basta Harry, Fred,...
– Como você achou que essa história terminaria? – ele rebateu nervoso.
– Ela não pensou nas consequências – Harry falou servindo cerveja amanteigada para todos. Rony, que estava sentado, levantou-se e começou a andar de um lado para outro. Harry conhecia muito bem o amigo – Eu não estou defendendo sua irmã – Gina olhou do marido para o irmão, pensando que deveria ter ouvido Kathy desde o começo.
***
– Hoje não é a festa de aniversário de Hermione? – Kathy perguntou ao ver seu irmão aparatar em sua sala. Ela tinha optado por permanecer afastada quando viu que as coisas estavam saindo do controle.
– Pois é... Acontece que ela soube que tudo era um plano – Eric falou jogando sua mala no chão.
– E é assim que você reage? Puta merda, Eric! Como ela está? E Gina?
– Kathy, estava cheio de cara querendo me azarar... Isso porque eu já tinha sido atirado contra uma parede... Quando o Potter me mandou embora, eu não pensei duas vezes...
***
– Sabia que essas conversas que vocês têm não terminariam bem – disse Angelina cruzando os braços.
– Só que eu não quis dizer nada daquilo! – Fred falou e olhou para seu gêmeo pedindo ajuda.
– Você tem noção do peso que é para uma pessoa ouvir o que você disse? Garotas são terríveis umas com as outras! As coisas que diziam de Hermione em Hogwarts... – Angelina falou dando bronca nos gêmeos – Ouvir o cara que ela gosta falar aqueles absurdos...
– Eu já estou me sentindo culpado suficiente! – Fred disse em um pedido para Angelina parar de falar.
– E ainda é pouco, Frederick!
– Eu não queria aceitar! Eu não entendia e nem aceitava o que estava... o que estou sentindo!
– Só espero que não seja tarde!
– Como assim, Angie?
– Como assim? Nesse momento ela está frágil e se sentindo usada por dois caras! Está abalada e nos braços de Draco Malfoy.
Fred afundou ainda mais no sofá. O ciúme e a raiva de si mesmo o consumindo de dentro para fora.
***
– É um daqueles gêmeos idiotas? Como foi se apaixonar por um daqueles idiotas, Hermione? – Draco falou quando ela se acalmou. Ele serviu uísque para os dois. Ela não respondeu, apenas deu de ombros – Vocês.... vocês tiveram algo?
– Sim.... nos beijamos, mas nada mais que isso.
– Melhor – ele falou sentando-se ao lado dela – Seria tão difícil você mandar todos esses babacas à merda e ficar comigo? Só comigo?
– Seria difícil você aceitá-los? – Draco não respondeu, apenas engoliu um xingamento. Ele ajeitou-se no sofá, sentando de frente para Hermione, que também mudou de posição.
– Lembra quando nos encontramos naquele pub para a entrevista? – ele perguntou com um leve sorriso nos lábios – Ainda bem que largou a carreira de jornalista.
– Realmente... Por que me levou até aquele pub?
– Queria tranquilidade. Minha mãe me levava lá quando queríamos ficar longe do meu pai.
– Imagino quantas mulheres você levou para lá nos últimos anos... – Hermione falou segurando a mão dele. Draco retribuiu o toque e sorriu de lado.
– Apenas você – e continuou ao ver o olhar dela – Não tenho motivos para mentir.
Ela suspirou longamente encarando os olhos cinzas.
– Quando tudo se tornou tão complicado? Eu achei que ia me casar com Ron, ter vários filhos ruivos, um emprego que eu gostasse e mais nada. De repente, tudo virou de ponta cabeça... Descobri que Ron não passava de um irmão para mim, tive um relacionamento praticamente sexual com meu inimigo de escola e fui me apaixonar pelo Weasley errado.
– E tem um Weasley certo? – Draco perguntou irônico – Todos parecem absolutamente vermelhos e idiotas.
– Nunca me senti assim – ela falou deixando o corpo cair no encosto do sofá – usada... Sei que não sou a garota mais bonita do mundo bruxo, mas...
– Pare de se auto depreciar, Granger. Não combina nem um pouco com você – Draco falou levantando-se e servindo mais uísque para os dois – Será que você poderia me contar o que aconteceu?
– Desde o começo?
– O que não falta por aqui é uísque para engolir com essa história – ela sorriu. Apesar de tudo ela sabia que sempre poderia contar com Draco.
***
Hermione estava afastada do trabalho e Alec SaintClaire já sentia falta dela. Não sabia que aquela história teria proporções tão grandes, mas aceitou o afastamento até que tudo estivesse resolvido. Afinal, ele havia colaborado com a brincadeira dos gêmeos. Por isso, surpreendeu-se ao ouvir a voz de Hermione pedindo para entrar em sua sala.
– Desculpe – ele falou – Não achei que tudo sairia fora de controle.
– Tudo bem... Sei que pedi afastamento até final de setembro, mas posso voltar a trabalhar hoje mesmo? Preciso ocupar minha cabeça e nada como estar aqui, trabalhando e conversando com outras pessoas.
– Claro... Como preferir, senhorita Granger. – ela acenou.
– E nenhuma palavra para Fred ou George sobre minha volta – o chefe concordou sem pensar duas vezes e saiu fechando a porta atrás de si.
***
Fred passou o fim de semana todo enfiado em seu quarto e nem viu que já era segunda-feira. Levantou e tomou apenas um café preto.
– Pode dormir mais um pouco, George.
– Você não vai ficar correndo o país inteiro atrás de Hermione, certo? Se ela não quiser ser encontrada, você não tem como encontrá-la.
– Merda... Ainda preciso acertar as contas com o espanhol bronzeado metido a gostoso...
– Você vai se meter em confusão...
– Até parece que nós não somos especialistas nisso. O comentário dele você não é meu tipo foi totalmente desnecessário...
– Um pequeno castigo? – George indagou sorrindo ironicamente. Seu gêmeo apenas sorriu.
***
– Obrigada por me hospedar aqui, Draco – Hermione falou enquanto preparava um rápido jantar para eles. Ele sorriu encostado no balcão.
– Quer alguma ajuda?
– Só se for para queimar o jantar – Draco fez um cara de ofendido – Você é um péssimo cozinheiro, Draco!
– Também não é assim...
– Não? Lembra aquela vez que você quis me surpreender com um jantar e quase colocou fogo na casa por que você esqueceu-se de desligar o forno? – ele deu de ombros – E quando você disse que faria uma sobremesa trouxa? Ficamos esperando, esperando e nada do doce ficar pronto!
– Não posso fazer nada se livros de receitas trouxa não explicam os passos direito! – o loiro respondeu emburrado.
– Todo mundo sabe o que é banho-maria no mundo trouxa, Draco! – ela começou a rir – Você achou que colocar o chocolate na água com sabão ia dar certo de alguma maneira?! Chocolate com sabão?! – o loiro olhou ofendido.
– Como vou saber o que esses trouxas malucos consomem? E como vou saber que banho-maria era derreter chocolate na água?
– Em uma panela com água, Draco... – ela riu gostosamente e parou ao notar que ele se aproximava. Hermione tentou recuar, mas parou ao sentir a pia em suas costas. A mão dele foi para cintura dela e seu polegar percorreu delicadamente o contorno de seu rosto. Seus olhos se fecharam com tal demonstração de carinho. Ele depositou um beijo em sua bochecha, testa, olhos e falou:
– Volta para mim.
– Está tudo tão complicado na minha vida, Draco.
– Fica comigo e eu faço com que as coisas descompliquem. Sempre foi assim entre nós. O errado é errado. O certo é certo. Briga é briga e... amor é amor. Você se lembra? – ele desceu a boca até a orelha dela e falou num tom mais baixo – Em cada canto dessa cozinha? Dessa casa? Sobre essa pia?
– Draco... – a voz dela não passava de um murmúrio. Ele se afastou vagarosamente.
– Apenas algo para você pensar... Vou arrumando a mesa – e saiu com as mãos no bolso. Hermione mexeu a cabeça. Ela não podia lidar com Draco sedutor nesse momento. Em nenhum momento.
Draco foi para a sala e assim que retirou as mãos dos bolsos, bagunçou seus cabelos. Tinha perdido Hermione uma vez e, no fundo, sabia que tinha perdido para sempre. Será que valia a pena tê-la por mais uma noite? Ou duas?
Voltou para a cozinha e a virou para si:
– Por que você não pode me perdoar?
– Eu te perdoei. Só não poderia fazer uma escolha daquela. E nem você sabe o que sente por mim.
Estava ali a mais pura verdade. Quantas e quantas vezes ele se calou quando ela disse que gostava dele? Ele impôs a barreira. Ela aprendeu a viver com essa barreira. Era uma loucura e ele sabia disso. Ambos sabiam disso e apenas ele ainda precisava dessa loucura. Ela estava magoada e somente um dos idiotas palhaços dos gêmeos poderia fazê-la feliz novamente.
***
– Você poderia fazer o favor de parar de andar de um lado para o outro?
– Não enche, George.
– Será que ele sabe onde Hermione está?
– Ele quem, Fred?
– O imbecil do espanhol – George virou os olhos.
– Malfoy aparatou com ela, tenho certeza que Eric não sabe do paradeiro de Draco Malfoy. A antiga mansão?
– Esta abandonada – Fred parou ao olhar o irmão – Aparatei lá mais cedo. Eu precisava tentar, oras! – George começou a rir de forma escandalosa e debochada – Não entendo o que é tão engraçado!
– Você... – ele continuou a rir – Parece um idiota que não sabe falar para uma garota que está a fim dela... – Fred ficava mais sério, conforme seu gêmeo ria ainda mais – Você viu cada besteira que já fez por essa garota?
– Isso não tem graça, George!
– Quer um conselho? – Fred viu seu irmão levantar-se e conter o riso – Encontre Hermione, diga o que sente, beije-a e segure-a do seu lado. Nunca pensei que veria minha cópia tão perdida ao se tratar de uma garota... Ainda mais uma que é louquinha por você! Às vezes você é um idiota... deve ter uns genes do Rony perdidos por aí!
***
No dia seguinte, Fred apareceu no treino de sua irmã. Ele observava as jogadoras voando de um lado para outro, enquanto outras corriam ao redor do gramado. Percebeu o olhar interrogativo de Kathy ao descer e parar ao lado dele, pouco depois Gina chegou.
– Oi, Fred.
– Ginevra – ela abaixou a cabeça ao perceber a frieza na voz dele – Kathy, quero falar com seu irmão.
– É mesmo?
– Vai protegê-lo? – Fred falou cruzando os braços.
– Nunca concordei com essa parte do plano e eu avisei Gina onde ela estava se metendo. Quer esclarecer as coisas com Eric? Por mim tudo bem, ele é adulto o suficiente para lidar com as consequências dos seus atos – ela retirou a varinha da cintura e conjurou uma pena e um pergaminho. Escreveu o endereço e entregou para ele. Depois, subiu em sua vassoura.
– Fred,... – Gina começou a falar.
– Ainda não... Não é só por mim... Como pôde fazer isso com sua melhor amiga? – dizendo isso, aparatou. Procurou pelo endereço indicado e bateu na porta. Viu que Eric tentou fechar a porta quando percebeu quem era, mas a raiva e a determinação de Fred fez com que o movimento do espanhol fosse impedido.
– Como chegou aqui? – Eric perguntou dando passagem ao ruivo.
– Sua irmã. Eu deveria azara-lo eternamente pelo que fez a Hermione! Como pôde?!
– Foi apenas uma brincadeira! Sou ator e estou treinando para um papel, essa era uma oportunidade de ensaio gratuito – Fred fechou os punhos e olhou para baixo. A varinha tremendo em sua mão. Se fizesse tudo que passava em sua cabeça seria mandado para Azkaban sem dúvida nenhuma.
– Não precisava ter ofendido Hermione.
– E como eu a ofendi?
– Dizendo que ela não era seu tipo.
– Isso realmente soou ofensivo, mas não foi o que quis dizer. Quer dizer, por que ela realmente não é meu tipo... Digamos que meu tipo é outro.
– Não estou acompanhando... – Fred falou com um olhar interrogativo.
– Digamos que meu tipo está mais para aquele loiro que apareceu na casa dela – Eric falou e colocou as mãos na cintura. Fred não conseguiu impedir que sua boca abrisse em surpresa.
– Como?
– Eu sou gay, ruivo. Por isso ela não faz meu tipo. Só para constar, eu ainda não esqueci a pequena brincadeira que você me pregou. Com aqueles chocolates...
– Foi meu irmão.
– Hummm – Eric relaxou um pouco ao ver que o outro guardou a varinha – Não tinha intenção de magoar Hermione. Ela é uma boa garota, mas... meu lado ator fala mais alto às vezes. Agora, - ele aproximou-se – se você e seu irmão estiverem interessados em algo diferente... – Fred deu um passo para trás.
– Nada contra gays, mas, definitivamente, você não faz meu tipo. Nem do meu irmão por sinal. Agora, se quiser tentar algo com Malfoy, o loiro que você gostou, acho que pode conseguir algo.
– Jura? – Fred segurou a risada e apenas assentiu com a cabeça.
– Não sabe onde posso encontrar Hermione, né?
– Nenhuma ideia... Sortuda... Deve estar com o loirinho... – Fred não esperou para ouvir o resto, saiu da casa e aparatou.
***
– Draco, o que está fazendo aqui? – Hermione perguntou surpresa ao vê-lo parado em frente à sua mesa de trabalho.
– Queria convidar você para jantar comigo mais tarde, o que acha? – ela respirou fundo. A semana se arrastou e, talvez, aquele seria uma boa maneira de terminar. Um simples jantar com Draco.
– Claro que eu aceito – o loiro percebeu que o sorriso era forçado, quase falso. Como se ela tentasse se agarrar à tentativa de se mostrar feliz mesmo sofrendo por dentro. Ele aproximou-se e puxou-a da cadeira, abraçando-a com força. Sem dizer mais nada, foi embora.
Mais tarde, naquela mesma sexta-feira, Hermione recebeu um pergaminho de Draco combinando o local e a hora do encontro. Ela teria tempo de se arrumar rapidamente, antes de aparatar no pacato restaurante.
Como ela sentia falta de Fred...
***
Ela chegou e percebeu que Draco ainda não estava lá. Provavelmente alguma emergência no Ministério.
– Senhorita Granger? – um garçom aproximou-se – Tem uma reserva para você e o Senhor Malfoy correto? Ele pediu para que você esperasse por ele à mesa, pois aconteceu um pequeno imprevisto e vai atrasar alguns minutos.
– Claro – ela sorriu e seguiu o garçom até a mesa reservada. Pediu uma taça de vinho e, assim que deu o primeiro gole, quase se engasgou. Ela viu Fred entrar no restaurante e caminhar até ela. Hermione não tinha reação nenhuma. O ruivo sentou-se à sua frente. Ela viu sua varinha ir parar nas mãos dele.
– O que você está fazendo aqui? Devolva minha varinha, Fred! – ela falou em voz baixa para não chamar atenção.
– Nós vamos conversar e você vai me ouvir, Hermione.
– Eu não quero te ouvir. Draco vai chegar daqui a pouco e não vai gostar nada de ver você aqui. Vá embora, Fred.
– Não. – ele chamou o garçom e pediu um uísque - Nós vamos ter uma conversa civilizada e você vai ouvir tudo que eu tenho para dizer. – Hermione tentou levantar-se, mas não conseguiu sair da cadeira.
– O que você fez? Tire esse sorriso irônico do rosto, Frederick! – ela brigou ao ver que dar aquele típico sorriso de quem tinha acabado de pregar alguma peça.
– Você está presa à cadeira e eu só farei o contra-feitiço quando você me ouvir e aceitar namorar comigo. Até lá... é bom se acostumar com essa posição.
– Frederick Weasley – ela disse brava e tentou alcança-lo. Ele apenas sorria.
– Estou falando sério, Hermione. Nem que você precise ir para casa nessa cadeira... – ela abriu a boca para argumentar, só que ele foi mais rápido – E outra coisa, agora eu falo e você escuta, ou quer que eu lance um feitiço para tirar sua voz?
– Você não ousaria! – mas ela fechou a boca rápido ao ver o olhar dele e a varinha balançando entre seus dedos.
– Certo – ele recomeçou – Primeiro, preciso reconhecer que o Malfoy tem um bom gosto para restaurantes. Sabia que esse era um lugar que eu pensava em te trazer?
– Draco vai chegar daqui a pouco e vai azarar seu traseiro para fora dessa cadeira! – ela falou cruzando os braços.
– Não, ele não vai chegar.
– O que você aprontou com ele, Fred?
– Nada – o ruivo falou bebendo um gole do uísque – Beba seu vinho, tenho certeza que vai ajudar você a relaxar um pouco.
– Eu não acredito em você... Diga logo o que fez – Hermione falou e bebeu seu vinho. Fred sorriu e ela fingiu que aquele sorriso torto não a afetava.
– Não fiz nada. Mesmo você não acreditando. O que quer comer? – o ruivo não pôde conter que o sorriso se ampliasse ao ver a expressão de indignação que surgiu no rosto dela.
– Você está me sacaneando, Frederick Weasley?
– Sabia que eu adoro quando você me chama assim? – ele piscou – Não, não sabia. Porque, por minha culpa e total culpa, você não sabe o que realmente acontece aqui – ele apontou a própria cabeça – e aqui – apontou o coração. Foi a primeira vez, desde que chegou, que viu a expressão dela se suavizar. A morena pegou a taça de vinho e tentou disfarçar seu tremor. Terminou o conteúdo e Fred pediu que o garçom trouxesse uma garrafa do vinho que ela bebia.
– Fale o que tem para falar, Fred... Eu só estou... cansada – ela olhou para o teto, numa tentativa das lágrimas não caírem. O ruivo puxou sua cadeira e sentou-se ao lado dela, ignorando o olhar reprovador do maitre.
– Primeiro, adorei conhecer esse seu lado... de pregar peças. Não esperava isso, realmente me surpreendeu.
– Claro, acho que até se surpreendeu ao descobrir que eu sei beijar. Está vivo, não? – a ironia dela o machucou, mas Fred sabia que merecia a cutucada.
– Hermione... Aquilo que você ouviu foi um mal entendido... – Fred disse olhando-a com firmeza. Tentou segurar a mão dela, mas a morena cruzou os braços.
– Você não disse aquilo?
– Eu disse, mas eu não pensava aquilo. Apenas fiquei nervoso... – ele respirou fundo – Desde que você foi trabalhar na Loja, eu acabei... bem.. te olhando de outra forma...
– E por isso namorou Helen? – Fred fechou os olhos. Sim, ele merecia cada alfinetada dela.
– Helen foi um erro. Você, para mim, era algo... proibido. Eu não entendia o que sentia, estava confuso. Quando Lee perguntou de você apenas reagi de forma defensiva. Foi terrível o que eu falei e mereço qualquer azaração que queira fazer. Só que eu estava confuso. Nunca tinha me sentido... assim.
– Assim como, Fred?
– Apaixonado – ele falou passando o polegar pelo rosto dela. Hermione virou o rosto.
– Fred...
– Ter ficado com você não foi um jogo. Eu te beijei porque queria. Minha brincadeira, estúpida por sinal, foi apenas a do seu trabalho. Você entendeu errado quando ouviu minha conversa com SaintClaire.
– Mas,...
– Eu sabia que você gosta, gostava..., de mim, mas acontece que eu também já estava gostando de você há algum tempo. E me arrependi profundamente da brincadeira...
– Eu tentei conversar com você, Fred. Aliás,... eu fui para esclarecer as coisas! E você não falou nada! – Hermione falou olhando firmemente para os olhos azuis à sua frente. Ele sustentou o olhar.
– Eu errei, Mione! Fui um covarde! Por favor, você precisa me perdoar! Eu... eu estou apaixonado por você – ele segurou o rosto dela com suas mãos e a beijou. Hermione sentiu os lábios dele de encontro aos seus e resistiu. Afastando o rosto como pôde do toque que fazia seu corpo tremer, seu coração bater mais forte.
– Fred,... eu estou tão magoada... e você...
– Eu sei, eu sei... fui um completo idiota, imbecil, tolo,... Mas, por favor. Te peço uma chance... Um encontro. De verdade. Como não pudemos ter. – ele disse as frases beijando a mão dela que estava presa à sua – Sem piadas. Sem jogos. Sem Lee. Apenas eu e você. Nós dois, como deveria ter sido há muito mais tempo do que fui capaz de aceitar.
– Antes de aceitar, você precisa me responder uma coisa.
– O que quiser!
– O que fez com Draco? – Hermione esperava qualquer coisa, menos que ele se recostasse a cadeira. Suas feições mais sérias.
– Malfoy... – ele falou. Depois murmurou algumas frases incompreensíveis.
– Não entendi nada do que disse.
– Eu soube que estaria aqui por causa dele. Malfoy foi me procurar na Loja – ele disse contrariado consigo mesmo. Principalmente ao ver o sorriso no rosto dela.
– Ele fez isso, é? – ela falou dando mais um gole de seu vinho – Muito fofo da parte dele! – Hermione continuou ao perceber que aquele assunto o deixava enciumado.
– Sim, a meiguice em forma de doninha saltitante. Agora, - o ruivo continuou retomando sua postura confiante de antes – e quanto ao nosso encontro?
– Desfaça o feitiço – a morena exigiu. Ele não pensou duas vezes em obedecer ao perceber que ela não sairia correndo. Quando se sentiu livre, arrumou-se na cadeira e jogou o cabelo para trás – O que pretende para nosso primeiro encontro?
– Vou te surpreender – Fred falou aproximando-se dela. Hermione reclinou-se sobre ele e não pôde conter um leve estremecimento ao sentir as mãos dele em sua nuca – Terá um encontro como nenhum outro – ele aproximou-se mais e Hermione respirou longamente o hálito dele. Fred e uísque. Seus olhos fecharam e perderam o sorriso maroto e apaixonado que nasceu no rosto dele. Fred baixou ainda mais o tom de voz – Além da minha perfeita companhia – ela riu, voltando a abrir os olhos, mas sem distanciar-se – Verá que posso ser um perfeito cavalheiro – seus narizes se tocaram e, relutantemente, ele se afastou – Agora vamos ao jantar que estou morrendo de fome.
Hermione sorriu e concordou.
–--
Ele andava de um lado para o outro novamente. Veri já estava ficando tonta com tanta andança e já tinha pedido, por favor, para que ele não atendesse mais nenhum cliente. Fred já tinha tingido o cabelo de um bruxo ao demonstrar um produto, explodido uma prateleira quando foi pegar um detonador-chamariz e causou um furor ao lançar os fofos espontâneos em um dos corredores.
– Será que ela vai gostar do que eu planejei?
– Vai, Fred! Pela milésima vez! Por que não sobe e me deixa trabalhar em paz?
– Quanta grosseria! Ainda sou seu chefe – ele falou tentando ser sério.
– Sim, um chefe neuroticamente apaixonado. Agora, chefinho, será que pode deixar fazer meu trabalho? Você já espantou clientes suficiente por hoje. Suba e invente algo para fazer. Qualquer coisa menos ficar por aqui. Vá, vá! Suba – Veri falou empurrando-o pelas costas.
Ele subiu e não achou nada reconfortante o apartamento vazio. O tempo parecia não passar. Já havia revisado tudo. Sua roupa estava sobre a cama, apesar de já ter pensado em troca-la várias vezes, mas Angelina o proibiu.
Apesar de passar lentamente o horário de buscá-la havia chegado. Arrumou-se. Uma camisa polo preta, calça jeans. Simples. Hermione gostava de simplicidade e ele também. Respirou fundo e aparatou. Levantou o braço algumas vezes antes de ter coragem de tocar a campainha. A porta abriu-se e Fred viu Hermione. Linda como sempre. Também vestida de forma despojada.
– Oi, Mione.
– Oi, Fred.
– Sei que flores são clichês, mas... – ele tirou o outro braço de trás do corpo e Hermione viu o buquê mais lindo que vira. As flores iam transfigurando-se em vários tipos e cores: rosas vermelhas, lilases brancos, margaridas, crisântemos e lírios. Ela ficou boquiaberta, sem conseguir esconder seu espanto e Fred admitiu que aquela tinha sido uma ideia fantástica. Deu um pouco de trabalho fazer com que o feitiço funcionasse, mas qualquer esforço valeria a pena ao ver o brilho nos olhos e o sorriso perfeito de Hermione.
– Vou colocá-las em um vaso e partimos, ok? Onde vai me levar?
– As surpresas estão apenas começando – ele falou piscando marotamente. O coração dela falhou algumas batidas.
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