Chris Redfield estava um tanto quanto nervoso. Mesmo sendo um dos melhores agentes já conhecidos, não era simples lidar com a situação em que estava. Saber que sua parceira, Jill Valentine, com quem esteve em grande parte de suas missões, poderia estar em grande perigo o deixava nervoso. Além do mais, o tempo que havia perdido ao investigar um navio gêmeo por engano havia causado uma frustração inexplicável, para aumentar seu desespero. Mesmo sabendo que não tinha culpa e que estava apenas seguindo ordens, Chris se sentia culpado por não ter percebido algo tão importante, e não podia deixar de pensar nos graves problemas que esse erro e tamanho tempo perdido poderiam ter causado na situação já critica de Jill e Parker, seu parceiro para essa missão.

“Não te entendo”, a voz da mulher ao seu lado chamou-lhe a atenção. “Eles são experientes o suficiente para conseguir lidar com qualquer coisa que entre em seus caminhos. Além do mais, já estamos a caminho”. Chris olhou para o rosto de Jessica, sua parceira da vez, e foi recebido por um sorriso um tanto quanto malandro. A moça de olhos verdes e cabelos castanhos arrancava suspiros de muitos agentes conhecidos. Antes de encontra-la, Chris havia sido avisado sobre tamanha beleza. Realmente, não se podia negar o fato da jovem mulher apresentar uma aparência notável, além de seu belo corpo. Por outro lado, Chris a via apenas como uma mera parceira, cuja beleza considerada estonteante pela maioria não lhe chamava tanto a atenção quanto achavam que chamaria. Percebendo seu olhar sobre ela e, talvez, interpretando-o de maneira errada, Jessica levantou as sobrancelhas e passou a mão pela coxa nua, já que a outra lhe era coberta pela roupa de mergulho. Chris estava tão absorto em pensamentos que mal percebeu sua tentativa de seduzi-lo com o gesto, e logo desviou os olhos para a paisagem que podia ver através da janela do helicóptero.Jessica revirou os olhos e bufou levemente. Não entendia porque o homem não lhe dava a atenção que deveria dar. Acostumada a conquistar qualquer um que quisesse, a moça se sentia irritada por não ter sucesso com Chris Redfield, o tão importante agente e, justamente, o que mais desejava. Balançando a cabeça, concluiu que era apenas uma questão de tempo até que o mesmo caísse em seus encantos.

“Estamos nos aproximando do destino”, informou o piloto do helicóptero. “Vocês irão descer na lancha que estará esperando e seguirão para o navio, entendido?”

“Entendido”, Chris respondeu rapidamente. De um segundo para outro, sua ansiedade aumentou o suficiente para que ele deixasse os pensamentos de lado e se concentrasse na sua missão, implorando mentalmente para que chegassem logo ao local. Com tanto tempo perdido anteriormente, Chris queria chegar a Jill e seu parceiro o mais rápido possível. Jessica, ao ver sua exaltação, não conteve seu comentário.

“Achei que o famoso Chris Redfield fosse mais equilibrado”, disse, fazendo parecer um comentário qualquer. Chris olhou-a e manteve a calma, fingindo não perceber a alfinetada que lhe foi dirigida.

“Poucos segundos podem fazer uma grande diferença, agente. Duas vidas podem estar em jogo aqui e quanto mais cedo chegarmos, melhor”, respondeu firmemente. Jessica fez um gesto com a mão e levantou de onde estava sentada, se espreguiçando.

“Isso é bobeira. Eles sabem se cuidar, não são mais crianças. Podemos demorar um bom tempo e eles ainda estarão bem” disse, se aproximando de Chris. Ele olhou-a e resolveu que ignorar seria a melhor escolha. Apoiando-se no parapeito da porta do helicóptero, permaneceu sentindo o vento bater em seu rosto.

Sem querer dar-se por vencida, Jessica apoiou-se no braço de Chris e voltou a falar. “Além de tudo, Jill é uma ótima profissional, não?”. Sem obter nenhuma resposta, ela colocou as mãos no ombro do homem e continuou. “Mas não se preocupe. Nada vai acontecer a ela. Parker está lá, não é? Tenho certeza que aquele homem vai protegê-la muito bem”, e deu um sorriso ao perceber o maxilar de Chris enrijecer.