E se... escrita por cabellodevotion


Capítulo 1
Capítulo Único




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Clara estava impaciente. Não queria ter ido aquela festa. Sua mãe que insistiu pra que ela fosse, pois era aniversário de Gisele e, obviamente, Branca estaria lá. Chica queria o suporte da filha, caso ela tentasse algo. E já que Clara era colega de trabalho de Gisele, não via o porquê da filha não ir. A dona de casa continuou relutante e tentou argumentar que estava sem ânimo, mas acabou sendo convencida por Cadu.
Já na festa, ela não via a hora que certa morena de olhar penetrante, chegasse. Estava ali já havia um bom tempo, e nada dela aparecer. Tomou o resto da bebida em sua taça de champagne, já pegando outra quando o garçom passou por ela.

— Ei, minha filha, vai com calma. Essa já deve ser sua quinta taça de champagne. – disse Chica, percebendo o nervosismo da filha – O que foi?

— Nada, mãe. – forçou um sorriso – Estou bem.

— Não me venha dar vexame igual seu irmão, pelo amor de Deus!

— Credo! Eu, hein... Não bebo como o Felipe, não. Conheço meus limites. Sei muito bem a hora de parar. – disse sem perceber a chegada daquela por quem tanto esperou durante a noite.

— Marina! – ouviu a voz animada de Gisele atrás de si e se virou imediatamente para olhar.

Marina estava linda. Pôde vê-la entrando e indo ao encontro de Gisele, a abraçando carinhosamente. Vanessa e Flavinha vinham atrás dela. Sentiu seu coração acelerar quando percebeu os olhos de Marina em sua direção. Ela a olhava da mesma maneira sedutora de sempre. E então, sorriu pra Clara, que não pôde deixar de sorrir de volta. Marina trocou algumas palavras com as três assistentes e logo as quatro se aproximaram de Clara e sua mãe. A primeira a se manifestar foi Flávia.

— Oi Clara! – disse sorridente indo cumprimentar a amiga.

— Oi Flavinha. – respondeu, retribuindo o pequeno abraço.

— Oi, Clarinha. – disparou a ruiva com certa ironia na voz.

— Olá, Vanessinha. – disse do mesmo modo e sorriu debochada. Marina riu.

— Essas duas... – comentou Gisele, rindo em seguida, sendo acompanhada por Flavinha.

Logo, Gisele saiu junto de Vanessa e Flavinha que foram cumprimentar Chica que as observava a poucos passos. Marina a olhou e sorriu, acenando de longe. Chica sorriu sem graça e um pouco incomodada.

— Oi. – disse finalmente se direcionando à Clara, recebendo um abraço carinhoso e demorado como resposta. Marina fechou os olhos, sentindo e aproveitando ao máximo aquele contato.

— Oi. – Clara respondeu quando o abraço acabou. As duas se encararam sorrindo.

Clara olhou para trás e certificou-se de que sua mãe estava distraída enquanto conversava com Gisele, Ricardo e Murilo que agora haviam de juntado a elas. Nem sinal de Flavinha e Vanessa. Mas não ligou. Pegou na mão de Marina a levando pra um local mais afastado e que lhes dava um pouco mais de privacidade. Queria fugir dos olhos atentos da mãe para conversar mais à vontade com a fotografa.

— Estava quase te ligando. Demorou muito pra chegar! – dispara assim que se afastam dos convidados.

— Sentiu minha falta? – Marina diz surpresa e feliz ao saber que Clara a esperava.

— Quer mesmo que eu responda?

— Faço questão! – Marina fala fazendo charme – Gosto de ouvir você dizer que pensa em mim, que sente minha falta, que sou importante pra você... – diz sincera.

— Se te faz bem, tá certo, respondo todas as suas indagações: sim, eu penso em você. Sim, eu estava sentindo sua falta. E, sim, você é muito importante pra mim.

Marina sorri, mas antes que pudesse dizer alguma coisa, a melodia de “The Way You Look Tonight” na voz de Dan Torres chega aos seus ouvidos e elas param por um momento, se lembrando da última vez que ouviram aquela música. Voltam a se olhar.

— Dança comigo? – Clara pergunta sorrindo e estende a mão para a fotografa, que ri ao se lembrar que da última vez, fora ela a fazer aquele pedido a amada.

Sem pensar duas vezes, Marina pega na mão de Clara, que a puxa devagar, juntando os dois corpos, e começam a dançar ali mesmo. Marina desce a outra mão para a cintura de Clara, segurando firme, e diferente da outra vez, agora elas dançam se olhando.

— Posso te falar o que está passando pela minha cabeça agora? – Pergunta a fotografa, com aquele sorriso sedutor brincando nos lábios.

— Ai, Marina! Comporte-se! – responde Clara, sem jeito, ao perceber certa malicia na voz da outra.

— Comportada é um adjetivo que nunca combinou comigo, Clara. – diz, agora com seu rosto encostado no da dona de casa, e sorrindo, continua – E não tenho motivos para me envergonhar dos meus pensamentos. Só passam coisas bonitas pela minha cabeça quando penso em você. – termina a frase mordendo levemente o canto de seu lábio inferior.

— Então, tá! – diz se convencendo com os argumentos da outra – Sem censura! Fala. O que é que a sua mente fértil está aprontando? – Clara diz divertida.

Marina volta a olha-la nos olhos, aproximando-se perigosamente do rosto de Clara, leva a mão direita para o rosto da dona de casa, acariciando, logo pega uma mecha de seu cabelo, que insistia em cair sobre a face da amada, a colocando lentamente atrás da orelha de Clara, chegando ainda mais perto, fazendo Clara prender a respiração por alguns segundos. Marina aproxima a boca do ouvido dela. E sussurrando com uma voz rouca, carregada de desejo, diz:

— Eu quero você!

Clara fica arrepiada e sente as pernas fraquejarem diante do que Marina havia lhe dito, e da maneira de como ela disse. Por um momento, quase cedeu ao desejo.

— Marina, eu não posso... – diz já fazendo menção de se afastar, mas Marina aperta um pouco mais sua cintura, impedindo o afastamento.

— Não pode, ou não quer? – a encara séria.

Clara respira fundo, tentando resgatar todo o autocontrole restante dentro si, mas já não aguenta mais e acaba deixando escapar a verdade.

— Acredite, quero tanto quanto você, Marina! – revela, olhando fixamente nos olhos da fotografa que sorri ao escuta-la dizer isso.

Sem esperar e sem dizer mais nada, Marina toma os lábios de sua amada em um beijo calmo, lento e carregado de desejo. Queria passar naquele beijo, toda a paixão, todo o amor, que sentia por ela. Clara hesitou no primeiro momento, mas logo se entregou de vez ao beijo, enlaçando os braços em volta do pescoço de Marina, que, por sua vez, segurava firme na cintura de Clara, fazendo com que os corpos ficassem ainda mais próximos, se é que isso era possível. Quando as línguas se encontraram, um choque percorreu o corpo de ambas. Era uma sensação nova para as duas. Sim, Marina já havia beijado várias mulheres, mas nunca amou nenhuma como amava Clara, e isso fazia com que aquele momento fosse único e inédito em sua vida. No instante em que os lábios de Marina tocaram os seus, toda a dúvida que Clara tinha, sumiu e ela teve certeza: Era Marina que ela amava. Era com Marina que queria passar o resto de seus dias. E se condenou mentalmente por ter demorado tanto pra perceber.
A fotografa subiu uma das mãos pela lateral do corpo de Clara, levando-a até seu rosto, onde fez uma caricia suave. O beijo durou incontáveis minutos e só se separaram quando o ar se fez necessário. Quebraram o beijo com um selinho demorado, e ao final, ambas sustentavam sorrisos bobos e apaixonados no rosto. Sem abrir os olhos, colaram as testas uma na outra e ficaram assim por um tempo. Retomando o ar e trocando caricias. Clara foi a primeira a abrir os olhos, encarou Marina que abriu os seus logo em seguida. Clara a olhava de maneira diferente, e Marina teve medo de que ela não tivesse gostado. Foi então que a dona de casa se afastou e a encarou seriamente. Parecia nervosa, assustada. Ao ver a reação de Clara, Marina esperou o pior.

— Marina, e-eu... – gaguejou sem conseguir terminar a frase.

— Tá tudo bem? Você não gostou? – preocupou-se - Me desculpe, eu... – Clara a interrompeu.

— Eu adorei. – sorriu, deixando Marina aliviada – E acabei de ter certeza.


— Certeza de quê? – perguntou sem entender.

— Eu... – respirou fundo, tomando coragem – Eu te amo, Marina!


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Notas finais do capítulo

Gostaram? :)