Happy Birthday escrita por Aninha Cristal


Capítulo 2
Happy Birthday II


Notas iniciais do capítulo

Já postando a segunda parte (teria sido mais rápido, se eu não fosse tão idiota e não tivesse marcado como terminada)!
Espero que tenham gostado da primeira e agora deixo vocês com HitsuKarin!



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Happy Birthday II

As coisas haviam ido muito bem com a gêmea mais nova, porém não parecia que seria do mesmo modo com a mais velha. Karin havia subido com Toushirou, no entanto não possuía intenção alguma de ouvir alguém se declarando para sua irmãzinha. Assim, deixara a casa pela janela com o shinigami.

Andavam pelas ruas de Karakura em silêncio, sérios, sem olhar um para o outro. Karin agarrava seus braços com as mãos devido ao frio da noite, quando sentiu algo cair sobre seus ombros. Olhou e encontrou uma jaqueta preta. Seus olhos se viraram, então, para o rapaz ao seu lado, que estava com o rosto virado para a outra direção. Tirou a jaqueta de seus ombros e jogou no capitão.

– Você vai passar frio. – virou o rosto.

– Baka! – jogou a jaqueta na cabeça da garota de volta – Como se eu me incomodasse com frio!

Lembrou-se da zampakutou de Toushirou, sentindo-se um pouco idiota de fato – Obrigada. – murmurou.

Hitsugaya apenas soltou um ‘hmpf!’ ainda com o rosto virado no sentido oposto ao de Karin.

Continuaram em silêncio, apenas com a companhia do barulho de seus passos.

– Você não tem medo de sair à noite não? – Toushirou perguntou, tentando quebrar o gelo.

– Baka! – Karin retrucou – Como se fosse a primeira vez que saímos à noite.

Agora, era ele quem estava se sentindo realmente um pouco idiota. Não estava dando muito certo quebrar o gelo.

– Mas já faz um tempo mesmo. Você deve ter esquecido.

Hitsugaya parou de andar, porém a Kurosaki apenas continuou sem olhar para trás. O capitão abaixou o rosto e cerrou os punhos, tentando esconder e parar aquele sentimento que o estava dominando. Não estava dando muito certo. Sentia-se com raiva, ficara irado com aquele comentário sem nem saber direito o porquê. O sangue parecia-lhe subir a cabeça e, quando se deu conta de seu estado, já havia prensado a Kurosaki contra a árvore mais próxima. Viu os olhos da morena assustados e ela viu o olhar voraz dele, mas nenhuma reação foi esboçada por ambas as partes. Afrouxou o braço que prendia a garota pelo pescoço e abaixou a cabeça novamente, tentando se acalmar um pouco.

– Desculpe, Toushirou. – Karin sabia o que fizera, só não esperava que o tranquilo Toushirou que ela conhecia fosse reagir de tal maneira.

Ambos permaneciam em silêncio. A situação não poderia ficar mais tensa do que estava. Hitsugaya permanecia com a cabeça abaixada, porém seu braço já não estava mais segurando Karin. A garota também não sabia direito para onde olhar, então apenas observou o chão. Havia uma pergunta em sua mente, uma pergunta que queria fazer desde que vira Toushirou na porta de sua casa naquele dia e aquilo a estava corroendo por dentro. Todavia, não encontrava meios de dizê-la. Talvez fosse o momento que parecia torná-la tão inoportuna, talvez fosse o medo da resposta.

– Ne, Toushirou... – conseguira abrir a boca, não havia volta. Agora só faltava coragem para o restante. Encheu os pulmões de ar, fechou os olhos, ergueu sua cabeça, abriu os olhos e falou rapidamente – Por que você sumiu?

Apesar de já saber que a pergunta viria, o capitão arregalou os olhos que miravam a grama do campo em que se encontravam. Enquanto estavam em silêncio, havia percebido que era aquele campo, aquele em que Karin treinava e jogava quando ele estava no Mundo Humano, o mesmo campo em que sempre paravam quase que inconscientemente. Não havia sido diferente desta vez afinal.

Um milhão de coisas passavam por sua mente naquele momento. Não sabia se deveria contar a verdade toda ou parcialmente ou se deveria mentir, inventar algo menos vergonhoso que aquilo que realmente acontecera. Não sabia a reação de Karin, poderia ser outra, mas provavelmente seria aquela que imaginava e ela não era nada boa. Percebeu que estava demorando demais para dizer qualquer coisa e logo a morena desistiria. Queria isso? Não seria mais fácil deixar quieto esse assunto e continuar? Não, seria bem mais difícil se assim fosse. Nunca mais seria a mesma coisa. Ela nunca esqueceria e a ferida seria muito maior que se dissesse algo, mesmo que não fosse verdade. Na verdade, já havia pensado em uma mentira para Karin, porém, por algum motivo, não conseguia mentir para ela, não naquela situação. A verdade era a única saída então. Karin já se afastava quando ouviu seu nome.

– Ne, Kurosaki... – Hitsugaya levantou sua cabeça e viu a garota virar para encará-lo – Você promete não ficar muito brava? – viu a resposta nos seus olhos. É, não era algo muito fácil de fazer.

A garota suspirou – Achei que você já soubesse que pode me contar qualquer coisa. – fez uma cara meio emburrada para tentar animá-lo um pouco. Aquilo com certeza não era fácil para ele.

– Eu sei, não me esqueci. – deu um riso lado, o que fez Karin também sorrir um pouco. Suspirou, preparando-se para lhe dizer – Lembra-se da última vez que eu vim? Acho que foi perto do Valentine’s Day...

– Lembro sim, a Yuzu ficou enchendo meu saco pra eu te dar algo – soltou um riso, ao se lembrar do ocorrido – E, no fim, eu acabei tendo que te dar algo mesmo.

– Era esquisito – riu também, mas logo sua expressão voltou a ser séria, assim como a de Karin – Quando eu voltei para a Soul Society naquele dia, a Hinamori me viu chegando...

–-- xXx ---

– Tadaima, Shiro-chan! – uma garota de cabelos e olhos castanhos acenava de longe.

– Hinamori, não me chame assim! É Capitão Hitsugaya! – como sempre, havia se irritado com o tratamento.

– Ta bom, Hitsugaya-kun! –sorriu como se aquilo houvesse entrado por um ouvido e saído por outro.

– Não é... Ah, esquece. – desistiu, não iria adiantar mesmo. Tentou continuar seu caminho, porém ouviu seu nome novamente.

– Hitsugaya-kun, o que é isso? – apontou para um pacote que Hitsugaya carregava.

O olhar da garota estava diferente do usual. Um misto de surpresa e tristeza.

– É só um presente de Valentine’s Day. – deu os ombros, como se não se importasse com aquilo.

– É dela, não é? – seu olhar permanecia o mesmo, entretanto os olhos do capitão mudaram de despreocupado a surpreso – A garota do Mundo Humano, a que você vê quando vai lá.

Ela não deveria saber sobre a Kurosaki.

– Como você sabe sobre a Ku... – talvez ela não soubesse quem a garota era - Karin.

– Você sempre demorava demais e não me contava o que fazia, então eu fui atrás de você e te vi com ela. – normalmente ficaria envergonhada por fazer algo assim, mas a situação não parecia ser nada normal.

– Ela é só uma amiga. – respondeu calmamente, tentando fazer daquilo o menor alarde possível.

– Não, não é – tentou esconder as lágrimas que teimavam em cair. Sem dar um mínimo segundo para Hitsugaya responder, continuou falando – Eu sei que não é. Eu te conheço há mais tempo que qualquer outra pessoa, Hitsugaya-kun. Te vejo sempre que posso e você continua sempre do mesmo jeito. Mas, depois que você começou a ir ao Mundo Humano, eu vi você voltar diferente. Você parecia mais calmo. E, quando eu vi você com aquela garota, eu vi que você ficava diferente com ela. Ficava do mesmo jeito que quando eu te via voltar. Você nem mesmo a corrigia quando ela te chamava de Toushirou! Você gosta dela, Hitsugaya-kun!

– Ei, Hinamori... – tentou argumentar contra, mas a garota foi mais rápida.

– Não negue para mim, Hitsugaya-kun! – ela gritou. O capitão arregalou os olhos e ficou estático. Começou a pensar nas palavras que acabaram de ser ditas.

– Hitsugaya-kun, escute isso com atenção. – ela segurou suas mãos e olhou fundo em seus olhos, tanto que até o assustava – Ela é uma humana. Não tem como isso dar certo. Ela vai crescer e envelhecer de uma maneira muito mais rápida que nós. Nós nem estamos vivos! Não dê ilusões que você sabe que não podem ser feitas para ela. E não crie ilusões para você mesmo. Eu não quero que você se machuque.

Abraçou-o chorando. O capitão gélido não conseguia fazer absolutamente nada além de pensar. Seria possível que seus sentimentos pela Kurosaki fossem esses? Antes que pudesse analisar melhor a situação, ouviu Momo começar a falar.

– Hitsugaya-kun, você sabe que eu gosto de você. Então, por favor, esqueça essa garota e deixe-me cuidar de você. Para sempre.

–-- xXx ---

– Então, ela basicamente se declarou para mim. – deu um riso de lado para tentar fazer aquilo tudo parecer menos sério. Não funcionou. Nada estava funcionando naquele dia.

– E você ganhou uma namorada. – abaixou a cabeça tentando esconder seus sentimentos. Não demorou muito para voltar a olhar para Hitsugaya – Eu sabia que ela não era só uma amiga de infância! – falava com um sorriso falso e uma felicidade mais falsa ainda – Então, era só isso. Uma namorada com ciúmes? E você ficou com medo de eu ficar brava? Ne, como eu fui boba, pensando em tantas coisas e...

– Não é isso. – foi interrompida. Parou de falar e continuou apenas observando Hitsugaya. Ele estava nervoso, sem saber se conseguiria continuar falando. Ele só precisava falar mais um pouco. Se não fosse tão difícil dizer aquilo... – Eu...

– O que foi, Toushirou? Por que você ainda não me conta?

– Eu fiquei com medo! – deu um soco na árvore que estava ao seu lado. As palavras não deveriam ter saído com tanta fúria, mas só de pensar que estava com medo de algo irava o capitão – Com medo de tudo aquilo ser verdade!

Karin voltou a olhar para o chão. Ficou assim por um tempo. Sem palavras, sem ações, sem reações, apenas o silêncio. Toushirou não sabia mais o que esperar. Pensava em um turbilhão de coisas e esperava que Karin reagisse bem àquilo. Bem, ele conhecia Karin e provavelmente não seria assim.

– Hmpf! – um movimento – Você ficou com medo – murmurou. Aquilo não era um bom sinal – Você sequer pensou nos meus sentimentos? – era fácil perceber que a garota estava furiosa, apesar de manter um tom calmo. Não houve resposta – Você pensou em como eu me sentia quando simplesmente sumiu? – soltou toda sua fúria ao gritar aquelas palavras. Desta vez, o capitão tentou iniciar uma resposta, porém foi cortado pelas palavras raivosas da garota – Não, você com certeza não pensou. – seu tom de voz abaixara, pois agora a garota tentava segurar as lágrimas que queriam sair – Mas quer saber como eu me sentia? Eu gostava de você. – o shinigami ficou surpreso com aquilo, nem sonhava que aquilo era possível. Mas, afinal, era. Karin gostava dele.

– Karin... – murmurou tentando iniciar algo, mas não dava. As palavras enroscavam em sua garganta e ele sentia-as sem conseguir soltá-las. Sentia-se mal por vê-la chorando por sua causa. Ela, que havia prometido nunca mais chorar após a morte de sua mãe, chorava agora.

– Eu... gostava de você. Eu sabia que era impossível. Eu sou uma garota humana com 14 anos e você é um shinigami que com certeza tem muito mais que isso. Passei dias tentando me fazer acreditar que não era verdade, tentando me convencer de que era impossível, mas não adiantava... Porque eu ainda queria ficar ao seu lado. Mas, para mim, só isso bastava no fim. – Hitsugaya sabia que aquelas palavras estavam sendo difíceis para a Kurosaki, porque conhecia ela e sabia o quão orgulhosa era – Mas agora isso não importa mesmo. – passava os braços no rosto tentando secar as lágrimas. Virou-se para ir embora – Já faz tanto tempo, não é mais assim...

Sentiu algo envolvê-la pelas costas. Olhou para baixo e viu os braços de Toushirou. O abraço estava forte e, apesar de tudo, era quente e terno. Sentiu-se confortada naqueles braços que a seguravam e sentia a respiração de Toushirou na sua orelha. Estava nervosa, surpresa e extremamente corada com a situação, porém não queria que acabasse. Ouviu Hitsugaya começar a falar.

– É verdade, eu não pensei em você. – dizia baixinho perto de seu ouvido – Eu fui egoísta e só pensei em como estava assustado. Fiquei com medo de gostar de você e não poder ter você pra mim. – Karin sentiu o abraço apertar um pouco mais – Eu tinha medo, porque eu nunca poderia ficar com você. Eu não posso te dar nada, não posso te dar uma vida. Eu não posso envelhecer com você, nem te dar uma família um dia. Eu não posso nem sequer viver ao seu lado todos os dias. Eu sou um shinigami com mais de 50 anos e você é uma humana, tão jovem... – suspirou – Fiquei com medo de te ver novamente e perceber que a Hinamori estava certa, então eu fugi. Mas então, hoje, quando fui a sua casa e te vi...

Hitsugaya sentiu sua mão ser apertada pela de Karin, sobre as lágrimas que já haviam caído – O quê? – perguntou.

– Eu descobri que... – virou o corpo de Karin, de modo que pudesse ver seus olhos, que estavam lacrimejando, e seu rosto corado. Os olhos turquesa encontraram as negras obsidianas – Eu gosto de você. – encostou a testa na da garota e cerrou os olhos. A proximidade era mínima. Karin fechou seus olhos também, esperando a distância existente acabar – Daisuki, Karin.

Aquela fora a primeira vez que Hitsugaya a chamara de Karin, mas não foi este fato que tornou o momento especial. Aquela pequena aproximação de seus lábios já não existia mais. O shinigami depositou apenas um leve beijo nos lábios da garota, com medo de que, se talvez fosse um pouco mais prolongado, assustasse-a. Continuou com a face próxima a de Karin por alguns segundos. Aquela hesitação valeu a pena. Antes que pudesse abrir os olhos, sentiu seus lábios serem tocados novamente pelos de Karin. Desta vez, porém, o beijo não fora terno e leve, mas sim forte e apaixonado. Enlaçou a cintura da garota com mais força, puxando-a para mais perto de si. O beijo durou pouco tempo. Ou durou muito? Não sabiam, só o que importava era a sensação de quente e frio que unir seus lábios causava. Após se separarem, seus olhos se encontraram novamente. Olhares cheios de palavras que não conseguiam ser ditas.

– Toushirou, - Karin tomou coragem para iniciar algo - Me promete uma coisa? - olhava para o lado com o canto dos olhos, tentando esconder sua vergonha de pedir algo para o shinigami.

– O quê? - perguntou com um sorriso. Era fofo vê-la daquele jeito.

– Não desapareça desse jeito mais. - voltou a fitar os olhos de Hitsugaya. Seu olhar transparecia toda a ansiedade que a garota possuía pela resposta.

– Prometo. - abraçou a garota. Achou-se um pouco imprudente ao responder tão prontamente algo como aquilo. Não era tão fácil assim, havia um milhão de coisas que poderiam impedir que o capitão realizasse aquela promessa. Contudo, percebeu que lutaria até o último segundo para poder sempre estar com ela. É, talvez não só gostasse da morena...

– Ah! quase me esqueci. - Hitsugaya afastou a garota de perto do seu peito - Não te dei nenhum presente de aniversário.

– Não se importe com esse tipo de coisa. - coçou os cabelos. Realmente, parecia que não ligava.

Realmente, parecia que Toushirou não escutara uma só palavra. Tateava os bolsos a procura de algo murmurando coisas como "Droga, onde eu coloquei?". Karin apenas observava sorrindo. Normalmente, o shinigami possuía tudo sobre controle. Só de vê-lo um pouco confuso já fazia Karin sorrir. Era fofo. Nem se lembrava do quanto apreciava ver seu capitão assim. No fim, ela que esquecera das coisas. Riu consigo. Então, percebeu. S-seu capitão?! Antes que pudesse ficar vermelha, Toushirou exclamou um "Encontrei!".

– Eu não tinha tirado. - coçou os cabelos rebeldes um pouco envergonhado - Aqui. - retirou um cordão de seu pescoço, transferindo-o para o de Karin.

Ela olhou para o pingente na ponta do colar e ficou maravilhada. Hitsugaya percebeu que os olhos da garota brilharam por algo que ele considerou um singelo presente. Não era comum ver a garota gostar de algo tão feminino, então um simples olhar como aquele já lhe era especial. Era fofo. O pingente também, de acordo com a Kurosaki. Era um belíssimo floco de neve feito, aparentemente, de gelo. Parte do deslumbre vinha do fato de ter sido feito por Hitsugaya. Ele não disse, mas ela sabia. Era delicado demais para vir de uma simples loja. Ou de um simples humano. Ou até mesmo de um simples shinigami. Sentia Hitsugaya ao segurá-lo. Parecia-lhe mágico.

– Não deve quebrar. - foi interrompida de seus pensamentos - Eu fiz para te dar no seu aniversário do ano passado. - corou.

– Como você sabia? - perguntou confusa, mas logo soltou um "Ah!" ao lembrar do dia em que Toushirou passara a noite em sua casa e, consequentemente, conversara com sua irmã mais nova - Bem, obrigada, Toushirou. - corou também.

Como podia parecer tão fofa?! Antes que a garota percebesse o rosto vermelho como pimenta do capitão, ele a segurou pelos ombros e começou a caminhar - Venha, vou te levar para casa.

Ainda, como podia ser tão fofa?

–-- xXx ---

Hitsugaya deixou Karin na porta de sua casa. Talvez não fosse seguro entrar. Talvez houvesse um Isshin maluco acordado. Talvez Jinta ainda estivesse ali. Talvez... É, havia muitas possibilidades. Karin já estava segura e isso era o que importava. Despediu-se com um beijo e esperou até a morena fechar a porta. Preparou-se para ir embora, no entanto sentiu algo cair em sua cabeça. Olhou para o chão e viu... Amanato? Olhou para cima, então, e viu algo no telhado. Ou melhor, alguém. Observou melhor e constatou que era Isshin. Resolveu subir. Era a hora perfeita para conversar. Ou talvez Isshin só estivesse bêbado jogando amanato nas pessoas que passavam. Em ambos os casos, era melhor subir.

– Yo! Toushirou. Faz tempo que não te vejo. Senta, eu trouxe amanato. – olhava para o horizonte.

Hitsugaya sentou no telhado. Não sabia o porquê, mas estava calmo. Sua ira, de horas atrás e que durara anos, havia desaparecido. Talvez ficar aquele tempo com ele e ver que seu capitão ainda era o mesmo idiota afetara suas emoções. Ou talvez fosse porque acabara de ter um ótimo momento com Karin. Sua face corou ao pensar nisso., fato que não passou despercebido.

– Ne, Toushirou, você não está tendo pensamentos esquisitos sobre a minha filhinha, está? – olhou com sua típica cara idiota para Hitsugaya.

– C-claro que não, seu pervertido! – empurrou aquele rosto irritante para longe de si.

– Se for fazer algo, use camisinha. – fez um sinal de joia para Toushirou. A frase não foi muito bem-vinda e Isshin pode perceber isso ao ser socado e arremessado para fora do telhado. Não demorou para subir novamente com o nariz sangrando – V-você ficou mais forte, Toushirou. – fez outro joinha enquanto segurava o nariz com a outra mão.

Hitsugaya apenas suspirava com toda aquela agitação por parte do mais velho.

Só havia o barulho de mordidas e respirações.

– Ne, Toushirou, - chamou a atenção do garoto para si – acho que eu devo desculpas. Estou demorando um pouco mais de dois dias para voltar, não é? – soltou um pequeno riso.

Hitsugaya ainda não falava nada. Poderia soltar algo estúpido se abrisse a boca.

– Mas, pelo menos, agora você sabe o porquê. – sem resposta ainda. O Kurosaki, porém, entendia. Aquilo era realmente tenso. Sentiu que precisava dizer um pouco mais, pelo menos – Ela salvou a minha vida e eu acabei me apaixonando por ela. – riu – Depois vieram as crianças e as lutas e ficou difícil de voltar...

– Foi melhor assim. – Hitsugaya o interrompeu – Eu pude me tornar capitão. – soltou algo baixo, parecia uma risada – E o senhor, o pai do salvador da Soul Society.

Ambos riram.

– Eu sabia que você ia se tornar o capitão do nosso esquadrão, por isso não me preocupei tanto quando o deixei.

– A Matsumoto que não seria. – pensou.

– Se bem que... A Matsumoto que não seria. – Isshin disse rindo – A propósito, - olhou sério para o pequeno – como andam 'eles'? – fez sinais em frente ao seu peito soltando algo como um "boing, boing".

Hitsugaya teve vontade de jogá-lo para fora do telhado novamente.

– Você já está na idade de reparar nesse tipo de coisa, Toushirou! – continuou olhando sério para seu ex-subordinado. Estava corando cada vez mais. Aquela cara de Isshin era realmente irritante – Eu sei que você reparou nos da Karin-chan, eles realmente cresceram muito nesse último ano.

Pronto! Isshin voara para fora do telhado novamente. 'Que tipo de pai faz um comentário como esse?!' pensava enquanto esfriava o rosto que ficara bem vermelho após pensar no que o velho havia falado. Realmente, haviam crescido muito.

Aquela conversa estava indo surpreendentemente bem aos olhos de Toushirou. Lembrou-se de seus tempos juntos, quando Isshin era o capitão. Naquela época, as coisas também eram assim. Sentia como se estivesse vivendo um deja vu! Só que com mais comentários sobre peitos. É, Isshin era o mesmo. Sorriu ao pensar nisso.

Viu seu ex-capitão subir no telhado novamente e deixou de lado aqueles pensamentos. Concentrou-se em ficar sério de novo, antes que o Kurosaki percebesse o rubor ou o sorriso. Não daria esse prazer para ele.

Apesar do bom modo como aquela conversa acontecia, algo incomodava Toushirou. Não que ele quisesse muito falar sobre isso, mas Isshin ainda não havia falado nada sobre Karin. Nada sério pelo menos. Esperava todo tipo de conselho, advertência ou até sermão. Não sabia se tocava no assunto, se mostrava que suas intenções eram boas, se... Caramba! Havia se tornado um "pretendente" de verdade agora! Como pretendente, o que deveria falar primeiro? Deveria pedir permissão? Afinal, Isshin era de uma família nobre da Soul Society! Mas, primeiro, precisava ouvir o provável sermão. Preparou-se para o pior e abriu a boca para falar algo, contudo não conseguiu continuar.

– Se você quer saber sobre a Karin, - foi mais rápido – eu não vou dar nenhuma bronca ou sermão. – aquilo surpreendeu o jovem, mas logo percebeu. Era Isshin – O Ichigo provavelmente já te disse para não meter ela em problema, mas, sabe, eu não ligo. Você se tornou forte e responsável o suficiente para se tornar um capitão, mesmo sendo tão novo. Deve saber proteger minha filha. E nenhum dos dois é criança mais, apesar de ser tão triste para mim. – fingiu chorar – A Karin-chan sabe as consequências de manter um relacionamento com você. E ela é forte o suficiente para aguentar elas.

Hitsugaya ficou feliz ao ouvir aquilo. Não era o que esperava, nem chegava perto. Aquilo fora realmente reconfortante. Afinal, sua opinião era muito importante! Ele era o pai de Karin e, mesmo com o tempo, uma das pessoas mais importantes para Toushirou.

– Obrigado.

– Não agradeça. Você vai ter que dar duro ainda. Vai ter que fazer minha Karin-chan sempre feliz. – Isshin não estava fazendo cara de idiota, apesar do momento. Estava até parecendo um pai legal. Pena que durou tão pouco! Logo ele abraçou Toushirou – Não acredito! Meu filhinho voltou para casa! – disse chorando – Agora você é meu 2º filho. Mas não fique com ciúmes, o Ichigo é meu filho imprestável mesmo! – aquilo já não era um abraço. Afinal, um abraço não esconde a cabeça de uma pessoa e não a deixa estabanada procurando ar.

Não demorou muito para Hitsugaya ir embora. Teria sido consideravelmente mais rápido se Isshin não tivesse feito drama. Muito drama. O Shiba não permitiu que Hitsugaya se despedisse e afirmou que nunca permitiria. Era um sinal de que poderia não voltar mais. Por fim, intimidou-o e ameaçou-o um pouquinho. Mas, como Isshin mesmo disse, era só para manter o costume de sogro.

Toushirou caminhava até a Loja Urahara, pensando em todos aqueles muitos acontecimentos do dia. Havia sido uma loucura. Uma boa loucura, porém. Isshin ficara sentado mais um pouco no telhado, observando o nada.

– Talvez, - conversava consigo – eu volte logo, Matsumoto. – levantou um copo de sakê para o céu – E quando eu voltar, vamos dar muito trabalho pro Toushirou, ne? – sorriu, antes de descer e voltar para sua vida humana. Pena que duraria tão pouco tempo. Mal sabiam, ex-capitão e ex-subordinado, que uma guerra os estava esperando.

FIM


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Notas finais do capítulo

Eis que estou aqui novamente! E provavelmente isso vai sair longo também. Por que eu não consigo resumir mais as coisas?!
Sem jorração de sangue do miocárdio dessa vez!
Notas:
1 - Sobre a declaração HitsuKarin: gente, como isso mudou com o tempo! E como foi tenso para eu escrever! No início, era só uma subidinha até o quarto, uma declaraçãozinha, um beijinho e o colar. Mas percebi que não tinha explicação para o sumiço de um ano do Hitsu. E eu odeio quando eu deixo buracos assim. Daí, surgiu a ideia de colocar a Hinamori ali no meio. Fiquei pensando um pouco e resolvi que ela daria o sermãozinho básico. Sabe-se lá quando, tirei eles do quarto e coloquei eles na rua. Sabe-se lá mais quando ainda, fiz a cena ficar totalmente tensa! Mas adorei! Porééém, foi terrível escrever ela. Foi bom, porque adoro escrever dramas e cenas carregadas de sentimentos, mas foi ruim, porque a fanfic estava vindo repleta de comédia! Era Isshin animadíssimo, Yuzu nervosíssima, Jinta precisando de doação de sangue e, 'de repente', essa tensão HitsuKarin! Mas, eu acho, que valeu a pena o esforço da mudança de cenário.
2 - Não faço beijos com línguas batalhando e sendo separadas apenas pela falta de ar. Sorry, mas não gosto.
3 - Isshin, para mim, é quase como uma classificação. Homem, mulher, Hideyoshi e Isshin.
4 - Sou semi-hater Hinamori, ela só ficou mais legalzinha aqui.
5 - Revelar que o Isshin é um Shiba é spoiler, eu acho. Por isso, o aviso.
6 - No fim, quis fazer um semi-Isshin&Matsumoto, porque sou forever Isshisaki (é assim?), MAS gosto dos dois juntos também.
7 - Último! A surpresa! Bem, se esta autora tomar vergonha na cara e escrever com mais frequência, logo teremos mais HitsuKarin! Wheee~~ Ta, não é só isso, não façam cara de 'ah, é só?'. Me considero uma Na verdade, essa fanfic só surgiu por causa de outra fanfic. A intenção é criar uma 'Saga Happy HitsuKarin', sendo esta a primeira e tendo mais outras duas. Uma tem, atualmente, 4 capítulos (originalmente, era one-shot) e a outra é one-shot (por enquanto). Cada uma é um final alternativo desta aqui. Há a possibilidade de surgir outra one-shot, uma sobre a parte que eles comentam o Valentine's Day. MAS, talvez leve um tempinho. Vou tentar escrevê-las mais rápido, mas elas vão ser escritas! Com certeza! Então, aguardem que "logo" trago mais fanfics!!
Qualquer coisa (dúvidas, críticas, elogias, blábláblás de HitsuHinas, ...) mandem nos comentários. Obrigada por lerem! Beijos!



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