Amor sem Compromisso escrita por BecaM


Capítulo 38
I Did...


Notas iniciais do capítulo

Desculpa pela demora... Espero que gostem do capítulo, acho que sem dúvida esse foi o que eu mais gostei de escrever.



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POV Ally

Acordei antes de Austin, eu não me lembro muito da noite passada, acho que bebi um pouco mais do que o de costume (que é uma garrafa de cerveja apenas).

Levantei do sofá, e percebi que ele estava sem camiseta. Nada de mais.

Andei até a cozinha e olhei o relógio. Meio dia e quarenta.

Eu ainda estava vestindo a roupa do dia anterior. Subi para o meu quarto, entrei no banheiro e tomei um banho. O gosto da cerveja ainda estava na minha boca…

Quando saí do banheiro, deparei-me com Austin sentado na minha cama. Só para constar, eu não estava nua, eu estava já com as roupas intimas. Andei até o armário e tirei de lá, uma camisa velha, e a vesti. Depois, andei até Austin, que disse:

– Você é linda, sabia?

– Eu não acredito.

– A beleza está nos olhos de quem vê.

– E o que você vê?

– A garota que eu amo.

Eu sorri e o beijei.

– E você? O que vê? - disse ele.

– Um garoto bobo, chato, convencido e lindamente meu.

Ele riu.

– Eu te amo. - falei.

– Eu também te amo.

– Eu tenho que sair. - lembrei.

– Por quê?

– É fim de semana e o movimento da loja vai estar muito grande, a Kira não vai cuidar de tudo sozinha.

– Posso ir com você? Posso ajudar.

– Ajudar a me desconcentrar. - ele mostrou a lingua - Ok, pode ir. Mas só se ficar no seu canto. Quando eu terminar de atender a todos eu fico com você.

– Ok.

– Só vou terminar de me arrumar e já saímos.

– Eu te espero lá embaixo.

– Ok.

Abri novamente o meu armário de me vesti mais adequadamente: suéter vermelho, calça e casaco pretos, botinha bege e uma trança com um gorro azul (não achei meu gorro vermelho :( )

Assim que já estava pronta, desci as escadas e saí de casa, Austin já me esperava no carro. Ele sorriu ao me ver. Joguei as chaves para ele e entramos.

O caminho foi breve, como sempre. Quando chegamos, Austin disse que ia dar uma volta no shopping enquanto eu ficava na loja, eu concordei.

Kira já estava na loja, eu só tive o trabalho de ficar no balcão e cumprimentá-la.

(...)

Já eram quase seis horas e Austin ainda não voltara. Kira já havia ido embora e eu estava no sofá da sala de ensaio descansando.

De repente, ouvi um barulho na porta. Uma batida.

– Quem é? - perguntei.

– A sua baixinha favorita e o seu ruivo pateta. - disse a voz de Trish.

Abri a porta no mesmo instante. Eu os abracei com força, eles fizeram o mesmo.

– Senti tanto a falta de vocês! - falei ainda abraçando-os.

– Nós também.

Quando nos separamos, ambos me olharam dos pés a cabeça, acho que estavam se acostumando a me ver “magra” novamente, quero dizer, “não grávida”.

– Você está… - disse Trish.

– Magra? Sem a barriga? É estou.

– Eu ia dizer diferente. - completou ela.

– Só estava brincando.

– Você tá bem? - perguntou Dez - Digo, depois daquilo…

– Sim. Eu entrei pra faculdade, fiz alguns amigos…

– É, nós soubemos. - disse Trish, ela parecia desconfortável.

– Ta com ciúmes? - falei.

– Sim, ué! Eu saio do país por um ano e do nada o meu namorado e a minha melhor amiga criam um grupinho de amigos!

Eu ri.

– Não precisa se preocupar Trishina, você é única. Nunca iriamos de substituir.

– Bom mesmo.

Sentei novamente no sofá, mexi na minha bolsa e peguei meu celular. Nenhuma mensagem.

– Algum problema? - perguntou Dez.

– Mais ou menos. Na verdade eu não sei, o Austin sumiu.

– Simplesmente sumiu?

– Não. Ele disse que ia dar uma volta e não apareceu mais.

– Estranho.

Resolvi ligar para ele.

Caixa postal.

– Tem alguma coisa errada. - murmurei.

Será que ele está na minha casa? Ou na dele?

– Gente, desculpa. - falei pegando a minha bolsa e me levantando - Alguma coisa está muito estranha. Eu vou pra casa ver se o Austin está lá.

– Quer que a gente vá junto?

– Não precisa. Só… Me avisem se ele aparecer.

– Ok.

– A gente se fala.

Saí correndo da loja até o estacionamento. Meu carro ainda estava lá. Ainda bem que eu estava com as chaves… Entrei e dirigi até a minha casa.

Durante o percurso, imaginei todas as coisas que poderiam ter acontecido: ele poderia ter sido sequestrado, poderia ter ido para casa ou esquecido de ir pra loja, ou… Arg! Não, o Austin sabe se virar sozinho. Eu acho...

Assim que cheguei na minha rua, percebi que as luzes da minha casa estavam apagadas, mas as da casa dele não. Corri até a porta e bati. Mimi abriu com um sorriso no rosto.

– Ally, querida!

– Oi Mimi, eu… O Austin tá aí?

– Não, mas ele passou aqui mais cedo. Disse que tem uma coisa para você lá no quarto dele.

– Obrigada.

Subi as escadas e entrei no quarto dele. Não havia nada de diferente. Olhei na cama, na cabeceira, no armário, nas estantes, na mesa… Espera. Encontrei um papel na mesa, mais especificamente um bilhete.

“Eu sei que você vai me matar por ter sumido, mas é por uma boa causa. Você acaba de começar a jogar um caça ao tesouro. Em cada papel com dicas haverá duas silabas ou partes de uma palavra no verso, ao terminar o jogo, essas silabas formarão uma frase e você terá que descobrir que frase há nos papéis. Observação: As silabas não estarão necessariamente em ordem. Boa sorte. 1ª dica: Você se lembra de onde eu te pedi em namoro, a vez em que você aceitou? Mas se lembra de onde nos encontramos naquele dia? Vá para este local e achará a próxima pista.”

Ele só pode estar brincando. Olhei o verso do papel, estava escrito “MI”. Saí do quarto dele e desci as escadas. Tentei lembrar do dia em que ele me pediu em namoro. Foi no dia do acampamento. Nos encontramos na casa dele para uma festa. No quarto dele não estava, na sala… Nada.

Dei uma olhada no corredor. Nada. Saí da casa dele e procurei no jardim. Rá! Bem escondido em meio as plantas havia outro papel.

“Viu? Não é tão difícil assim. Para achar a terceira dica vá ao local onde nossa história começou.”

No verso estava escrito “QU/CA”.

Essa dica é fácil. A Sonic Boom. É onde começamos a parceira.

Voltei para o carro e dirigi de volta para o shopping. Andei até a loja, Dez e Trish ainda deviam estar lá. Procurei no andar de baixo alguma pista. Nada. Na real, eu já estava ficando irritada com isso. Eu aqui desesperada com ele, que me inventa um caça ao tesouro? Só amando muito mesmo ele para aturá-lo.

Quando eu estava prestes a subir as escadas, vi outro papel colado na parede.

“Pelo que eu vejo, você é boa de memória. Para encontrar a quarta pista, vá para o inferno que aturávamos na adolescência.”

No verso: “SAR / CO”

Inferno? Essa eu não entendi. Bem, vamos pensar. A única coisa que o Austin odiava mais do que livros com mais de 50 páginas, era… Matemática! Marino High School!

Corri de volta para o carro. Na boa, essas idas e vindas estão me irritando. Ainda bem que o colégio não é tão longe assim.

Ele não mudou nada, o pátio continuava verde e florido, os bancos intactos, a escultura do diretor toda pichada e cheia de chiclete… Ah, bons tempos…

Desci do carro, fiquei

mais tempo olhando o local do que procurando a pista.

Pude ver Austin,Trish, Dez e eu saindo pela porta principal, ambos com as mochilas nas costas e um sorriso no rosto. Austin e eu de mãos dadas, Trish sorrindo para nós e Dez passando o braço em volta dela, e por fim, Trish espancando o Dez por tentar abraçá-la.

Bons tempos…

Andei até a porta principal e encontrei um dos papéis:

“Bons tempos, né? Fiquei quase uma hora olhando este lugar quando cheguei. Para encontrar a quinta dica vá para o local onde você dormiu após uma discução nossa...”

No verso estava escrito: “ER”

Nossa. Ele é muito bom de memória. Aposto que pediu ajuda para alguém…

Mas a questão é: onde eu dormi depois de qual discução?

A única discução que tivemos na adolescência foi por causa da Kira, quando o Dez me encontrou no… Parque.

Burra! Burra! Burra!

Sorte minha que o parque é na rua da frente.

Atravessei a rua e andei até o parque.

Não foi nem preciso procurar a pista, estava no arco de entrada.

“Parabéns! Você completou o caça ao tesouro! Esta é a ultima silaba, para entender melhor do que se tratava este jogo, vá para o palco de shows ao ar livre. Não esqueça de montar a frase!”

No verso havia: “GO?”

Enquanto andava até o palco, eu fiquei tentando montar a frase. Peguei meu celular e anotei as silabas:

MI / QU / CA / CO /SAR / ER / GO?

A maioria das frases não fizeram sentido. Na verdade, nenhuma das frases fez sentido algum. Estava me perguntando a razão desta brincadeira… mas nada me veio em mente.

Eu não era boa com anagramas, e isso era evidente.

Finalmente cheguei no palquinho. Havia uma banda e uma pequena multidão na frente do palco. O microfone era o único instrumento em que ninguém chegava perto. Quando eu cheguei perto da multidão, grande parte das pessoas olhou para mim.

Eu realmente não entendi o que estava acontecendo.

Logo, uma figura loira subiu ao palco e se posicionou atrás do microfone. Austin. O que ele estava aprontando, meu Deus?

Voltei a tentar descobrir qual frase ele havia escrito…

Por incrivel que pareça, minha mente estava mais aberta agora.

Depois de três tentativas falhas, eu consegui resolver o anagrama.

“QU/ER/CA/SAR/CO/MI/GO?”

Olhei para Austin sem compreender, ele olhou para a banda e a música começou:

https://www.youtube.com/watch?v=oYtGdgDHbPI

Durante a música, a multidão dividiu-se em duas, abrindo caminho para que eu passasse, e assim eu fiz. Eu estava a três metros do palco, Austin cantava me olhando fixamente. A multidão fez um semicírculo em volta de mim, de forma que o caminho entre Austin e eu ficasse livre.

Olhei em volta, e senti uma raiva misturada com emoção. Dez estava perto de mim filmando tudo. Trish ao lado dele abraçada com Frank. Do outro lado, Gary, Spencer, Penny, Kate e Hailey me olhavam sorridentes.

Que raiva deles! Arg! Todos sabem que eu odeio surpresas! Mas tenho que admitir, essa é a melhor surpresa que eu poderia ter ganho…

Ao finalizar a música, Austin desceu do palco e andou até mim. Mostrei os papéis com as dicas e disse:

– O que significa isso, Austin?

Ele sorriu timidamente olhando para o chão. Fala sério, eu é quem devia estar envergonhada aqui. Todos sabem que eu odeio ser o centro das atenções.

Austin olhou em volta, sorriu para mim e fez um movimento para se ajoelhar, eu disse:

– Austin, não brinca com isso.

Já ajoelhado ele tirou uma pequena caixinha do bolso, e eu disse:

– Eu não to brincando. Levanta.

Ele não me ouviu. Austin abriu a caixinha revelando um pequeno anel.

– Austin… - falei.

– Ally Dawson. - disse ele me interrompendo.

– Para… - murmurei.

– Quer casar comigo?

– Austin… - murmurei.

– Eu não queria ter que fazer isto, mas vou. Eu sei que não tenho moral para te garantir felicidade eterna ao meu lado depois de tudo o que passamos da adolescência, até aqui. Mas você pode me garantir felicidade eterna, apenas dizendo uma palavra de três letras ou uma frase de duas palavras. Eu te amo, e ninguém…

– Austin, para! - falei alto.

Ele me olhou ainda ajoelhado. Seu sorriso passou de envergonhado para confuso.

– Eu não… - minha voz falhou - Merda! - murmurei.

Dei meia volta e saí correndo em meio a multidão. Saí do parque e entrei no meu carro, liguei o mesmo e dirigi em direção a minha casa.

Isso não podia estar acontecendo comigo. Não agora. Eu amo o Austin, mas acho que ainda não superei o Jake…

Minha experiência com casamento foi horrível com Jake, imagine com Austin.

Minha cabeça doía de tanto pensar. Arg!

Merda! Merda! Merda!

Cheguei em casa e corri para o meu quarto. Tomei uma ducha e vesti um pijama qualquer. Peguei meu edredom com listras vermelhas e azuis, e desci as escadas até a sala. Sentei no sofá já enrolada no edredom.

E lá estava eu, enrolada em um edredom boçal em plena sexta-feira pós Natal, após rejeitar um pedido de casamento do garoto que eu amo. Só falta sorvete e lenços de papel para acompanhar.

Tudo o que eu peço para este dia, é que tudo tenha sido apenas um sonho, que eu acorde em Sidney, poucos dias antes de Jake e eu começarmos a sair, para que eu possa refazer tudo isso…

Algumas horas depois (21:35), ouvi o leve rangido da porta de entrada. Logo, Austin surgiu na luz da sala, ainda com a mesma roupa: camiseta do Pink Floyd, calça jeans, casaco cinza e um gorro azul. Não sei se ele sabe, mas ele fica lindo usando aquele gorro…

Ele me olhou e depois para o chão, tirou a caixinha com o anel do bolso e pôs em cima da mesa. Andou até o centro da sala e disse:

– Acho que entendi o recado…

Na mesma hora, levantei do sofá, larguei o cobertor e beijei o babaca do qual eu podia chamar de meu. Assim que nos separamos eu disse:

– Eu te amo.

– Então por que…

– Eu não disse não. Apenas não estou pronta para isso. Acho que ainda não superei o Jake…

– Já faz quase dois anos.

– Mas eu me senti péssima. Eu não sei explicar, só quero pensar um pouco antes de me decidir.

– Ok. Não vou te pressionar.

Olhei para o chão e sorri. Depois olhei para ele, logo para sua boca e notei o quanto eu queria beijá-lo novamente. Faz dois dias que ele voltou, e eu me sinto uma vadia ao “negar” o pedido de casamento que ele me fez, quando eu aceitei de outro cara… E depois o larguei no altar…

Quando olhei novamente em seus olhos, notei que ele olhava para minha boca também.

Pus as mãos entre seu pescoço e suas bochechas e o beijei. O beijo foi breve, mas então ele me beijou de novo, e de novo e de novo… O beijo passou de delicado para ofegante.

Ele me segurava pela cintura e eu o seu pescoço. Quando notei, estávamos subindo as escadas e ele estava sem camiseta. Ele me encostou na porta do quarto e começou a beijar o meu pescoço.

Eu abri a porta e entramos, ainda nos beijando. Eu me deitei na cama assim como Austin. Quando percebi, eu já estava sem a blusa do pijama e ele sem a calça jeans.

Nada passava pela minha mente a não ser uma única frase que eu queria gritar para o mundo: Eu te amo, Austin Moon!

POV Austin

Acordei perto do meio dia. Eu me recordo perfeitamente da noite anterior, sem mais detalhes…

Hoje eu tenho muita coisa para fazer: Falar com Trish sobre o meu próximo show em Miami, uma sessão de fotos, um Meet&Greet, falar com Dez e Jimmy sobre o meu próximo vídeo e passar um tempo com a minha mãe e minha irmã.

Assim que minha visão se acostumou com a luz que entrava pela janela, olhei para o lado e me surpreendi: Ally já havia ido embora.

Levantei-me, vesti minha cueca que estava na ponta da cama assim como o resto das minhas roupas. Peguei meu celular na cabeceira da cama, uma mensagem, Ally:

“Desculpa ter saído cedo, problema na faculdade. Tem panquecas na cozinha e um presente pra você em cima da mesa, perto do prato. Te amo. Ally.”

Saí do quarto e desci as escadas, andei até a cozinha e logo vi, panquecas, a caixinha do anel e um bilhete.

Sentei à mesa e, enquanto comia as panquecas, li o bilhete.

“Minha mãe sempre dizia que na vida temos que fazer escolhas sobre o que queremos, então escrevi esse trecho de música:

A vida é curta/ Mas os sonhos não são/ Eu rio do passado/ Espero o futuro com a faca na mão/ Defino cada passo que dou/ Minhas escolhas revelam o que eu sou/ E eu escolho você com todos seus defeitos/ E esse jeito torto de ser/ Eu escolho você, destino imperfeito/ Todo carne, osso e confusão...”

Eu realmente não entendi. Então abri a caixinha do anel, para a minha supresa, faltava um, mas havia um pedaço de papel no lugar, havia algo escrito, então eu li:

“Aceito.”


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