Love Poison escrita por Miphos


Capítulo 3
Provocações


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que havia prometido um capítulo extra por conta do último atraso, mas fiquei sem internet esta semana e estava num hotel sem wifi até ontem. ;---; Gomen, gomen. Anyway, boa leitura!



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Anteriormente, em “Love Poison”...

Até porque Sasuke apreciava essa idiotice ingênua, e o fato de não poder negar isso fez com que um quase imperceptível sorriso levantasse os cantos de seus lábios.

– Falando nisso, Naruto, você acha que...

– Sasu-kun! – Exclamou uma voz fina e manhosa, interrompendo a sentença do rapaz de olhos ônix que, ao reconhecê-la, imediatamente teve seu humor deturpado e seu sorriso dissipado.

Era a voz de Sakura Haruno, sua namorada.

De volta ao presente...

– Sasu-kun, finalmente te achei! Estava pensando se você... Oh? – O sorriso da belíssima moça de madeixas rosadas falhou um pouco ao ver que o namorado já possuía companhia, levando-a a esconder o bento embrulhado atrás das costas. Forçando outro sorriso sem graça, focou os orbes esmeraldas no garoto mais baixo. – Não sabia que o Uzumaki-kun era seu amigo, Sasu-kun.

“Sasu-kun”?

Enquanto Naruto abraçava a própria barriga e ria sem pudor algum, o “Sasu-kun” em questão corava embaraçado diante o apelido, imediatamente dando um soco na cabeça do menor que, apesar do grunhido de dor, não deixou de rir.

– Q-Quer parar de rir, usuratonkachi?! Não vejo graça nenhuma, tsc. – Estalou a língua enquanto cruzava os braços, visivelmente incomodado. Encarando a garota presente, estreitou os olhos em irritação. – Acha mesmo que eu seria amigo de alguém como ele? E já disse para parar de me chamar assim, Sakura. Não somos mais crianças. É muito difícil entender isso? – Cuspiu gélido. Sakura, por sua vez, apenas engoliu em seco e desviou o olhar para os pés, entristecida pelo tom que o amado usara consigo.

Independentemente do que fizesse, esse tom nunca mudava.

– D-Desculpe... B-Bem, você gostaria de almoçar comigo? Fiz um bento para você, Sasuke-kun. – Mostrou por fim o pacote delicadamente embrulhado, tentando esboçar o melhor sorriso que conseguia.

Arqueando uma das sobrancelhas negras, o moreno suspirou e pegou a caixinha média, abrindo-a com certo cuidado para não derrubá-la. Após ver o conteúdo, acabou por franzir o cenho e fechá-la novamente, esticando o braço para devolvê-la.

– Você colocou polvo. – Comentou insípido. Notando a expressão confusa da rosada, outro suspiro escapou-lhe e arqueou novamente as sobrancelhas como se o motivo de seu desgosto fosse óbvio. – Eu não gosto de polvo. Além disso, o porco está praticamente cru, e você sabe que não sabe cozinhar, Sakura. Teria sido melhor se você tivesse me dado um bento da loja de conveniência, para falar a verdade. – Finalizou, recebendo um olhar extremamente surpreso de um Uzumaki boquiaberto.

As mãos da Haruno tremiam suavemente ao agarrar-se à saia do uniforme, controlando as iminentes lágrimas que temiam em fazer seus olhos arderem. Era sempre assim; Sasuke Uchiha, seu namorado, jamais aceitara um único bento que fosse feito por ela. Sabia que o rapaz era extremamente exigente quanto ao que comia e que não aceitava nada menos do que a perfeição, então era preciso muita coragem para lhe entregar uma comida caseira. Sakura estava acostumada a suas rejeições duras e à falta de gentileza.

Entretanto, embora soubesse que o sentimento não era recíproco, ela o amava. E o fato de amá-lo era o que mais doía.

– E-Eu como! Eu como seu bento, Sakura-chan, então não chore! – Exclamou o loiro, pegando o almoço com rapidez.

Em meio ao clima de tensão e às lágrimas silenciosas da jovem, a voz exaltada do único alheio no momento quebrou tal sensação, ganhando olhares surpresos do suposto casal. Separando os hashis e pondo uma relativa quantidade de comida na boca, Naruto mal engolira e já comentava o sabor.

– Está mwuito bom, Sawkuraw-chan! – Tentou pronunciar com pouco sucesso, não demorando em agarrar uma quantidade ainda maior de arroz. Ao engolir, mostrou os dentes brancos em um grande sorriso e brevemente abaixou a cabeça para agradecer. – Se não se importar, eu gostaria de ficar com isto.

– Eh? A-Ah, c-claro... – Murmurou a rosada ligeiramente confusa. Satisfeito com a permissão, Naruto abaixou a cabeça mais uma vez e virou-se para ir embora, mas não antes de dar um tapa na cabeleira escura de Sasuke.

– Q-Que merda foi essa, dobe?! – Disse exacerbado o moreno, chocado com a audácia do rapaz. Este, contudo, apenas mostrou-lhe a língua, ato que irritou-o mais ainda.

– Não se nega o presente de uma garota, teme. E o porco está ótimo, para sua informação.

E, com isso, o dono de orbes celestiais nada mais falou, indo de encontro a outro garoto que aparentemente o aguardava frente a maquina de refrigerante. Sem a coragem necessária para dizer algo adicional, o Uchiha soltou um longo e exausto suspiro, afrouxando a gravata do uniforme enquanto virava-se para a namorada cabisbaixa. Massageando o ombro em um ato incômodo, pegou-se olhando por cima deste para ver o colega de cabelos dourados, que ria com o amigo de incomum aparência à medida que o privava do bento caseiro.

Por um lado, sabia que aquelas risadas não significavam nada demais – ele estava com um amigo, então obviamente não estaria de mau humor. Sua mente não ligava para com quem ele se relacionava ou não.

No entanto, por algum motivo, Sasuke não pôde deixar de sentir-se absurdamente exasperado com a cena.

– Vamos indo. – Pronunciou-se por fim, já caminhando para o lado oposto do corredor. A menina, levemente surpresa, apressou o passo para acompanhá-lo e segurou seu braço, entrelaçando suas mãos e contentando-se quando o maior não a afastou, como era bastante comum ocorrer.

– Sasuke-kun, a-aonde vamos? – Perguntou baixinho, tendo as bochechas suavemente coradas ao sentir o aroma perfumado do rapaz.

Rapaz este que jamais seria seu.

– Você disse que queria almoçar, então estamos indo ao refeitório. – Declamou com exaustão, dando a entender o final da conversa. Assim, nada mais fora dito e, com o passar dos minutos, as mãos unidas foram separando-se até nem ao menos tocarem-se.

O que o casal não sabia, porém, era do par de olhos cristalinos que os observava à distância.

[SALA DO CLUBE DE ARTES]

17:20pm – Horário Pós-Aulas

Por incrível que parecesse, o Clube de Artes da KHS tinha exatos oito membros, dos quais praticamente apenas dois compareciam após as aulas: Sasuke, é claro, e um garoto do segundo ano chamado Deidara, que era abertamente gay e não escondia tal preferência, assim como tampouco envergonhava-se por sua excêntrica aparência de “visual kei”. Entretanto, ainda assim Sasuke era o único que continuava a religiosamente aparecer todos os dias.

Após um almoço tedioso e monótono com Sakura, não encontrou energia suficiente como para prestar alguma atenção nas últimas aulas; a cena do Uzumaki rindo e sorrindo com um colega o aborrecia em infinitos níveis. Portanto, não era tão imprevisível o fato de estar guardando os pincéis e as latas de tinta de qualquer jeito nos armários metálicos do clube. Com a jaqueta e gravata do uniforme esquecidas há tempos em uma das cadeiras, Sasuke estalava a língua de forma impaciente com qualquer coisa que estivesse fora do lugar.

“Primeiro o dobe rouba o bento da minha namorada e depois sai rindo com um fulano! Sua educação deve ser de ouro.” – Ponderou consigo mesmo ao fechar um dos armários com desnecessária força, fazendo um relativo estrondo retumbar em seus tímpanos.

– Tsc, porra! – Amaldiçoou em um quase berro, por fim soltando o ar dos pulmões em um único suspiro enquanto apoiava-se à beira da janela e afastava a franja do rosto, exausto. Não entendia o porquê de estar tão aborrecido e incomodado. Sinceramente, não era como se desse muita importância ao bento ou ao fato de ter uma namorada, até porque era contra sua vontade. Mas, já que era assim, por que a atitude do outro o exasperara tanto?

“Sua falta de modos? Sua inconveniência? Sua estupidez? Sua irritante facilidade para dar-se bem com os outros?”

Quanto mais ansiava por uma resposta, mais sua cabeça doía.

– E é por isso que eu digo que você precisa relaxar, cara. Vai acabar criando rugas antes dos quarenta, dattebayo!

Quase que virando o pescoço em um ângulo de cento e oitenta graus, os olhos de Sasuke comicamente se arregalaram com a irradiante presença da origem de seus pensamentos. Revirou-os após piscar algumas vezes e bufou, desolado – a última pessoa com quem queria falar no momento era exatamente a que aparecia.

“Valeu, Deus. Seu senso de humor é de matar.”

Completamente alheio ao conflito mental do pálido adolescente, Naruto aproximou-se e apoiou o cotovelo na beirada em que o outro descansava, repousando o queixo na palma da mão enquanto o fitava em silêncio. Longos segundos que pareceram horas passaram-se até que este tornasse a abrir a boca.

– Então... Você não gosta mesmo de polvo?

O moreno estaria mentindo se dissesse que a pergunta não o surpreendera. Afinal, tinha a plena certeza de que o garoto lhe perguntaria sobre sua relação com Sakura, e não se não gostava de polvo.

O Uzumaki o surpreendia cada vez mais.

Não resistindo uma breve e baixa risada, Sasuke arqueou as sobrancelhas em descrença e puxou a bochecha do outro, subitamente sentindo-se mais à vontade do que nunca, ato este que fez o loirinho dar um sorriso torto graças ao puxão.

– Não, não gosto. Não sou fã de peixes. Por quê? Acaso acha que pode fazer com que eu goste? – Provocou desafiador, puxando sua bochecha com um pouco mais de força antes de soltá-la. Meio atordoado diante a mudança comportamental do colega, Naruto passou a mão no local dolorido, apesar de fazer um biquinho “magoado”.

– Polvo não é a mesma coisa que peixe, teme! E claro que posso, sou o melhor cozinheiro do Japão, hum. – Rebateu cruzando os braços, certo de que o que dizia era a verdade absoluta.

– Do Japão dos seus sonhos, você quer dizer. Aposto que não consegue nem fazer cereal, usuratonkachi. – Alegou com certa ironia. O menor, contudo, fez uma expressão ofendida e deu-lhe um soco leve no braço.

– Um dia desses trarei um bento, e aí você me diz se eu cozinho bem ou não, apesar de eu saber que sou um chef cinco... Não, dez estrelas. – Disse com ar de superioridade, balançando a cabeça para afirmar o comentário.

E Sasuke, surpreendentemente, riu mais uma vez.

– Idiota.

– Estúpido. – Contra-atacou o moço de íris azul, obtendo sobrancelhas arqueadas e olhos ônix estreitando-se em pura diversão.

– Oxigenado.

– Mal humorado.

Dobe.

Teme!

Com ambos tentando mostrar quem “mandava no pedaço”, inflavam os tórax como dois galos disputando território a ponto de terem aproximado seus rostos em relativa distância, restando poucos centímetros para seus narizes se tocarem. Dando-se conta da proximidade, os olhos dos jovens se arregalaram suavemente, surpresos pela mútua indiferença de estar tão próximo ao mesmo gênero.

Engolindo em seco e suspirando, o campo de visão de Sasuke subitamente tornou-se os lábios carnudos e desejáveis do loiro, quase como se estivessem pedindo para serem tomados. Este, por sua vez, possuía a respiração descompassada e nervosa, tendo as bochechas levemente enrubescidas com o estranho clima que agora pairava no ar. Dando uma risadinha, tentou encontrar graça na situação.

– Tentando me intimidar, Uchiha? – Murmurou com um sorriso sutil, traçando a nuca do maior com a ponta dos dedos para causar-lhe tênues arrepios.

– Hm, talvez. Está funcionando, Uzumaki? – Refutou em um riso rouco, lentamente deslizando uma das mãos por sua cintura em carícias.

Não que isso tivesse algum significado para o moreno, na verdade; ele simplesmente não suportava a ingenuidade do rapaz, não suportava a inocência e alegria que seus olhos carregavam. E, depois de hoje, toda a raiva acumulada pelos pensamentos sobre sua pessoa estava vindo à tona.

Então, por que não brincar um pouco?

– Nem um pouco. – Naruto respondeu com o sorriso intacto, inclinando-se sobre o outro e aproximando-se de sua face provocante, de seus lábios perfeitos e finos. Mais alguns milímetros e os tomaria.

Mais um pouco... Apenas mais um pouco...

CRACK!

O barulho estrondoso de latas e pincéis caindo no chão congelou a ambos, forçando-os a separarem-se com rapidez. Percebendo que estavam a salvo, suspiraram aliviados e riram brevemente. Passando os dedos pelas madeixas cor de ouro, Naruto afastou o nervosismo e gargalhou, optando por ignorar o ocorrido. Onde estava com a cabeça?

– Err, b-bem, já está ficando tarde, então... A-Acho melhor eu ir. – Tossiu, desconfortável. – A-Até amanhã!

E, com isso, desaparecera tão rápido como quando aparecera.

Deixado a sós com seus botões, Sasuke permanecera congelado por alguns segundos. Bem, nunca havia estado com homens, mas...

Curvando o canto esquerdo dos lábios em um meio sorriso, tocou-os suavemente com a ponta do polegar e riu, soltando um longo e audível suspiro ao tornar a apoiar-se na janela.

– Até que ele não é tão imbecil, para um usuratonkachi.

O amor é uma infinidade de ilusões que serve de analgésico para a alma.

– Marlon Moraes


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Notas finais do capítulo

DON'T KILL ME PLZ #fogedasfacadas
Sei que fiz uma sacanagem com essa última cena, HUEHUAHE. Porém, quero tratar o desenvolvimento da relação deles com sutileza e delicadeza, como se fosse no mundo real e não como em [risca]quase todos os yaois[/risca] certos animes.
(*Dobe = Idiota | *Teme = Bastardo | *Usuratonkachi = Inútil)
Obrigada a todos que leram, incluindo aos leitores fantasmas, e espero que tenham gostado. See ya ~!



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