Algum tempo depois o doutor Evans voltou e aplicou em Kate uma injeção, ela começou a ficar sonolenta e ele então começou o procedimento, foi bem rápido. Kate ficou inconsciente o tempo todo e quando terminou o doutor disse pra Castle ficar ao lado dela e se certificar de que ela respirava, disse pra ele conversar com ela e depois saiu da sala.

Castle fez o que o doutor disse, ficou chamando-a pelo nome e conversando com ela, mas Kate não acordava.

Ela parecia morta.

A enfermeira voltou para vê-la e Castle perguntou o que estava acontecendo, porque a esposa não acordava.

– Ela vai ficar bem, dê mais alguns minutos – disse Mary.

Castle então continuou conversando com Kate, chamava-a pelo nome, mas ela não reagia. Ele então começou gritar a enfermeira, pois já estava ficando desesperado.

A enfermeira voltou correndo assim que ouviu os gritos dele.

– O que aconteceu? – perguntou ela esbaforida.

– Já faz mais de meia hora e a minha esposa não acorda – disse ele assustado.

A enfermeira respirou fundo, e já mais calma disse:

– Ela esta bem senhor Castle, confie em mim – disse Mary.

– Desculpe, mas eu não confio, ela esta assim a muito tempo. O doutor disse pra eu me certificar de que ela estava respirando. Que tipo de recomendação é essa? Ele devia se certificar de que ela respirasse – disse ele desesperado.

– Esta tudo bem, fique calmo.

A enfermeira foi até Kate e mediu seus batimentos e checou o pulso.

– Ela esta bem, vai acordar logo. É só o efeito do remédio – disse Mary.

– Você me disse isso a meia hora.

– Tudo bem, já que o senhor esta muito preocupado, eu vou dar um jeito.

A enfermeira saiu da sala e voltou minutos depois com um pano e álcool na mão. Ela umedeceu o pano e passou embaixo do nariz de Kate.

Aos poucos Kate foi acordando e se mexendo.

– Viu, ela esta bem – disse Mary.

– Obrigada – ele respondeu.

Ele ficou chamando Kate até que ela estivesse totalmente consciente.

– Ei Kate! Amor acorda – ele ficava repetindo em voz alta.

Kate ainda estava um pouco grogue por conta do remédio, mas estava acordada.

– Graças a Deus ! Eu fiquei preocupado – disse ele dando-lhe um beijo na testa.

Minutos depois Kate estava totalmente lúcida e Mary a ajudou a se vestir.

Antes de irem embora o doutor passou algumas recomendações:

– Ela terá de ficar três semanas sem sexo, sem tomar banho de banheira, sem usar ducha, sem nadar, sem usar qualquer tipo de absorvente, sem correr ou fazer algum exercício físico, sem ficar subindo e descendo escadas e sem pegar peso.

Castle disse que cuidaria pra que ela seguisse todas as recomendações e em seguida foram embora.

Desde que acordou Kate estava em silêncio. No carro, voltando pra casa ela ainda não havia dito nada, estava apenas olhando pela janela, com o olhar firme, no nada. Ela também não havia chorado, estava apenas séria, pensativa. Castle também não falou nada. Ele queria poder dizer algo que justificasse o que aconteceu ou que pelo menos diminuísse o sofrimento, mas ele sabia que não havia palavras para isso, que nada justificaria e nem diminuiria a dor que ela estava sentindo. Uma dor que ele também sentia. Ela era silenciosa, mas devastadora.

Quando chegaram em casa ele ajudou Kate a se acomodar no sofá. Ela ainda estava calada, apenas se sentou e ficou imóvel olhando para o nada.

– Eu vou buscar a Mel – disse Castle.

Kate não respondeu. Castle estava ficando preocupado com isso, mas resolveu dar um tempo, deixar que ela passasse por isso e esperava que quando ela estivesse pronta, ela falaria. Então saiu e foi buscar a filha.

Ele tocou a campainha da senhora Jennings e ela atendeu rapidamente.

– Ah ! Oi Castle... Menina Melanie, seu pai veio lhe buscar – ela gritou.

– Me desculpe a demora senhora Jennings, não pretendíamos...

– Esta tudo bem, não se preocupe, ela não deu trabalho nenhum. E como foi a consulta? – ela perguntou.

Castle abaixou a cabeça e com o olhar triste respondeu.

– Perdemos o bebê.

– Oh! Eu sinto muito – ela falou solidária.

Melanie veio nesse momento segurando Ed, seu coelhinho de pelúcia velho e sujo. Kate já havia tentado jogar fora, disse que ela tinha um de verdade e não precisava mais daquele, mas a menina insistia em dormir agarrada aquele trapo.

– Oi papai!

– Ei meu amor ! – disse Castle beijando-a.

– Obrigada por ficar com ela.

– Não foi nada – a senhora sorriu – ela dormiu a maior parte do tempo, acho que ela vai dormir bem tarde hoje – disse ela sorrindo.

Castle sorriu de volta.

– Muito obrigada mesmo... Agradeça a senhora Jennings e dê tchau Mel.

– Obrigada Lola. Até mais! – Melanie a abraçou.
– Até mais menina – disse a senhora dando-lhe um beijo.

– Obrigada mais uma vez – disse Castle e seguiu pra casa.

– Papai, sabia que a Lola foi dançarina? – perguntou Mel animada.

– Verdade? Eu não sabia.

– Ela me mostrou varias fotos, ela era muito bonita, e ganhou muitos prêmios...

Antes de entrar em casa Castle parou e interrompeu a filha.

– Mel, amor – ele se abaixou – a mamãe esta passando um momento difícil e esta um pouco triste, então seja boazinha com ela.

– Porque a mamãe esta triste?

– Ela perdeu o bebezinho que ela estava esperando.

Melanie abaixou a cabeça e não disse nada.

– Seja boazinha com a mamãe e não faça bagunça, ta?

– Ta bom papai.

Os dois entraram no loft e viram Kate sentada no sofá, estática, ainda do mesmo jeito que Castle a havia deixado. Ele não sabia o que fazer, Kate não falava e nem chorava, nem mesmo se mexia, ele estava dando o tempo que ela precisava, mas realmente estava ficando preocupado.Ele então disse a Mel para ser gentil, foi a geladeira e depois subiu para alimentar o coelho.

Melanie foi até a mãe em silencio e sem dizer uma palavra a abraçou. Ficou ali, abraçando a mãe sem nada a dizer.

Assim que a filha a abraçou Kate não conseguiu mais conter o choro que estava preso em seu peito desde que ouviu que seu bebê estava morto. As lágrimas começaram a rolar em seu rosto descontroladamente.

Quando Castle desceu encontrou s duas abraçadas no sofá, sem nada dizer, apenas com Kate chorando muito. Ele ficou parado ali as observando. Kate então sem dizer nada, estendeu o braço pra ele o convidando a se juntar a elas. Ele caminhou até elas e os três ficaram ali, juntos.

Depois de uns minutos Melanie sussurrou no ouvido da mãe.

– Mamãe eu sinto muito, me desculpa – disse ela com uma vozinha triste.

Kate então diminuiu e choro.

– Não tem que se desculpar querida – disse ela.

– Mas culpa foi minha, o bebê morreu por minha causa.

– É claro que não meu amor, não foi culpa sua.

– Mas eu disse que não queria um irmão e o bebê morreu...

– Filha a culpa não foi sua, não foi culpa de ninguém – Castle falou.

– Pipoquinha, não se preocupe meu amor, você não teve culpa e vai ficar tudo bem amor.

Eles ficaram mais um tempinho ali abraçados e depois Kate foi tomar um banho e Castle colocou Mel para tomar banho e preparou algo para comerem. Depois do jantar Castle colocou Mel para dormir e foi se juntar a Kate no quarto.

Durante a noite Castle pode ouvir Kate chorando baixinho. Ele simplesmente a abraçou e os dois dormiram.

Na manhã seguinte ele acordou e Kate ainda dormia. Preparou o café da manhã e quando ele levantou pode perceber que ela estava melhor. Ela tomou seu café e ligou para Lanie, que havia ligado um milhão de vezes no dia anterior. Contou o que aconteceu e a amiga disse que lhe visitaria a noite. Kate ligou para os meninos também, pois esses também havia ligado muitas vezes. Castle ligou para Alexis e Martha e em seguida ligaram para Jim contando tudo. Todos ficaram muito tristes com a noticia e disseram sentir muitíssimo.

A noite quando Meg chegou com Mel eles contaram a ela durante o jantar.

– Oh Kate, eu sinto muito! – disse Meg a abraçando.

Algumas lágrimas ameaçaram cair, mas Kate as sufocou.

– Não era o momento – disse ela.

– Logo vocês poderão tentar de novo – disse ela.

– Nós vamos – disse Castle sorrindo.

– Sabe, queria apresentar meu namorado a vocês – disse Meg mudando de assunto.

– Isso seria bem legal – disse Kate sorrindo.

– Já passou da hora – disse Castle.

– Então, estava pensando em marcar na semana que vem. Esta bom pra vocês ? – perguntou ela.

– Semana que vem esta ótimo – disse Kate.

– É só nos avisar o dia e o restaurante – disse Castle.

– Pode deixar. Agora preciso ir – disse Meg.

– Mas já ? – perguntou Castle.

– Sim, amanhã tenho que ir trabalhar bem cedo.

– Então boa noite – disse Castle.

– Boa noite – ela respondeu.

– Boa noite querida – disse Kate.

– Deem um beijo na Mel. Tchau!

Meg foi embora e depois de umas meia hora eles foram dormir.

Novamente a noite Castle pode ouvir Kate chorando baixinho e novamente ele só a abraçou e os dois foram dormir.

Na manhã seguinte ele se levantou e Kate ainda dormia e quando ela levantou estava bem disposta e arrumada para ir trabalhar. Era ela dizendo que já estava bem.

Kate foi trabalhar, mesmo com Castle tentando fazê-la desistir da ideia, mesmo ele dizendo as recomendações do medico o tempo todo, mas ela não desistiu. Kate foi trabalhar, decidiu que não deixaria que isso afetasse a sua vida a ponto dela deixar de fazer todas as coisas que gosta. Decidiu que apenas passaria por isso, que sofreria, mas que não desistiria.