A Verdade Sobre Nós escrita por sayuri1468


Capítulo 6
Adeus, Molly Hooper!




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/529512/chapter/6

– Molly, por favor, pode ficar de olho nele?

Foi à primeira coisa que John me disse, assim que cheguei ao hospital.

– Não vai ficar? – estranhei.

– Tem uns assuntos que preciso resolver! – e olhou de esguelha para Mary – Por favor, fique aqui, para que ele não fuja de novo!

Concordei e John, pegando Mary pela mão, foi embora. Confesso que estava confusa com tudo o que estava acontecendo, mas obedeci. Sabia que John estava certo, se Sherlock ficasse mais dois segundos sozinho, ele provavelmente tentaria fugir de novo. Entrei no quarto e sosseguei. Ele estava dormindo. Depositei minha bolsa silenciosamente no balcão e chequei seu prontuário. Pelo que li, ele estava fora de perigo, então, suspirei aliviada.

– Você não é a minha médica! – ouvi sua voz dizer de um jeito moribundo. Deveria estar com a morfina alta.

– Não sou médica, Sherlock, sou legista! E pelo que John me contou, você quase foi parar na minha mesa!

Chequei a quantidade de morfina, e vendo que estava alta demais, abaixei dois pontos.

– Não! – ele protestou, sentando na cama bruscamente. Mas eu lhe lancei um olhar que fez com que se calasse imediatamente.

Sentei-me no sofá de frente para a cama, e não disse nada, apenas o fiquei encarando.

– Você parece brava! – ele disse – Fiz alguma coisa?

Eu estava brava, era verdade, mas não era necessariamente com ele. Estava brava, pois quase o perdi, e isso não era um assunto no qual desejava falar. Ele já havia me rejeitado antes, então, de que adiantaria abrir meu coração novamente?

– John saiu! – informei, tentando desviar o assunto.

– Imaginei que sim!

Silêncio. Profundo, longo e incomodador silêncio. Sherlock se deitou, e durante alguns longos minutos, nenhum de nós disse nada.

– Foi por conta de um caso! – ele falou de repente, e vendo que eu não compreendi, explicou – As drogas!

– Eu gostaria que você parasse de tentar se matar por conta dos casos! – respondi sem pensar. – E que você parasse de usá-los como desculpa pra isso!

Estava séria e distante. A verdade é que queria abraça-lo, ao mesmo tempo em que queria esbravejar com ele. Minhas emoções estavam uma montanha russa, e eu estava me esforçando bravamente para controla-las.

– Quantas vezes você acha que pode enganar a morte? – perguntei.

– Tenho me saído muito bem até agora! – foi uma brincadeira, e ele até sorriu, mas vendo que meu semblante continuava sério, ele parou. – Eu te deixei preocupada, me desculpe!

– Preocupada?! – nesse ponto, admito que já estava perdendo um pouco o meu controle – Sherlock, você não me deixou preocupada, você me deixou em um estado que eu nem sei se tem nome!

Respirei fundo e olhei para o outro lado. Eu tinha que me acalmar, não importava o que acontecesse, eu tinha que permanecer forte. Senti que precisava sair da sala por um instante, então me levantei e fui até a porta.

– Se quando eu voltar, você não estiver ai, quem vai te dar um tiro sou eu!

Devo ter parecido ameaçadora, pois Sherlock se encolheu no lençol após eu dizer isso. Fui até o corredor, e fiquei caminhando nervosamente de um lado para outro. Se eu não me acalmasse, iria chorar, e essa era a única coisa que jurei jamais voltar a fazer por Sherlock Holmes. Foi quando vi uma figura feminina conhecida vindo em direção ao quarto.

– Olá! – ela me disse amigavelmente – Eu lembro de você, do casamento de John e Mary!

– Oi, eu também lembro de você! Janine, não é?! – lembrava dela muito bem, e infelizmente para mim, deveria admitir que ela era realmente uma pessoa agradável – Veio ver Sherlock?

– Não, na verdade não! Vim só entregar essas coisas pra ele! – Mostrou uma sacola com algumas revistas e uma pequena caixa preta dentro – Pode entregar pra ele?

– Entrego, claro! Mas ele esta acordado, tem certeza de que não quer entrar? – insisti, afinal ela era namorada dele, segundo John.

– Não! – ela disse fazendo uma careta de brincadeira – Eu já me despedi dele, só vim deixar essas coisas! Estou agradecendo imensamente por você estar aqui na porta! Ia ser muito estranho vê-lo de novo!

– Ahn, ok! – concordei sem entender. Na verdade, haviam muitas coisas que estavam acontecendo bem na minha frente e eu não tinha capacidade para entender. Senti que estava perdendo algo realmente importante.

– Obrigada, anh, desculpe, eu me esqueci do seu nome! – ela falou meio sem-graça. Sorri.

– Molly Hooper! – respondi lhe estendo a mão.

Ela pareceu surpresa.

– Molly!! Seu nome é Molly?!

Afirmei, então ela pegou minha mão e cumprimentou delicadamente.

– Então, você é Molly!!

Ela sorria tanto, que quase perguntei se havia uma piada com o nome Molly que eu desconhecia. Mas antes que isso pudesse ser feito, ela disse algo ainda mais estranho.

– Sua sortuda! Cuide bem dele,ok! – e dizendo isso, foi embora dando risada.

Comecei a pensar que aquele dia estava surreal demais para estar acontecendo de verdade. Voltei para o quarto, e Sherlock, ainda encolhido entre os lençóis, levantou a cabeça e disse.

– Ainda estou aqui!

Eu ri. Me aproximei e entreguei-lhe o pacote que Janine havia deixado.

– Sua namorada deixou pra você! – informei depois de lhe entregar e voltando-me a sentar no sofá.

– Que namorada? – ele perguntou confuso.

– Tem mais de uma agora? – brinquei – Janine!

Ele soltou uma exclamação, como se tivesse compreendido o que eu disse.

– Uma mulher muito divertida, pena que tive que usá-la! – comentou enquanto olhava o conteúdo da sacola.

– Usá-la?! – então a ficha me caiu. – Sherlock, você não fez isso?!

– Foi tudo para um caso, Molly!

Aquela justificativa já estava me cansando, e realmente, naquele momento, eu explodi.

– Então agora usar drogas, arriscar sua vida e enganar os sentimentos das pessoas são admissíveis, desde que seja para um caso?!

Ele me olhou surpreso. Peguei o celular e comecei a mandar uma mensagem de texto.

– O que está fazendo?!

– Pedindo para Greg vir ficar com você!

– Greg?!

– Lestrade, Sherlock! Lestrade! – respondi realmente brava, e ele não se atreveu a perguntar mais alguma coisa. – Eu sinceramente, estou cansada! Não suporto mais isso e não me faz bem!

– Molly, o que...?

Eu não lhe dei chance de terminar.

– O que você acha? Como você acha que é pra mim ver, dia-a-dia, o homem que eu amo se definhando por escolha? Ver você se tornando um homem inescrupuloso! Sherlock, você é brilhante, e eu compreendo muitas atitudes suas, mas usar a afeição que alguém sente por você, de modo tão frio, é egoísmo demais, até mesmo pra você!

Ele não disse nada. Seus olhos pareciam encarar a parede que estava atrás de mim e tinham um ar vazio. Não fui capaz de notar na hora, estava brava e decepcionada, e queria parar de me sentir assim. Peguei minha bolsa e meu casaco.

– Me faça um favor Sherlock, você já se posicionou em relação a nós dois, sendo assim, e sabendo que as coisas não mudaram pra você, eu vou me posicionar agora também! Não me procure mais! Não arrume desculpas para vir falar comigo, e evite os horários nos quais você sabe em que estou no hospital! Não quero mais vê-lo e nem saber de você! Eu sou capaz de morrer pra te ajudar, Sherlock, mas não sou capaz de assistir você se matando sozinho!

E sabendo que me arrependeria disso depois, eu sai do quarto, não esperando a resposta dele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Verdade Sobre Nós" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.