A Segunda Telmarina escrita por MarshallStrauss


Capítulo 1
País de Origem


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem e comentem, lembrando que:
1- O dono desta conta não está escrevendo essa fanfic
2- A autora da fanfic gosta muito de comentários, então, deixe-os, a não ser que queiram essa fanfic excluída ou pausada permanentemente



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/529410/chapter/1

Eu estava encolhida a um canto, lágrimas caiam de meus olhos sem a minha permissão e soluços inexplicáveis rompiam pelos meus lábios. Sentia as marcas do cinto em minhas costas e o sangue escorrer pela minha espinha sob a blusa branca de flanela que agora exibiam claras manchas vermelhas do meu sangue fresco. Queria recorrer ao meu tio, mas eu sabia que ele não poderia fazer nada, aquela mulher podia fazer qualquer coisa naquela casa, agora que o bom velhinho estava doente demais para sair do quarto.
O rangido da porta de madeira ao ser aberta não me assustou, sabia que não poderiam me ver aonde eu estava, mesmo assim abaixei a cabeça, prendendo o soluço que queria irromper pelos meus lábios.
- William quer falar com você. – disse uma voz estridente do outro lado da porta. Engoli em seco e assenti, ouvindo os passos de Abigail saírem do quarto.
Eu respirei fundo e me levantei, indo para o banheiro. Lavei o rosto e fui para o quarto de tio William, que estava deitado na cama, com um pijama azul e flanela, com os olhos fechados. Sua pele estava com um tom pálido e doentio. Vê-lo daquele jeito deixou-me com um aperto no peito e as lágrimas ameaçaram voltar aos meus olhos. Mordi o lábio, impedindo que mais um soluço saísse pelos meus lábios.
- Olá. – digo, em voz baixa. – Mandou me chamar?
- Aproxime-se desse velho doente, querida Aryanna, não tenha medo. – disse-me o homem, em voz baixa e rouca. Eu sorri, meu tio sempre fora gentil comigo, sempre me tratou como uma de suas filhas. Aproximei-me e peguei sua mão, acariciando-a de leve. – Sente-se ao meu lado, linda menina. – disse-me ele, meu sorriso se tornou mais terno. Sentei-me do espaço que tinha ao seu lado, ainda acariciando sua mão. Então, ele colocou minha mão entre as suas e sorriu, um sorriso terno e sincero. – Minha querida... – disse, seu sorriso se transformando em uma expressão séria – Seu aniversário de dezesseis anos é amanhã e tenho o receio de que não estarei lá para prestigiá-la como se é devido. Portanto queria lhe dar o que é seu por direito. – olhei para ele, franzindo o cenho. – Aryanna, poderia, por favor pegar uma caixa de madeira nesta mesinha de cabeceira?
Assenti, desvencilhando minha mão das suas, virei-me e peguei a pequena caixa de joias que estava em cima da mesinha de cabeceira, colocando-a em seu colo. Ele sorriu agradecido e, com mãos trêmulas, tirou a corrente que prendia em seu pescoço. Nela uma pequena chave estava pendurada, como um colar. Com certa dificuldade, William tentou colocar a ponta da chave na fechadura, sem sucesso. Peguei a chave de sua mão com cuidado e peguei a caixa, a destrancando e a colocando no colo dele novamente.
- Obrigado. – disse-me, eu sorri triste, enquanto o observava tirar um cordão de couro de dentro da caixa. Nele, preso num nó, outra chave de ouro pendia, imponente e sozinha. – Querida, essa é a chave do armário que está em seu quarto, na portinhola que dá para o sótão. Quero que, exatamente nessa hora, você entre nesse armário. Quero que você descubra de onde veio e continue o que eu comecei, pois não tenho mais capacidade para tal coisa.
- Mas... – olhei para a chave – Mas o que isso tem a ver com de onde eu vim? – perguntei. Ouvi-o tossir e engasgar e ele colocou a chave em minhas mãos, fechando meus dedos em volta da mesma.
- Vai descobrir. – tossiu novamente – Olhe, só faça o que lhe pedi. – ele sorriu – Faça esse favor para esse velho doente que te ama tanto. – disse, com um sorriso travesso nos lábios finos e secos.
Olhei para baixo, as lágrimas travando minha garganta e caírem de meus olhos, molhando minhas bochechas. Funguei e assenti.
- Agora, querida... – ele tossiu – Vá tomar um banho. Está cheirando a sangue. – disse-me, com sua voz rouca.
Eu assenti e lhe dei um beijo na mão, me levantando e saindo do quarto, indo para o banheiro para tomar banho. Lavei meu corpo e meu cabelo ruivo, chorando, enquanto lembrava-me das palavras do meu tio.
x – x – x
Foi uma comoção estrema. No dia depois que eu tivera aquela conversa estranha e fatídica com meu tio William, sua chave agora pendia em meu pescoço, ainda presa pelo cordão de couro. Ninguém entendia porque eu estava usando aquela chave como pingente, eu só falava que era um presente do meu tio. No dia anterior, à noite, dormi abraçada aquela chave de ouro branco conservada. No dia seguinte eu acordei normalmente para ir à escola e, quando voltei para casa, encontrei minha tia chorando na soleira da porta, desabalada, enquanto a vizinha tentava acalma-la.
Eu andei de vaga, enquanto minhas primas corriam em direção a mãe delas, há alguns metros das três ouvi o que diziam:
- Ele morreu? – perguntou Grace, com a voz embargada. Abigail, já com os olhos vermelhos, assentiu, abaixando a cabeça. – Oh meu Deus! – disse, chorando desesperada.
Senti as lágrimas caírem de meus olhos sem que me desse conta. Corri casa adentro, entrando no meu quarto e fechando a porta. Escorreguei até sentar-me no chão de mármore, coloquei as mãos em meu rosto, chorando. Ouvi batidas na porta e a voz doce de Violet do outro lado.
- Deixe-me entrar, Anna... Por favor... – disse, em voz baixa – Por favor... Eu sei que era muito chegada ao meu pai... Eu sei que ele te deu um presente... Por favor... Estou tão triste quanto você, deixe-me entrar, por favor. – abaixei a cabeça, sua voz estava embargada demais para ser mentira.
Levantei-me e virei para a porta, a abrindo um pouco.
- O que você quer? – perguntei, baixinho. Olhei para ela, seus olhos azuis estavam cheios de lágrimas. Violet era nove anos mais velha do que eu e Grace, nos dava aula na escola. Ela empurrou a porta e me abraçou, acariciando meu cabelo.
- Oh Anna... Eu sinto muito, sinto muito mesmo, me desculpe. – disse, com a voz embargada. Eu prendi o choro, impressionada, sentindo suas lágrimas molharem minha blusa do uniforme.
Fechei os olhos a abraçando de volta, retribuindo ao ato.
Algum tempo depois, quando ambas paramos de chorar, estávamos as duas sentadas em minha cama. Eu lhe contei o que William havia me dado e mostrei a chave. Ela sorriu de lado, e disse:
- Faça o que ele lhe disse. – disse, baixinho – Amanhã, às duas horas. Não vá ao funeral. – aconselhou-me, pegando minha mão, as colocando entre as suas, como seu pai havia feito no dia antes de sua morte. - Você precisa estar no Guarda-Roupa na hora do funeral. Vou dizer que fugiu. Você tem que voltar para Nárnia...
- Nárnia? – perguntei, olhando para ela, incrédula – Mas Nárnia é um... Um país imaginário, né? Um país criado por William em uma história... – Violet estava negando com a cabeça – Não?
- Nárnia existe, sim, minha querida. O tempo todo ele estava lhe contando a sua história. – disse, com um sorriso terno. – Nesse tempo todo ele estava lhe informando sobre seu país natal. – o sorriso em seus lábios se alargou – Nárnia existe e ele era esse o presente que ele queria lhe dar. Queria lhe dar a passagem para um lugar melhor pra você, o seu lugar. E eu espero que esse lugar esteja melhor desde a última vez que o visitei.
- Você foi lá? – perguntei, ela assentiu, sorrindo. Me deitou em seu colo, fazendo carinho em meu cabelo.
- Fui com meu pai, há muitos anos. Quando ele chegou com você, eu estava lá. Ele a encontrou entre duas árvores. Cavaleiros em armaduras brilhantes e montados em cavalos negros como a noite haviam acabado de sair correndo. – ela sorriu e continuou fazendo carinho em meus cabelos vermelhos, como William fazia quando me contava uma história. – Eles a deixaram entre duas altas árvores e meu pai a pegou e levou para casa. – ela parou de fazer carinho e olhou para mim – Não sei porque fizeram isso. Mas algo me diz que tem a ver com sua origem. – mordi o lábio – Olha, Anna, William queria que você voltasse para sua casa e sua única chance vai ser amanhã, às duas horas, por favor, faça isso por ele e por você mesma. – ela me sentou, de costas para ela – Vi o que minha mãe fez com você... – disse, passando as mãos nos meus ferimentos nas minhas costas, eu fiz uma careta – Me desculpe por isso.
- Eu tenho que ir ao funeral. – sussurrei – Devo isso a ele.
- Não. – disse Violet, me virando – Você tem que voltar pra casa. Você deve isso a ele. Prometa que vai fazer isso. Prometa que vai ficar no sótão amanhã, o dia inteiro. – olhei para baixo, ela levantou meu rosto – Prometa. – sussurrou – Prometa que vai fazer isso... Pelo meu pai... Prometa.
Eu assenti, mordendo o lábio.
- Prometo que vou entrar no Guarda-Roupa às duas de amanhã. – sussurrei, fechando os olhos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e deixem seus reviews.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Segunda Telmarina" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.