Cartas Para Você escrita por Karin


Capítulo 8
The End of the Maze- Alasca para Miles, Quem é você, Alasca?


Notas iniciais do capítulo

Oie! Sabemos que demoramos, mas como vocês são lindas pessoas, queria que carta saísse melhor possível. Então, muito obrigada a favoritação de FanficOfPercyJackson, aos acompanhamentos e aos comentários de Lê books, Star, Thaisa e MrsHalter- essa carta é pra você que a pediu. E como demoramos, postaremos outro capítulo, tipo um bônus, que é um pouco menor. Confiram!
Esperamos que gostem e boa leitura!



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Não sei no que você acredita. Não sei como você pensa que vai ser quando chegar nesse lugar. Porque, pode ter certeza que todos vamos sair daqui algum dia. Para onde, não se sabe. Ao ver dessa garota, o destino depende de você. E essa garota? Bem, ela se encontra sentada em um banco, numa sala branca, sozinha. Na verdade, não é bem sala, porque não tem fim. Simplesmente, um lugar branco, digamos assim, sem portas ou janelas, sem saída. Mas que, olhando para frente, onde parece vir de bem distante, se vê uma luz.

Ela está perdida, não sabe onde está ou para onde vai, mas sabe o que fez. Ela carrega um peso em sua consciência e quer muito tirá-lo. Entretanto, não encontra maneira. Lágrimas caem de seus olhos, provavelmente por lembranças que vieram à tona. Elas parecem causar muita dor para a garota. Desabafar talvez fosse a solução para acabar de vez com esse sofrimento. E foi o que ela fez. Porque ela escreveu algo em um papel, enquanto mais lágrimas caíam. Deixou-o ali, depois de escrever, e saiu andando para frente, na direção da luz. E foi indo, lentamente, enxugando as lágrimas e com um sorriso de satisfação no rosto, até não se poder mais vê-la. Uma expressão de missão cumprida, o fim de seu anterior sofrimento.

A carta que escrevera estava dentro de um envelope. E era assim que estava escrito:

Para: Gordo

E aí, Gordo? Bem, eu estou em algum lugar, mas não sei exatamente onde. E nem quando. Não sei se estou sonhando, se morri, se é meu subconsciente antes de eu morrer, sei lá. Também não me lembro de muita coisa recentemente, se é que aconteceu alguma coisa, mas me lembro do que fiz. Infelizmente. Sim, estou falando do acidente. E tem algumas coisas que você precisa saber.

Primeiro, antes que eu comece a desabafar, saiba que você foi o melhor amigo que alguém pode ter. Causou um impacto tão grande em minha vida, que se torna impossível te esquecer. E é por isso que essa carta é destinada a você. Eu poderia escrever, para o Coronel ou até mesmo para o Jake, mas é você quem eu devo satisfações. É você que precisa de respostas. E eu as tenho.

Vou contar uma história que você já conhece... Ou pelo menos sabe boa parte. Eu estava muito feliz pelo sucesso da Noite do Celeiro. Por isso convidei o Coronel pra beber vinho, mas acho que isso você já sabe. E começamos a beber e beber, e eu não parava porque isso me fazia esquecer tudo. Todos os problemas, todas as mágoas, todo o meu sofrimento. Mas isso, infelizmente, é momentâneo. E lá estava eu bebendo até cair, mas isso não bastava, faltava algo a mais. E na minha frente estava esse algo a mais. Na minha frente estava você. A pessoa que mais me acalmava, mais que a bebida ou cigarro, aquele que me tranquilizava. Há tanto tempo quis estar contigo, beijar sua boca e ser algo mais. Só que tinha o Jake. Eu gostava dele e sentia que nada valeria estar contigo sendo que lá fora existia alguém que confiava em mim. Mas naquele momento, não havia nada lá fora. Não havia Jake, não havia namorado, não havia compromisso. Havia algo sim, mas aqui, comigo, na minha frente. E nada podia nos atrapalhar. Eu seria sua e você seria meu. Mas você tinha Lara e talvez nossos sentimentos não fossem recíprocos. Contudo, sabia que você me queria e bastava um empurrãozinho. Três palavras: Verdade ou Consequência. E daí em diante você sabe o que aconteceu. Nos beijamos e um pouco mais e aquilo me saciou, me completou, estava juntando os meus cacos caídos pelo chão. Talvez você deva estar se perguntando: “Mas então por que foi tudo tão rápido? Por que o ‘Continuamos depois’?”. Quer saber? Pois nem eu sei! Parece que aquilo já bastava. Pode parecer que eu te usei, mas NÃO! Repito novamente: não! Por favor, não ache isso porque não é verdade. O que tivemos foi puro e verdadeiro. Não só naquele momento. Desde que te conheci no seu primeiro dia em Culver Creek você me fascinou não só com suas “últimas palavras”, mas com seu jeito diferente. Inocente, divertido, meio atrapalhado e que foi me impressionando ao longo do tempo.

Entretanto, voltando para aquela noite, eu sabia que o que eu estava fazendo não era certo, mas acima de tudo, quero que saiba que com você tinha que ser diferente. Não poderia ser como com outros garotos porque você é especial.

Depois quando encostei-me em se peito para dormir, tive uma sensação diferente, algo que nunca antes eu havia sentido. E ouvi você sussurrar “Eu te amo, Alasca Young”. E soube que era isso que eu havia sentido. Amor. Não sei te dizer qual o tipo, mas foi diferente. Não o tipo de conto de fadas, num clichê onde a mocinha encontra seu príncipe e, de uma hora pra outra, se apaixona. Foi gradativo, foi das lembranças de tudo que passamos como amigos. Foi uma mistura de amor fraternal com um outro amor. Porque eu fui apaixonada pelo Jake, mas eu te amei Gordo. E ainda te amo. E foi assim que eu dormi: tranquila e feliz. Até que tudo veio à tona.

Primeiro, o telefone toca. Era o Jake. Ficamos só conversando e enquanto isso, distraída, eu fico desenhando uma margarida. E aí de repente olho para a flor e me lembro de minha mãe. Eu tinha me esquecido dela. “Merda! Merda! Merda!”, pensei alto. Como eu podia ter esquecido dela? Que tipo de filha eu sou? Eu deixei passar. Em vez de me lembrar dela, estava comemorando a Noite do Celeiro, me embebedando. Eu sou uma pessoa horrível! Então eu tive que ir visitá-la, tive que pedir perdão. Foi por isso que voltei que nem uma desesperada para o quarto e pedi para que me ajudassem a sair.

Entrei no carro e fui a toda velocidade para o cemitério, em parte porque estava bêbada e em parte porque estava irritada. Irritada por tudo. Eu tinha perdido o aniversário de morte da minha mãe. E mais que isso, além de esquecê-la nessa data, isso não teria acontecido se eu não tivesse deixado que isso acontecesse antes. Se, em vez de ficar chorando como uma boba, eu tivesse ligado para a emergência. E estava com raiva de tudo isso. Estava tudo destruído e com tudo, quero dizer minha vida. Embora eu possa, às vezes, não ter deixado transparecer, aqui dentro está tudo bagunçado. Meus sentimentos se misturam com as lembranças boas e ruins e tudo se transforma em uma grande trama, uma teia. Eu só queria que tudo isso acabasse.

Em meio a esses pensamentos, dirigia em alta velocidade quando vi a cena: um caminhão derrapado na pista e um carro de polícia com a sirene ligada. Não seria tão ruim. Talvez fosse o único jeito, o único modo de acabar com tudo isso. Por um momento, nada mais importava: futuro ou presente. Carregava o peso do passado em minhas costas e ele não passaria tão fácil e rapidamente. Desapontei aqueles que amo e principalmente e novamente, desapontei minha mãe. Eu sou a pior pessoa do mundo e me odeio por isso. É a minha chance de deixar tudo pra trás. Queria poder pedir desculpas para aqueles que vou deixar, mas não posso. Passei momentos maravilhosos com meus amigos, só que há em mim uma dor muito imensa e quase insuportável. E eu só queria que chegasse ao fim. Sei que foi uma decisão impensada e imprevisível, mas essa sou eu: Alasca Young. Esse é o meu jeito. Tinha que ser assim: rápida e diretamente.

O que aconteceu depois, eu não sei, porque tudo apagou. Sei que instantes antes da batida, passou um filme em minha mente. Eram todas as minhas lembranças com minha mãe, com Jake, com o Coronel, com você, os nossos trotes... E tudo acontecia rapidamente, mas passava a emoção de como se estivesse se passando em tempo real. Tudo o que valeria a pena viver novamente. Mas não tinha mais como parar. Acho que ainda assim, sobretudo, eu já havia vivido tudo aquilo e já tinha valido a pena. Eu procurava uma solução, só buscava uma resposta.

Agora estou aqui não sei aonde, embora acredite que já tenha morrido. Revivendo tudo antes de um último adeus. E é nisso que eu acredito. Não estou dizendo para você se matar, fazer o que fiz. Também sei que essa carta não chegará em suas mãos. Mas eu tenho que acreditar.

É preciso que o sofrimento seja enfrentado para que cheguemos ao fim.

“Como sairei desse labirinto?”

Acho que achei a resposta.

Com carinho,

Alasca.

Nunca entenderemos Alasca Young. Nunca saberemos o que se passava na cabeça dessa garota. Talvez ela tenha mesmo encontrado uma saída para o labirinto. Talvez ela tenha achado uma resposta para o “Grande Talvez”.

Mas o fato é que ela chegou ao outro lado. E eu não sei como é lá, mas também espero que seja bonito.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Ah, eu omiti a parte que ela tinha levado as tulipas que ganhou do Jake no carro, porque não consegui interpretar isso direito, e se eu colocasse teria que ser no ponto de vista dela- e eu não sei nem o meu! Não esqueçam de comentar, favoritar... E deixar três autoras felizes!!! Bjss e até o próximo!