Dezesseis Anos e Meio escrita por Lady Padackles


Capítulo 53
Capítulo 52


Notas iniciais do capítulo

Olá amados leitores. Estamos chagando no fim! Esse muito provavelmente é o penúltimo capítulo.



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Ouvindo a declaração de Sam, Saul, que não tardou a reconhecer o professor de teatro, ficou ainda mais irritado.

– Ali, rapazes, prendam aquele homem! – apontou ele para seus colegas.

Do palco, os atores não viam a movimentação que acontecia na platéia. O diretor do colégio, entretanto, notando a chegada dos homens de uniforme, abordou-os antes que fizessem qualquer coisa precipitada.

– Nós viemos prender aquele desgraçado, pedófilo! – explicou Saul, descontrolado, apontando para Sam. – Ele acabou de se declarar pro meu filho!

– Isso é só uma encenação… - explicou o diretor, confuso. Desde quando Dean era filho daquele rapaz? Saul e os outros não tinham ordem de prisão, e também nenhum prova concreta contra o Winchester. Se quisessem interrogá-lo, teriam que esperar o final da apresentação…

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Enquanto isso, no palco, Dean, após ouvir que Sam o amava, tentava se recompor e continuar seguindo o script. Mas quem disse que ele se lembrava direito? Com o coração a mil, e após tanto tempo sem treinar, a memória começava a lhe faltar.

– Não… Não ama… Ou não teria feito o que fez... – disse o menino, titubeante, após uma longa pausa.

Sam só queria que Dean acreditasse nele. Seu amado era mais importante que qualquer outra coisa. Que se danasse todo o resto!

– Eu te amo! – Bradou o mais velho - Por favor, acredita em mim! – suplicou ele.

Jo e Ruby se entreolharam horrorizadas. A platéia não podia estar mais confusa. Saul tentou invadir o palco, mas, a essa hora, dois seguranças do colégio já estavam lá para impedi-lo. Todos estavam muito quietos até que se ouviu um suspiro alto e um gritinho entusiasmado. Era Patrick Vantouch, feliz por aquela peça de teatro, até o momento tão sem graça, ter virado uma linda obra gay.

Ruby então correu até Winchester e segurou seu braço, como deveria ser feito. Olhou para Dean esperando que ele continuasse a falar, mas o louro parecia baratinado, ainda apontando sua espada para o professor. O jeito era improviser… Fazer o que?

– Mas você tem o dobro da idade dele! - reclamou a menina, arregalando os olhos para mostrar indignação.

Oh yes… yes… ( Oh sim... Sim... )

A música escolhida para o final da peça começava a tocar. Dean sentiu suas pernas bambearam. Estava cada vez mais difícil olhar para o professor. Aquela era a música deles! Sam suspirou fundo.

– E isso importa? – perguntou Winchester veementemente. - Antes eu mesmo achava que sim... – completou, reticente. - Mas quando a gente ama... – Disse, agora com a voz embargada. – Nada mais importa… Eu te amo, Dean Ross Campbell!

That's the only word (Essas são as únicas palavras)

I want to hear from your mouth (que quero ouvir de sua boca)

A linda melodia e as palavras de Sam tocaram profundamente o coração do mais novo, a ponto de trazerem lágrimas à seus olhos.

Oh, let's not waste our time (Oh, não vamos perder tempo)

Hiding what we feel inside (Escondendo o que sentimos por dentro)

– Sam, eu também te amo. Amo muito! - Exclamou o menino, deixando a espada cair e se jogando nos braços do professor. E, diante dos olhos perplexos de dezenas de pessoas, os dois se beijaram apaixonadamente.

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– Viva! Bravo! Bravo! – Gritava Patrick. Alguns alunos mais liberais também aplaudiram. O único pai que apreciou o final inusitado, aparentemente, foi o de Misha. Richard assobiava e aplaudia sem parar. Justin e Misha, por sua vez, estavam chocados porém bastante felizes. Finalmente os dois pombinhos haviam se acertado…

– Você quer prova mais concreta do que essa? – perguntou Saul, indignado, ao diretor. Agora, sem dúvida alguma, ele e seus colegas tinham todo o direito de levar Winchester dali, direto para a delegacia.

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– A polícia! – Avisou Patrick, se aproximando do palco, e apontando para os policiais.

Dean e Sam olharam para os homens uniformizados, e logo reconheceram Saul entre eles. Eles precisavam fugir dali, e depressa. De mãos dadas, os dois rapazes correram pelos bastidores e saíram pela porta dos fundos. Sorte que o carro de Sam estava estacionado logo a frente.

– Vamos logo! – desesperou-se Dean, assim que entrou no carro. Se os policiais os pegassem, era bem capaz de além de prenderem, ainda darem uma bela surra em Sam. Isso o menino não queria que acontecesse, de jeito nenhum!

Antes que o professor pudesse dar partida, os cinco homens surgiram ao longe, correndo. Estavam procurando por eles. Sam pisou no acelerador, e já teria despistado os sujeitos não fosse Brian Scott.

Brian? O que ele estava fazendo na frente do carro? Sam sempre soube que Scott queria vê-lo preso. Não era de se admirar que depois de assistir àquela cena, o homem não tivesse fazendo o possível para colaborar com a polícia.

– Atropela! – sugeriu Dean, desesperado, vendo Saul se aproximar com a pior carranca do mundo. O homem já os tinha avistado.

Sam, entretanto, deu uma freada brusca. Brian, afoito, bateu no vidro, do lado de Dean, com uma das mãos. Com a outra, segurava um cachorrinho.

– Ahh meu Deus! – exclamou Winchester.

Ele havia se esquecido de Ben! Rapidamente o homem abriu o vidro, e, enquanto Brian passava o bicho para o colo de Dean, agradeceu-o com veemência. Em seguida, acelerou novamente. Os policiais já estavam próximos. Dois deles sacaram suas armas e tentaram atirar contra os pneus do carro, mas, para sorte dos fugitivos, não acertaram o alvo. Brian parecia tentar atrapalhá-los.

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Dean agora apreciava o filhote que lambia suas mãos. Que cachorrinho adorável! Ele e Sam permaneciam calados. Não tinham dito sequer uma palavra desde que despistaram de vez Saul e seus comparsas. Ambos, entretanto, tinham muitas dúvidas e muitas preocupações. Sam estava indo para Nova York. Ele não podia ficar… Mesmo porque, se ficasse, era bem capaz de ser preso. Em outro Estado, ele estaria seguro.

Winchester sentiu seus olhos umedecerem. Saber que seu amado o havia perdoado, deixava-o extremamente leve e feliz. Pensar, entretanto, que mesmo assim não poderiam ficar juntos por enquanto, trazia-lhe grande tristeza. O homem dirigiu até o apartamento de Trevor, namorado de Clark. Pediria a ele que levasse Dean para casa, depois que se despedissem.

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– Dean, você sabe que eu estou indo para Nova York… - suspirou o mais velho, cortando o silêncio, assim que parou o carro.

O louro acenou a cabeça positivamente. – Mas me leva com você?! – pediu, aflito.

Sam esboçou um sorriso triste. Que pedido inconsequente… Dean era menor de idade, estava sob custódia da irmã, e ainda estudava. Era claro que ele jamais poderia levá-lo consigo.

– Não posso… Você sabe… E também não posso ficar…

– Mas por que não posso ir também? Eu quero tanto… – Insistiu o menino – Depois eu ligo para Mackenzie e aviso!

– Se eu te levar, vai ser sequestro, Dean… Você é menor de idade. Não tem como dar certo … Não agora…

O louro baixou a cabeça. Não, claro que Sam não poderia levá-lo... O menino permaneceu calado, afagando as orelhinhas do cachorro, enquanto se segurava para não deixar que lágrimas lhe saltassem dos olhos.

– A gente pode se comunicar pela internet… Se encontrar quando for possível. E daqui a alguns anos, se você ainda me quiser, eu estarei te esperando de braços abertos… - tentou amenizar Winchester.

– Eu vou te querer sempre! – respondeu o mais novo. - Mas também te quero agora… – completou fazendo beicinho.

– Você pode ficar com ele! – Disse Sam, emocionado, finalmente prestando atenção em como Ben e o garoto pareciam estar se dando bem. Finalmente o reencontro… - O nome dele é Ben… E na verdade, ele era seu presente de aniversário! – explicou o moreno – Agora pode ser presente de Natal…

Dean sorriu. Que presente adorável! Mas um anjinho daqueles com certeza sofreria abuso nas garras de Mackenzie e Saul. Ele não poderia aceitá-lo…

– Minha irmã não me deixaria ficar com ele… - o garoto deu de ombros.

Então Dean levantou os olhos molhados e encarou Winchester de frente. O professor estava ainda mais lindo do que de como se lembrava dele. Saber que Sam estava indo para tão longe, partia o seu coração. E se ele jamais o visse de novo?

O menino colocou Ben no banco de trás para que pelo menos pudessem se despedir direito. Quando seus braços entrelaçaram o pescoço do mais velho, e este abraçou-o com carinho, Dean não pôde mais segurar o choro. Winchester sentiu seu coração apertar e as lágrimas também envadirem seus olhos.

Ambos choravam, se beijavam e se acariciavam. Como podiam duas almas que se amam tanto serem obrigadas a se separar assim? Cruel era a intolerância e a lei dos homens… E essa história poderia ter terminado assim, com uma despedida sofrida, não fosse um ligeiro gemido que Dean soltou, sem querer, quando Sam o abraçou com um pouco mais de força.

– Te machuquei?

– Não… - o louro pareceu envergonhado. Winchester conhecia-o muito bem.

– O que foi, Dean?

– Não é nada… – Dean tentou desconversar e voltar a beijar o moreno, mas Sam, convencido de que o mais novo lhe escondia alguma coisa, decidiu averiguar. Talvez alguma sequela do acidente? Winchester então insistiu e levantou a camisa de Dean. Viu hematomas espalhados por todo o seu corpo.

– Quem fez isso em você ?! – perguntou, alarmado. O louro baixou os olhos e só respondeu depois que o outro perguntou pela segunda vez.

– O Saul… Quando ele bebe… Mas é besteira… Não vou deixar ele fazer de novo… - respondeu o garoto. Não queria que seu amado o considerasse um bebê fraco e chorão.

Sem dizer palavra, e com os olhos novamente enchendo-se de lágrimas, Winchester deu partida no carro.

– Para onde estamos indo? – perguntou Dean assustado.

– Para Nova York. – respondeu o moreno, decidido. Ele podia ser preso por pedofilia e sequestro mas jamais deixaria seu amado sozinho de novo, longe de seus olhos, sendo abusado e maltratado por um idiota qualquer. E Saul haveria de pagar por tudo o que fizera ao garoto!


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