Dezesseis Anos e Meio escrita por Lady Padackles


Capítulo 35
Capítulo 34


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é em homenagem ao aniversariante do dia, meu amigo Patrick Vantouch, ou, Darkside Collins :) Parabéns!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/529199/chapter/35

Brian estava descontrolado. Fora de si...

– Não adianta disfarçar! Eu percebo como vocês olham um pro outro! - esbravejou, raivoso.

Sam, apesar de muito nervoso com a acusação, respirou fundo e tentou agir com naturalidade. Brian era louco. Sempre fora... E ele precisava tratá-lo como tal. Apesar de Mackenzie ter passado por sua cabeça, na verdade não fazia sentido que aquela informação tivesse vindo dela... Ela e Brian não se conheciam, pelo menos não até onde Sam soubesse, e, além de tudo, a moça apenas o vira uma vez. Nem mesmo sabia seu nome...

– Acho que quem anda olhando demais aqui é você... - respondeu Winchester tentando manter-se frio.

Brian teve vontade de dar-lhe um soco na cara, mas segurou-se. O que o desgraçado estava insinuando? Ele estava apenas tentando proteger um aluno, menor de idade...

– Eu estou de olho em você... Vai se ver comigo e com a polícia... - o treinador então ameaçou, entre dentes.

Sam soltou uma risadinha.

– Qual é o seu problema, Brian? Você gosta de mim? Ou é do Dean? - perguntou debochado - Sério mesmo, você vê coisa onde não tem...

Scott sentiu o sangue subir-lhe a cabeça. Dean era uma criança! Ele jamais gostaria de uma criança... Ainda mais um garoto... Sem se controlar dessa vez, ele avançou sobre Winchester enraivecido.

Sam não revidou. Apenas tentou se esquivar e segurou o treinador com força.

– Brian, contenha-se! Nós estamos dentro da escola! Se quiser brigar, é lá fora! - Sam agora estava bravo. Não queria confusão.

Brian então se afastou. Assim como Winchester, não gostava de violência. Com certeza não pretendera se exceder, mas o outro tinha a capacidade de tirá-lo do sério...

O homem respirou fundo. Sam iria pagar caro por tudo o que estava fazendo, com ele e com Dean... Scott então se retirou, bufando e resmungando. Sam, por sua vez, prometeu a si mesmo ser ainda mais cauteloso. Talvez estivesse trocando olhares demais com seu lourinho... E que Brian prestava atenção, isso ele já sabia...

–----------------------------------------------------------------------------------

Ruby, como sempre, dera um jeito de observar o casal de seus sonhos, que, ao que parecia, estava brigando de novo. Quando Brian aproximou-se de Sam com um gesto mais brusco, seu coração quase saltou pra fora.

– Eles estão brigando outra vez! - lamentou-se para Jo. - E é tudo culpa minha...

Jo suspirou. Talvez Ruby não devesse mesmo ter publicado aquela história que acabou caindo nos ouvidos de Brian... Devia pelo menos ter mudado os nomes, e jamais ilustrado com fotos dos dois...

– O Patrick te respondeu? - perguntou então a ruiva. Talvez o leitor de "Teachers in Love" pudesse ajudar a amiga a reverter aquela situação...

– Ainda não... - suspirou a outra. Mas logo em seguida recebeu uma mensagem do rapaz.

Patrick e Ruby agora se correspondiam regularmente, e foi através dele que as duas meninas descobriram coisas das quais não sabiam. Uma delas era que Brian visitava um certo padre Matthews constantemente, e carragava com ele dois meninos, provavelmente gays, tentando "endireitá-los". Ruby, que volta e meia via Christan e Pablo saírem do colégio com o treinador, logo percebeu que se tratavam deles. Havia um terceiro garoto também, que só foi uma vez, e este Patrick não pôde descrever com detalhes.

Brian era estranho. Muito estranho mesmo... Conversando, chegaram à conclusão que o homem achava que padre Matthews pudesse polpar seus alunos de um sofrimento que ele, se pudesse, também teria evitado. Brian não gostava de ser gay. Isso era claro...

Ruby e Jo ficaram tristes em saber o quanto podia ser difícil para os homossexuais em uma sociedade ainda tão preconceituosa. Skye era prova disso... Tinha sido expulso de casa pela família. O rapaz estava muito pra baixo nos últimos dias, principalmente depois que a mãe descobriu que ele andava se encontrando com a irmã e tratou de impedi-lo.

– Que mãe desgraçada! Tadinho do Skye! Patrick disse que ele não tem mais vontade de fazer nada, de tão triste que está. Nem comentar as minhas histórias, ele comenta... - lamentou-se Ruby. - Espero que o Pat consiga alegrar o amigo... Ele disse que tenta fazer o que pode...

Jo suspirou em seguida. Torcia também para que o ruivo ficasse bem, apesar de não conhecê-lo. Ninguém merecia ser tratado daquela maneira...

–----------------------------------------------------------------------------------

Na terça feira, as duas meninas estavam bem menos animadas que de costume quando encontraram-se com o restante do grupo de teatro para mais um ensaio da peça.

Ainda faltava mais de um mês para o Saint Peter's Annual Art Festival. Apesar disso, Winchester e seus alunos já tinham quase tudo pronto para a sua apresentação. O cenário já estava completo, as roupas ficariam prontas na semana seguinte, as músicas já tinham sido escolhidas, e até os textos, decorados... Naquela semana, treinavam a encenação. Assim, não precisariam se preocupar com isso mais tarde, quando estariam mais atarefados com trabalhos e provas.

– Vamos treinar essa parte mais uma vez. Fale com mais raiva! - pediu o professor para Dean. O garoto realmente não estava conseguindo demonstrar o ódio que Alec deveria sentir pelo Sr. Forester... - lembre-se que eu raptei a sua irmã e te separei do seu amor... Sou seu inimigo!

Dean riu por dentro. Talvez não fosse odiar alguém só por raptar Mackenzie... Já se essa pessoa o separasse de Sam, a coisa mudava de figura... O problema era olhar para Winchester e sentir qualquer coisa diferente de amor... Dean sabia que deveria enxergar nele o Sr. Forester, mas só conseguia reparar na beleza e fofura do ator que o interpretava. Tentou mais uma vez, mas a cena continuava ruim.

Winchester provavelmente teria treinado com Dean pela terceira vez, e dispensado os outros alunos... Mas sabia que Brian andava de olho, e não queria levantar suspeitas ficando a sós com seu namorado. Além de tudo, já estava atrasado pra buscar Ben. Sim, seu bebê peludinho estava finalmente pronto para ir pra casa!

–----------------------------------------------------------------------------------

Sam buscou Ben, mesmo não tendo autorização para ficar com ele no colégio. Fazer o quê? O bichinho ainda era muito pequeno e o professor não podia largá-lo sozinho em seu apartamento... O aniversário de Dean estava se aproximando: faltavam duas semanas, e Sam estava muito contente em poder finalmente entregar-lhe o presente tão especial. Ele sorria só de pensar na expressão fofa que o menino faria ao segurar o cachorrinho no colo...

– Ben, fique aqui quietinho, que eu já volto! - pedia o professor de teatro, sempre que precisava sair de seu quarto para dar uma aula, ou fazer outra coisa qualquer. Mas Ben, que estava agora maiorzinho e muito mais levado, aproveitava para fazer bagunça. Depois, querendo companhia, chorava.

–----------------------------------------------------------------------------------

Quinta-feira de manhã bem cedo, Sam resolveu que seu filhote precisava se exercitar na grama. O colégio estava deserto. Estavam todos dormindo... Mal pôs o bichinho no chão, entretanto, e já ouviu uma voz reclamona, e muito conhecida.

– O que é isso? Um cachorro!?

Sam não podia acreditar... Brian? De novo? Era perseguição demais!

– É... Eu achei na rua. Não tenho com quem deixar. - disse Winchester secamente.

– Mas animais não são permitidos no colégio... - explicou o outro, em um tom acusatório. Como se Sam não soubesse...

Winchester respirou fundo.

– Brian, ele fica quieto no meu quarto. Não atrapalha ninguém... Assim que crescer um pouquinho ele vai embora. Prometo...

– Hoje, Winchester! Você se livra dele hoje, ou conto pro diretor! - ameaçou o treinador. Por que Sam Winchester estava sempre burlando as regras? Ele só podia fazer de propósito... Burlava as leis de Deus, as leis da sociedades, e agora, até mesmo as leis da escola... Brian, que já estava com raiva antes, não estava disposto a perdoar nenhuma outro deslize daquele homem...

Sam respirou fundo, assentiu, e se retirou de perto do treinador. Definitivamente não queria confusão... Manteria Ben em seu quarto se fosse necessário, e bem longe do olhar crítico do chato do Brian Scott. O treinador não teria a audácia de ir importuná-lo em seus aposentos. Ou, pelo menos, assim ele pensava...

Horas mais tarde, já recolhido em seu quarto, depois de um dia cansativo, Sam assistia TV com Ben no colo quando bateram na porta. O professor de teatro prendeu o cachorrinho no banheiro e foi atender. E lá, é claro, estava Brian Scott... Por essa ele não esperava... Sim, Scott fora capaz de ir até lá a noite só para verificar se o cachorro ainda estava com ele... Era mesmo muita falta do que fazer...

– O que você quer? - perguntou Sam sem paciência. Antes que Brian pudesse responder, o professor de teatro ouvir Ben choramingando e batendo na porta com as patinhas. Winchester respirou fundo. Lá vinha chateação pela frente...

–----------------------------------------------------------------------------------

Horas mais cedo...

Depois que as atividades acadêmicas terminaram na quinta-feira, Brian levou Christian e Pablo para uma visita ao padre Matthews. Como lhe era de costume, deixou que os meninos entrassem e olhou ao redor procurando por Patrick e Skye. Gostava de conversar com os rapazes, e não cansava de tentar fazê-los acreditar que Matthews não era o monstro que pintavam. Eles precisavam dar uma chance ao homem, e perceber isso. Afinal, o padre poderia ser sua única salvação...

Aquele dia, apenas Patrick estava por ali. O rapaz explicou que Skye não viria mais, pois os pais agora vigiavam a filha mais nova de perto. Já que ele não podia mais encontrar a irmã, não tinha mais razão para sair de casa.

– E você? Que razão tem pra vir aqui? - perguntou Brian curioso.

– Eu vim pegar o meu presente... Hoje é meu aniversário! - exclamou com entusiasmo - O que você trouxe pra mim?! - disse então o rapaz soltando uma risadinha.

Brian ficou sem graça, o que fez Patrick rir ainda mais.

– Eu não sabia... - retrucou o treinador.

– É claro que não sabia... Como você poderia saber? Eu estava brincando...

– Mas é seu aniversário mesmo? - quis saber o mais velho.

Patrick afirmou que sim com a cabeça. Estava completando 22 anos de idade. Mas o real motivo de estar ali, com certeza não era aquele...

– Então meus parabéns! Feliz aniversário! - Exclamou Brian, estendendo a mão em seguida para um cumprimento.

E que aperto de mão tinha o treinador... Suas mãos eram másculas, e seu toque, eletrizante... Sam Winchester era sem dúvida um homem de muita sorte! Patrick não pôde deixar de conter um sorriso encabulado ao agradecer a felicitação.

– Mas na verdade... Eu vim aqui porque queria falar com você... - disse o rapaz em seguida - É sobre aquela história que falei sobre você e o professor Sam Winchester... Eu queria me desculpar.

Brian olhou para o rapaz surpreso, e esperou que se explicasse.

– A verdade é que um aluno do colégio escreveu uma história ficcional sobre uma relação homoafetiva entre vocês dois... Ele ilustrou com montagens de fotos que saíram no jornal do colégio, e publicou na internet - disse o rapaz, enquanto Brian ouvia atentamente - Eu e Skye lemos... Vimos as imagens... E daí te reconhecemos. Foi só isso. É imaginação dele, e eu deveria ter pensado melhor antes de tirar qualquer conclusão precipitada.

O treinador olhava para o rapaz tentando processar a informação que chegava através de suas palavras... Então um aluno que tinha inventado aquela história toda?

– O Sam sabe disso? - perguntou abalado, ainda tentando colocar seus pensamentos em ordem.

– Muito provavelmente não... - opinou Patrick.

Winchester era inocente? Como podia ser? Então, assim como Patrick, ele também tirara conclusões precipitadas? Em seguida pensou em Dean... Ele não tinha motivo algum para concluir que Sam andava se aproveitando do menino. Como o próprio Sam lhe dissera, ele andava vendo coisa onde não tinha... O treinador corou envergonhando lembrando-se disso. Mas alguém precisava ser punido por fazê-lo se passar por idiota - o maldito aluno que inventara calúnias para acabar com a sua reputação.

– Quem é esse aluno? - ele perguntou então, nervoso. - Patrick, você precisa me ajudar... Essa pessoa que nos difamou, precisa ser punida! - disse ele, andando de um lado pro outro, e esfregando as mãos com aflição.

– Bem... - disse o outro, pensativo - Ele apagou a história. Não está mais na web... A única coisa que sei é que assinava como Nando... - mentiu. Afinal, estava lá para desfazer o desentendido que colocara Brian contra Sam. Não pretendia, de forma alguma, prejudicar Ruby com isso.

Nando? Quem era Nando? Brian tentou lembrar de algum aluno chamado Fernando, mas não conseguiu... Sem dúvida, entretanto, iria investigar. Desgraçado! Criar uma história em que ele era gay, namorado de Sam Winchester, e ainda botar sua foto pra quem quisesse ver? O desgraçado devia no mínimo ser expulso do colégio!

–----------------------------------------------------------------------------------

– Jo! - chamou Ruby afoita.

A ruiva olhou para a amiga que se aproximava correndo.

– Patrick conversou com o professor Scott. - disse ofegante - Falou que ele está furioso com o tal aluno que publicou a história na net... Ele acabou de sair da tal paróquia com Christian e Pablo, e está vindo pra cá!

– Socorro, amiga! Que medo! - horrorizou-se Jo.

– Medo de que? Deixa de ser boba... Ele nem sonha que fomos nós! - riu a menina.

– Nós nada! Você... - defendeu-se a outra.

Ruby não se abalou. Na verdade estava mesmo era excitada imaginando que Brian correria para se desculpar com Sam. Com sorte ela poderia ver a cena, e, quem sabe, até sairia um beijo apaixonado... Convenceu Jo a ir com ela até o corredor que dava para o quarto do professor de teatro, e ficar ali de plantão. Com sorte não seriam vistas pelo cruel inspetor Benbow...

–----------------------------------------------------------------------------------

Dessa vez, Jo e Ruby não foram pegas... Quando viram Brian de fato aparecer por ali, ficaram com o coração aos pulos... As duas conseguiram se esconder, e viram quando o professor se aproximou da porta de Sam Winchester e bateu. Controlando-se para não fazer barulho, as meninas riam como duas retardadas.

– O que você quer? - elas ouviram Sam perguntar ao abrir a porta, com um tom pouco amigável na voz.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

OBSERVAÇÂO: Sobre o calendário da fic.

Como me foi perguntado sobre o aniversário do Dean e a apresentação da peça, resolvi fazer alguns esclarecimentos sobre o calendário. A história se passa em 2011. O aniversário de Ruby foi em 29 de outubro, e ela faz aniversário exatamente um mês antes do Dean. Depois do fim de semana em que a menina comemorou o seu aniversário (e Sam viajou para NY com Tom), dois fins de semana se passaram. Um deles Dean e Sam foram à praia. No seguinte, foi quando encontraram Mackenzie.

Portanto, ao final desse capítulo é dia 17 de Novembro, quinta-feira, aniversário do Patrick. Na verdade o aniversário do verdadeiro Patrick é hoje, dia 2 de junho, então essa passagem foi uma homenagem a ele (que está completando 16 aninhos). Na história, ele é mais velho. Parabéns, Pat!

O aniversário do Dean é no dia 29 de novembro. Então Sam ainda precisa ficar tomando conta do Ben por pelo menos 12 dias. E vale lembrar que o feriado de Ação de Graças também se aproxima, e Sam sempre viaja com a família... No caso ele ficaria fora entre os dias 24 e 27 de novembro (de quinta a domingo), e o aniversário do Dean é na terça seguinte.

A apresentação da peça será muito próxima do Natal, no dia 23 de Dezembro, uma sexta-feira.