Dezesseis Anos e Meio escrita por Lady Padackles


Capítulo 26
Capítulo 26




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Dean nem pensou muito no que Mackenzie estaria fazendo lá... Com as mãos trêmulas, abriu a porta de casa, e não demorou a ouvir a voz da irmã e da mãe conversando na sala. O tom da conversa era calmo, o que aliviou seu coração. Mesmo assim, estava bastante nervoso em finalmente ficar cara a cara com a irmã. Seria a primeira vez após o famoso incidente que o levara a quebrar a perna. A primeira vez desde que a implorara por ajuda, contorcendo-se de dor, enquanto via Mackenzie sair porta a fora...

– Dean, Mackenzie está aqui! - foi logo alertando o pai, ao ver o menino entrar em casa.

– Está tudo bem? - perguntou Dean, sem saber exatamente o que esperar daquela visita.

– Ela veio pedir desculpas. Está arrependida...

O menino sorriu e o pai colocou o braço por cima de seus ombros. - Vamos lá falar com ela? - sugeriu. Por pior que tivesse sido a atitude da moça, Roger sabia o quanto ficar de bem com ela significava para o filho.

Dean acenou a cabeça afirmativamente. Queria fazer as pazes com a irmã de uma vez por todas...

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Foi só Dean entrar na sala que Mackenzie atirou-se em seus braços.

– Me perdoa, maninho! Eu estava cega... Apaixonada por aquele canalha do Saul! Mulher apaixonada é muito burra... Acredita em cada coisa... - disse a moça, lacrimosa, apertando o corpo do irmão contra o seu. - Me perdoa por ter te empurrado da escada. Eu não fiz de propósito...

– Claro... claro que te perdoo, Macky! - Dean estava verdadeiramente emocionado. Que surpresa fazer as pazes com Mackenzie assim, de repente, em um dia que não prometia nada de especial.

Sarah, entretanto, não parecia tão amolecida quanto Dean. O que a filha fizera tinha sido grave... Não se conserta atitudes como aquela simplesmente com choro e pedidos de desculpa.

– Você tem sorte de ter um irmão tão bom, Mackenzie... - exclamou a mulher, secamente. - Não é qualquer um que te perdoaria assim tão facilmente.

– Eu sei, mãe...

– E não foi só por ter empurrado seu irmão que você deve se desculpar. Pede desculpas por ter largado ele no chão, machucado, e sem socorro!

Mackenzie cobriu as mãos com o rosto e soluçou alto. - Estou tão envergonhada... Desculpa, Dean, eu prometo ser uma irmã melhor de agora em diante.

Dean ficou com pena. Sarah não precisava ser tão dura com a filha. Ela estava arrependida... Já bastava... Tinha sido culpa do Saul, e ele estava super contente da irmã ter se livrado daquele ser asqueroso e tarado de uma vez por todas. Ainda bem que ela agora enxergava a verdade sobre o ex-namorado.

– Não chora... - pediu o menino abraçando a irmã de novo. - É claro que eu te perdoo...

– E por ter acreditado em um homem que você mal conhecia... - continuou a mãe - Imagina... Como se Dean fosse se interessar por um homem... - disse pensativa. - Meu filho não é gay! - concluiu, indignada.

O coração de Dean bateu mais forte ao ouvir tais palavras. Se tinha uma coisa pela qual Mackenzie não precisava se desculpar, era isso: ter falado para os pais que ele era gay... Pra começar, gay não era xingamento! O menino lembrou-se de Christian e da facilidade com que conversava sobre sua homossexualidade com a mãe. Ahhh, como ele queria poder fazer o mesmo...

– Mãe... Deixa isso pra lá... Eu já desculpei a Mackenzie por tudo! - exclamou o garoto, tentando cortar o assunto.

Mas ela, Sarah, ainda não tinha desculpado. A filha estava "em estágio probatório", segundo ela. A papelada para deserdar a moça já havia sido assinada. Se ela se mostrasse uma ótima filha e irmã pelos próximos meses, reverteria o processo.

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Quando Mackenzie foi embora, feliz da vida com os duzentos dólares que a mãe lhe dera para cobrir o aluguel, Dean foi para o quarto. Estava contente pela volta da irmã, mas algo ainda o incomodava. Não exatamente em relação à ela, mas sim ao fato dele ter perdido uma oportunidade. Burro! Por que não aproveitara que tocaram no assunto para se assumir homossexual? Fora covarde, como sempre... Será que um dia ele poderia conversar com seus pais livremente sobre isso, como Christian fazia?

Como será que Sam contou para os seus pais? Sabia que o namorado tinha uma boa relação com a família, mas nunca perguntara sobre isso. Bem, depois ele perguntaria... Mas só de pensar no Winchester, seu coração apertou de saudade. Por que não mandar uma mensagem de boa noite? Dean foi pegar seu celular, mas não encontrou em parte alguma do quarto. Voltou para a sala, mas também não estava lá...

Agoniado, procurou pela casa inteira, e quanto não encontrou, sentiu-se gelar por dentro. Provavelmente esquecera na casa de Ruby! E se aquela fofoqueira maluca fuçasse o aparelho? Como ele pudera ser tão descuidado? Dean fez um esforço mental para se lembrar se havia algo de comprometedor que a menina pudesse encontrar. Tinha as mensagens de e-mail para Sam, mas o namorado nunca assinava o nome... Tinha fotos de Dean com os amigos.... Mas graças a Deus, nenhuma do Winchester.

Mesmo sendo tarde da noite, Dean ligou seu laptop e enviou uma mensagem para a aniversariante. A resposta só veio no dia seguinte. E não... Ela não tinha encontrado o celular do louro perdido em lugar nenhum... Será que o aparelho tinha sido pego por outra pessoa? Dean tentou ligar para o número e ver se alguém atendia, mas estava desligado. Provavelmente sem bateria...

Que droga... O garoto estava inconformado. Agora já sabia até o que pedir de aniversário para os pais. Precisava de um aparelho novo... Apesar de ter perdido o sono, voltou para a cama, e tentou dormir logo. Tinha que acordar cedo no dia seguinte para estudar, pois a semana seguinte era de provas.

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Assim como Dean, Sam e Clark também acordaram cedo no domingo. Ao contrário do louro, que precisava estudar, puderam aproveitar o dia passeando, pois só pegaram o avião de volta para casa às 11h da noite. Fizeram mais compras. Quer dizer, Clark fez... Mesmo se não fosse chamado para o papel da peça, a viagem teria valido a pena. Clara que o diga... Ganhou novas calças, saias, blusas, vestidos, sapatos e muita maquiagem. Enquanto isso, Sam, desolado, não encontrara nada para o seu bebê - fora a correntinha de prata, que daria de lembrancinha.

– Sam... O Dean vai gostar de qualquer coisa que você dê pra ele! Não precisa se preocupar tanto... - Dizia Clark, no caminho de volta, tentando convencer o amigo.

– Mas eu quero dar alguma coisa especial... Uma coisa que ele goste de verdade... - suspirou o professor, desolado. Por que ele não conseguia pensar em nada?

– Por que não prepara uma festinha surpresa, só entre vocês dois? Disso tenho certeza que ele iria gostar... - sugeriu Kent.

– Isso também! Mas quero dar um presente!

Sam estava inflexível, e começando a ficar emburrado. Clark virou pro lado... Fazer o quê? Pelo jeito não estava adiantando nada tentar ajudar...

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Poucas horas mais tarde, Sam chegava cansado em casa. Nem se deu ao trabalho de desfazer sua pequena mala. Tomou um banho rápido e se jogou na cama. Sorte que não precisava chegar ao colégio antes as 13h no dia seguinte, já que não daria aula por conta da semana de provas.

O moreno fechou os olhos e tentou relaxar, mas só conseguia pensar no presente de aniversário de Dean. Quando ele encasquetava com alguma coisa, era difícil esquecer... Se não tinha encontrado nada em Nova York, quais seriam suas chances de encontrar no Texas, na cidadezinha porcaria onde moravam? Nenhuma...

Já era final de agosto... Dean fazia aniversário no dia 29 de Novembro... Estava tão próximo... Sam estava quase pegando no sono quando despertou de um pulo com uma lembrança terrível. Final de Novembro era Ação de Graças, e ele sempre viajava para passar alguns dias com seus pais e sua irmã, Megan! Era tradição de família. A cada ano, iam para um lugar diferente. Winchester levantou-se e abriu o laptop, torcendo para as datas não coincidirem. Sentiu um alívio ao ver que o feriado cairia na quinta-feira, dia 24. Ficaria fora até o domingo, dia 27, e o aniversário de Dean caía na terça-feira seguinte. O colégio funcionaria, e ele poderia encontrar seu namorado, nem que fosse rapidinho. Depois daria um jeito de comemorar com ele no fim de semana seguinte...

Aliviado, Winchester deitou-se novamente e fechou os olhos, tentando pegar no sono. Já eram quase 4h da manhã... Mas o que ele daria de presente de aniversário para Dean...?

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Poucas horas após Sam finalmente conseguir pegar no sono, Dean chegou ao colégio. Sentado em um banco no jardim, esperava por Misha e Justin, e via, de longe, Ruby perseguindo Brian com a câmera fotográfica. A garota tentava se esconder do professor, enquanto mirava seu novo brinquedinho em sua direção. Para que a menina queria fotos de Brian Scott? Dean não fazia ideia, mas ela que ousasse direcionar aquelas lentes à Sam Winchester... Não queria a aquela morena enxerida babando na imagem do seu lindo namorado.

Quando perdeu Ruby de vista, Dean abriu o caderno de geografia e passou os olhos na matéria mais uma vez. Tinha estudado para a prova, mas sempre gostava de relembrar alguns detalhes a última hora.

– Dean!

O louro desviou seu olhar do caderno, e viu Christian e Pablo se aproximando. Viu também quando o menor abriu a mochila e pegou alguma coisa, acenando para ele em seguida. Foi só quando os dois se aproximaram que Dean finalmente percebeu o que era.

– Meu celular! - exclamou o menino entusiasmado, levantando-se de um pulo, e correndo de encontro a eles. Achou que jamais veria o amado objeto de novo.

– Minha irmã achou no banco de trás do carro, hoje de manhã... - Christian então explicou, devolvendo o aparelho ao seu dono.

Dean nem estava prestando atenção, mas sua felicidade ao rever o celular era inversamente proporcional à de Pablo. Este amargurava um sentimento ruim, enquanto Dean agradecia muitíssimo a Christian por tudo. Por fim, Navalhada rompeu seu silêncio.

– E o que o celular do Dean estava fazendo no carro da sua mãe, Christian? - o tom na voz de Pablo era quase de ameaça.

– Eu dei carona pra ele no sábado, voltando da casa da Ruby... - explicou o menor, calmamente. Não tinha nada a esconder. Não tinha feito nada errado afinal...

– Christian, o Dean não gosta de garotos... - explicou então Pablo, em tom de deboche - ele não é gay.

Christian arregalou os olhos sem entender nada. Do que o outro estava falando? Já ia dizer alguma coisa quando Dean se defendeu.

– Eu sou gay sim! - reclamou, impulsivamente. Se tivesse pensado um pouco veria que sair do armário assim, na frente de Navalhada, podia não ser uma boa ideia. Mas Dean estava cansado das pessoas assumirem que ele era heterossexual. Ele nunca dissera se era uma coisa ou outra... Já bastava não conseguir admitir a verdade para seus pais.

Pablo não disse mais nada. O pacote de balas que segurava foi lançado furiosamente no chão, com toda força do mundo, espalhando bolinhas coloridas por todos os lados. Dean e Christian viram espantados o garoto se retirando, batendo os pés com força, e soltando fogo pelas ventas. O que dera nele afinal?

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– Sam... Sam...

Winchester abriu os olhos devagar. O sol já estava alto no céu. Quem estava chamando por ele? Olhou ao redor, mas não viu ninguém.

– Psiu... Vem logo, vem depressa... - chamou a voz - Vem buscar o presente do Dean...

O homem levantou-se da cama curioso e apreensivo. Será que tinha esquecido de trancar a porta de casa? Quem estava ali? Clark? Mas aquela voz não parecia a dele... Se assustou ainda mais quando quem quer que fosse, começou a chorar, soluçando baixinho.

– Não demora! Por favor! - pedia a vozinha, cada vez mais fraca - ou pode ser tarde demais...

Winchester olhou pelo apartamento inteiro, mas como não encontrasse ninguém, imaginou que o chamado pudesse estar vindo do lado de fora. Colocou o roupão por cima da roupa de dormir, calçou seus chinelos e saiu porta a fora. A voz tornou-se mais audível, e soava cada vez mais desesperada.

– Quem está me chamando? - perguntou o moreno, aflito. - Onde você está?

– Dentro da lata de lixo! - chiou a voz - Vem me buscar. Ele vai adorar me ganhar de presente... Prometo!

Dar uma pessoa de presente pro Dean? Que loucura era aquela? E como o dono daquela voz lamuriosa sabia que ele procurava um presente para o seu neném? Sam avistou o latão e não hesitou em levantar a tampa. Quase desmaiou com a cena que viu. Um cheiro forte de carne putrefata e sangue. Havia sangue por todos os lados...


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Notas finais do capítulo

O que "O Castelo dos Meninos" tem a ver com o "Incrível Hulk"?

Quando eu comecei a escrever o Castelo dos Meninos, a idéia era escrever uma única história, sem continuação. Ela terminaria exatamente do mesmo jeito que terminou. Seria tudo um sonho do Sam... A história era escrita em tempos modernos.

Depois percebi que esse seria um final um tanto cruel, de uma história de amor que nunca existiu... Pensei então desse sonho ser a lembrança de uma vida passada. Só a partir daí (lá pro meio da fic), que eu comecei a introduzir elementos da antiguidade - a biblioteca só tinha livros antigos; Dean acreditava em sanguessugas, etc. Os elementos modernos ainda estavam justificados - Sam vivia em 1994, e misturou as duas vivências.

1994 foi escolhido por colocar o nascimento dos meninos no ano de 1978 (o mesmo do Jensen). A encarnação seguinte se passa em 2011, e coloca o Sam com idade próxima a que o Jared tem hoje. Na história ele tem 33, e o ator vai completar 33 em poucos meses. Idealmente eu teria colocado Dean Ross com 16 anos, e Sam com 32, mas não teria dado tempo (a diferença de idade deles precisava ser de no mínimo 18 anos).

Quando fiz essa decisão, reli o que tinha escrito até então e verifiquei duas inconsistências. Uma delas eu deletei na "cara de pau", pois não fazia diferença alguma. Quem acompanhou desde o começo, leu a versão antiga. A passagem deletada mostrava Sam tirando fotos da caveira que colocou no banheiro do Dean (Ross) com seu celular. Mas em 1994 celulares não eram comuns, e muito menos tiravam fotos. Mas essa passagem tinha pouca importância... Então não está mais lá.

A outra inconsistência era a música que o Dean (Ross) tocava ao piano - "The Lonely Man". Ela foi composta lá pros anos 60/70, então de fato ela só podia vir da lembrança do Sam. A música tocada originalmente, era outra. Entretanto, eu disse no texto que Sam não reconheceu a música... Eu não quis mudar isso, porquê reconhecê-la não teria o mesmo impacto. Pra mim, isso tinha importância... Mas tinha outro jeito - trocar a música! Eu poderia ter substituído por outra melodia bonita, triste e muito antiga. Só que eu tinha feito um vídeo com "The Lonely Man" como trailer pra fic...

A explicação então é que Sam não se lembrou da música, mas ela estava no seu subconsciente. E o que o "Incrível Hulk" tem a ver com isso tudo? "The Lonely man" é a música de abertura desse seriado! Então se Jay assistia quando era criança, está explicado onde a tinha escutado, anos atrás.

Ninguém acertou, mas parabéns para a Gabriele Bastos que pelo menos embromou e ganhou uma mordida do doce virtual! Rssss. :D



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