Dezesseis Anos e Meio escrita por Lady Padackles


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Consegui um tempinho para atualizar essa história bem a tempo de desejar um Feliz Ano Novo para todos vocês! Que 2015 nos traga muitas novas e lindas histórias!



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Sam estava nervoso. Sentado em seu gabinete, ensaiava suas palavras. A decisão de chamar Dean para conversar fora um tanto precipitada... Entretanto, ele continuava sem enxergar outra saída – não podiam mais adiar uma conversa. Os dois se beijaram, se abraçaram, e era claro para Sam que Dean sentia algo forte por ele. Era claro também o quanto ele estava sofrendo. Pobre menino... Como devia estar confuso, tendo de guardar as lembranças de um momento tão especial apenas para si... Se perguntando se seu amor era correspondido ou se seu professor era um sonâmbulo beijoqueiro, que sem discernimento, saía beijando qualquer boca que se aproximasse da dele enquanto dormia.

O professor de teatro suspirou. Pediu a Deus que colocasse em sua boca as palavras certas. Queria poder aliviar o jovem coração de seu amado. Fazê–lo entender que o amor que sentia não era errado. Muito pelo contrário... Era lindo e sagrado! Talvez não dissesse com todas as palavras, mais faria Dean entender que ele, Sam, o amava também. O menino só precisava ter paciência, pois aquele não era o momento certo para as coisas acontecerem.

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Enquanto isso, Dean tremia dos pés a cabeça. Seu pior pesadelo estava prestes a se concretizar. O que Sam Winchester queria falar com ele? Provavelmente exigir explicações... Perguntaria o porquê dele tê–lo beijado... E o louro, morrendo de vergonha, responderia “sei lá”, e nunca mais conseguiria olhar nos olhos do professor. Teria de se contentar em contemplar o desenho que fizera em seu tablet e abraçar seu travesseirinho com olhos de papelão – as únicas versões de Sam que estariam disponíveis para ele.

Estava impossível prestar atenção à aula de física, e Dean estava tão nervoso que agora apertava as próprias mãos, e balançava as pernas sem parar.

Misha contemplou o amigo que parecia a ponto de explodir. O que estava acontecendo com Dean afinal? Trocou olhares com Justin, que reparava o mesmo que ele. Não podia ser o término com Danneel... Dean não parecia triste, e sim agoniado. Talvez estivesse passando mal...

– Dean, está tudo bem? - o moreno perguntou baixinho.

O louro olhou para o amigo com os olhos tão arregalados, que pareciam pedir socorro. Apesar disso, acenou a cabeça de forma afirmativa. Misha não entendeu porque Dean não queria lhe dizer a verdade... Ele e Justin trocaram algumas palavras entre si e, em seguida, o moreno de olhos azuis voltou-se novamente para Dean.

– Vamos sair daqui e beber alguma coisa, vem! - sugeriu, já puxando o colega pela mão e pedindo ao professor que os liberasse. Em seguida conduziu o louro ate a cantina e sentou-se com ele, pedindo um suco de maracujá para o amigo em seguida.

– Dean, o que esta acontecendo? Estamos só nós dois aqui agora... - disse o moreno, olhando o amigo no olhos.

O louro baixou a cabeça sem saber o que fazer. Seu coração batia a mil por hora e as lágrimas começaram a escapulir de seus olhos.

– Me conta, Dean... Vai se sentir melhor... Você está sentindo alguma coisa, tipo, passando mal?

O louro negou com a cabeça. - Eu estou com medo... - disse por fim, em um fio de voz.

– Com medo de quê? - perguntou Misha assustado.

– E que eu fiz uma besteira... Uma coisa horrível... - disse Dean. Sem conseguir se controlar mais, começou a chorar.

O moreno estava curioso e bastante preocupado. Dean era quieto e comportado, mas pelo jeito tinha feito algo terrível. Ele não fazia ideia do que podia ser...

– Calma... - disse o menino tocando o braço do amigo. - Você pode me contar, e eu te ajudo a resolver.

Dean não respondeu, e apenar continuou a chorar enquanto bebericava o suco.

– É algum problema em casa? - perguntou Misha, tentando fazer com que o outro menino falasse.

Dean negou com a cabeça.

– Você brigou com alguém? Machucou alguém? Quebrou algum objeto de valor e depois escondeu?

Novamente Dean respondeu que não, e Misha continuou.

– Roubou alguma coisa? Fumou escondido? Experimentou alguma droga?

O louro negou tudo.

– Você assaltou um banco? Matou alguém e escondeu o corpo? Sequestrou o filho de um milionário? - perguntou agora sorrindo, e arrancando um sorriso de Dean também.

– Não.

– Então não há de ser algo assim tão terrível... - amenizou Misha.

Depois de beber o suco de maracujá e sentar ali com o amigo por alguns minutos, se abrir com Misha não parecia tão ruim assim... Afinal em pouco tempo estaria enfrentando Winchester, e, diante dessa perspectiva, qualquer coisa parecia fácil.

– Eu beijei o professor Winchester... - O menino disse por fim, parando de chorar, e corando envergonhado.

Misha olhou para ele surpreso.

– Beijou? Como foi isso?

Dean então descreveu a cena: ele e Sam dentro do carro escuro, a chuva caindo lá fora. O professor dormindo sob efeito de um remédio... Então ele foi lá e o beijou. Simples assim.

– Beijou assim por beijar? - Misha sorriu. Aquele segredo não era terrível. Muito pelo contrário, era até divertido... Fazer coisas sem sentido só pelo prazer de experimentar era legítimo aos seus olhos. Se fosse ele no lugar de Dean, talvez tivesse feito a mesma coisa... Ou talvez tivesse feito tranças no cabelo de Winchester... Quem sabe? - E qual o problema? Alguém viu? - perguntou em seguida.

– Ninguém viu... Mas ele correspondeu... - Dean respondeu baixando os olhos de vergonha... - mas depois dormiu de novo, e a gente nem tocou no assunto... Então eu achei que tivesse esquecido... Mas agora ele me chamou pra conversar depois das aulas. Eu estou morrendo de medo!

– Ele correspondeu? - Misha ficava cada vez mais surpreso. - Ahh Dean... E você está com medo de quê? Dele querer outro beijo? Fala que você não quer e pronto...

– Não, Misha! Ele vai brigar comigo! Dizer que eu o beijei quando estava quase inconsciente e desprotegido...

Misha ficou pensativo.

– Ele não vai te dedurar pra ninguém... Ele é legal. Não dedurou nem a Genevieve, que armou toda aquela confusão... Além de tudo, dormindo ou não, ele correspondeu seu beijo... Provavelmente não vai querer que alguém saiba disso.

– Eu não estou com medo de ser dedurado... - protestou Dean.

– Então está com medo de quê? - Novamente o moreno estava surpreso.

– Dele brigar comigo... - Dean fez beicinho. - E de me odiar para sempre...

Pobre Dean. Devia ser uma merda ser ele... O louro fazia uma tempestade em copo d`água. Todo aquele desespero era por medo de levar um puxão de orelha? Misha olhou o amigo que começava a chorar de novo.

– Dean... E daí se ele for te odiar para sempre?

Ao ouvir tais palavras Dean chorou ainda mais, deixando Misha sem graça. Será que em vez de ajudar ele estava atrapalhando?

– Eu beijei ele... Porque eu amo ele... - o louro então confessou aos soluços, pegando o amigo desprevenido.

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Depois de Dean confessar seu amor pelo professor de teatro, ele e Misha ficaram conversando ainda por um bom tempo, e inventaram uma desculpa qualquer para não voltar para as aulas. Dean contou tudo. Como se sentia perto de Sam... Como estava viciado em contemplar seus olhos... Como tinha vontade de pular em cima dele e beijá–lo da cabeça aos pés. Misha ouviu tudo atentamente. Agora sim o pavor parecia fazer sentido. Pessoas apaixonadas ficavam descontroladas mesmo... Tentou acalmar o amigo como deu, e torceu por ele quando finalmente a hora do encontro com Winchester chegou.

Dean encaminhou-se até a porta do professor, trêmulo. Pelo menos não estava chorando... Não fosse Misha para ajudá–lo a passar o tempo, ele provavelmente não estaria ali. Teria morrido de desespero antes... Enchendo-se de coragem, o menino bateu na porta.

– Pode entrar! - respondeu o professor Winchester.

Dean engoliu em seco. Seus joelhos tremiam tanto que ele quase caiu. Apoiou-se com mais força nas muletas e seguiu em frente.

– Sente-se aqui. - Disse então o professor, solicito, apontando para uma cadeira que ficava em frente a mesa onde estava sentado. Seu semblante era amável, mas Dean nem mesmo conseguia olhar para o homem.

Sam estava nervoso, e o desespero que Dean, que era claro, não ajudava em nada aquela conversa.

– Fica calmo... - pediu então Sam, pegando um copo de água para Dean em seguida. Com o gesto forçou que o louro olhasse para ele, mesmo que por um segundo.

Sam então respirou fundo, e falou.

– Dean, eu me lembrei do que aconteceu no carro... Lembrei só agora, por isso demorei tanto para te chamar aqui. Acho que não podemos mais adiar essa conversa...

O louro estremeceu e sentiu seu estômago embrulhar. Manteve-se quieto, com a cabeça baixa, esperando que o professor prosseguisse... Sentia-se como um boi na porta do matadouro.

Sam não gostava de ver seu neném tão amedrontado... Além de tudo queria poder conversar olhando em seus olhos. Precisava ser capaz de perceber o que o louro estava sentindo... Sam então levantou-se e aproximou-se do menino.

– Olha pra mim... - pediu, puxando uma cadeira e sentando-se ao seu lado.

Dean, sem opção, olhou para Sam, com o coração acelerado. Seus corpos estavam muito próximos agora, e só isso já seria motivo o suficiente para deixá–lo nervoso.

– Dean... Eu sei se você está confuso... Com o que está sentindo... Eu já fui adolescente um dia... - Sam tentava escolher as palavras, mas temia que seu discurso estivesse saindo desconexo. - Mas eu queria que soubesse que nenhum sentimento bom é errado...

Dean engoliu em seco. Sam estava sendo doce e gentil... Pelo jeito sabia o quanto Dean gostava dele. Já tinha percebido, é claro... Além de tudo ele devia estar com uma cara horrível, pois o professor aparentemente não tinha coragem de brigar com ele. Pelo jeito ia apenas sugerir que seu sentimento era coisa de adolescente e que haveria de passar... E ele fingiria concordar... Apesar de saber que sofreria por Winchester pelo resto de sua vida.

– Dean... - Sam tocou no braço do aluno de leve, procurando seu olhar, que havia se dispersado novamente. - Isso que você sente... E que eu sinto também... O que a gente sente... É forte... E é bonito...

Isso que A GENTE sente? Como assim A GENTE? Dessa vez foi Dean que fez questão de encarar o professor, sem esconder a surpresa. O moreno estava admitindo gostar dele também?

– Mas você sabe que eu sou muito mais velho que você... - continuou Winchester. - E pior do que isso... Você ainda é um menino... Tem só quinze anos... - o professor então falou, desviando o olhar.

Então Sam também gostava dele... E estava ali para lhe dizer que apesar disso, não poderiam ficar juntos? Dean teve vontade de chorar.

– Olha... Isso que aconteceu no carro... Não foi culpa sua... Eu não devia ter feito o que fiz...

Dean sentiu uma lágrima escapulir. Sam estava sendo um cavalheiro. Tão delicado que nem mesmo mencionava que fôra ele quem o beijara primeiro.

– Dean, você entende que eu posso ir até pra cadeia por causa disso? Mas nada impede que sejamos amigos por enquanto, e, quem sabe, no futuro...

Talvez Sam tivesse razão. Para ele seria muito mais complicado viver aquela paixão... Dean não poderia esperar que o professor se arriscasse tanto por ele. Era só um garoto boboca, que agora chorava como um bebê.

O coração de Sam estava apertado. Odiava ver Dean chorar. Antes pensara que deixar as coisas claras para o louro fosse evitar que o menino sofresse mais. Agora não tinha tanta certeza...

– Não chora... - Winchester disse, simplesmente, sentindo seu coração despedaçar e seus olhos marejarem também. Colocou a mão no ombro de Dean, chamando-o para um abraço. Ficaram os dois de pé, abraçados, Dean apoiado em Sam.

Então lá estavam ele e seu amor, sofrendo mais uma vez pela impossibilidade de ficar juntos. O louro molhava seu pescoço de lágrimas... Mas dessa vez não era uma terrível doença terminal que os separava... E sim uma estúpida diferença de idade, e a opinião preconceituosa de pessoas como Brian...

Ahhh, que se danassem! Ele queria. Dean queria. O que mais importava?

– Dee... - Winchester disse, afastando-se ligeiramente, e limpando o rosto do louro com os dedos. Era a primeira vez que o chamava pelo antigo apelido... - Eu não gosto de ver você chorar... Olha, a gente só precisa ser discreto... - e dizendo isso, Sam aproximou seus lábios aos do garoto e deu-lhe um beijo doce. Doce e breve. Afinal fazer qualquer coisa ali na escola era muito arriscado...

O coração de Dean estava acelerado, e ele mal conseguia respirar.

– Vamos dar uma volta? Precisamos comprar material para o cenário da nossa peça... Foi pra isso que eu te chamei aqui... Você quer ir comigo? – Winchester então falou, soltando um sorriso encantador. Dean mal pôde acreditar... Em meio às lágrimas, sorriu como uma criança que acabara de ganhar o sorvete mais delicioso do mundo. Claro que ele aceitava o convite...

Saíram então, lado a lado, ambos com o coração batendo acelerado. Misha estava por ali com Justin, pelo jeito esperando pelo colega... A essa hora Justin já estava a par de tudo, e os dois amigos estavam curiosos para saber como havia sido a conversa de Dean com o professor.

– Nós vamos sair para comprar material para o cenário da peça... – disse Dean de passagem, sem esconder o nervosismo e um sorrisinho vitorioso. Misha e Justin se entreolharam e sorriram também. Pelo jeito as coisas iam bem, e aqueles dois iam sair para se divertir. Ficaram felizes por Dean.

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Sam e Dean seguiram andando em direção ao estacionamento onde estava o Jipe do professor. Bastava conversarem com o porteiro que Dean conseguiria liberação para sair.

– Onde vocês estão indo?

O garoto e o homem viraram–se para trás e viram Brian, que olhava curioso. Dean engoliu em seco, nervoso. Se o treinador Scott desconfiasse de alguma coisa estavam perdidos, principalmente Sam...

– Estamos saindo para comprar material pra peça. - explicou então Sam, sem lhe dar muita atenção.

Brian os encarou por um momento... Dean estava vermelho, como se tivesse chorado... O homem fechou os olhos e respirou fundo. Talvez ele estivesse vendo coisa onde não tinha...

– Então boas compras... - exclamou o treinador, acenando em seguida.


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