Dezesseis Anos e Meio escrita por Lady Padackles


Capítulo 16
Capítulo 16




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O coração de Dean batia freneticamente. Esperou que Sam fosse dizer alguma coisa, mas ele não o fez. Apenas correspondeu seu beijo e o abraçou de forma terna e carinhosa. O menino estava agora ligeiramente debruçado por cima do professor, e sentia os braços do moreno envolvendo seu corpo. Suas bocas estavam coladas, e as línguas exploravam uma a outra avidamente, loucas de tesão. Dean nunca nem sequer imaginara que um beijo pudesse ser assim, tão incrivelmente maravilhoso.

Ficaram juntinhos, se curtindo, sem dizer palavra, por alguns minutos. Além do momento mágico que estava vivendo, Dean explodia de felicidade só de pensar que Sam, pelo jeito, correspondia o seu amor. Poderiam ficar juntos para sempre agora!

Logo, entretanto, o louro percebeu o farol de um carro que se aproximava em velocidade e parou de repente. O menino desfez o abraço e afastou-se de Sam de um pulo. Ainda ofegante, viu uma mulher alta saltar do veículo e andar em direção ao Jipe. Será que eles tinham sido vistos? Dean olhou para Sam a procura de apoio, mas o moreno tinha os olhos fechados agora. Dormia tão pesadamente que Dean se perguntou se imaginara parte do que havia se passado com eles.

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Minutos mais cedo...

Ruby e Jo caminharam apressadas e levaram menos de vinte minutos para chegar à Smokey Gray. Chorosas, rasgadas e humilhadas, perguntaram por Clark Kent, e acabaram sendo apresentadas a Clara, que ainda não tinha trocado de roupa.

Clara ficou penalizada. Ruby nem mesmo sapatos usava... Estava de lama quase até os joelhos e foi logo lhe explicando que Sam precisava de ajuda.

– Sam desmaiado de sono? Mas por que? Ele bebeu? - perguntou o travesti preocupado.

As meninas tiveram que contar a verdade. Falaram sobre o sonífero e a tentativa de Ruby em se aproximar mais de seu professor... Não fizera por mal, jurou a morena.

Adolescentes... Só fazem bobagem! Clark chamou seu namorado Trevor para ajudá-lo e saiu apressado, carregando as meninas consigo. Nem mesmo teve tempo de se trocar, preocupado em chegar logo e ver se Sam estava bem.

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Dean abriu a porta do Jipe e logo reconheceu Clara, o travesti que estava no palco se apresentando. Mas quem se espantou mais com o encontro foi Clark. Aquele garoto era o Dean! Bem... Não podia ser ele de fato... Mas era absolutamente idêntico ao seu falecido colega. E por que Sam não mencionara o aluno, que era sósia de seu grande e primeiro amor? Muito estranho... Depois ele perguntaria para o amigo, com certeza. No momento precisava ajudar Sam e aqueles adolescentes a voltar para casa.

– Vem, garoto! Passa pro meu carro, que o meu namorado vai levar você e as meninas pra casa... - Clark falou, depois de dar uma olhadinha em Sam e verificar que ele parecia bem.

– E ele? - perguntou o menino preocupado. Não gostava da idéia de ir embora largando seu amor daquele jeito...

– Eu vou dirigir o Jipe e levá-lo pra casa. Não se preocupe...

Clark então ajudou Dean a se levantar e andar até o outro carro, tentando evitar que o garoto molhasse o gesso.

– Obrigada por ajudar o Dean! - agradeceu Jo, acenando para Clara.

O travesti arregalou-se. Dean? Então era esse o nome do garoto? Não podia ser... Ficou boquiaberto, mas não disse nada. Se acreditasse em coisas absurdas suporia que Sam dera um jeito de trazer seu amado de volta a vida, e que aquele louro de perna quebrada era algum tipo de zumbi. Mas como isso era impossível, ficou realmente sem sabe no que acreditar.

Trevor se encarregou de levar os adolescentes embora, depois de ajudar Clark a ajeitar Sam no banco do carona do Jipe. Clark, ou melhor, Clara, ficou encarregada que levar o Winchester e seu carro para casa. Ficaria o tempo necessário com o amigo, até se certificar de que ficaria bem. Sorte que Trevor era um cara tranquilo e nada ciumento.

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Durante todo o trajeto de volta para casa, Dean não conseguiu pensar em nada a não ser no professor Winchester e no momento maravilhoso que tiveram no carro. O sentimento em seu peito, entretanto, oscilava bruscamente. Por vezes sentia-se a pessoa mais feliz do universo. Em seguida vinha o medo de que Sam estivesse grogue demais para se lembrar do que aconteceu entre os dois. Ou pior ainda que isso... E se Sam lembrasse e entendesse que Dean se aproveitara dele em um momento em que mal conseguia raciocinar? E então, trêmulo de desespero por causa deste último pensamento, Dean lembrava-se do calor do corpo de Sam e na textura de seus lábios. Era difícil saber se sorria ou se chorava...

Foi só quando Trevor estacionou em frente a sua casa, e o louro se despediu do homem e das meninas, que se lembrou que tinha ainda outra coisa com que se preocupar: Mackenzie... Como haveria de ter sido a conversa entre ela e seus pais?

Dean não custou a descobrir. Roger e Sarah estavam na sala quando ele entrou em casa, e ficaram felizes pelo menino não ter demorado demais. Mal podiam imaginar onde o filho tinha ido e o que acabara de fazer...

– Como foi a festinha, meu filho? Se divertiu muito?

O garoto confirmou. A festa tinha sido ótima... Boa até demais! Mas agora ele precisava saber de Mackenzie...

– A sua irmã não presta, meu filho... - foi logo dizendo a mãe, quando ele perguntou sobre a conversa. - Tivemos uma conversa séria... Ela só pensa em dinheiro, não tem respeito por ninguém... Eu decidi deserdá-la.

Deserdá-la? O louro ficou assustado. Mackenzie devia estar odiando-o ainda mais agora. Ela realmente se importava com dinheiro, e ser deserdada com certeza era a última coisa que queria na vida. A mãe tinha realmente exagerado dessa vez.

– Mas mãe... Ela não fez por querer... - disse o menino, mesmo sabendo que não era verdade. Dean não queria se sentir culpado pela infelicidade de sua irmã, por pior que tenha sido o seu ato.

– Deixa de ser ingênuo... Ela fez por querer sim... Sua irmã sempre foi uma garota ruim, desde pequena...

Sarah falava da filha com tal frieza, e de maneira tão brutal, que Dean teve vontade de chorar. Mackenzie não era tão monstruosa quanto a mãe dizia... Mas mesmo que fosse, não era o papel de Sarah, como mãe, tentar entendê-la?

– Mãe... Não fala assim... Foi só um mal entendido...

– Não, Dean. Não foi mal entendido nenhum! Ela falou na minha cara que te empurrou de propósito. Ainda disse que você tinha dado em cima daquele namorado asqueroso dela... Imagina se você ia dar em cima de um homem? Sem cabimento... - Sarah balançou a cabeça com indignação. - Esquece a sua irmã! - completou - Ela morreu pra mim.

A mulher não falava com raiva, mais com determinação. Pela sua postura, nem adiantava Dean tentar insistir. A mãe não voltaria atrás, estava inflexível...

Já sensibilizado pelo que acontecera entre ele e Sam – e a incerteza do que viria em seguida – o menino não conseguiu evitar as lágrimas. Então era assim... Por causa do idiota do Saul agora Mackenzie o odiava, Sarah odiava Mackenzie, e provavelmente ele nunca mais veria a irmã na vida...

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– Não chore, meu filho...

Dean esfregou os olhos e encarou o pai. Estava agora recolhido em seu quarto, e chorando como um bebê. Não só por causa de Mackenzie, mas também pela angustia que sentia ao pensar em Sam. Recordar-se dos beijos e abraços era bom, mas o medo de que o professor se lembrasse e o odiasse por isso era gigantesco. Tudo toma proporções maiores durante a noite, e Dean sentia-se o ser mais miserável do universo inteiro.

O menino queria poder falar com Roger sobre Sam e o beijo, mas não podia... Restava conversar sobre a irmã, portanto.

– Eu não queria que tivesse chegado a esse ponto. A Mackenzie mal consegue se sustentar... O que vai ser dela agora? - perguntou aos soluços.

– Meu amor... Mackenzie já é adulta. Ela vai dar um jeito... Não se preocupe com isso... - disse Roger, afagando os cabelos do filho. Seu menino era tão bom... Mackenzie não merecia um irmão como ele... Mas Roger estava ainda com mais raiva de Saul. Deixou bem claro para a enteada que iria colocar a polícia para investigá-lo. Infelizmente não podia prestar queixas porque o rapaz não chegara a abusar de Dean.

– Fala com a mãe... Pede pra ela conversar com a Macky e voltar atrás... Eu não quero que ela deserde a minha irmã... Eu não quero que a Mackenzie me odeie pra sempre... - pediu o menino.

– Dean... Deixa a poeira baixar... O tempo resolve tudo, meu filho. Mackenzie é sua irmã, e nunca vai deixar de ser. Ela não te odeia, tenho certeza disso.

– Mas a mãe odeia ela... - retrucou o louro, abraçando o pai.

Roger ficou ali por um bom tempo consolando o filho. Assegurou a ele que Sarah não odiava Mackenzie e que haveria de voltar atrás em sua decisão. Pediu para o menino ter paciência e dar tempo ao tempo.

Nos bracos de Roger, Dean sentia-se protegido. Ele era o melhor pai do mundo... Sempre sabia o que dizer para acalmá-lo... O menino já teria lhe contado sobre Sam não fosse o medo de desapontá-lo. Finalmente estava conseguindo relaxar e sentia seus olhos pesarem.

– Eu te amo, papai.

– Eu também te amo, meu filho. - disse Roger dando um beijo na testa do garoto.

O louro fechou os olhos e deixou que o pai lhe afagasse a cabeça até finalmente pegar no sono.

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Foi mais ou menos quando Dean dormiu, que Sam acordou. Remexeu-se sonolento na cama, sem saber exatamente onde estava e o que tinha se passado com ele. A sensação que tinha, entretanto, era agradável, como se algo maravilhoso tivesse acabado de acontecer. O homem então abriu os olhos lentamente e notou Clark sentado ali perto, lendo um livro qualquer.

– Clark? - perguntou Winchester esfregando os olhos.

O outro homem já estava agora de banho tomado e vestido com roupas casuais. Levantou-se depressa, ouvindo o chamado do amigo, e feliz por ele ter finalmente acordado.

– O que aconteceu? - Sam ainda estava bastante confuso. Lembrava-se que estivera no show de Clara... E depois Dean, Jo e Ruby apareceram... Não sabia ao certo o que mais.

Clark sentou ao pé de sua cama e contou a ele sua versão da história. Foi só aí que o professor de teatro lembrou-se que tentara levar os garotos para casa e do sono louco que sentira de repente. Então fora tudo culpa de Ruby... Que garota mais louca! Poderia ter causado um sério acidente, colocando em risco a vida de todos eles...

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Sentindo-se mais desperto, Sam foi tomar um banho, enquanto Clark preparava um chá na cozinha. O moreno ligou o chuveiro e se enfiou debaixo do jato de água quente. Era muita sorte estarem todos bem, e Sam estava muito agradecido a Clark e Trevor por isso. Mas algo o incomodava, que não fazia sentido algum. A sensação de felicidade que invadia sua alma... Era como se não se lembrasse, e Clark tivesse esquecido de lhe contar, a parte que mais importava da história toda – algo incrivelmente bom!

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Tomavam agora um chá, sentados na mesa da cozinha.

– Tem certeza que já está 100%? Posso pedir para o Trevor me buscar? - perguntou Clark.

– Estou ótimo. Muito obrigado, Clark. E agradece ao Trevor por mim...

Clark encarou o amigo. Estava um tanto sem jeito, mas ele não podia ir embora sem antes perguntar...

– Sam... Esse seu aluno de perna quebrada... Ele é igual ao Dean! E também se chama Dean?

Winchester estremeceu. Nem tinha pensado sobre isso, mas claro que Clark o reconheceria... A menção do nome de Dean o deixava nervoso, pois era difícil falar sobre o garoto sem ter que mentir. A verdade é que já mentia para seus amigos fazia tempo, dizendo não estar apaixonado por ninguém...

– Ele é irmão do Dean... Do outro Dean... Os pais puseram o mesmo nome... - respondeu, finalmente, engasgando-se um pouco. Não pode evitar o rubor que invadiu sua face.

– Irmãos? Sério? Mas eles são idênticos... Você não acha?

Winchester balançou a cabeça afirmativamente... Sim, ele também achava.

– Só achei estranho você nunca ter me falado nada sobre esse garoto... Desde quando vocês se conhecem?

– Desde o inicio do ano letivo... - Sam respondeu.

Clark reparou nas bochechas vermelhas e no nervosismo que o amigo falhava em esconder.

– Você está apaixonado!? - perguntou surpreso.

– Não! Não! De jeito nenhum! Ele é só um menino! - protestou o professor, colocando-se na defensiva.

– Deixa de bobeira, homem... O amor não tem idade... E é mais que natural que se sinta atraído por ele. É a cópia do amor da sua vida...

As mãos de Sam estravam trêmulas, e ele começava a lacrimejar. Clark não o acharia um pedófilo filho da puta? Será que ele poderia mesmo lhe contar a verdade? Antes que pudesse decidir o que dizer, Clark tomou a palavra de novo.

– Você já pensou que ele poderia ser a reencarnação do seu namorado? Quem sabe não voltou pra ficar com você?

Sam olhou para o amigo, sentindo seu queixo cair.

– Você acredita em reencarnação?

– Trevor é espírita... Ele andou me contando várias histórias... Não tenho motivo para não acreditar... - disse Clark pensativo. - Sim, eu acredito! - concluiu.

De repente Sam sentiu-se revigorado, com vontade de sorrir. Estava ali, frente a frente com um de seus melhores amigos, tomando um chá, e conversando sobre Dean e reencarnação. E, ao que parecia, Clark estava pronto para ouvir. E ele, Sam, pronto para colocar para fora tudo que guardava há anos dentro de si sem compartilhar com ninguém. Finalmente teria alguém com quem desabafar. Um amigo para lhe dar conselhos...

– Não liga pro Trevor agora! Vou te contar uma história... Uma longa história...


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