Eu queria chorar, como eu queria chorar, mas por mais que eu forçasse, nenhuma lágrima caia, nada, simplesmente nada, eu estava seca por dentro. Estava tão fria e vazia, vejo que ninguém nota e isso me machuca bastante. Minha vontade naquele exato momento, era fechar os olhos para nunca mais abri-los. Meu peito doía, e meu braço tremia, o sangue escorria até o ralo, minha vista tinha começado a embaçar. Ouvi chutes na porta, então fiz o que era mais sensato, enfiei dois dedos nos meus enormes cortes, e o sangue jorrou novamente, soltei um gruindo pelos meus lábios secos.Minhas pernas tremeram e se cansaram, então cai no chão. Um barulho alto ecoou no banheiro, com o meus ossos batendo no chão. Eu estava morrendo, eu causara aquilo, eu sabia das consequências do meu último ato e eu estava sozinha, não literalmente, logo entrariam pessoas que eu nunca havia visto para tentar “salvar” minha vida.

O chão era frio, mas eu me sentia quente, meu corpo estava livre e eu olhava para o branco do teto que por algum motivo me acalmava. As pessoas que eu havia mencionado, entraram. Dentre todas, só reconhecium rosto em minha frente, o único que reconheci, nele havia lagrimas e culpa, realmente muito culpa, mas não era sua culpa, e eu queria falar, mas eu já estava praticamente morta e nenhuma palavra saia de minha boca. Minha vista clareou por um instante, mas em seguida, vi somente escuridão e adormeci, em um sono que não se acorda nunca mais.

À princípio quero deixar claro que não os culpo por terem assistido lentamente à minha morte, não havia outra saída. Não há culpados, o suicídio foi a forma mais digna que encontrei. Há muito tempo, o mundo dói dentro de mim. Nunca deixei transparecer esta imagem, preferi sofrer calada. Esta foi a forma da qual usei somente com o propósito de fazer a dor parar. Viver não é tão simples como dizem os conselhos que recebemos. Não é somente por causa de um amor, dinheiro ou relações humanas que fiz isto. Sofri muito. E deixarei explicito bem aqui tudo o que passei.