Sky escrita por Lady Lucy


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Bem, primeiramente, Olá pessoa!
Eu deveria estar continuando minha outra história mas não consegui tirar essa ideia da cabeça e resolvi escreve-la.
Então, está ai.
Boa leitura :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/529104/chapter/1

Namimori – Japão

Acordei no meu quarto do hospital. Pude saber que era o meu quarto por estar sozinho, com vários aparelhos bipando, ligados a mim. Um quarto simples, com uma cama e vários e vários aparelhos dispersos por ele.

Era uma recorrência normal na minha vida, apesar de tudo. Tinha apenas dezesseis anos e já havia passado mais tempo naquele quarto do que em casa, em consideração a um adolescente normal. Ouvi uma voz grossa do outro lado da porta resmungando alguma coisa.

- Me desculpe Reborn-sama, mas não há mais nada que possamos fazer.

Ouvi um baque na parede, como se algo tivesse sido jogado, não demorei muito para perceber que Reborn havia socado o outro homem.

- E você ainda tem coragem de se chamar de MÉDICO?! – ele vociferou – Nós deixamos ele ao seu cuidado e quando voltamos, uma semana depois, ele está muito pior. Realmente quer que acreditemos que-

- Se acalme Reborn – veio a voz chorosa da Luce-neechan – Você vai acabar matando-o.

- Mas, Luce... – Reborn resmungou.

Resolvi que essa era a hora de me pronunciar, afinal não há nada mais chato do que ficar ouvindo um casal meloso.

- Reborn-nii? Luce-neechan? – minha voz um pouco rouca saiu abafada por causa da máscara de oxigênio.

Rapidamente a porta do quarto se abriu com um estrondo e em um segundo me vi cercado pelos braços da Luce-neechan. Reborn apenas ficou no lado da minha cama e esperou até que Luce me soltasse, ele bagunçou ainda mais meu cabelo.

- Tsu-chan – resmungou Luce com um olhar piedoso, soube naquele momento do que eles estavam falando.

Dei um suspiro longo e respirei um pouco de oxigênio da máscara deixando aquela informação adentrar a minha mente. Não era nenhum mistério que eu estivesse morrendo.

- Não se preocupe – gaguejei em resposta – eu já esperava por isso de qualquer modo...

E esperava mesmo. Passei muito tempo passando de um procedimento para outro, de um tratamento para outro para saber que não havia mais cura.

- Desculpa – resmungou Luce – se nós não tivéssemos...

- Não é sua culpa Luce – disse com convicção, era a primeira vez que chamei a Luce-neechan de seu primeiro nome, sem honoríficos.

- Mas... – ela resmungou mas se calou quando Reborn veio para mais perto da cama, ele me observou por alguns instantes e pela primeira vez pude perceber alguma emoção naqueles olhos, e por incrível que se pareça, era medo.

- Tsuna – Reborn me chamou fazendo uma careta, ele segurou a mão da Luce apertado e pude vê-la fechar os olhos – o médico disse que você tem apenas...

- Quanto? – eu resmunguei olhando para ele quando ele não continuou a frase, estava ficando difícil ficar acordado – Quanto tempo eu tenho?

- Um ano, no máximo.

Suspirei, meus olhos já não me obedeciam e tentavam o máximo se fechar.

- O que você quer Tsuna? – ele me perguntou – Pode me pedir qualquer coisa.

- Quero ir para a Itália, ficar com vocês – resmunguei grogue.

Reborn olhou para mim espantado e então sorriu.

- Então nós iremos para lá – Luce disse sorrindo.

- Mas, será quando você tiver a permissão da Yumi-san.

Sorri. Yumi-san é a minha médica. Ela é responsável por tudo que irá acontecer comigo, se ela disser sim, então é sim. Se ela disser não, então é não.

Ela era loira e de origem inglesa, tinha sido transferida para o Japão quando o marido morreu a dois anos. Mas voltando ao assunto principal, o motivo pelo qual estava internado era pelo simples fato de ter um caso sério de câncer no pulmão – estágio quatro. Havia acordado naquela semana gritando por Matt, meu colega de quarto do colégio, mas não havia nada que ele pudesse fazer para parar a intensidade da supernova que explodia dentro da minha cabeça. E em quinze minutos eu já estava em uma ambulância quase desmaiando pela dor, a caminho do hospital.

As pessoas falam da coragem dos pacientes com câncer, e eu não a nego. Por muitos anos passei por tratamentos loucos para curar isso, mas naquele momento, teria ficado muito feliz em morrer. Reborn e Luce haviam largado tudo no Canadá e voado até mim assim que souberam.

A causa dessa comoção toda? A má oxigenação no cérebro, o que levou a dor maçante que senti, que por sua vez foi causada pelo fato dos meus pulmões estarem nadando em litros de água, que foram drenados de dentro de mim com sucesso, passei alguns dias inconsciente, e por fim acordei hoje.

Mas única coisa que me lembro daquele dia era de Luce me dizendo para descansar e depois disso, a escuridão. Fui tomado pelo cansaço e o fato de nas minhas veias estarem lotadas de morfina.

Levou uma semana para convencer Yumi-san que eu estava bem e que poderia viajar. Ela me olhava de cima a baixo e desviava o olhar para Reborn-nii. Eles discutiam algo e então voltavam a me examinar. Não me diziam o que era, nem por que cochichavam tanto, mas no veredicto final ela simplesmente aceitou.

Decidi levar apenas uma mala média. Não tinha tanta coisa para encher uma grande, então lutei pelo espaço da minha mala cinza escura. Luce-neechan prometeu que compraria mais roupas para mim no entanto, por mais que eu dissesse que não era necessário. Vesti a minha ‘roupa de viagem’ que consistia em uma calça jeans escura, quase preta, uma blusa laranja desbotada que havia ganhado no mês passado e uma jaqueta branca com detalhes em preto, no caso do avião estar frio. E é claro, meus lindos companheiros, Converse Skateboardin negros.

Matt apareceu no meu quarto e me ajudou a colocar a cânula, uma espécie de tubo que liga você ao cilindro de oxigênio. Ela vem pela frente da camisa, passa por trás da orelha e por fim chega ao nariz. Ela ajuda meus pulmões, mandando oxigênio puro para eles, já que eles fazem um péssimo trabalho sendo pulmões.

Após me despedir de todos do colégio, inclusive Matt, que me fez prometer mandar recados e mensagens enquanto eu estivesse vivo, segui para o aeroporto no carro junto com Reborn-nii e Luce-neechan.

Em vez de passar pela revista manual, escolhi passar pelo detector de metais sem o carrinho nem o cilindro. Foi a pior decisão que eu tomei na minha vida, em poucos segundos já sentia a falta de ar e precisei me sentar em um banco depois do detector para ajeitar a cânula. Respirei fundo algumas vezes e deixei que o oxigênio adentrasse o meu corpo em grandes quantidades e logo já conseguia ficar de pé.

Chegamos alguns minutos antes da hora marcada para o embarque. Me sentei em uma das cadeiras com Luce-neechan ao meu lado junto com as malas. Reborn-nii andava de um lado para o outro falando no celular.

Não demorou muito para que já estivéssemos dentro do avião, com destino a Itália.

Florença – Itália

Ele suspirou. Levou as mãos aos seus cabelos loiros e os tirou da frente dos belos olhos azuis cansados. Olhou mais uma vez para a mesa lotada de papeis e suspirou novamente.

- O que ouve, Gio? – veio a voz do outro ocupante da sala, um adolescente de cabelo vermelho – talvez rosa – que permanecia estirado em uma das poltronas lendo um dos papeis.

- É muito papel – resmungou o loiro.

- Ninguém mandou você ser o chefe – debochou o outro.

- Na verdade no começo eu fui meio que obrigado sabe – resmungou novamente.

G deu de ombros e continuou a ler o papel. O chefe da maior família mafiosa do mundo, Giotto di Vongola era um jovem bonito e atraente em seus dezessete anos. Atraia os olhares por onde passava e tinha seus típicos cabelos loiros que desafiavam a gravidade e faziam uma enorme combinação aos olhos azuis elétricos. Sim, ele é um lindo homem.

- É melhor você voltar a assinar esses papéis ou... – G deixou a pequena ameaça pendurada no ar antes de voltar a ler o documento.

Giotto suspirou antes de voltar a odiosa tarefa de assinar e catalogar os papeis. Encarando as pilhas do mesmo. É claro, também pensando em como escapar furtivamente daquele lugar sem que G percebesse.

Em menos de uma hora o loiro estava andando distraído pelas ruas lotadas do distrito comercial de Florença. Havia distraído o amigo o bastante para que pudesse escapar pelos fundos da mansão. Passou por várias lojas mas nenhuma lhe mostrava interesse. Parou em frente a uma loja de doces. Pensou por alguns instantes e decidiu que uma fatia de bolo não lhe faria mal. Entrou, ouvindo o típico sininho.

A loja estava lotada, sua proprietária se dividia em várias para cobrir todos os pedidos. As ajudantes não estavam em uma melhor forma, se não tão ocupadas quanto a senhora. Ele correu os olhos pelo recinto encontrando uma mesa com apenas uma pessoa. Caminhou até lá. A pessoa com cabelos que desafiavam a gravidade, iguais ao próprio, com mudança na cor, estava pensando em algo olhando para o ar então não notou sua aproximação até que ele tocasse seu ombro. O moreno se assustou e o olhou com curiosidade mal disfarçada.

- Sim? – perguntou com uma voz rouca, isso fez com que o loiro pensasse o quanto o menino era sexy e se esbofeteou mentalmente por tal pensamento.

- Posso me sentar aqui? – respondeu – As outras mesas estão ocupadas.

Ele acenou positivamente com a cabeça. O maior se sentou do outro lado da mesa, ficando de frente para o moreno. Giotto havia percebido a cânula e o cilindro de oxigênio rapidamente, aparentemente o outro percebeu pois abaixou um pouco a cabeça, fazendo com que o loiro não conseguisse ver o seu rosto.

- Com licença – disse uma das garçonetes, se aproximando da mesa – O que gostariam de pedir?

- Uma fatia de bolo de baunilha e morango – disseram em uníssono.

A garçonete anotou o pedido de ambos enquanto os mesmos se encaravam assustados.

- Algo para beber? – veio a voz da menina novamente.

- Um café – respondeu o loiro.

- Um suco de laranja – veio a voz rouca do moreno.

A menina acenou e saiu em direção a cozinha para preparar o pedido. Giotto olhou novamente para o moreno que havia encontrado a barra de sua jaqueta um tanto interessante nesse momento. Ele não conseguiu deixar de pensar como tudo no moreno combinava assustadoramente com o mesmo. Os olhos caramelo e o cabelo castanho, a estatura baixa e os lábios rosados.

- Você está me encarando – sussurrou o moreno corando levemente.

- É mesmo? Me desculpe – disse o loiro sorrindo – Meu nome é Giotto.

- Tsunayoshi, mas pode me chamar de Tsuna - a cor avermelhada no rosto do rapaz mais novo escureceu um tom.

- Me desculpe por te encarar Tsuna – disse o loiro.

- Não tem problema – resmungou o menor, desviando o olhar – Já estou acostumado, por causa disso aqui – disse apontando para a cânula.

O loiro franziu as sobrancelhas.

- Agora que paro para pensar, por que você usa isso? – disse rapidamente, se arrependendo assim que o moreno pareceu se encolher na cadeira – Não precisa responder se não quiser.

- Não, tudo bem – resmungou – Eu uso isso aqui para conseguir respirar, já que meus pulmões fazem um péssimo trabalho por si só.

- Hum – o loiro resmungou mostrando que estava escutando.

- Há um bom tempo que sou obrigado a usar as cânulas.

- Isso quer dizer que você...? – ele resmungou, franzindo as sobrancelhas.

- Sim, sou portador de câncer, uma incrível colônia satélite em meus pulmões – o moreno respondeu.

Um silêncio constrangedor se fez entre os dois. Giotto olhou para as outras mesas, percebendo que os outros encaravam o moreno com olhares estranhos, era quase como se tivesse nojo dele. O moreno já havia percebido pois desviava o olhar de qualquer um que olhasse para ele.

- Eles... – resmungou o loiro, querendo fazer com que os outros parassem de fita-los.

- Tudo bem, Giotto – resmungou o moreno, passando a mão tremula pelo cabelo – É sempre assim.

- Hum?

- A doença causa repulsa – ele disse olhando para o loiro, as mãos ainda apoiando o rosto – Aprendi isso do pior jeito possível, apenas ignore-os.

Ambos permaneceram em silêncio, sendo que o moreno se perdeu em pensamentos em um longo momento, até que a garçonete aparecesse com os pedidos. Comeram o primeiro pedaço em sincronia e riram um do outro. Conversaram mais por alguns minutos, e até pediram mais fatias dos bolos. O moreno contou que estava na Itália na casa do irmão e que realmente, até poucas horas morava no Japão. Contou de algumas situações engraçadas que havia passado, arrancando alguns sorrisos do loiro.

Giotto também contou um pouco sobre ele, omitindo toda a parte que incluía a máfia. Descreveu seus guardiões e os irmãos deles. Sua vida completamente confusa e seu tutor extremante espartano. Tsuna disse algo como, ‘Se parece com um conhecido meu’ mas o loiro achou improvável.

Giotto insistiu em pagar a conta dos dois. E o moreno não conseguiu convence-lo de contrário. Eles saíram da loja juntos e caminharam um pouco pelo distrito comercial, mas logo precisaram parar pois Tsuna não conseguia mais continuar.

- Vou buscar uma água para você – disse Giotto preocupado.

- Não precisa, eu só não me dou muito bem com muito tempo caminhando – resmungou o moreno.

- Certo.

- É melhor eu voltar antes que escureça – o moreno resmungou olhando para o céu.

Eles ficaram em silêncio por um segundo até que o loiro se manifestou.

- Se você quiser eu posso te acompanhar até sua casa.

- Seria uma honra – Tsuna disse e ambos caíram na risada.

Demorou apenas vinte minutos do centro até a casa no entanto. Ela era branca e moderna, dando a impressão que quem morava ali era um empresário de sucesso.

- Entre – resmungou o moreno abrindo a porta para o loiro.

- Mas nós acabamos de nos conhecer, eu poderia muito bem ser um assassino – resmungou o loiro.

- Eu sei que não é – respondeu o moreno sorrindo.

Giotto franziu a sobrancelha, depois sorriu minimamente e entrou na casa. A residência tinha dois andares e era toda branca com moveis brancos e pretos, com alguns tons de, azul, verde, vermelho, amarelo e laranja distribuídos por todos os lugares.

- Fique à vontade, eu já volto – resmungou o moreno um pouco rouco.

- Certo.

O moreno desapareceu em algum cômodo. Giotto olhou a sala rapidamente, demorando-se na estante de livros. O livro que estava fora do lugar lhe chamou a atenção. Correntes, era o título. Era japonês, constatou pelas primeiras páginas.

- Gostou? – a voz do menor o fez pular de susto.

Ele se virou para olha-lo e se assustou quando percebeu que o moreno estava a três passos de si. Se perguntava como não havia sentido sua presença.

- É, diferente – resmungou.

- Você entende? – perguntou com curiosidade fofa, espere, fofa? – Japonês, quero dizer.

- Sim, tenho um amigo que me ensinou – disse se lembrando das aulas com Asari.

- Isso é bom.

- Esse livro é interessante?

- Depende, eu gosto – disse sorrindo – Posso te emprestar se quiser...

- Eu quero – respondeu rapidamente sem pensar, corou quando os olhos caramelo pararam sobre si.

O moreno sorriu.

- Preciso ir – disse o loiro olhando para a janela – Meus amigos vão ficar preocupados.

- Tudo bem – disse pegando o livro e colocando um papel na última página – Aqui.

Giotto pegou o livro e sorriu, enquanto se dirigia para a porta frontal.

- Quando vou conseguir te ver novamente? – perguntou o moreno.

- Eu te ligo quando tiver terminado o livro – disse o loiro.

- Como, se você não tem meu número? – perguntou o menor.

- Eu tenho certeza que o seu número está na última página desse livro em um papel – disse levantando o livro.

O menor sorriu enquanto o loiro saia em direção à rua.

- Até logo.

- Até – Giotto falou vendo a porta se fechar.

Ele sorriu pensando no moreno, seguiu em direção a mansão com um sorriso bobo estampado na face.

Dentro da casa o moreno deslizava pela porta, com um enorme sorriso.

- Giotto né? – resmungou ainda sorrindo – Espero que ele leia o livro rápido...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sky" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.