Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi
– Gina, podias ficar mais um instante, por favor? – pediu Darkness, incapaz de disfarçar toda a ansiedade no seu tom de voz.
No entanto, ele não era a única pessoa a estar ansiosa para falar com Gina. Também L estava prestes a descabelar-se, querendo saber porque raio andava Gina com uma cobra verdadeira e viva no pulso, a fazer de pulseira. Mas parecia que isso teria de ficar para depois…
L saiu da sala com os restantes colegas e Darkness esperou até que a porta se fechasse atrás do último aluno antes de olhar para Gina, deparando-se com os seus cristalinos olhos verdes. A sua vontade era segurar a rapariga pelos ombros, puxá-la para si e… no resto ele não se atrevia a pensar.
Engoliu em seco e pigarreou antes de falar.
– Então… tu é que és a humana que tem andado a faltar a todas as aulas que tem no horário – constatou ele, sem conseguir evitar dar um passo na direção da rapariga. Ela não se moveu – Não queres passar de ano? – continuou ele – Não queres tornar-te uma deusa? Não é por isso que estás aqui?
Gina olhou-o alguns segundos antes de abanar a cabeça. Negativamente.
– Não queres tornar-te uma deusa? – admirou-se Darkness, ao que Gina tornou a negar – Então, porque estás aqui?
Gina olhou para o lado e não respondeu.
Darkness deu mais um passo na sua direção.
– Para – exigiu Gina, voltando a olhar para ele.
Darkness ficou congelado no sítio em que estava.
– Porquê? – perguntou.
– Não te vou dar o que queres – negou Gina.
– Sabes o que quero? – perguntou Darkness, com a insinuação de um sorriso atrevido a dançar-lhe nos lábios.
– O meu sangue.
Darkness humedeceu os lábios com a ponta da língua. Raios, tinha tanta sede… dela. Tinha sede de Gina!
– Não revelarei o teu primeiro nome a ninguém, nem o usarei contra ti – prometeu ele, incapaz de disfarçar mais a sua vontade de morder a rapariga.
– Não – negou ela.
– Porque não? – perguntou Darkness, à beira do limite, os pés querendo avançar ainda mais para Gina.
– Vício – sibilou Gina, com algo que poderia ser asco a revelar-se na voz.
Darkness não discutiu. Se o sangue de Gina já o atraia daquela maneira, era bem provável que ficasse completamente viciado ao mordê-la. E isso fê-lo questionar-se sobre o que teria o sangue daquela rapariga de tão especial. A Vida atraia-o de uma forma semelhante, mas não tão forte. O que teria a rapariga que o atraia ainda mais do que a vida?
– Tu não és humana, pois não? – arriscou Darkness.
Gina baixou a cabeça, virou costas e foi-se embora.
* * *
– Vocês não vão acreditar no que eu descobri! – exclamou L, sem fôlego, ao chegar à biblioteca onde os seus amigos estavam quase todos reunidos, alguns a estudar e outros simplesmente a olhar para o teto.
– O que foi? – perguntou Softhe, curiosa.
L respirou fundo, para recuperar o fôlego, e depois começou, ainda ligeiramente ofegante:
– A pulseira da Gina…
– Aquela pulseira arrepiante em forma de cobra? – perguntou Bella.
– Essa mesmo – confirmou L – Não é uma pulseira. É uma cobra viva!
Saya levantou-se de repente, com as mãos bem abertas apoiadas no tampo da mesa.
– Não tinhas o direito de contar isso a toda a gente – sibilou ela.
– O quê? – admirou-se L – Tu… tu já sabias?!
Saya cruzou os braços na frente do peito.
– Sou amiga da Gina. Sei muitas coisas.
– Então também nos podias contar sobre os pais dela – sugeriu Hisui, chegando nesse momento com Circe.
Todos se voltaram para a olhar, a memória do dia anterior bem presente na mente de todos os que lá tinham estado.
– Eu sei que sou uma aberração, mas escusam de olhar assim para mim – cuspiu Hisui, puxando uma cadeira e sentando-se ao lado de Ouro.
– Não és nada uma aberração – negou Bella de imediato, fazendo um sorriso encorajador.
– E também não preciso da tua pena – acrescentou Hisui.
– O que é que me está a falhar? – perguntou Saya.
– Descobri que afinal não sou uma Deusa Adepta da Morte – disse Hisui – É isso que ainda não sabes.
– Não és? – repetiu Yngrid, admirada.
Hisui abanou a cabeça, começando a brincar com os dedos que tinha entrelaçados no colo.
– Como é que sabes? – perguntou Ouro.
– Tenho poderes que não deveria ter – disse Hisui, soltando um suspiro – Estive a experimentá-los ontem à noite. Eu consegui…
– Chiu – fez Circe, cortante – As gémeas estão a ouvir.
Ficaram a olhar uns para os outros, até que Lilás soltou um suspiro e abriu o livro que estivera a ler. Ficou congelado no lugar quando um caule verde brotou do centro do livro, entre as páginas. Subiu alguns centímetros, uma folha surgindo a meio enquanto um botão se formava na ponta. Não demorou até o botão florir, revelando uma flor branca com minúsculas pintinhas verdes na base das pétalas.
O silêncio imperou até que os rapazes se levantaram todos aos gritos e começaram a dar palmadas nas costas de Lilás, exclamando:
– Parabéns, pá! O teu poder despertou!
– Façam pouco barulho! – implorou Yngrid, num tom de voz baixo, enquanto as cabeças mais próximas se viravam todas naquela direção.
Os rapazes cederam a falar mais baixo, mas não pararam de felicitar Lilás, que olhava para a flor muito chocado.
– Mas… como? – perguntou Lilás.
– Não sei, pá, mas o que é que isso interessa? – disse Shark – Tens o teu poder, meu, finalmente. E assim que vires o teu Deus Supremo vais reconhecê-lo de imediato, portanto… aproveita, pá!
Lilás trocou um olhar cheio de significados com Niko, que se limitou a soltar um suspiro e a abrir também o seu livro. Ficou estático quando uma borboleta verde e dourada brotou dela, esvoaçando alegremente na frente do seu rosto até se dirigir para a flor de Lilás e lá poisar.
– Tu também? – admirou-se Shark.
– Vocês têm poderes iguais! – constatou Ouro, com um sorriso maravilhado.
– Mas que poderes são esses? – perguntou Burn, fazendo um gesto com a mão na direção da flor e da borboleta.
Os amigos trocaram olhares, sem saber o que dizer.
– A Gina saberá responder-nos – disse L, confiante – Eu vou à procura dela.
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