Cartas para Hope escrita por Skye Miller


Capítulo 16
Sixteen.


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Sei que muitas de vocês estão bravas comigo, mas eu relevo porque estou muito animadinha, pois encontrei meu lugar no twitter (Mais precisamente no fandom de fsog) e de certa maneira e estou muito animada com algumas coisas.
Bom, esse capitulo não está lá muito bom, mas o proximo será ótimo, eu prometo.
Eu iria reclamar pela falta de review, mas to animada demais para isso.
Beijos

Hello G!



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Observo as enormes palmeiras passarem como um borrão pela janela do carro. O clima está mais quente, tão quente que minha blusa gruda no corpo e meu rosto fica corado, mas eu amo isso, e amo o vento fresco batendo contra o meu rosto. Eu amo o calor. Eu amo as praias. Eu amo o verão.

Eu amo a Califórnia.

Nosso avião pousou já faz algum tempo e estamos a procura de um hotel disponível. Muffin ficou sob a vigilância de Sophia, espero que ela cuide bem da pobre cadela enquanto estamos aqui. Minha mãe está animadíssima, ela tem um tom de voz agudo quando aponta para algum ponto turístico bonito, parece que nunca viu praias na vida. Meu pai fica rindo dos seus comentários e Henry está quieto.

Ele está melhor, eu acho. Tem sido sufocante estar ao seu lado, porque ele não fala nada, ele não expressa nada. Parece ter perdido o interesse em tudo, parece ter perdido a alma, parece ter perdido a si próprio. Mas o pior de tudo, além dele não falar, é ele não demonstrar nada, nenhuma reação, nada.

De alguma maneira eu me sinto culpada pelo acontecido. Sei lá, acho que se eu tivesse sido menos chata ou tentado me aproximar dele antes isso não poderia ter acontecido. Claro que ele me odeia e é um completo idiota, mas eu o amo tanto que chego a me perguntar como seria se nós não tivéssemos impedido sua tentativa de tirar a própria vida.

É, eu ainda não consigo falar a palavrinha. Estou abalada emocionalmente demais para isso.

Encontramos um chalé de frente para o mar e decidimos nos hospedar nele. Meu pai achou que não deveríamos trazer muitas malas, por isso foi fácil de se instalar. É grande, com três quartos e uma cozinha. Eu estou ansiosa para ir à praia, mas minha mãe insiste que devemos ir visitar o orfanato primeiro.

É algo meio que de tradição, então fico um pouco mais empolgada. Pela careta que Henry faz ele não deseja ir, mas minha mãe disse para mim antes de sairmos de Minneapolis que eu deveria arrastá-lo para todos os lugares e não deixa-lo em nenhum lugar sozinho, ela tem medo do que ele pode fazer se ficar sem a companhia de alguém.

Eu reconheço algumas crianças do orfanato, a maioria já foi adotada da última vez que vim aqui, há mais ou menos dois anos. Eu gosto de ir para orfanatos, as crianças ficam felizes por receber um pouquinho a mais de atenção. Eu sempre levo um presente que sirva para todas usarem, esse ano foi uma caixa de tinta guaxe com quase trinta cores diferentes, aposto que irão se divertir.

– Amor, quero adotar alguém! – Minha mãe diz empolgada correndo os olhos pelas crianças e meu pai fecha a cara. – Encontrei a filha ideal.

– Da última vez que você disse ter encontrado a filha ideal nós adotamos a Hope. – Meu pai franze a testa e eu começo a rir. Minha mãe me olha confusa, depois olha para um garotinho moreno que passa por nós.

– Então encontrei o filho ideal.

– E o Henry? – Eu pergunto ainda rindo.

– Ah, o Henry já está velho. Preciso de um bebezinho novo.

Olho para Henry esperando vê-lo fechar a cara ou rir, mas ele está perdido em pensamentos olhando para as crianças correndo.

– Nada de adoção. – Meu pai reclama e minha mãe faz beicinho. – Cassie, não temos mais idade para isso.

Minha mãe assente relutante e sorri para algumas crianças que passam por nós. Eu estou no meio de vários garotos com faixa etária de quatro anos e me lembro de quando o Sr. Confuso mencionou gostar de crianças e trabalhar em um orfanato. Eu decido então tirar algumas fotos com as crianças, para guardar de lembrança e em alguma oportunidade distante falar com ele sobre isso.

Mas será que algum dia ainda terei a tal oportunidade? Ele deve estar muito chateado comigo, não mandou mais flores, nem bilhetes ou desenhos. Ele disse que iria continuar, mas não continuou. Talvez tenha superado ou me esquecido. De alguma maneira isso me magoa, porque eu queria que continuássemos como estávamos.

Meu relacionamento com Tyler está uma droga. Tudo gira em trono dele. Eu não posso mais sair com minhas amigas ou passar algum horário extra nos treinos conversando com Ethan, pois Tyler já começa a encher o saco. Ele tem controlado tudo em nossa relação, não tenho um pingo de privacidade. Descobri que ele lê minhas mensagens e se passa por mim as vezes, tentando descobrir alguma coisa. Isso me chateia, ele tem se mostrado um cara obsessivo. Callie diz que ele é meio obcecado por mim e de certa maneira estou começando a concordar com ela.

– Eu lembro da primeira vez que vi você, Hope. – Minha mãe começa a falar quando nós saímos do lar adotivo e entramos no carro. Eu me inclino mais para frente, tentando ouvir melhor, e faço questão de colocar a mão no ombro de Henry para conseguir me equilibrar e ver alguma reação vinda dele, mas ele apenas se afasta e fica perto da janela. – Você estava correndo. Parecia que amava fazer aquilo. Com um all star gasto e duas trancinhas, o rosto todo corado e suado. Você tentava chamar as outras meninas para correrem com você no pátio, mas elas nunca queriam, diziam que era coisa de garoto. Mas você fazia. Você adorava correr. Nem que fosse nos corredores. A oficial de justiça chamava você de foguetinho, porque você era rápida, corria igual uma gazela. Queixo pra cima, olhinhos apertados e respiração controlada. – Eu sorrio pela maneira que ela narra e Henry se remexe um pouco ao meu lado, prestando atenção nas coisas que minha mãe diz. – Você tinha algo que as outras garotinhas não tinham, você tinha tipo.. Ai, não sei explicar.

– Você irradiava felicidade. – Meu pai interrompeu minha mãe parecendo sorrir com a lembrança. – Sempre saltitante, fazendo piadas e falando de uma maneira engraçada. Você falava rápido demais e de um jeito meio caipira, quase latino. Era engraçado, porque você vivia de trancinhas e era banguela de dois dentes da frente. Parecia vir do Texas e não da Califórnia.

– Exatamente! E você odiou quando nós dizemos que não ficaríamos na Califórnia e ficou quase dois anos sem me chamar de mãe, só por birra. Toda vez que chegava no inverno você enchia o saco sobre como odiava o frio. Era engraçado as caras e bocas que você fazia, o Henry adorava te provocar jogando neve na sua cara.

Escuto um riso abafado e automaticamente olho para Henry. Se ele estava rindo ou não, agora está impassível olhando para as mãos. Eu ergo uma sobrancelha, crente de que não havia imaginado isso. Henry com toda a certeza riu, pelo menos agora sei que ele ainda é humano.

Já está tarde. O sol vai se pondo no horizonte e eu rio com a ventania batendo contra o meu rosto. Meus pais já voltaram para o chalé, porém eu e Henry continuamos na praia. Ele não disse nada, apenas sentou ao meu lado com um agasalho e fez uma fogueira. Está fazendo um pouquinho de frio por causa do vento, mas isso não me incomoda, estou ocupada demais apreciando a imensidão azul do mar a minha frente.

Meus cabelos voam para todas as direções e eu rio com isso, pois estou parecendo um espantalho. Se David estivesse aqui ele provavelmente estaria rindo da minha situação e fazendo comentários toscos, isso é tão a cara dele.

Meu celular vibra e eu reviro os olhos ao ver uma mensagem de Tyler. E depois chega outra, e mais outra e mais outra. Ao total, são sete mensagens.

“Saudades”

“Quando você volta?”

“Espero que esteja curtindo as férias.”

“Não fique tempo demais nas praias.”

“E NÃO USE BIQUINI”

“Mantenha distancia das praias de nudismo.”

“Eu te amo szszszsz”

Eu começo a rir e Henry se aproxima mais de mim, lendo as mensagens. Ele revira os olhos e volta para seu lugar novamente, depois empurra um galho em direção a fogueira e suspira.

– Você não vai falar nada? – Pergunto e ele continua olhando fixamente para o fogo. – Tudo bem então, vou dar um mergulho.

Henry me olha como se eu estivesse louca, e talvez eu esteja mesmo. Pois o sol já se pôs e há estrelas no céu, não é recomendável banhar no mar a noite, mas meu lado Hope Stonem, o lado diferente, o lado birrento, o lado contraditório e totalmente divergente aprova essa ideia e eu decido seguir meus instintos.

Ignoro as mensagens de Tyler e o olhar repreendedor de Henry e tiro minha blusa, correndo para a água nas pontas dos pés. Está gelada, gelada pra caralho e eu sinto um friozinho na espinha. Mas continuo andando, indo contra as ondas, cada vez mais fundo. Eu não sinto medo, estou me sentindo livre.

Estranho quando meus pés não tocam mais o chão e me ergo um pouco, começando a boiar. A lua está cheia e tem muitas estrelas, incontáveis estrelas. Eu estou tão animada que não noto que a água está me puxando. Cada vez mais para longe da praia, cada vez mais para longe do raso. E eu entro em desespero, porque eis um fato sobre mim: Eu sei boiar, mas eu não sei nadar.

Descanso o corpo e tento tocar o pé no chão, mas em vez disso afundo. Afundo para baixo, cada vez mais. E as ondas estão me puxando e eu me apavoro mexendo os braços, tentando voltar para a superfície. Abro a boca por falta de ar e engulo água. Muita água.

Estou sem folego, consigo emergir, mas volto a afundar novamente. Meus pulmões de quase-ex-fumante estão doloridos e pedindo socorro. A água está escura, eu não consigo gritar, não consigo emergir. Estou afundando.

E então, caio na escuridão sem fim. (N/A: Eu sou horrível narrando afogamento, relevem)

...

– Você só sabe foder com a minha vida, garota. – Meu peito dói e tem algo o pressionando, algo firme e forte. – Eu tenho cara de salva vidas? Claro que não! Nem sei como fazer isso direito. Puta merda Hope, acorda. Eu definitivamente não vou fazer respiração boca a boca em você. Não mesmo.

A região dos meus pulmões é pressionada mais uma vez e eu abro os olhos em desespero, tossindo água para todos os lados e sentindo minha cabeça latejar. Minha visão fica turva por alguns segundos e quando volta ao foco Henry está inclinado sobre mim com a testa franzida. Seus cabelos estão molhados e ele está sem camisa. Eu fico olhando para as pintinhas na sua pele tentando associar ao certo o que aconteceu e tudo o que eu consigo pensar é: Meu irmão é branco pra caralho.

– Porra Hope! Você tem o quê nessa cabeça? Merda?! – Ele grita se afastando e me puxando para cima, ainda estou desorientada olhando para os lados. A fogueira apagou e estou tremendo de frio. – Você é uma otária mesmo. Se você não sabe nadar por que diabos vai para o fundo? Já pensou o que poderia ter acontecido se eu não tivesse ido te salvar? Porra Hope! Eu fiquei desesperado porque não tava conseguindo te ver! Meus pais nunca iriam me perdoar, merda! Seus amigos nunca iriam me perdoar. Eu nunca iria me perdoar se você tivesse morrido... Eu estou com vontade de te espancar agora por ser tão louca! Porra Hope, fala alguma coisa caralho!

– Você está falando. – É a única coisa que consigo dizer e Henry bufa, se afastando e vestindo sua camiseta.

– Você está bem?

– Você está preocupado comigo?

– E não era pra estar? – Ele pergunta confuso se aproximando e jogando minha blusa na minha cara. – Segundo o seu namorado você não deveria usar biquíni.

– Cala a boca! – Meu rosto cora e eu visto a blusa, ainda estou um pouco desorientada por conta do que aconteceu. – Para onde vamos?

– Para Nárnia? – Henry pergunta irônico. Sinto vontade de lhe dar um tapa por ele estar dessa maneira, mas no fundo estou aliviada por ele estar voltando ao normal. – Eu realmente não sei o que você vê na Califórnia. A gente não faz merda nenhuma além de ir a praia.

– Ah, é? Se estivéssemos em Nova Iorque também iria ser um saco porque só você estaria se divertindo. – Rebato e automaticamente me arrependo, porque Henry abaixa a cabeça e começa a andar em direção ao chalé. – Ei ei ei, to brincando. Volta aqui, vamos ali na lanchonete.

– Não to a fim.

– Vamos logo.

– Não quero ir porra.

– Não xinga caralho!

– Você acabou de xingar, merda!

– Vai se foder!

– Vai você!

Nós nos entreolhamos e começamos e rir. Henry por fim assente e nós começamos a andar em direção a lanchonete, que na verdade é um mine box vinte e quatro horas. Eu entro e fico andando pelas prateleiras, pego batatinhas, cookies e chocolate. Provavelmente irei passar o resto da noite em casa assistindo algum filme tentando continuar o assunto com Henry, já que desde que saímos da praia ele voltou a ficar em seu torpor silencioso.

Quando vou para a sessão de bebidas pegar um refrigerante vejo uma cabeleira ruiva vindo em minha direção. Eu sorrio quando reconheço quem é.

– O que você tá fazendo aqui? – Dizemos em unissimo e Anna Palmer sorri, me dando um abraço desajustado.

– Estou aproveitando as férias. – Digo dando de ombros e ela assente. – E você?

– Ah, meu pai quer fazer uma filial da sua empresa aqui. Você sabe que ele dono daquela rede de supermercados Iris, né? Pois então, o negocio cresceu e ele está dando um salto grande instalando uma aqui.

– Ah, que legal!

– Quem é essa? – Uma moça mais jovem pergunta atrás de Anna apontando para mim com queixo.

– Hope Adams minha irmã Suzana, Suzana minha amiga Hope. – Ela nos apresenta e eu ergo uma sobrancelha, somos amigas? Uou. – Bom, vamos indo.

– Por que não convida ela pro Nandos? – Suzana pergunta me direcionando um sorriso e Anna troca o peso de um pé para o outro, sem saber se me convida ou não. – E chama aquele gato loiro que entrou com você aqui, aquele que tá parado perto do caixa.

Eu olho para o caixa e encontro Henry comprando algumas jujubas.

– Não sei se ele irá querer ir. – Confesso e depois continuo: – Na verdade, não sei se meus pais irão aprovar.

– Mas tem como você sair sem eles saber?

– Hum... sim.

– Tudo bem então. – Suzana e Anna troca um olhar esquisito. – Passamos na sua casa nove horas, esteja pronta.

– Mas... Eu não sei se... Bom, eu nunca...

– Você nunca fugiu de casa? – Anna pergunta horrorizada e eu assinto. – Bem, pra tudo tem uma primeira vez, certo? E não esquece de chamar o Henry.

Ela pisca e se afasta. Eu engulo em seco e pego o refrigerante meio tremula. O pior disso tudo é que eu nem sequer disse “sim” e Suzana disse que iria me pegar ás nove. Não sei como vou fazer para despistar meus pais ou convencer Henry a ir comigo.

Respiro fundo e caminho meio hesitante para o caixa e meu irmão nem nota minha presença.

– Ei.

– Que é? – Grosso como sempre.

– Vamos a uma festa. Esteja pronto nove horas.

Ele ergue uma sobrancelha e me analisa cautelosamente, como se eu fosse algum animal selvagem enjaulado. Depois assente calmamente e volta a comer suas jujubas. Henry é, definitivamente, estranho.

Parte um do meu plano já foi, agora só falta saber como vou sair do chalé sem chamar a atenção e sinto que isso não será uma tarefa lá muito fácil.


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Notas finais do capítulo

Gostaria de mandar um beijão para as meninas do Mean Girls, principalmente para a Lília, estou com saudades de você sua coala. (Não to entrando no wpp pq to sem net)
Gente, se alguém quiser entrar lá no tal grupo me mande o número.

Bom, é isso, não tenho muito o que falar haha.
Não revirei o capitulo, deve estar cheio de erros, sinto muito por isso.

beijos.



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