Julgamento escrita por Luc


Capítulo 12
A Raposa


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpem-me se eu estou deixando vocês tontos, porque eu sei que é confuso. Mas eu simplesmente AMO escrever assim! Então, peço que leiam com atenção, lembrem-se dos nomes, dos lugares... Assim vocês ficarão menos perdidos! Boa leitura.



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Maireni sentou-se nas escadas à porta de sua carroça. Pegou um punhado de tabaco em um recipiente na mesa mais próxima da porta e pressionou dentro do fornilho de seu cachimbo.
Pegou um fósforo escondido em suas vestes e acendeu, tragando devagar.
Ela olhou ao redor do acampamento, observando algumas crianças correndo atrás de uma galinha, enquanto as mulheres preparavam o jantar e os homens conversavam ao redor da fogueira. Ela fumava quando foi até a fogueira e puxou Fordel para fora da roda, que protestou, parando de rir.
– Ei! O que foi? - ele perguntou, empurrando a mão de Maireni que agarrava suas vestes.
– Preciso falar com você. - ela sussurrou.
Ele assumiu uma expressão séria, assentiu e ambos foram até os limites do acampamento, passando por entre as vestes penduradas nos varais e as carroças.
Ela levantou seu vestido para não sujá-lo equanto pulava poças atrás das carroças.
– Aqui já está longe o suficiente. - ele parou, cruzando os braços - Diga.
Ela supirou, voltando-se para Fordel.
– O Maori sumiu hoje de manhã. - ela olhou para a escuridão da floresta, fumando.
– O quê?!- ele gritou.
Ela levou sua mão até a boca de Fordel, arregalando os olhos.
– Silêncio! - ela inclinou-se para ver se alguém havia escutado-o - Ele sumiu. Quando fui acordá-lo para comermos alguma coisa, a cama estava arrumada. Ele partiu antes do sol nascer. Fui até a cidade mais próxima, mas não havia sinal dele.
– Merda... - ele levou ambas as mãos até sua cabeça, arregalando os olhos - Merda. Você sabe o que vai acontecer se descobrirem que abrigamos um Maori aqui? Você sabe o que ela vai fazer conosco? - ele sussurrou, enfatizando as palavras, o pânico em sua voz.
Ela assentiu, impassível.
– Sim. Mas agora ele partiu. Não sabemos se vai voltar, tampouco se vai sobreviver. - ela cuspiu dentro do fornilho, apagando o fogo no tabaco - Vamos ter que revezar-nos em turnos, supondo que ele volte. Se ele voltar, não podemos deixar que vejam-no. Vamos convencer todos a ficarem aqui por mais alguns dias. Se ele voltar, estaremos esperando.
–Isso é culpa sua, Pearse! Você me meteu nessa e ainda quer a minha ajuda, quer que eu perca horas de sono por um... Por um Maori?! Ele nem sequer é um de nós! - ele levantou os braços, em indignação.
Maireni levantou um lado da saia e levou sua bota até o joelho dele. Fordel conteve um grito em protesto e abraçou o joelho, agachando-se. Ele levantou o rosto, chocando-se com o chute.
– VOCÊ NÃO FOI FORÇADO A NADA, COE! - ela sussurrou com raiva apontando no rosto dele, contendo um grito - Se você quisesse poderia ter ido embora, mas ficou comigo e resolveu ajudá-lo! Agora nós vamos até o fim com isso. Ele é nossa responsabilidade.
Ela estendeu a mão para ajudar Fordel a levantar-se. Ele agarrou seu antebraço e levantou-se, com a testa franzida em indignação.
– Vamos resolver quais serão os turnos. - ela olhou para ele, esperando que protestasse - Eu posso pegar a noite, hoje. Assim você não perderá suas preciosas horas de sono. Você pega amanhã, acorde cedo, não me obrigue a ir até sua tenda.
Ele assentiu, ainda esfregando o joelho.
– Volte pra lá agora. Eu vou ler e começar o turno. - ela foi para um lado da carroça, indicando que ele fosse para o outro.
Ele foi, não olhando para trás.
Fordel amava Maireni como uma irmã. Cresceu com ela, aprendeu quase tudo com ela. As vezes, sentia-se mal por não ter tantos amigos, mas era grato pela sua amizade. Ele costumava dizer que preferia ter nenhum amigo a não ter a amizade dela.
Ele nunca foi muito fã da vida de nômade. Ele sempre questionou os pais porquê não poderiam fixar-se em uma cidade, nunca recebendo uma resposta concreta. Frequentemente a caravana viajava desorganizadamente, e Fordel não gostava disso. Ele sonhava em um dia viver em uma cidade grande, como Londres, conseguir escrever seus livros e, quem sabe, tornar-se um escritor famoso. Maireni era o oposto. Nasceu para a vida entre os Ciganos. Ela já sabia cavalgar aos 10 anos, já sabia conduzir sua carroça aos 13. Aos 15, já fazia leituras nas cidades. E sua beleza chamava a atenção dos homens.
Logo, Marieni percebeu que poderia usar a atração dos homens a seu favor. Ela ia até a cidade com as outras mulheres e alguns homens, por segurança, e usava seu charme para atrair homens para gastarem seu dinheiro com leituras de mão, cartas... E quando voltava, ria-se com Fordel sobre as besteiras que dizia aos ricos, sempre querendo bisbilhotar seu futuro.
– Se eles ao menos soubessem... - ela riu, cortando uma laranja ao lado dele.
– O quê? - ele riu, também.
– O futuro está sempre mudando. Não importa quantas leituras eu fizer, quantas cartas ler, não importa. - ela estendeu um bagaço para ele.
Ele nunca entendia as coisas que ela dizia sobre as previsões. Mas sempre concordava, sorrindo.
Maireni era uma mulher muito independente. Seu pai morreu quando ela era um bebê. Ela teve que aprender a ser o homem da família, além da filha. Sua mãe era uma mulher mais dependente, mais delicada. Maireni era completamente diferente.
Ela cuidou da mãe, cuida do clã e da maioria das pessoas que conhece ao longo do caminho. Por isso Fordel não se surpreendeu quando ela abrigou o Maori que encontraram na estrada.
Ele sentou-se no tronco, ao lado dos outros homens, e ficou observando o fogo.
...
Mairani entrou em sua carroça. Ela colocou o cachimbo em cima da mesa próxima a porta.
Ela foi até os fundos, e em um dos armários no alto, pegou uma pequena caixa de metal, contendo um baralho de cartas. Ela puxou um bando debaixo da uma das mesas no canto, sentando-se de frente para a parede.Ela embaalhou as cartas do jeito que sua mãe havia ensinado-a. Concentrando-se, ela espalhou as cartas pela mesa, formando uma curvatura leve.
Ela fechou os olhos.
Ela imaginou o Maori claramente. Seu nome. Suas feições. Sua voz. Enquanto fazia-o, passou a mão direita pelas cartas, roçando os dedos levemente. De repente, sem que ela escolhesse, seus dedos pararam sobre uma carta. Ela arrastou a carta para fora do semi-círculo e abriu os olhos.
Ela virou a carta.
As nuvens. O Maori estava confuso, isso ela já sabia. Então, ele havia tomado uma decisão errada.
Ela fechou os olhos novamente, repetindo a passagem da mão pelas cartas. Seus dedos puxaram uma carta. Ela briu os olhos.
A Carta. Um segredo? O Maori obviamente esconde muitas coisas, ela nem sequer questionou-o sobre seu passado. Mas também poderia ser o esclarecimento de dúvidas que Maireni aguardava.
Ela suspirou e repetiu o processo.
A Raposa. Seu coração parou por um segundo.
– Não... - ela observou os olhos da raposa.
O Maori estava em sério perigo.


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Notas finais do capítulo

Apêndice de personagens:

Lexi Smartchild { LÉ-quici } (Luiza Sampaio) - Habilidades reveladas: Empatia, capacidade de ler ou sentir sentimentos e emoções.
Markus Cooper {MAR-cus} (Marco Costa) - Habilidades reveladas: Indução a Necrose, capacidade de matar células de seres vivos.
Alicia Alexander {A-LI-cia} (Ana Araújo) - Habilidades reveladas: Precognição artística, capacidade de recriar artisticamente qualquer evento futuro.
Fabian Montgomery {FA-bi-an} (Filipe Muliterno) - Habilidades reveladas: Persuasão Sobrenatural, Habilidade de convencer ou obrigar as pessoas a fazer o que se pede usando a voz.
Genevieve Finley {Ge-ne-VI-ve} (Giovanna Franchini) - Habilidades reveladas: nenhuma.
Mabruke {MAH-bru-que} (Original) - Habilidades reveladas: não tem habilidades sobrenaturais.
Martha Moreton {MAR-ta} (?) - Habilidades reveladas: nenhuma.
O Doutor (?) - Habilidades reveladas: nenhuma.
Genesis Pettigrew {GÊ-ne-zis} (?) - Habilidades reveladas: nenhuma.
Dr. Farrell { FÉ-ruél} (?) - Habilidades reveladas: nenhuma.
Fordel Coe {FAOR-del} (?) - Habilidades reveladas: nenhuma.
Maireni Pearse {Mai-RÊ-ni} (?) - Habilidades reveladas: nenhuma.



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