As mãos da Rainha escrita por Alihhh


Capítulo 3
Capítulo 2 - O castelo


Notas iniciais do capítulo

Eu havia postado esse cap há alguns dias... mas o Nyah entrou em manutenção e alguma coisa aconteceu...
muito bem, ai está!



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Sofi entrou em choque por alguns segundos. Já havia ouvido falar a respeito da realeza. Já havia imaginado centenas de rostos, centenas de imagens aleatórias. Sabia, por meio de outros a cor do cabelo, forma física e tipo de olhar. Tentara se preparar psicologicamente para estar face a face com seus soberanos.

Tentara, em vão.

A menina de cabelos pretos mal reparou no esplendor dos tronos dourados e cintilantes, mal reparou na guarda estrategicamente posicionada. Mal conteve o assobio fino de choque que passou entre seus lábios secos. A rainha era mais majestosa e linda do que poderia sequer imaginar. A combinação perfeita dos olhos verdes, cabelos compridos castanhos escuros e pele acetinada. O vestido vitoriano contornando com perfeição o corpo da mulher.

Quando percebeu o rei. Completamente diferente de todos os sussurros e segredos ouvidos ao longo dos anos. Se não fosse de fato o rei, passaria completamente desapercebido. A não ser, é claro, pelo cabelo de fogo arrepiado. Parecia uma criança de tão magro e pequeno. Os olhos castanhos inocentes e gentis. O sorriso mais doce nos lábios.

Seus soberanos eram muito jovens, percebeu atônita. Como é possível? Reinam há décadas!Sofi sabia das habilidade incomuns do soberano. Sabia das dádivas. Sabia que havia mistério no castelo real. Mas pensou se tratar de um casal mais velho, idoso até! Mas eles pareciam ter a mesma idade que ela. Na faixa dos 20 anos. O rei parecia ser mais jovem ainda, 15 anos no máximo.

Como é possível? Espantou-se maravilhada. Isso significava que eles poderiam estar errados. A população poderia estar errada. É claro que já vira mais de uma ou duas vezes os castigos dados pela realeza, mas soube no momento que colocou os olhos no diminuto corpo do rei que deveriam ter razões para tais atos. Afinal, a única característica certa fora a cor de sangue do cabelo. Deixe de ser ingênua. Repreendeu-se em seguida.

– Anunciando Sofi Gum. Nova dama da rainha Veranda. - foi anunciado na sala do trono. Por um segundo fez-se silencio. Sofi não pode deixar de notar os olhos verdes arregalando-se em completo choque, apenas por um segundo. Confusão e medo passaram no peito de Sofi. Qual era o problema? Quis saber.

– Ora! Seja muitíssimo bem vinda! - o rei alegrou-se. O diminuto homem levantou-se, revelando o obvio: era baixo. Muito baixo. A voz grave, em contrapartida. Nem parecia pertencer ao corpo de origem. - Que adorável! Acertou na mosca, Tomás! Era exatamente o que precisava! - dirigiu-se ao já conhecido servo, que havia feito as entrevistas e testes com Sofi.

– Mas é claro. - Rainha Veranda resmungou contrariada. O que eu fiz de errado? Perguntou-se Sofi, notando mais uma vez o desgosto da rainha para consigo. - Adrian, obrigada. - Corrigiu-se em seguida, sorrindo para seu esposo. - Sofi, correto? Espere nos aposentos reais. Irei instruí-la de suas funções em breve. - a voz era desgostosa. O mais forçado das simpatias. Preciso reverter essa situação, pensou rapidamente.

– Mas é claro! - respondeu desesperada - É uma grande honra servir... - mas antes mesmo de conseguir terminar a sentença, foi cortada sem cerimônia pela rainha.

– Sofi? - chamou a atenção. - Só fale quando permitido. Você está perante o rei! - repreendeu. Lágrimas ameaçaram rolar dos olhos achatados, porém estas foram contidas com uma dose de determinação. - Amélia? - chamou em seguida a rainha - leve a nova dama para meus aposentos.

– Sim, majestade. - respondeu a mesma mulher corpulenta que a havia levado a sala do trono. - Venha, senhorita. - Sofi andou a passos largos atrás de Amélia. Seu cérebro não podia processar os acontecimentos recentes. Tudo estava dando errado! Sofi queria atenção, mas não deste tipo. Chegara ao castelo não fazia nem uma hora e já havia a) vomitado e b) irritado a rainha. Perguntou-se se tudo não seria um sonho, e ela acordaria na carruagem. Poderia ser um pesadelo gerado pelo medo de fazer alguma coisa errada.

– Pare de ser dura consigo mesma. - informou a senhora ao seu lado - Não sei o que aconteceu na sala do trono, nossa rainha costuma ser doce e gentil. Provavelmente ainda deve estar perturbada com a morte de Jane, a antiga dama. As duas eram muito amigas, sabe? A morte dela foi muito dura para a Senhora Veranda. Pobrezinha. Rei Adrian está muito preocupado. - Resmungou. Sofi percebeu que Amélia gostava da rainha. Sua voz era carinhosa quando se tratava dela.

Mal percebeu o caminho e já estavam no final do corredor. Lembrava vagamente de ter subido dois lances de escadas. Percebeu que o quarto era longe da sala do trono. Deveria ter me atentado no caminho!

– Preste atenção - informou Amélia - Perceba que há duas portas, uma à direita e outra à esquerda. - E de fato haviam, uma de frente para a outra. As duas majestosas, douradas e largas. - A porta a direita é o aposento do rei, nunca entre neste quarto. Nunca. - levantou um dedo enfatizando. - A porta à esquerda é o aposento da rainha. Entre, por favor.

Sofi estendeu a mão para a maçaneta. Girou a rosa trabalhada em ouro rosado. Abriu a porta. O quarto a sua frente era maior que sua casa inteira. Tapetes persa cobriam o piso, formando os mais lindos desenhos em vermelho e bege. As paredes eram majestosas como a sala real, suas colunas eram diferenciadas e trabalhadas. A cama era branca e gigantesca, com cortinas que mais pareciam cristais a envolvendo.

– Nossa. - Não conseguia parar de se surpreender com cada canto do castelo.

– Espere aqui. Não toque em nada. Estou falando sério. - Amélia instruiu, fechando a porta em seguida.

Estava sozinha. No aposento da rainha. Completamente sozinha. Sorriu para si, esquecendo toda perturbação anterior. Esquecendo o alerta de Amélia. Começou a andar pelo cômodo de olhos arregalados, bebendo cada detalhe do local. Começou com uma penteadeira gigantesca. A madeira esculpida a mão revelava ondas de beleza e riqueza. Os mais diversos frascos coloridos preenchiam os cantos da mesa. Sofi abriu um deles para sentir o aroma.

– Maravilhoso. - Suspirou. Abrindo a primeira gaveta, encontrando frascos de tintura para os lábios. Tinta preta para os olhos. Outra gaveta continha pentes e escovas de cabelo de marfim. Em outra lenços e penas para escrita. Encantou-se, fechando a gaveta e passando para o armário à direita. Ao abrir a porta, os mais diversos vestidos explodiram em sua frente. Verde, azul, rosa, branco, preto, amarelo e dourado. Bege, caramelo, roxo, vinho, abóbora, prata e cobre. Vestidos voluptuosos, vestidos discretos, vestidos de luto, vestidos de festa. Fechou a porta do armário delicadamente e voltou-se para a próxima peça do quarto.

Uma mesa de chá. Sofás macios. Armários com penicos. Uma banheira de ferro. Armários com chapéus. Armários com sapatos. Estantes com livros. Bonecas de porcelana. Caixas de joias. Baú com papeis. Uma porta que levava a um quarto menor. Baú com peles para o frio. Uma lareira. Um piano. Mais caixas com joias. Armário com roupas de dormir. Quadros. Um cavalete com uma pintura inacabada. Almofadas. Uma jarra com água. Outra com suco de laranja. Outra com vinho. Mais livros. Mais joias. Mais vestidos. Uma porta trancada.

– O que pensa que está fazendo? - uma voz a repreendeu. Sofi virou-se lentamente, ainda com a mão na maçaneta da porta fechada. Rainha Veranda estava parada vermelha de raiva na porta do quarto. - Quem você pensa que é?


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Notas finais do capítulo

^^