Everything Has Changed escrita por Anne Atten


Capítulo 33
Capítulo 33


Notas iniciais do capítulo

Feliz ano novoooo!!! Que o seu 2015 seja melhor que o de 2014, que traga felicidades. Tudo de bom pra todos vocês e suas famílias!
Esse capítulo é narrado pelo Peter, espero que gostem. É o primeiro POV dele. Boa leitura :)



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Sexta feira. Estou jogado na minha cama lendo o primeiro livro de Harry Potter, porque a Katherin tava falando disso esses dias. Na verdade, ela sempre está falando de Harry Potter e agora que eu fiz a burrada de beijá-la, eu não sei o que falar com ela.
Eu falo que foi burrada, porque eu não pensei no que estava fazendo. Katherin sempre foi minha amiga, desde o jardim de infância, só que nos últimos anos eu venho sentindo uma coisa diferente por ela e isso é uma droga. É uma droga porque você não consegue simplesmente ser o que você era antes, você fica nervoso só de falar por mensagem. É, minha situação não é muito legal e agora a gente se afastou um pouco só porque ela tava perto demais e eu não consegui me controlar. Ponto pra minha lerdeza.
Enfim, estou lendo Pedra Filosofal quando ouço uma batida nada leve na porta. Fecho o livro na mesma hora e me levanto. Não tem ninguém em casa, só eu. Vai que é um bandido? Nunca se sabe. Não seria a primeira vez de assalto. Já fui assaltado três vezes. Ok que o condomínio tem o porteiro e seguranças, mas já entraram em casa quanto eu estava sozinho.
–Quem é? – pergunto um pouco afastado da porta.
–Vim te raptar. – fala o Thomas com uma voz sarcástica. –É o Thomas, idiota.
Vou até a porta e abro-a, o trouxa está rindo da minha cara. Reviro os olhos.
–Que é, desgraça? – falo e dou espaço pra ele passar, fechando a porta em seguir.
–Por que você não foi na aula? – pergunta o Thomas.
–Você veio até a minha casa pra perguntar por que não fui na aula? Isso é que é amor! – eu falo rindo.
Thomas bufa.
–Não fui porque eu tava mal. – falo com a maior cara de pau do mundo. Não fui porque acordei tarde por ter ficado na pizzaria trabalhando até tarde, de propósito, então minha mãe deixou eu faltar.
Ele apenas ri, não acreditando nada na minha história e então fica sério.
–Tenho uma coisa pra te contar, ia falar ontem, mas não queria dizer isso na escola, alguém podia ouvir. – diz ele.
–Saiu do armário? – pergunto sério, mas logo começo a gargalhar.
Thomas me olha bem furioso e me dá um tapa na cabeça, que doeu.
–Seu...
–Peter, cala a boca e me escuta. Eu te escutei falando da Katherin por umas três horas. Quase dormi, é verdade, mas te escutei. Agora me ouve.
Ponto pro Thomas. Eu meio que fui obrigado a contar pra ele que gosto da Katheirn, porque ele quase morreu de ciúmes da Lydia comigo. Vai entender. Me jogo no sofá e me deito esticando as pernas.
–Mano, você é folgado. – diz ele rindo e se senta no outro.
Venho aguentando o Thomas falando da aluna nova, a Lydia, desde o primeiro dia de aula. Sorte que eu não estou na sala deles, imagina o inferno que seria, ia ser xingado toda hora pelos professores por estar conversando.
Pensando por esse lado, ele também deve achar que seria um inferno se eu tivesse na sala dele, porque eu ficaria falando da Katherin.
–O que aconteceu?
–Hoje de manhã eu acordei...
Interrompo-o:
–Não, não, imagina.
Ele me ignora.
–Daí tomei meu banho e tudo mais, e meu pai apareceu falando que a Lydia tava na sala.
–Nossa, ela já tá morando com você? – pergunto.
Thomas parece se segurar pra não me matar e respira fundo.
–Acontece que ela teve um pesadelo, porque... – então ele pensa melhor no que vai falar. –Um pesadelo qualquer, só que me envolvia e ela ficou preocupada.
Continuo ouvindo.
–E ela tava lá, falando que nem uma matraca e não resisti. Eu beijei a Lydia.
Me sento com tudo.
–VOCÊ O QUE? – grito. –THOMAS, VOCÊ VIROU HOMEM! TÁ ME TRAINDO, CARA?
Ele parece irritado comigo, mas começa a rir.
–Sim, to te traindo. Desculpa. – diz ele e faz cara de cachorro arrependido. –Mas eu beijei ela. E sabe o mais louco? Ela retribuiu!
Dou um tapa na minha perna. Sexta passada ele deu um beijo nela também, mas ele disse que foi um selinho. Agora se ela retribuiu...
–Ela fumou drogas? – pergunto.
–Olha, eu vou te bater! – grita ele.
–Calma, brô, to brincando. – falo e paro de rir. –E ela não te bateu nem nada depois?
Thomas faz que não com a cabeça. A Lydia é minha amiga mesmo que a gente não se conheça há muito tempo. Nossas mães são amigas então acho que nós iremos conviver bastante. A má sorte do meu amigo é que ela é bem brava com ele, literalmente. Esses dias ele foi beijar ela e levou um chute. Claro que eu zoei muito ele depois.
Agora ela retribuiu o beijo e não o esquartejou? Estou surpreso.
–Peter, eu achei que eu ia ficar com dor na boca de tanto sorrir. – fala ele já sorrindo. –Vim te falar porque eu não sei o que fazer. Não que você seja muito útil, na verdade você é péssimo com qualquer tipo de conselho. Não é você que a Katherin mal olha na cara agora? – provoca ele.
–Se for pra ficar me enchendo, melhor ir embora. – falo e aponto pra porta.
Ele levanta as mãos como pedido de desculpas.
–Mas então, Peter, não sei o que fazer. E faça o favor de não falar pra ninguém que beijei a Lydia, ela não é o tipo de garota que beija por beijar e é piriguety, então quieto.
–Pode deixar, você também não falou pra ninguém da Katherin, né?
Thomas faz que sim com a cabeça.
–Quer fazer o que? – pergunto. –Já tá em casa, agora fique por aqui mesmo. Já atrapalhou minha leitura.
Ele arregala os olhos, fingindo espanto.
–Você sabe ler?
Mando ele praquele lugar e Thomas ri.
–Sério, desde quando você lê? Semana passada mesmo você me disse que não sabia como eu conseguia ficar lendo, que é uma coisa chata.
O Thomas não é aquele tipo de pessoa que lê vinte e quatro horas por dia, obcecado e tudo mais, mas ele às vezes compra um livro aqui e ali. Já eu não.
–Mudei de ideia. E ler um livro não vai me matar. – digo dando de ombros e saio andando pela minha casa.
Passo pelo quarto dos meus pais e entro direto no meu, que é o próximo. Sento na cama e pego o livro de novo, preciso terminar isso até amanhã. To quase, já que hoje não fui na escola e passei a manhã fazendo isso. Thomas logo aparece e fica encostado na porta.
–Peter, tem alguma coisa pra comer?
Faço uma careta. São três da tarde, ele deve ter almoçado uma hora. Como ele tá com fome? Se bem que eu também como que nem sei lá o que.
–Abre a geladeira, tem pudim. – falo sem tirar os olhos do livro.
–Caramba, a Katherin te fez bem. – zomba ele. Lanço um olhar mortal e ele apenas ri. –Vou lá catar pudim. Você vai querer?
–Vou.
–Então vai pegar, não sou seu empregado. – ri ele e sai do meu quarto.
Balanço a cabeça sorrindo um pouco. Ele logo volta pro meu quarto e fica mexendo no celular e comendo o pudim enquanto eu leio o livro. Só a Katherin pra me fazer ler mesmo. Eu estaria dormindo a essa hora, mas ela fez com que eu quisesse ler um livro de ficção. Confesso que no começo eu meio que li por obrigação, mas daí fui gostando.
–Não sei o que falar pra Lydia. – solta o Thomas do nada. –Queria mandar uma mensagem, qualquer coisa. Ela não falou comigo ontem tirando as falas do teatro.
Decido dar um de conselheiro, sendo que eu sou péssimo com conselhos.
–Cara, não fala com ela por enquanto. Dê um espaço.
–Já que deu um conselho, vou dar um também. – os conselhos dele são tão ruins quanto os meus. - Devia ir falar com a Katherin, sério, ou ela vai achar que não tá nem aí.
Ele tem razão. Ouço outra batida na porta e me lembro que a minha prima ia vir aqui hoje.
Thomas me olha com uma sobrancelha levantada, perguntando quem.
–Amanda. – respondo simplesmente.
Ele revira os olhos e se levanta pra ir embora.
–Não vou ficar aqui não.
Amanda é uma pessoa bem irritante, mas é minha prima e eu convivo com ela desde que eu nasci. Mesmo que ela seja atirada e tudo o que falam, eu estou sempre aguentando-a, porque bom, ela é como uma irmã pra mim. Uma irmã que eu tenho vontade de degolar às vezes, admito, mas eu me importo com ela.
Vamos até a sala e abro a porta. Amanda abre um sorriso ao me ver e um maior ainda ao ver o Thomas. Eu dou risada pela cara que ele fez. Ela não sabia que ele era meu melhor amigo, quando descobriu teve um surto porque achou que isso faria ele ficar com ela. Não poderia estar mais enganada. Ele tá gostando da Lydia, e pra valer. Se fosse tempos atrás, ela talvez conseguisse um beijo dele sem que tivesse que dar um beijo surpresa nele.
–Amanda. – falo.
–Peter. – diz ela voltando o olhar pra mim, e então olha pro meu amigo. –Oi, Thomas.
–Oi. – diz ele já irritado com a presença dela. –Vou nessa.
–Mas já? – pergunta ela fazendo bico.
Ele não responde nada, só passa por mim e sai pelo condomínio. Amanda bufa.
–Seu amigo é difícil de se lidar.
Solto uma risada e deixo ela entrar em casa. Pego qualquer filme e vamos assistir na sala.
–Peter, tem pudim? – pergunta ela.
–Tem. – falo.
–Pega lá pra mim?
–Não. – respondo como se a resposta fosse óbvia, mas ela continua me encarando e a encarada da Amanda é uma coisa bem sobrenatural. –Tá, eu pego. – falo e vou pra cozinha. Viu, eu disse que ela sabe ser irritante quando quer.

Não tive coragem de mandar uma mensagem pra Katherin no sábado, nem no domingo, porque queria falar pessoalmente. Hoje é segunda. Acordo e espreguiço-me, morrendo de sono. Fui dormir tarde, mesmo sabendo que iria estar morto pela manhã.
Tomo um banho e me visto. Pego o meu celular e vejo que tem mensagem do Thomas. O pai dele teve um ataque cardíaco e foi pra São Paulo, ele foi junto. Meu coração acelera em preocupação. O pai dele é como um segundo pai pra mim.
Eu: Melhoras, Thomas. Vou rezar por ele. Se precisar de alguma coisa, pode me avisar.
Calço o meu tênis e vou pra sala. Minha mãe ainda está sentada, meu pai tem um jornal em mãos.
–O pai do Thomas sofreu um ataque. – é a primeira coisa que eu falo.
Os dois me encaram assustados.
–Certeza, Peter? – pergunta minha mãe.
–Absoluta, o Thomas me avisou.
Nossas mães são amigas, com certeza a mãe dele ainda vai ligar pra avisar.
–Como ele está agora? – pergunta o meu pai.
–Agora, agora, eu não sei. Sei que eles foram tudo pra São Paulo e vão ficar uns dias por lá.
Os dois fazem quem sim com a cabeça e minha mãe diz que vai ligar pra mãe dele depois. Como um pouco e escovo os dentes, quem vai me levar hoje é o meu pai. Coloco a mochila nas costas e lembro de levar o livro de Harry Potter, pra que Katherin veja que eu estou casualmente lendo. Na verdade, eu já terminei, então vou fingir estar lendo a última página.
–Vamos? – pergunta o meu pai colocando o celular no bolso.
Faço que sim com a cabeça.
–Boa aula, Peter. – diz minha mãe.
Vou até ela e dou um beijo em sua bochecha. Eu e meu pai saímos de casa e passamos pelo jardim de fora. Todas as casas do condomínio tem um. Meu pai abre o carro e entramos, logo ele começa a dirigir.
–Não tem uma amiga sua que faz aniversário mês que vem? – pergunta o meu pai.
Ele tem uma ótima memória. Uma vez esqueci que era aniversário de um amigo meu, quem lembrou foi ele.
–Sim. – é o aniversário da Katherin. Dia 20 de Setembro.
–É da loirinha, né?
Meu pai achava o nome dela complicado, vai entender. Solto uma risada.
–Sim, é ela.
Tenho que já ir pensando no que eu vou dar de presente pra ela. Ok que tá longe, hoje ainda é dia...
–Que dia é hoje? – pergunto pro meu pai.
Ele olha o relógio.
–Dia 25.
–Valeu. – falo. Menos de um mês pro aniversário da menina que gosto.
Ela ainda vai fazer dezesseis, eu fiz dois meses atrás e ela me deu um CD do Imagine Dragons. Eu implicava que devia ser chato, mas ela insistiu que não era e me deu o CD. Óbvio que não fiquei bravo com ela, não dá pra ficar bravo com a Katherin. Comecei a escutar e agora é uma das minhas preferidas.
–Peter, meu filho, você não tem nenhuma namorada? – pergunta meu pai.
Quase engasgo com a resposta. Fui pego de surpresa.
–Não.
–Alguma garota que te interessa?
Faço uma careta.
–Pra que perguntar se você já sabe que tem? – pergunto revirando os olhos.
Thomas faz o belo trabalho de me zoar quando estamos em casa. Acontece que eu também zoo ele com a Lydia, assim fica impossível nossos pais não saberem de quem gostamos.
Ele ri.
–A loirinha.
Katherin, pai. – falo levemente irritado.
–Isso, Katherin. – fala ele sorrindo. –Por que ainda não chamou ela pra sair? Vocês se conhecem desde pequenos.
Olho pra ele como se ele fosse louco.
–Pai, você é doido? – ele faz que não com a cabeça. –Não posso chegar simplesmente na Katherin e falar “Quer sair comigo?”. – balanço a cabeça já apavorado com a ideia. Não sei nem se conseguiria falar.
–Claro que pode. – diz ele. –Qual o problema, Peter? Ela tem namorado?
–Não, vira essa boca pra lá!
–Então, qual seria o problema? – diz meu pai parando o carro, já que já estamos na frente da escola. –Você não chamou ela pro tal baile? O que tem de diferente?
–Pai, não vai rolar. – falo quando saio do carro e fecho a porta.
Solto uma risada. Eu chamar ela pra sair? Não mesmo. Pra chamar pro baile eu tive que ligar, porque não ia conseguir falar cara a cara. Imagina pra sair.
–Pensando na morte da bezerra? – pergunta a Lydia ao meu lado, rindo.
Olho pra ela com um sorriso.
–To distraído, só isso. – falo dando de ombros. –Tudo bom?
–Sim. – diz ela e então fica séria. –Ficou sabendo do pai do Thomas?
Faço que sim com a cabeça, surpreso por ela já estar sabendo. Mas não falo nada. Quando chegamos na porta da sala dela e ela vai entrar, puxo o seu braço e ela volta.
–Que foi?
Troco o peso do pé para o outro, meio envergonhado.
–A Kath...
Ela me interrompe rindo.
Kath?
–É, Kath. – falo. –Ela já tá na sala?
–Não tive tempo de olhar, você me arrastou pra fora, lembra?
–Tá, é que... Bom, eu quero falar com ela.
Lydia abre um sorriso.
–Vai e fala.
Nego com a cabeça.
–Não é tão simples, Lydia. – então abaixo o tom da voz. –Você sabe que eu gosto dela, não é fácil chegar falando.
Ela revira os olhos, mas assente com a cabeça.
–O que eu posso fazer pra te ajudar?
–Hum, não sei. Tem alguma ideia?
–Se você quer falar com ela no intervalo, eu vou atrasar um pouco pra comprar comida. Daí eu não vou estar lá pra quebrar clima.
Solto uma risada.
–Não vai ter clima, vou falar de um livro que li.
Ela me olha fingindo espanto.
–Você sabe ler?
Ao invés de ficar irritada com ela, eu me lembro que o Thomas falou a mesma coisa e não posso deixar de rir. Ela levanta uma sobrancelha sem me entender.
–Você e o Thomas combinam tanto, você não faz ideia.
Dessa vez, a Lydia cruza os braços e me lança um olhar mortal, mesmo assim continuo rindo.
–Peter, você tem problema mental!
–Já disseram isso antes. – falo ainda rindo e ela entra na sala pisando forte.
Eu vou pra minha sala pensando em como posso chegar na Katherin. Descarto a ideia de estar lendo casualmente, ela talvez nem me visse.
“E aí?”, balanço a cabeça imediatamente.
“Como vai?”, formal demais.
“Tudo bem?”, é acho que é o melhor. “Sabe, eu li aquele livro de Harry Potter, o...”
Esqueci o nome do livro. Ótimo. Bufo em frustração, melhor eu fazer no improviso mesmo. Entra o professor de matemática.
–Peguem seus cadernos. – fala ele sem nem olhar pra nossa cara. –Mary, vai pegar um giz pra mim.
Mary Ann é uma garota americana que morava em Nova Iorque e se mudou pra cá no começo do ano passado. Devo dizer que ela me surpreendeu, fala e escreve melhor que muitos brasileiros e é a garota mais inteligente da sala. Ela tem olhos verdes e seus cabelos ondulados são na altura dos ombros.
Mary Ann certamente é bonita, não vou mentir, mas acho que ela não vai muito com a minha cara. Uma vez pedi a borracha emprestada ela quase fez eu engolir a borracha, sem brincadeira.
Vejo ela fazer que sim com a cabeça e sair da sala a procura do giz. Fico olhando pro nada até que ela volta e entrega exatamente um giz na mão do professor. Todos seguram uma risada. Claro que ele não quis dizer apenas um e tenho certeza que ela fez de propósito.
–Aqui. – diz ela com um sorriso cínico.
–É algum tipo de brincadeira?
–Não, brincadeira é o que você faz com a gente, nos tratando como se fossemos ratos de laboratório. – rebate ela.
Olho pro colega do lado que também olha pra mim, todos estão se olhando. Só acho que a Mary Ann tá querendo ser expulsa.
O professor solta uma risada seca.
–Como é?
–Você me ouviu. – diz ela sem parecer se arrepender das palavras ditas. –Eu vim ano passado pra esse país e venho todo dia aturando o senhor, mas chega. Ninguém faz nada pra mudar as coisas nesse lugar? Cansei!
Oshi.
–Se cansou, vai pra fora então. – diz ele.
–Com prazer, na sua aula é que eu não fico. – fala ela e sai.
Nunca vi essa menina desse jeito. Ela sempre foi quieta e na dela. Acho que se estressou com ele, na verdade todo mundo odeia o professor de matemática. Ele faz o possível e o impossível pra nos ferrar.
–Copiem o que eu escrever, se não quiserem acompanhar a amiguinha americana de vocês. – fala ele e continua passando coisas no quadro.
Eu copio, porque já não vim na aula sexta, se eu for mandado pra diretoria minha mãe me enforca. Passam duas aulas e toca o sinal pro intervalo. Aleluia. Daí eu lembro que vou falar com a Katherin e meu coração acelera. Dou um tapa na minha testa e respiro fundo. É só uma conversa, não to indo pra guerra.
Me levanto e vejo Mary Ann entrando na sala, deve ter acabado de sair da diretoria.
–Foi expulsa? – pergunto.
–Não. – responde ela. –Só fui alertada pra não fazer de novo, se não estarei em problemas. – Mary dá de ombros.
–Desculpa a pergunta, mas o que tem contra mim?
Ela franze a testa.
–Nada, por que?
–Ah. – é o mais inteligente que penso. –É que, no dia que pedi uma borracha, achei que ia me esquartejar.
Mary Ann solta outra risada.
–Não fazia muito tempo que estava por aqui, e tinham uns meninos dando em cima de mim, achei que ia fazer o mesmo. Desculpa se fui grossa.
Sorrio.
–Tudo bem. – falo e saio da sala.
Na hora que desço as escadas e vou pro pátio, vejo Katherin indo pra perto das árvores. Todos os dias ela está lá com a Lydia. Não que eu fique prestando atenção, pra deixar claro.
Passo pela Lydia na fila da cantina e ela faz um joinha com o polegar. Paro e respiro fundo. Aí vou eu.
Katherin está sentada comendo uma batatinha. Sento-me ao seu lado e roubo uma. Ela me olha fingindo estar zangada e vejo que suas bochechas estão um pouco vermelhas.
–Tudo bom? – pergunto.
–Sim e você? – responde ela.
–Ótimo. – respondo com um sorriso. –Escuta, eu li um livro de Harry Potter.
Ela sorri.
–Sério? Qual? O que você achou?
Fico encantado com o entusiasmo dela.
–Sério. A Pedra Filosofal. Eu gostei.
Katherin ri.
–Que foi? – pergunto.
–Você sempre disse que não gostava de ler, que livros eram chatos e blá blá blá. E agora leu Harry Potter! – ela me dá um tapinha no ombro. –Parabéns, Peter. Estou orgulhosa de você.
Sorrio.
–Eu tenho que comprar os outros, é muito bom mesmo.
–São sim. – fala ela. –Dumbledore morre. – diz Katherin fingindo um espirro.
Fico sério e olho pra ela como se estivesse bravo.
–Não, você não me disse isso.
–Disse! – fala ela quase se matando de tanto rir.
–Você me paga, Katherin. – falo tentando não rir.
Ela me olha desafiadora.
–Vai fazer o que?
–Nada. – admito rindo e ela balança a cabeça dando risada da minha cara. –Maldade, Katherin.
–Eu te dar spoiler? – pergunta ela.
–Isso também. – murmuro, mas ela escuta.
–Como assim?
Droga. Eu devia ter ficado quieto, então lembro do que o Thomas falou. Não posso deixar ela pensar que não to nem aí.
–Maldade você ser assim tão bonita, legal, impressionante. – falo direto.
Acho que ela vai ter um ataque a qualquer momento. Katherin está com os olhos arregalados, corada e me olhando como se não acreditasse que eu disse isso.
–Que brincadeira é essa? – pergunta ela.
–Não é brincadeira. – falo seriamente e tiro coragem do além. –Katherin, você quer sair comigo?


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Notas finais do capítulo

não me matem por não ter dado a resposta asmasmaomsoals
O que vocês acharam?



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