Everything Has Changed escrita por Anne Atten


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Olá, aqui estou eu de volta! Fiquei muito feliz com seus comentários, que bom que estão gostando :)



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Acordo antes de minha mãe me chamar e ligo o celular, são seis e dez ainda. Mesmo assim, levanto-me já que hoje é dia de lavar o cabelo. Ando lentamente até meu banheiro e me encaro no espelho. Meus olhos estão semicerrados e meu cabelo parece um ninho de rato. Tiro meu pijama e entro no chuveiro. Termino o banho e volto para o quarto.
Ainda não tirei as coisas da mudança da caixa, minha mala está aberta num canto e é de lá que tiro minhas roupas. Pego outra blusa de uniforme já que a outra sujou, e uso a mesma calça e casaco de ontem.
Checo o celular e vejo que ainda são seis e vinte, vai dar tempo de secar meu cabelo sem pressa. O problema é que não sei onde o secador está. Deve estar na mala. Decido arrumar meu armário agora mesmo, se não meu quarto vai ficar mais bagunçado ainda.
Tiro todas as roupas de cima e coloco-as de qualquer jeito no armário, quando eu voltar da escola posso organizar melhor. Finalmente encontro o secador. Vou até o banheiro, penteio o cabelo e então seco-o.
–Mas que barulho é esse a essa hora da manhã? – diz minha mãe entrando no meu quarto. Ela ainda está de pijama e seus cabelos estão todos bagunçados.
Desligo o secador.
–Acordei mais cedo pra secar o cabelo, assim não atraso.
Ela olha pro meu guarda roupa que agora está praticamente com algumas roupas.
–Achei que nunca ia tirar as roupas dessa mala. – ela diz e dá um sorriso.
–Vou terminar depois que voltar da escola.
Minha mãe faz que sim com a cabeça e sai do quarto. Termino de secar o cabelo e olho de novo o celular, seis e vinte e nove. Melhor eu correr agora.
Coloco o all star, fuço na minha mala até encontrar uma pulseira minha e coloco-a. Arrumo a cama, coloco o celular no bolso e levo a bolsa lá pra sala. Minha mãe ainda nem está aqui, ouço o barulho da porta dela se abrindo.
Vou até a cozinha e pego o pão, mussarela e o presunto que minha mãe comprou ele. Arrumo meu pão e coloco-o na chapa que temos. Abro a geladeira e pego um toddynho.
–Bom dia, hoje acordou com mais disposição. – fala minha mãe já pegando as coisas para fazer café.
–Na verdade, eu só acordei cedo pra poder lavar o cabelo mesmo. – falo dando de ombros e volto a beber meu líquido achocolatado.
Ela parece nem ter escutado.
–Sua disposição tem a ver com um tal de Thomas?
Engasgo e acabo cuspinho um pouco do toddynho no chão. Imediatamente pego um guardanapo e começo a limpar.
–Você ficou maluca? – falo ainda secando o chão, corada como nunca.
Ela dá risada.
–Eu maluca? É claro que não, só que ontem ele veio aqui e... – não deixo ela terminar.
–Ele veio devolver o meu caderno e outra coisa, eu mal o conheço! – jogo o papel no lixo e tiro meu pão da chapa. Dou uma mordida.
–Mas não pode negar que ele é bonito.
Essa mulher é mesmo minha mãe? Mas não posso deixar de concordar com ela, Thomas é bonito. Ele é alto, tem cabelos pretos e olhos marrons.
–Mãe, Thomas é bonito. – ela dá um sorriso e eu coro novamente. –Mas não é por isso que significa que eu gosto dele! – me apresso a acrescentar.
–Sei...
–Fala sério, viu. Só me faltava essa.
Sento-me na mesa e termino de comer meu pão. Vou até o banheiro e escovo os dentes me perguntando qual o problema mental da minha mãe. Vasculho na minha mala mais uma vez, e encontro meu fone de ouvido.
Volto para a sala, coloco o fone na bolsa e vejo que minha mãe está no telefone.
–Ela foi escovar... – então ela me vê. –Já está aqui, vou passar o telefone.
–Quem é? – pergunto curiosa.
–Seu pai. – diz ela.
Corro até o telefone, faz acho que um mês que não ouço a voz do meu pai.
–Alô?
–Bom dia, filha! Que saudades!
Ele sempre diz isso, mas nunca vem me ver...
–Também sinto sua falta.
–Está tudo bem?
–Sim e com você?
–Ótimo também. Está gostando da nova cidade? Me conte tudo sobre aí, não sei quando poderei telefonar de novo. Você sabe, agenda cheia.
Amo o meu pai, mas não posso deixar de pensar que se ele quisesse falar comigo, ele falaria. Quero dizer, pode ter o emprego mais corrido do mundo, participa de várias reuniões, almoça rcom gente importante e tirar um tempo para dar atenção a mim ele não pode.
Sei... Aqui é legal, a escola é boa, conheci professores legais.
–Fez amizades?
Por que todo mundo me pergunta isso hein?
–Não, por enquanto não. – falo e suspiro. Minha mãe fala que já está na hora de ir. –Pai, é hora da escola agora.
–Tudo bem, tenha uma boa aula. Depois me manda um e-mail falando mais sobre isso. Te amo, Lydia.
As vezes mando e ele nem responde.
–Também te amo pai.
Antes que eu possa desligar, ele mesmo o faz.
–Lydia, tá tudo bem?
Faço que sim com a cabeça. A verdade é que estou bem chateada com ele. Só me liga uma vez por mês e olhe lá, não o vejo pessoalmente há muito tempo. E o pior é que acho que ele nem sente a minha falta.
–Seu pai te ama, você sabe não é?
–Sei... só que as vezes não parece, mãe.
Ela abre a boca para falar, mas fecha-a novamente.
–Vamos logo antes que eu chegue atrasada.
Coloco a bolsa e ela abre a porta. Descemos o elevador em silêncio. Entramos no carro e ela começa a dirigir. Pego meu celular, agora são seis e cinquenta. Vejo que tem uma mensagem, é da Kriss.
Kriss: Bom dia.
Ela mandou faz uns dez minutos.
Eu: Bom dia... tá aí ainda?
Kriss: Aham.
Kriss: Tá tudo bem com você? Reticências é sinal de que você está chateada.
Realmente é. Abro um sorrisinho.
Eu: To um pouco brava com o meu pai. Ele me ligou hoje, falando as mesmas coisas de sempre. Que sente minha falta, que me ama, pra eu mandar um e-mail sobre como estão as coisas. Só que quando mando, ele nem responde, Kriss.
Ela e Jane já sabem muito bem sobre esse assunto, elas chegaram até a conhecer meu pai. Ele não era má pessoa, só que depois que ele e minha mãe se separaram e ele mudou de país, ele parece não se importar comigo. Ele manda uma pensão até boa, mas eu não me importo realmente com o dinheiro. A atenção dele seria melhor do que dinheiro.
Kriss: Poxa, Ly : ( Mas não fica mal não, viu?
Eu: Já estou mal.
Kriss: Tenta não ficar pior.
Eu: Tentarei.
Bloqueio o celular e vejo que estamos perto da escola.
–Mãe, pode me dar um dinheiro? Depois de devolvo, esqueci de pegar.
–Tá aí do lado de fora da bolsa. – faço que sim com a cabeça. –Tem dez reais aí, pode pegar. Não precisa devolver.
–Valeu.
Coloco os dez reais no bolso e ela para o carro.
–Boa aula. – diz ela sorrindo, parece estar chateada pelo o que meu pai está fazendo comigo.
–Obrigada.
Saio do carro e subo as escadinhas da escola. Já são cinco pras sete. Sigo o caminho para a minha sala do modo mais devagar possível, mas o inevitável acontece. Eu tenho que entrar na sala.
Meu lugar continua lá, ninguém presente na sala se sentou nele, isso é bom. Tenho um lugar fixo. A única coisa ruim é que se eu quiser trocar de lugar, alguém pode arrumar barraco comigo.
Abro a bolsa e tiro dela os horários. A primeira aula é de português. Fico um pouco animada ao saber disso, português é uma das minhas matérias favoritas e Amy, a professora, é bem legal.
Tiro os olhos do papel e vejo que Thomas está entrando. Inevitavelmente lembro de ontem a noite, quando ele foi lá em casa me devolver o caderno, e de hoje, quando minha mãe insinuou que eu gosto dele. Começo a dar risada ao me lembrar de ter cuspido o toddynho.
–Nossa, rindo a essa hora da manhã?
Nossa, por que você não pode chegar, sentar e ficar quieto que nem eu?
–Tenho bom humor.
–Aham... – diz ele com ironia.
Cruzo os braços.
–O que quis dizer com isso?
–Nada não.
–Agora você fala.
–Isso aqui é uma entrevista por um acaso? – fala ele, mais uma vez imitando de forma bem péssima a minha voz.
Reviro os olhos. Se ele não quiser falar, não fala. Não to nem aí pra opinião dele.
–Bom, ontem você foi meio grossa comigo sem motivo.
–Não fui não. – falo na defensiva. –Eu só não converso muito, ué. E você saiu me questionando do nada, sendo que eu nem te conhecia.
–Só estava sendo gentil. – fala ele seriamente e começo a me sentir meio mal por ter dado umas patadas nele.
Thomas me emprestou dinheiro, levou meu caderno na minha casa, e eu tinha sido bem mal humorada.
–Tá legal, desculpa.
–O que? – pergunta ele fingindo não ter ouvido.
–Não vou repetir.
Ele sorri e vira-se para frente. Katherin chega com a cabeça baixa e parece estar triste com alguma coisa. Eu nem a conheço direito, mas ontem ela estava toda feliz por causa de uma redação. Ela deve estar triste.
–Oi. – murmura ela ao passar por mim.
–Oi.
Engraçado que com ela não tenho problema em conversar e com Thomas ontem quase mandei ele calar a boca. Talvez seja porque ele é um enxerido de marca.
Katherin senta-se no mesmo lugar de ontem, atrás de mim. Ainda faltam cinco minutos, desbloqueio o celular.
Kriss: Fica bem : )
Mensagem de uns cinco minutos atrás.
Eu: Já estou melhor, Kriss. Obrigada ♥
Kriss: Imagina ♥
Sorrio, ela é realmente uma boa amiga.
Eu: Jane está aí?
Kriss: Não, ela parece que passou mal de madrugada. Me avisou que não vem.
Eu: Nossa, que chato né.
Kriss: É, pse.
Kriss: Professor entrando, bjs. Até depois.
Eu: Até.
Vou até Jane e seleciono para mandar uma mensagem.
Eu: Kriss me disse que você tá mal, melhoras. É alguma coisa muito séria? A aula daqui a pouquinho vai começar, beijos.
Bloqueio o celular e coloco-o no bolso de novo. Amy está entrando.
–Bom dia, hoje tem matéria.
Todo mundo começa a reclamar.
–Sem reclamações, é melhor terminarmos isso logo, se não teremos que marcar aulas extras e isso é bem pior. – todos se calam. –Ontem não apresentei os alunos novos nesse bimestre, então hoje é o dia. Vamos fazer isso antes das aulas começarem, rapidamente. Alunos novos levantem a mão por favor.
Ergo a minha no ar e ela aponta para mim, sorrindo.
–Lydia.
Ela vai apontando para outras duas pessoas.
–Carlos.
–Amanda, podem me chamar de Mands.
Amanda aka Mands tem um ar de superior. Não gosto de gente metida, então já não gostei dela. Posso estar fazendo conclusões precipitadas, mas por enquanto é essa minha opinião. Pode ser que eu esteja errada.
–Sejam bem vindos, então. Vamos começar.
Ela fala para pegarmos a apostila nova, que a sinal nós recebemos ontem e começamos a ler. Amy fala algumas coisas sobre o assunto que estamos estudando que não têm na apostila e passas essas coisas no quadro. Enquanto copio, o sinal bate. Amy vem na direção da minha fileira e vai até Katherin. Todos estão copiando, então nem prestam atenção. Os que não estão copiando mexem no celular. Fico me perguntando que tipo de futuro eles pretendem mexendo no celular durante as aulas. Adoraria que os professores os pegassem no flagra, sério mesmo.
–Querida, está tão quieta hoje. Está tudo bem?
Não estou prestando atenção na conversa das duas, só que é meio impossível de não ouvir. As duas estão atrás de mim em uma sala silenciosa.
–Sim, só estou um pouco cansada.
–Se precisar de alguma coisa, pode vir falar comigo.
Diz Amy e depois vai para frente da sala.
–Amanhã vou trazer a redação de vocês corrigida. Tiveram muitas boas.
Ela sai da sala e vejo outra professora entrar. Agora é aula de Química e sou péssima nessa matéria.
–Bom dia, turma.
–Corrigiu a prova do semestre passado? – pergunta alguém e os outros dão risada.
A professora abre um sorrisinho.
–Ainda quer aquela prova? Está aqui na minha bolsa, no fim da aula entrego. – ela diz e coloca a bolsa dela na mesa dos professores. –Quero saber o nome dos alunos novos.
Então eu, Carlos e Amanda aka Mands falamos os nossos nomes.
–Teremos prova semana que vem.
Não estou nada surpresa, na minha outra escola é assim também. Mal voltamos das férias e já temos que fazer provas, esses professores parecem que gostam de nos ver sofrer.
–Para vocês que são novos, sugiro que estudem com alguém que é bom da matéria. Podem ter coisas que ainda não aprenderam. A matéria é a do bimestre passado. Capítulos 7 e 8.
Eu já sou ruim em química e ainda é uma matéria que eu nem sei se vi.
–No fim da aula falarei com vocês sobre isso. – diz ela. –Agora, abram a apostila.
E temos uma aula de química que eu não sei para os outros, mas para mim é bem difícil. Vou mesmo precisar de ajuda. A aula termina e todos saem para o intervalo.
–Vocês três, - diz ela apontando para nós. –E vocês três, - ela aponta para Katherin e mais dois alunos. –Vamos conversar.
Nós vamos todos para a mesa dela.
–Talvez até tenham aprendido a matéria, mas talvez não e não quero que vão mal na prova por causa disso. – diz ela. –Katherin, Roberta e Marcos são bons na matéria. Vocês poderiam ajudar eles?
Os três fazem que sim que sim com a cabeça.
–Ótimo então. Katherin, você estuda com Lydia, Roberta com Amanda e Marcos com Carlos. – ela fala e os três assentem. Estou feliz de estar com Katherin. –Obrigada a vocês por ajudá-los, darei meio ponto na prova de vocês.
Todos sorriem.
–Bom intervalo. – ela diz e sai.
Katherin vai até a mesa dela.
–Pode ir hoje em casa? – faço que sim com a cabeça, não tenho nada para fazer mesmo de tarde. –Umas duas horas?
–Aham.
Ela pega um papel e escreve o endereço.
–É esse aqui. – ela dá o papel para mim e guardo-o no bolso.
–Okay então. Não vai atrapalhar hoje?
–Imagina. – diz ela com um sorriso.
–Tá bom então.
Pego meu fone e vou até a cantina. Compro meu enrolado de presunto e queijo e começo a comê-lo. Passo pela quadra e sento-me em alguma árvore da “floresta”. Esse lugar é ótimo. Ligo o celular. Jane ainda não respondeu, o que é compreensível. Ela acorda bem tarde quando não tem aula. Clico na Kriss.
Eu: Oi, é intervalo.
Kriss: O meu vai acabar daqui tipo uns cinco minutos.
Eu: Tendi... hoje vou na casa da garota que te falei que conheci ontem.
Eu: A garota da minha sala, não as tias da cantina kkkkk
Kriss: Ah sim aspkapskapks O que vai fazer lá?
Eu: A professora de química indicou para os novatos estudarem com alguém. Ela indicou Katherin para mim.
Dou mais um a mordida no meu salgado.
Kriss: Bem que podia ser o Thomas.
Quase cuspo o salgado fora. Agradeço-me mentalmente por não ter falado que ele foi ontem lá em casa entregar o caderno.
Eu: Mas caramba viu!
Kriss: Só falo verdades aspkapskapskaps
Será que ela e minha mãe não entendem que eu nem o conheço direito? E também não gosto dele.
Eu: Kriss, eu não o conheço e ele só foi gentil ontem. Poderia ser qualquer outro.
Kriss: Mas foi ele.
Eu: Não me importo, já devolvi o dinheiro. E eu não gosto dele, entendeu?
Kriss: Ok, tava brincando.
Eu: Hum, sei.
Ouço o sinal e volto para a sala.


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