–Stiles! –Corri até meu amigo jogado no chão, desacordado. –Stiles hey. – sacudi tentando faze-lo responder. Nada. Ele nem ao menos estava de blusa de frio. Suas roupas estavam completamente encharcadas e o rosto muito corado. Coloquei a mão em sua testa sentindo a temperatura fora do normal.

–Meu Deus, você esta queimando. –Disse para mim mesmo, peguei o celular e liguei para o pai dele.

–O encontrou? –Ele perguntou desesperado.

–Sim, ele... Esta fisicamente bem, mas esta inconsciente, todo molhado e ardendo em febre.

–Traga-o para cá. –Ele disse.

–Okay.

Peguei o corpo desacordado e pesado de meu amigo, um pouco desajeitado, mas consegui leva-lo até o carro. O deitei no banco de trás e corri para o volante. Stilinski tinha me emprestado o Jipe de Stiles, afinal, se eu o encontrasse eu não poderia leva-lo para casa na moto.

–Aguenta firme cara, você vai ficar bem. –Disse a ele como se ele fosse me ouvir.

–Me odeia... Odeia.

Ele sussurrou. Parecendo delirar.

Cheguei em frente a casa de Stiles e logo o pai dele veio até mim acompanhado de minha mãe. Eu o ajudei a levar Stiles para dentro, o levamos até o quarto e deitamos em sua cama.

–Ele esta muito quente. –Disse seu pai.

–Deixe me vê-lo. –Minha mãe foi até Stiles e o examinou. –Ele tomou muita chuva, temos que trocar essa roupa molhada e se ele não acordar logo ou a febre não baixar temos que leva-lo ao hospital.

–Scott é melhor você ir dar a noticia para os outros, eles devem estar preocupado. –Ela disse.

–Okay. –Saí do quarto relutante. Tinha tantas coisas acontecendo ultimamente, uma em cima da outra, mal nos dando tempo de respirar.

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POV Lydia

Andava de um lado para o outro no quarto inquieta, será que tinham o encontrado? Será que estava bem? E se estivesse ferido?

–Que droga.

Peguei o telefone e disquei o numero de Stilinski, caixa postal. Tentei novamente e ele atendeu.

–Lydia?

–Oi eu... Só queria saber se... Se Stiles esta bem, vocês o encontraram certo?

–Sim, o encontramos á alguns minutos. Ele esta... Ficou na chuva o tempo todo e acabou desmaiando pela rua, não acordou ainda e esta com muita febre.

–Ah, eu... Obrigada, só liguei pra saber. Quando tiver alguma novidade pode me ligar?

–Claro, bem, Melissa disse que ele deve acordar logo.

–Não, não diga que eu liguei. Por favor.

–Lydia, você precisa entender que...

–Não, eu já entendi tudo. Eu só... Queria saber se ele esta bem. Por favor, não diga que eu liguei.

–Tudo bem.

–Obrigada, tenho que ir.

Encerramos a ligação e eu fiquei ali, no meu quarto, sem saber o que fazer.

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POV Scott

–Não sei, ele esta repetindo isso desde que eu o encontrei. –Eu disse ao pai de Stiles.

–Me odeia... –Stiles resmungou novamente, soltando um muxoxo quase como um choro.

–Ele esta delirando, a febre esta muito alta, é normal ele dizer coisas desconexas. –Disse minha mãe.

–Não devíamos levá-lo ao médico? –Perguntei.

–Tenho certeza que daqui a pouco a febre vai baixar, se não baixar nós o levamos. –Ela respondeu.

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POV Lydia

Conferi meu celular pela milésima vez, nada ainda.

–Vamos, você tem que ficar bem logo Stiles. Que droga, é tudo culpa minha.

Minha cabeça começou a latejar e uma tontura inesperada me dominou, me sentei na cama.

“-Você levou detenção por acionar o alarme de incêndio?

–A semana toda. Mas tudo bem, conseguimos algo.

–Mesmo não tendo provas de que Barrow esteve lá?

Stiles se virou para mim e veio em minha direção.

–Hey, Lydia. Esteve certa todas as vezes que algo assim aconteceu. Não comece a duvidar de si mesma agora.

–Sem cheiro, sem bomba. E coloquei você em encrenca.

–Ele segurou no meu dedo ao qual eu enrolava o fio vermelho de lã.

–Olha, Barrow estava lá. Tudo bem? Você sabia, você sentiu. Esta bem? –Ele disse começando a desenrolar o fio do meu dedo. –Se quisesse eu voltaria para a escola e buscaria a noite toda só para provar.”

Mais lembranças. Outra com Stiles, ultimamente venho pensado nas lembranças que tenho com ele, são todas...

–Que droga.

Me levantei, meu cérebro funcionando a mil. Finalmente parecendo cair na real. Stiles não era mal, não importa o que eu tivesse visto, tinha algo errado ali, Kate era má, tinha roubado minhas lembranças, não podia sair acreditando no que ela me mostrava. Stiles sempre esteva comigo, me ajudando. Ali do meu lado. Não só agora que eu voltei depois de desaparecida, mas antes disso também. Eu podia perceber isso pelas poucas lembranças que tive. Ele sempre esteve ali para mim. E agora ele precisa de mim e eu não estou lá para ele. Claro que depois eu iria perguntar sobre toda essa história. Mas desta vez eu o ouviria primeiro.

–Sou uma idiota, devia ter feito isso desde o começo. –Falei para mim mesma. Algo em minha escrivaninha me chamou a atenção. Me impedindo de sair correndo para fora. Era uma delicada pulseira. A olhei bem, reconhecendo ela da lembrança que tive há alguns dias.

“Acho que isso é seu.”

A voz de Stiles ecoou em minha mente. Peguei a pulseira e ouvi pequenos sussurros, vozes... muitas delas, falando coisas que eu mal podia entender, pois todas elas falavam ao mesmo tempo. Coloquei a pulseira em meu pulso e senti o mesmo esquentar levemente. Marcas pretas apareceram na extensão de meu braço, indo até o pulso e sumindo ali, eram... linhas pretas. Eu já havia visto aquilo antes, mas onde?

”Não morra!”

Me assustei com a voz desconhecida que surgiu no silencio do meu quarto.

–O que? –Perguntei, olhando em volta, procurando o dono daquela voz.

“Não morra!”

Meu coração começou a bater mais rápido em meu peito. O que era aquilo?

Meu coração deu um salto, quase saindo pela boca, quando me olhei no espelho e... Eu não era eu. Meus olhos estavam fundos. As íris não mais verdes, quase um vermelho sangue. Minha pele parecia... Podre, como se eu estivesse descascando. Como se eu fosse um cadáver em decomposição. Parte do meu cabelo não existia, deixando um aparte careca de minha cabeça que eu podia ver que estava tão ruim quanto o resto do meu corpo. Podre. Não havia sangue. Apenas podridão. O único lugar onde havia sangue era em meu peito. Bem em cima do meu coração que me assustei ainda mais quando percebi que eu podia vê-lo, quase não batendo mais, parecendo seco, apesar do sangue. Como se fosse uma fruta seca, preto e podre, mas ainda batendo.

Fechei os olhos e me virei, incapaz de continuar a encarar a imagem no espelho.

–Assim que você esta por dentro. Viva Lydia.

Tomei coragem que eu não tinha e me encarei novamente no espelho. Nunca tinha visto algo tão horripilante. Podia assustadoramente ver meus órgãos internos, estavam... Morrendo, apodrecendo aos poucos.

–Pode só parecer que esta tudo bem, mas não esta. Viva Lydia. VIVA!

A ultima palavra ecoou forte em meu ouvido, coloquei as mãos sobre eles, tentando abafar o som. Ouvia um grito forte e estridente, fazendo tudo a minha volta perder o som. A dor incomoda aumentando cada vez mais, minutos intermináveis de tortura. O grito parou, mas ouvia um zumbido por todo o local. Abri os olhos olhando novamente para espelho. Estava normal, eu era eu. Mas vi que meus ouvidos sangravam. O medo borbulhando dentro de mim. Então na intenção de melhorar deixei que o grito agudo saísse livre da minha garganta, até não aguentar mais sustentar o grito de desespero. Lentamente o zumbido foi sumindo. Minha cabeça explodia de dor e eu apenas escorreguei as costas pela parede até encontrar o chão frio abaixo de mim.

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POV Stiles

Acordei em um sobressalto, sentindo meus ouvidos doerem, não entendendo muito bem o porquê. Olhei em volta meio desorientado. Estava em meu quarto. Estranho. A ultima coisa de que me lembro era estar andando na chuva completamente fora de mim.

A porta se abriu e Scott entrou no quarto.

–Finalmente você acordou. –Ele disse sorrindo, parecendo aliviado.

–O que houve?

–Te encontrei no desacordado no meio da chuva.

Parei para pensar no motivo daquilo, me arrependi de lembrar.

–Ela me odeia. –Sussurrei para mim mesmo, quase sem perceber.

–Agora você pode explicar isso? Você... ficou repetindo enquanto dormia.

–Por quanto tempo eu dormi? Onde esta o meu pai?

–Não dormiu muito. Seu pai... foi trabalhar depois de eu insistir muito e prometer que ligaria se algo acontecesse. Agora Stiles... o que houve?

Eu sabia que ele ainda esperava uma resposta e não iria desistir de saber o que tinha acontecido.

Respirei fundo, revirando minhas memórias para relatar o ocorrido a Scott.

–Depois que... Lydia e eu brigamos eu... apenas corri e depois andei por um tempo. Parecia que... sei lá, estava tudo tão estranho, acho que eu nunca... me senti assim. Então... eu fui para um lugar que eu gosto de ir quando quero pensar e ficar sozinho. Fiquei lá por um tempo, chorando estupidamente. Então... Kate apareceu.

Scott pareceu surpreso e até um pouco alerta, me encarando como se procurasse ferimentos em mim que ele não tivesse notado antes.

–Ela não fez nada... Quer dizer... Ela falou comigo e me... Me mostrou Lydia. Ela estava no quarto dela, deitada na cama. Repetindo que me odiava, e de novo e de novo. Isso foi ecoando na minha cabeça, ouvindo ela repetir aquilo, então... eu simplesmente... surtei, sai por ai andando e tropeçando, até cair ali.

–Stiles... Você não pode acreditar nisso. Lydia não odeia você. Stiles. –Ele me chamou e eu ergui a cabeça o encarando. –Lydia te ama.

–Não Scott! Lydia não me ama!

–Ela ama sim! Ela só... Não se lembra disso. Você precisa fazê-la se lembrar.

–Eu já tentei! –Eu disse, novamente desviando o olhar. –Já tentei de tudo, mas não consigo controlar isso. Ela simplesmente... Não se lembra. Não tem como eu força-la a isso.

–Então... Conte a ela. –Ele disse.

–Contar?

–É, saia um dia, pra um lugar seguro, por favor. Só vocês dois e... Conte a ela, sobre vocês. Não sobre coisas sobrenaturais, e mortes e tragédia. Lembre-a dos bons momentos que tiveram juntos. Na cabeça dela, ela ainda era aquela Lydia que não te enxergava. Você só precisa... faze-la ver que ela se esqueceu da melhor parte da vida dela.

–Mas... Como?

–Eu não sei. –Ele sorriu e apertou meu ombro. –Mas, você é você, vai pensar em alguma coisa. Eu vou ligar para o seu pai e dizer que esta bem.

Concordei enquanto ele saia do quarto. Me afundei no travesseiro e fechei os olhos.

–Stiles...

Ouvi meu nome ser sussurrado ao longe. Abri os olhos, procurando alguém no quarto. Não havia ninguém. Devia estar ouvindo coisa. Fechei os olhos, tentando não pensar.

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POV Lydia

–Stiles...

Sussurrei. Eu estava morrendo. Não sabia como e nem porque, mas eu sabia que estava morrendo. Eu só não tinha parado para pensar nisso ainda. Kate dizendo que eu não tinha muito tempo. Que obviamente nunca me deixaria sair assim e viver, ela tinha feito algo comigo. E seja la como os meus poderes funcionavam... Algo esta me avisando disso. Me fazendo enxergar que eu estava morrendo. Tudo começou naquele dia em que Kate invadiu o meu quarto e tocou meu peito, em cima do coração e eu senti queimar.

Me levantei e olhei o espelho, receosa do que iria ver. Mas agora me via normalmente. Afastei um pouco a gola do meu vestido e percebi ali uma macha, fraca e pequena, mas uma mancha. Seja lá o que tivesse de errado comigo. Estava piorando. E eu realmente estava... Morrendo.

O que acontecia quando uma Banshee previa a própria morte? Eu queria não ter que descobrir.