Aprisionada ao Azar da Copa escrita por James Fernando


Capítulo 1
Capítulo 1: Único




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Aqui estou no avião. Não sei por que fui me meter nessa furada. O que eu fiz para merecer isso? Tudo bem, talvez tenha sido por ter pego o bastão de beisebol do meu irmão e ter feito um strike, ou melhor, vários strike na Ferrari do filho da... boa mãe que é a dona Isabella. Eu meio que perdi a cabeça e destruí o carro do meu ex-namorado depois de ter pego ele desentupindo aquela boca de bueiro que a minha adorável prima, Jackeline, tem.

Por causa dessa coisinha de nada que eu fiz, meu pai me obrigou a acompanhar meu irmão mais velho que já esta na faculdade, a ir assistir a tal Copa do Mundo no Brasil. Só existe uma coisa que eu odeio mais que o meu ex-namorado e minha adorável prima no momento, é futebol. Afinal, que graça tem em ficar correndo de um lado pra outro atrás de uma bola como um cachorro atrás do próprio rabo? Não é mais simples dar uma bola pra cada um e resolver logo aquilo? Eu realmente não entendo isso.

Meu irmão, Mike, tem 21 anos. Ele bota medo em qualquer um com seu tamanho, é um verdadeiro armário ambulante. Seus cabelos são meio loiro, e seus olhos são iguais aos de minha mãe, azuis. Eu já puxei os olhos de meu pai, verde. Tenho 17 anos e estou no segundo ano daquilo que os outros chamam de escola, mas no me vocabulário é conhecida como inferno. Meus cabelos são pretos como os de minha mãe. Bom, não sou nenhuma Angelina Jolie, mas também não sou de se jogar fora.

Mas se não bastasse eu ter que ficar quase 15 horas dentro dessa lata pressurizada e ter que aturar um pivete atrás de mim que fica chutando a minha poltrona, além de ter que ficar duas semanas no meio de gente suada e que vai ficar gritando na minha orelha, minha adorável prima também esta indo e esta sentada, adivinhem aonde? Dez pontos pra quem respondeu ao meu lado. Na minha vida passada eu devo ter sido o cão em pessoa pra ter que passar por tudo isso.

- Ai, Mary, me desculpe, eu não sabia que ele era teu bofe. – a jamanta ao meu lado disse. Uma coisa que vocês devem saber sobre isso que dizem ser minha prima: ela é patricinha de carteirinha.

Paciência meu Lord... hum... será que se eu dizer o nome daquele-que-não-deve-ser-nomeado, ele aparece aqui e usa o Avada Kedrava na minha adorável prima?

- Lord Vold... – comecei a dizer, mas só comecei.

- Maryyy... – berrou que nem uma ovelha a jumenta da minha prima.

- Alguém.Me.Mate.Agora. – onde se acha um Death Note quando se é mais preciso?

Respirei fundo e me virei para a Noiva do Chucky, pois eu realmente não sei o que os homens veem nesse projeto de Barbie que deu errado.

- Jacky... – só de olhar para a cara dessa lambisgoia eu já tenho vontade de aplicar tudo o que eu sei sobre Karatê, e olhe que eu sou faixa preta. – Eu te mostrei a foto daquele cachorro, o apontei quando estávamos na lanchonete e ele estava com os amigos, e um dia depois você estava aos beijos com ele. Então, não, eu não desculpo, e se você não quer ter que pagar um fortuna para o Dr. Hollywood consertar o que vai sobrar dessa sua cara de pau, acho melhor calar essa sua boca e esquecer que eu existo!

Estou nem aí se falei alto demais, peguei o fone de ouvido, aumentei o som e dormi o resto da viagem.

Acordei com Mike me chacoalhando. Abri meus olhos e dei de cara com o rosto do meu irmão.

- Acorde, já chegamos. – ele disse com um fraco sorriso.

Mike, quando soube do que o meu ex-namorado fez, quis dar uma surra no cafajeste. Eu, sinceramente, dei carta livre, mas meu pai impediu. Jacky saiu impune pois mentiu dizendo que não fazia ideia que ele era meu namorado, e todos acreditaram. Ate mesmo eu teria acreditado se não tivesse mostrado a foto dele pra ela. Isso já faz quatro dias que aconteceu.

- Obri... – bocejei no meio do agradecimento.

Ele torceu o nariz.

- Você por acaso escovou os dentes antes de entrarmos no avião? – ele perguntou.

Eu o olhei sem demonstrar emoção alguma. É hoje que eu viro filha única. Ele deve ter visto o perigo nos meus olhos, pois saiu correndo com as malas na mão.

Ao andar pelo aeroporto, pensei que era carnaval de tanta cor berrante e diferente. Tudo isso é gene que veio assistir a Copa? O mundo esta perdido.

Logo avistei o mala do meu irmão e a jamanta me esperando na entrada do aeroporto. Ate esqueci do que ele disse.

Me aproximei e chutei a canela dele fortemente.

- Achou mesmo que eu tinha esquecido? – eu perguntei enquanto ele saltitava ao mesmo tempo em que largava as malas no chão.

Ignorei o resto e fui procurar um táxi, o que não foi fácil já que esta cheio de gente aqui.

A Copa já começou faz quatro dias e amanhã a Alemanha joga, o time pra qual eu devo torcer. Alguém aí conhece alguma macumbeira das boas? Quem sabe eles não perdem no mesmo dia e eu não precise perder o meu tempo assistindo um bando de idiotas correndo atrás de uma bola.

Estamos em Natal, uma cidade linda e com praias. Qual é? Eu nasci e cresci em Berlim, acho que mereço curtir meu tempo com algo mais produtivo do que futebol, certo? Errado. Eu devo é ter jogado pedra na cruz, só pode.

Logo chegamos no Yak Hotel Natal e, por um milagre, cada um tem o seu quarto. Ainda é cedo pra comemorar, mas parece que não é hoje que eu vou para o xilindró por matar asfixiada em quanto dorme a minha adorável prima.

Como ainda é madrugada, leia-se nove horas da manhã, eu caí feito pedra na cama.

Acordei por volta das três da tarde. Como eu tenho o tempo livre ate amanhã, decidi aproveitar a minha estadia nessa cidade e fui conhece-la. Avisei meu irmão que iria estar esperando ele amanhã no Hall do hotel para irmos para o tal jogo, ate lá, esqueça que eu existo.

Peguei um táxi e pedi para o motorista me mostrar a cidade, o que foi um erro... bom, quem vai pagar a conta vai ser meu pai mesmo, então... vou fingir que nem vi.

Ele me mostrou o Teatro Alberto Maranhão, a Igreja de Santo Antonio e Museu de Arte Sacra, Fortaleza dos Reis Magos, Solar Bela Vista, Palácio Potengi e o Museu Câmara Cascudo foi o ultimo, pois já passava das sete da noite e meu estomago resolveu se manifestar.

Ele me deixou no Paprika Restaurante e Pizzaria, um lugar lindo e com um deck para o mar.

Gastei mais uma grana preta. Seu eu não morrer de tédio durante os jogos, provavelmente minha mãe me mata. Minha mãe supera o meu pai em me fazer quase borrar a calcinha. Aquela mulher é o cão chupando manga.

Já era por volta das nove da noite quando decidi caminhar pela praia. O clima estava agradável, nada frio como é Berlim. Amei o lugar, quero morar aqui.

Peguei meu celular depois de quase duas horas andando pela praia e admirando a paisagem noturna, e tentei ligar para o taxista, mas como sorte de gente decente dura pouco, fiquei sem bateria.

Andei ate sair da praia e comecei a procurar algum lugar para usar o telefone. Acabei me perdendo em uma rua deserta que parecia um cenário de filme de terror.

Engoli seco.

Me virei pra dar meia volta.

Gritei feito uma condenada ao me deparar com um revolver apontado para a minha cara. Como eu não notei a aproximação desse bandido.

- Oh my God! – eu disse e vi que o bandido foi pego de surpresa pelo meu grito, então aproveitei e fiz um gol de pênalti no safado.

Sem dar tempo dele se recuperar, corri mais rápido que a jumenta da minha prima na fila da liquidação. E olhe que é a única hora que aquela coisa sebe correr e muito rápido.

- Vadia! – ouvi ele gritar.

Se eu não tivesse tão concentrada em não ir parar a sete palmos, eu dava meia volta e iria mostrar que vadia era a... bom, vocês entenderam.

Ouvi um som de carro, parei e me virei pronta para pedir ajuda, mas ao ver o bandido entrar no carro e apontar pra mim, voltei a correr.

Virei a esquina, e sem parar, eu continuei, pois eu sabia que eles estavam atrás de mim. Ouvi o som do carro virando a esquina ao derrapar o pneu.

Ouvi o som do tiro.

Parei na mesma hora com o meu coração a mil. Não me acertou. Suspirei ao constatar que estava bem, mas infelizmente eu não tinha mais pra onde correr, pois eles pararam bem ao meu lado e desceram do carro apontando a arma pra mim.

- Eu devia te matar agora, vadia! – disse o cara que eu chutei nas partes baixas.

O que eu fiz para merecer isso?

Meus olhos estavam cheios de lagrimas.

- Mas não vai, pois precisamos dela se quisermos pedir resgate para a família dela. – disse o outro que estava dirigindo. – Não tente nenhuma gracinha, pois não precisamos de você inteira, só viva.

Ele enfiou o pano no meu rosto e senti tudo escurecer.

Acordei sentido me corpo todo dolorido. Paralisei na hora.

- Por favor... não... por favor... não... – eu rezei. – Que não tenham feito aquilo comigo...

Abri os olhos e suspirei aliviada.

O motivo de meu corpo estar dolorido era por que eu estava deitada no chão.

Me levantei estalando praticamente todos os ossos do meu corpo. Olhei em volta, estava em um quarto minúsculo e sem nada, havia uma janela dessas que sempre parecem nas prisões e uma porta de ferro.

Olhei pela janela, era dia e ao que parecia, eu estava no meio de um deserto, ou quase isso.

Fui ate a porta e tentei abri-la. Abriu somente uma fresta.

- Droga! – eu disse ao notar que aparentemente estava sozinha naquele galpão abandonado. – Esta preso com cadeado.

Respirei fundo.

Peguei um grampo do meu cabelo e com dificuldade, consegui coloca-lo no cadeado. E com mais dificuldade ainda, o cadeado foi aberto depois de quase meia hora.

Abri a porta discretamente e verifiquei o galpão, ouvi vozes vindo de um outro lugar. Pareciam estar discutindo sobre o que iriam fazer comigo depois de receberem o resgate. Aquele que eu chutei, reconheci sua voz, disse que antes de me matar, iria me... argh... vocês sabem.

Silenciosamente, eu andei ate a porta do galpão e sai. Encontrei o carro que eles usaram para me sequestrar.

Os idiotas deixaram a chave no contato.

Sem cerimonias, entrei no carro, o liguei e pisei fundo pra longe daquele lugar.

Depois de duas horas, eu finalmente consegui chegar na delegacia. Uma hora depois, os bandidos foram presos. Duas horas depois, eu ainda tinha que ir no maldito jogo de futebol. Ninguém merece.


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