Eu Ainda Estou Aqui escrita por A Garota Dos Livros
Jason é tão irritante quanto pode ser, ele aparece na minha sala todos os dias me cantando e fazendo insinuações irritantes, fora que já ‘’pegou’’ pelo menos três moças da academia! Mas tenho que admitir, ele é um ótimo boxeador, meu pai está todo entusiasmado com isso, e já fala sobre o estadual. Isso é bom, pode fazê-lo esquecer que eu não estar aqui para assistir.
– Bom dia, princesa – ele chegou a uma semana e não tem a capacidade de me chamar pelo meu nome.
– Bom dia, Jason – nem me dou ao trabalho de erguer a cabeça.
– Não vai nem se dar ao trabalho de olhar para mim ? – levanto os olhos e ele finge um rosto magoado – Assim é melhor – diz sorrindo.
– Acho que você tem que treinar.
– Você acha muitas coisas.
– É o que parece – volto-me para meus papeis demonstrando desinteresse.
– Sabe o que eu acho ? – ele diz debochado – Acho que pra alguém como você, você se acha demais.
– Alguém como eu ?
– Magrela, sinceramente, chega ser feio – ele dá alguns passos para dentro da sala.
Essa palavras deveriam me atingir, mas não me atingem. Sei exatamente o quão magra sou, mas a culpa é de toda aquela radiação e desse câncer idiota.
– Jason – meu pai está na porta com o maxilar travado, acho que ele ouviu, se ouviu, não está nada feliz – vá treinar.
Jason me dá um sorriso e sai, ele vê o rosto do meu pai e para um minuto tentando entender.
...
– Não contou pra ele, não é ? – eu digo cheia de expectativa.
Não quero que Jason sinta pena de mim, e hoje ele saiu da academia sem o costumeiro ‘’ até amanha princesa’’.
– Não, não contei. Só disse pra ele não chegar perto de você de novo – ele faz uma pausa – por que eu não deveria contar ?
– Não quero mais ninguém com pena de mim, pai.
– Eu sei.
Estamos na cozinha de casa, me aproximo e o abraço.
– Isso não está sendo nada fácil – ele diz com a voz meio embargada.
– Eu sei, pai.
Naquela noite eu vou dormir pensando em como meu pai sofrer em seis meses.
...
– ... Duas semanas ? Não sei acho que é muito tempo – meu pai está no telefone sentado no sofá do escritório - ... não é isso, é só que não quero deixar minha filha sozinha... tudo bem... te ligo em meia hora.
– Quem era, pai ?
– Matt. Temos que ir numa conferencia com o pessoal do estadual em Vegas, por duas semanas.
– E você não quer ir por minha causa – ele assente – pai, eu vou ficar bem...
– Não quero te deixar sozinha andando de ônibus o tempo todo.
– Sam pode me levar – Sam é minha melhor amiga – sério mesmo, ela disse que sempre que eu precisar ela me da carona.
– Não sei se é uma boa...
– John Wright, você vai nessa conferencia! Não quer que o Jason lute no estadual ? – ele assente – Pois bem, você vai.
– Lizzi, não sei...
– Você vai. Ligue para o Matt.
Ele suspira e digita alguns números no telefone.
– Matt ? Que horas é o voo? Sim, foi a Lizzi. Ok. Te vejo amanhã. – ele desliga o telefone – Você é impossível, sabia ?!
– Aprendi com o melhor – sorrio.
Meu pai sai do escritório. Eu quero que ele vá nessa viagem, eu sei que parece que não, mas ele pensa o tempo todo que em pouco tempo eu não vou mais estar aqui, e logo, logo eu vou começar piorar, quero que ele se divirta um pouco antes que a situação piore.
Jason passou o dia todo na sala de boxe, ele não fala comigo desde ontem quando meu pai ouviu o que ele disse sobre meu peso.
– Princesa ? – Jason aparece na porta.
Levanto os olhos. Ele está suado e a camiseta gruda em seu corpo bem definido.
– Vai fazer alguma coisa hoje a noite ?
– O que ?
– Vai fazer alguma coisa hoje a noite ? – ele sorri debochado.
– Achei que meu pai tivesse mandado você ficar longe de mim.
– Mandou. Mas e ai, vai ?
– Não, não vou.
– Quer tal jantar comigo.
– Não dá, pretendo não fazer nada hoje.
– Entendi – ele sorri – jogo interessante. Talvez outro dia.
Jason sai da sala.
...
– Tome todos os seus remédios.
– Ok, pai.
– Me ligue todos os dias.
– Pai, você vai perder seu voo.
Estamos no aeroporto, Sam está me esperando no carro.
– Você está certa – ele segura minha cabeça e beija o topo – eu te amo. E treine o garoto...
– Jason.
– O Jason pra mim, por esses dias.
–Ok. Te amo. Boa viagem.
Meu pai anda para longe de mim e eu volto para o estacionamento.
– E agora? – Sam pergunta quando entro no carro.
Sam é morena, tem olhos verdes e pele clara. Ela é linda.
– Pra academia.
– É hoje que eu vou conhecer o gato que seu pai está treinando ?
– Não, ele é um idiota. Não se atreva.
– Tudo bem – ela dá um suspiro teatral.
Sam me deixa em frente a academia e vai embora. Hoje é sábado isso quer dizer que quem está responsável pela academia é o Will, ele é responsável pelos fins de semana e nas noites.
– Acho que eu vou gostar disso – diz Jason quando eu lhe explico que eu lhe treinarei pelas próximas duas semanas.
Reviro os olhos.
O primeiro dia foi bem calmo. Jason abandou suas gracinhas por umas horas, elas só voltaram quando o treino acabou, e para o meu azar, comecei me sentir mal também.
– Princesa, você está horrível.
– Sua sinceridade é comovente – estou deitada no chão do ringue olhando para o teto, Jason está encostado em um dos cantos olhando para mim.
Sinto meu estomago dando voltas e me levanto num salto, pulo as cordas do ringue e quase caio de cara no chão, recupero o equilíbrio e corro para o banheiro.
– Princesa !
Dentro do banheiro fecho a porta de uma das cabines e me debruço sobre o vaso sanitário jogando para fora tudo o que comi a tarde.
– Princesa? – posso ver seus pés voltados para a porta.
– Sai daqui – eu digo me sentindo franca.
– De jeito nenhum. Você está bem ?
– Estou – fecho a tampa do vaso sanitário e dou descarga, depois fico sentada no chão.
– Princesa ?
– Sim, Jason.
– Tem certeza que está bem ?
– Tenho.
Fecho os olhos, e só abro em seguida quando sinto uma mão na minha perna.
– Está pálida.
– Como você ... ? – ele se arrastou por baixo da porta.
– Vamos. Eu te levo embora.
– Não precisa, Sam...
– Lizzi ? – escuto a voz de Sam entrando no banheiro.
– Aqui – eu estico o braço até a tranca da porta mas Jason é mas rápido e a abre e sai.
– Ah, oi – ouço a voz de Sam do outro lado e tenho certeza que ela está sorrindo.
– Oi – diz Jason de maneira simpática demais para um simples oi – ela está aqui, deve ter comido alguma coisa que fez mal.
Sam anda apressadamente até o banheiro e me encontra.
– Nossa, Lizzi! – ela se abaixa e me ajuda a ficar em pé - ele não sabe não é !? - ela sussurra no meu ouvido.
Assinto.
– Eu te ajudo... – diz Jason sorrindo para Sam.
– Posso andar sozinha – digo me soltando dos dois – anda Sam, de logo seu telefone para ele e vamos embora.
Saio do banheiro ouvindo Sam recitar seu numero de telefone para Jason.
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