“Não tem que ter explicação, as coisas simplesmente acontecem, são sentimentos que partem do meu coração”

Narração Bruno - On

– Bru acorda! Bruno! Estamos atrasados e minha garganta esta ardendo, droga de gripe! – uma voz choramingava.

Sorri sem nem perceber, revelando para a manhosa que estava do meu lado que eu já havia acordado.

– Ah seu chato! Eu morrendo de gripe aqui e você fingindo que está dormindo – ela dizia sorrindo enquanto me acertava com o segundo travesseiro que havíamos roubado da cama do Jason.

– Você fica bonita quando está com raiva – disse e ela fez uma careta.

– Claro que não, nenhuma garota fica bonita quando está raiva –

Ah Fê, você já é bonita, e quando está com raiva você faz um bico e fica com a voz parecida com um choramingo, sem falar nos cabelos, naquela mania de jogar a franja já crescida para trás, e sem perceber você só fica mais bonita.

– Você fica – falei e ela sorriu sem graça e se acomodou sentada na cama, do meu lado.

– Perdemos a primeira aula – ela disse e acariciou minha testa, tirando a franja de cima dos meus olhos.

– Tudo bem – falei e rodeei a cintura dela com um braço, ficando deitado de bruços. – Na verdade eu não me importo muito com isso –

– Mas eu me importo com isso, e me importo com você também, então levanta nego, um dois, um dois –

– Estou com sono –

– Não mandei ir dormir tarde – ela disse

– Mandou sim, foi você que ficou me beijando – falei e levantei meu rosto, encarando a expressão dela.

Soltei uma gargalhada que a fez me acertar novamente com o travesseiro. Ela estava bruscamente ruborizada.

– Ah seu feio! –

– Sua linda –

– Idiota! –

– Fofa -

– Não me elogie se eu estiver ofendendo você –

– Também te amo –

– Sinceramente você não sabe discutir não? – ela perguntou e eu dei um sorriso de canto.

– Não meu amor, eu não sei, porque você não me ensina? – falei enquanto a puxava, a deixando do meu lado, no mesmo instante apoiei o braço esquerdo do lado do pescoço dela e o direito eu apoiei no outro lado do pescoço dela, a deixando cercada.

– Eu não sou uma boa professora – ela disse e eu sorri

– Um aluno bom aprende mesmo que a professora seja a pior do mundo. – falei e ela sorriu.

– Ah é? – ela perguntou enquanto aproximava nossos rostos.

– Sim – falei lentamente já sentindo nossas respirações mesclarem...

– Então seja esse bom aluno e vá se arrumar antes que a gente se atrase mais! – ela disse e me empurrou de cima dela, fazendo eu tombar para trás e em seguida, cair da cama e ficar quase de bruços no chão.

Sorri.

Droga, garota esperta.

Suspirei e olhei para ela do chão.

– Nossa, que amor você senti por mim né – falei e ela se aproximou e sorriu.

Me virei, ficando deitado para cima e repousando meu braço direito sob minha barriga.

– Amo o suficiente para não deixar você se atrasar para a segunda aula, que inclusive é biologia – ela completou e se deitou ao meu lado no chão.

Ah não. Biologia.

– Não podemos pular essa aula não? É só mais um tempo, a gente entra no terceiro tempo, juro. – falei

– Tente me convencer – ela disse e sorriu.

– Fê, meu amorzinho, por favor, a gente pode comprar sorvete e ficar debaixo daquela árvore –

– Estou gripada, não posso tomar sorvete. –

– Aff, então a gente não compra nada, apenas fica debaixo da árvore –

– Como assim não comprar nada? Estou com fome – ela disse e sorriu logo em seguida da careta que eu fiz.

– Sinceramente mulher, eu só quero faltar o segundo tempo, o que eu tenho que fazer para conseguir isso?! – falei

– Eu disse homem, você tem que me convencer! –

Suspirei pesadamente e ela sorriu vitoriosa.

– Fernanda Wins meu bem! Pode ir se arrumando – ela disse e sorriu logo em seguida começando a brincar com a mão que estava repousada sob minha barriga. Fiquei em silêncio, observando ela ficar entretida brincando com nossas mãos até cruzar nossos dedos.

Ela parecia uma criança inocente. Isso era tão descomplicado, mas mesmo assim eu não tinha palavras descrever o quanto eu podia amar aquele ser que estava ali acomodado no meu peito brincando com nossas mãos...

A mão dela era tão pequena e delicada, as unhas grandes e quadradas pintadas naquele azul reluzente. Aquele azul das unhas dela me lembrava brevemente o Harry, talvez ela fosse passar por momentos difíceis longe dele, afinal eu não sei a intensidade do que ela sente por ele, mas dependendo disso, ela pode sofrer muito, ou pouco.

Mas ela teve a chance de ir, como ela mesmo disse, ela o viu pela última vez, ela dançou com ele, ela estava livre para simplesmente ir embora, mas não foi, e se dependesse de mim, não importaria o quanto ela sofresse, eu iria ajudar ela a passar por isso, eu iria dar todo o amor que eu tenho, se ela escolheu ficar é porque ela simplesmente já sabia que iria ter que passar por isso.

Sorri levemente fazendo ela olhar para mim.

– Já ta arrumado? – ela perguntou e sorriu depois quando se deu conta da própria pergunta, geralmente quem faz essas perguntas sem sentido e depois sorri é a Sofia, mas dessa vez foi ela, o que me fez rir também.

– Acho que você resolveu largar minha mão por um segundo e eu já fui e você nem percebeu – zombei

– Vai logo! – ela disse e bagunçou meus cabelos – Ah é, Bru, eu tinha uma pergunta. –

– Sim? –

– Porque você dorme sem camisa? – ela perguntou e eu a encarei a feição curiosa e sorri.

– Sei lá, costume – falei e ela assentiu.

– Porque a maioria dos meninos dorme sem camisa, ou fica sem camisa quando está sozinho? –

– Não sei, acho que pelo mesmo motivo que a maioria das meninas fura as orelhas e pinta as unhas –

– Para ficar atraentes? – ela perguntou confusa e eu suspirei.

– Espera até eu já estou confuso, como foi que nós chegamos nesse assunto mesmo? –

– Boa pergunta, eu devia estar mandando você ir tomar banho –

– Errado! – falei e ela me encarou – Você estava mandando eu me arrumar, não tomar banho! –

– Bruno vai logo! – ela falou e eu sorri.

– Já falei que você fica bonita quando está com raiva? –

– Irritante –

– Minha linda –

– Seu chato –

– S-E-U chato, SEU, não de qualquer uma – falei e ela sorriu e se aninhou em mim, como se ela estivesse me abraçando, mas sem me rodear com os braços, e eu o fiz, abracei-a.

– Exatamente, meu, minha propriedade, meu com todos os direitos, até mesmo o direito que eu posso mandar em você, então vai ser arrumar propriedade! Vai, vai! –

Encarei-a por um instante e sorri. Espera, se eu seguir esse mesmo raciocínio...

– Mas se eu sou sua propriedade, você também é a minha, e eu também tenho direito de mandar em você meu bem – falei e ela arqueou uma sobrancelha, como se estivesse sem argumentos.

– E o que você pensa em mandar... ? –

– Hoje, só hoje, sem segundo tempo de aula, sem biologia – falei e ela revirou os olhos.

– Ok né, me convenceu – ela disse e se levantou.

– Bruno Wins meu amor! Bruno Wins game over pra você! – falei e me levantei.

– Onde aperta restart? –

– Não tem esse botão – falei roubando um selinho demorado dela e a ajudando a se levantar e sentar na minha cama.

– Ah, desisto de discutir com você, você não sabe discutir –

– Já falei que estou aberto para aprender – disse e ela me deu um tapinha leve.

Olhei para ela e sorri. Eu não sabia o porquê, mas toda vez que eu a olhava eu sentia vontade de sorrir, talvez pelo fato de que ela era tão linda, talvez pelo brilho que ela carregava no olhar ou talvez por ela simplesmente estar ali.

Sentei-me ao lado dela na cama e suspirei.

– É, foi um bom começo de dia – falei

– É, foi bem melhor que os outros – ela concordou e repousou a cabeça no meu ombro.

Passei um dos meus braços ao redor da cintura dela e a puxei para mais perto de mim.

– Sabe o que vai melhorar ainda – sussurrei no ouvido dela e sorri ao perceber ela se arrepiar por inteira.

– O que? –

– Escutar minha risada favorita – sussurrei de novo e ela me encarou curiosa.- Assim ó – falei e comecei a fazer cócegas nela.

– NÃO! Bru! Páara! Não! Rá! – ela tentava falar, mas ficava se debatendo e tentando me empurrar, sem sucesso.

A risada dela era perfeita. Começava lenta e à medida que eu fazia cócegas ela ia aumentando a risada e isso automaticamente me fazia rir também.

Quando eu parei de fazer cócegas nela, estávamos ambos respirando com dificuldade, me deitei do lado dela e ficamos alguns segundos calados normalizando a respiração.

Ela se aproximou de mim e virou de lado, ficando deitada de barriga para baixo enquanto acariciava meu cabelo.

– Estou com vontade de ti matar – ela disse e eu depositei um beijo estalado na ponta da testa dela – Mas esse cheiro do teu pescoço não me possibilita fazer isso –

– Isso significa que eu sou cheiroso? – perguntei com um sorriso de canto e ela me beijou rapidamente

– Sim, mas vai logo tomar banho, seu preguiçoso –

– Te amo, minha princesa – sussurrei e a beijei novamente, me levantando da cama.

Tomei um banho rápido e sai do banheiro enrolado em uma toalha preta.

Fê não estava mais no quarto, provavelmente tinha ido se arrumar.

Olhei para cama e sorri, estava arrumada. Quem será que tinha arrumado... ?

Sorri com o pensamento e me troquei.

Narração Bruno – On

Nove Meses depois...

Narração Fernanda – On

– Ah meus deuses! Eu não estou achando! Onde está?! – perguntei enquanto Laura secava o cabelo semi molhado com o secador de cabelo.

– Onde está o que? – Sofia perguntou enquanto fechava o vestido roxo.

– Meu sapato, o único salto alto que eu trouxe para o colégio. -

– Você não precisar ir de salto, esconde o All Star com o vestido – Laura disse enquanto desligava o secador.

Elas estavam lindas. Laura e Sofia estavam perfeitamente lindas e eu sequer já havia colocado meu vestido.

Hoje era o baile de formatura. Formatura do terceiro ano do ensino médio. Eu nem podia acreditar. Como eu nem tinha percebido que já haviam se passado noves meses?... Tantas coisas haviam acontecido.

Laura estava com um vestido cinza que ia rodado até metade das coxas e colava quando chegava na cintura, o vestido deixava um dos ombros à amostra e não possuía decote. Os cabelos compridos caíam lisos sob as costas e ela usava um salto cinza cintilante, sem falar do conjunto de brincos e cordão perolados que Matheus havia dado a ela.

Sofia estava com um vestido de alças, roxo, semelhante aos vestidos antigos que as moçinhas do século XIX usavam, era comprido, ia até o tornozelo onde ela usava a sapatilha preta que nem aparecia direito devido ao cumprimento do vestido. O cabelo dela estava em forma de um coque trançado que ela mesmo fizera deixando a franja cair sob o rosto dando um toque delicado ao penteado (Sofia passou a tarde todinha assistindo vídeos de como fazer essas tranças, era engraçado assistir ela tentando fazer porque ela experimentava todos os penteados)

E eu? Ainda não tinha feito o cabelo (nem tinha ideia do penteado que eu iria fazer) não estava achando meu salto e ainda não tinha colocado o vestido.

– É Fê, relaxa, é só um baile – Sofia tentou tranquilizar

Tirei o rosto de debaixo da cama, onde eu procurava o salto e encarei as duas como se elas houvessem cometido o crime mais hediondo da vida delas.

– Como assim é só um baile?! Claro que não é só um baile! É o meu segundo baile com o Bruno! Eu não posso errar gente, tem que ser tudo perfeito! –

Elas se entreolharam.

– Olha, você pode estar até exagerando - Laura disse

– E sendo muito Drama Queen – Sofia disse.

– Mas nós somos suas escravas, err, quer dizer, amigas – Laura disse e levou um tapa da Sofia – Brincadeira oxe! – ela completou e sorriu depois. – E nós vamos ti ajudar ok? –

– Agora senta aê – Sofia disse e jogou o estojo de maquiagem para Laura.

– Eu arrumo ela primeiro – Laura disse e abriu o estojo, sorrindo para mim.

– Tudo bem, só não me deixe muito Patati e Patata - falei

– Tudo bem, eu sempre preferi a Xuxa mesmo – Laura completou e Sofia sorriu.

E eu nem podia acreditar.

Um baile.

Por deuses, meu segundo baile.

Fechei os olhos ao sentir Laura espalhando um pó sob meu rosto.

Tantas coisas haviam se passado. Na manhã seguinte ao dia da vingança, a Geovadia fez o maior barraco no refeitório, mas foi meio difícil ter moral com o cabelo verde cheirando a peixe e suja de ovo podre, mas ela não desistiu ela entrou no nosso dormitório com a diretora-decote, mas não tinha nenhuma "prova do crime" lá dentro.

Matheus entrou para o time de basquete na vaga que o Harry havia deixado, e com aproximadamente 3 meses ele conseguiu se tornar capitão do time da escola, então já se percebe que as garotas só faltavam tirar a roupa para ele, mas não era fácil com uma Laura de vigia e também Matheus nunca se mostrava interessado por outra que não fosse a Laura, um pouco mais tarde Laura conseguiu ser a diretora de uma das peças que estreou no teatro da escola, a peça bombou, vieram pessoas até de fora do colégio para assistirem.

Jason que era assistente da diretora-decote, acabou se tornando monitor de corredor (o que ocorreu depois da nossa vingancinha com a Geovadia, a diretora resolveu colocar monitores para evitar isso, mas é claro que não evitou, não com a Geovadia, afinal o monitor era o Jason.) e Sofia com a ajuda da Diretora-decote criou dois clubes a mais para o colégio além dos que já tinham que era natação, basquete e teatro, ela criou o clube de desenho e o de música, quase metade da escola se inscreveu nos clubes.

E eu tinha feito o que eu mais queria fazer: Tinha me tornado a aluna destaque das aulas de álgebra. Não era nada comparado a o que os meninos e meninas tinham conseguido se tornar, mas era o que eu gostava. Mas tinha muitas coisas que aconteceram comigo, por exemplo, a peça de teatro que a Geovadia conseguiu a vaga no meu lugar, ela faltou, eu fui a substituta (Geovadia passou 2 duas semanas sem me encarar depois disso, mas eu também não deixei barato, fiquei lembrando ela a semana todinha), e eu também tinha feito tinha feito umas das coisas mais impossíveis da história: Tinha feito o Bruno tirar dez no provão de Biologia. Matheus sempre tentava convencer Bruno á entrar para o time de basquete, mas Bruno sempre se recusava, porém ele nunca deixava de receber convites, para o clube de música e até mesmo para o de desenho, mas o Emo sempre vinha com a mesma conversa de que não queria entrar em nenhum clube porque desenhar, jogar basquete e tocar razoavelmente uma guitarra eram coisas que ele fazia por prazer e não para ter um título de: O Garoto do clube tal...

Já tinham se passado nove meses... Nove meses que Harry tinha ido embora, nós não tínhamos notícias dele, mas sempre assistíamos os jogos pela televisão, Harry havia ficado muito famoso, já até tinha feito uma entrevista após um dos jogos que ele disputou (e é claro, saiu com vitória) e no meio da entrevista ele mandou um abraço para mim e para o Bruno, eu lembro de ter gritado: AH MEU DEUS! ELE NOS MANDOU UM ABRAÇO PELA TEVÊ!

Eu sentia falta do Harry, as vezes pensava nele, algumas vezes cheguei a ter vontade de chorar no meio da noite, mas não chorei, Bruno sempre estava ali sempre me ajudava e acima de tudo, sempre me lembrava o porque de tudo isso, o porque era simplesmente ele. Não tem que ter explicação, as coisas simplesmente acontecem, são sentimentos que partem do meu coração. Eu podia ter ido com Harry naquele dia, podia ter escolhido Harry muitas outras vezes, mas eu escolhi Bruno e eu precisava do Bruno cada vez mais na minha vida, precisava dos beijos e dos abraços, precisava daquele jeito meio calado quando estava com as pessoas e totalmente diferente quando estava comigo, precisava daquele sorriso e daquele olhar tranquilizador, precisava dele, precisava de NÓS. E eu tinha o que eu precisava.

Aos poucos Harry ia se tornando apenas o primo do meu namorado, eu consigo lembrar o que eu sentia pelo Harry, mas não consigo sentir aquilo denovo, lembro de que era algo forte e que eu o amava, lembro de que quando Harry foi embora ele deixou um vazio tão grande em mim, algo que ia congelando a cada momento no qual ele ficava mais distante de mim, mas Bruno havia me preenchido, havia descongelado meu amor, de uma forma que só ele iria conseguir, da forma Emo.

Mas nem sempre as coisas eram as mil maravilhas, eu não brigava muito com o Bruno, mas nem sempre tínhamos muito tempo para nos ver durante o dia, então eu ia dormir no quarto dele e do Jason quase todos os dias, e nos finais de semana eu passava praticamente grudada nele, nós íamos em parques de diversão, em cinemas e as vezes até bibliotecas (com exceção da do shopping, Bruno nunca conseguiu entender de verdade porque eu tinha medo de entrar naquela biblioteca)

– Bem melhor – disse Laura e eu abri os olhos.

Estava comum blush chamativo e um lápis de olhos acompanhado de um delineador que eu jurava não ter sentido Laura aplicar. Meus lábios estavam em um vermelho vinho com um brilho labial por cima.

–Lalaaaa eu te amo cara – falei e ela sorri

– Eu também amo - Laura falou

– Também ama a Fê? – Sofia perguntou enquanto continuava procurando o salto.

– Não, também me amo – Laura respondeu e picou para mim.

Nós três caímos em uma risada. Tinha que ser a Laura para nos fazer rir.

– Acheiii – Sofia gritou e puxou o par de saltos pretos de debaixo da escrivaninha.

– Amém – falei e senti um cheiro de fumaça.

Espera... Fumaça?

– Lauraaaa, tu ta queimando meu cabelo mulher?! –

– Claro que não né, é só aquele troçinho que enrola o cabelo –

– Baby Liss – Sofia disse abrindo o grada-roupa – Deixa o cabelo ondulado -

– Espera, eu acho que o nome não é esse não – Laura disse

– É sim – concordei.

Meu Zeus, se o meu cabelo tivesse queimado... Eu fazia Laura da uma volta no mundo pra conseguir um das perucas da Katy Perry para eu usar, porque eu ia nesse baile de um jeito ou de outro.

Esse baile tinha que ser perfeito, era meu segundo baile com o Bruno e dessa vez tudo tinha que sair perfeito, não podia simplesmente acabar como da última vez.

– Oie meninas – ecoou uma voz suave pelo quarto

– Hêlo, minha fofa – falou Laura sorrindo

Heloisa era uma menina que nós havíamos conhecido lá pela metade do ano, ela tinha se inscrito no clube de desenho, e por desenhar perfeitamente, ela chamou atenção da Sofia.

Heloisa tinha dezesseis anos, era meio baixinha e tinha pele branquinha, aluna do segundo ano do ensino médio. Tinha os cabelos castanhos, e com uma californiana nas pontas, o castanho do cabelo dela era igual o castanho do cabelo do Bruno, e os olhos dela eram iguais aos meus, fato que tinha feito Jason e Matheus cismarem que algum dia a minha filha com Bruno seria igual à ela, e por isso ela meio que virou “minha filha e filha do Bruno”, ela era um amor de pessoa, além de ser muito fofa, era muito tímida e inteligente também. Ela não tinha muitos amigos então praticamente vivia dia e noite comigo, com a Laura e com a Sofia, e nós adorávamos ela. Heloisa era muito parecida comigo.

– Oi Hêlo – eu e Sofia falamos em coral

– Nossa, vocês estão tão bonitas, vão ir para alguma festa? – ela perguntou

– Own Lô – Sofia disse apertando a bochecha dela – Nós vamos para o baile de formatura –

– Ah é, vocês vão se formar – ela disse triste e abaixou o olhar

– Ah filhota, fica triste não, prometo que a gente sempre vai vir te visitar no colégio – falei e ela sorriu de canto.

– Espero algum dia ficar tão bonita quanto vocês na minha formatura –

– Que nada Hêlo, tu vai é ficar mais bonita que nós – Laura disse

– Verdade, e vai ter alguém muito especial que vai passar o resto da vida com você e vai te fazer muito feliz também – falei

Hêlo sorriu e me encarou

– Ele tem que ter os olhos azuis e tem que ser lindo – ela disse e eu sorri.

– Vai ser –

– Prontíssima – Laura disse e eu encarei o espelho.

Eu estava linda, meus cabelos estavam ondulados e Laura havia colocado a presilha que Bruno havia me dado, o que me deu a ideia de colocar a pulseira que Bruno havia me dado também.

– Agora só falta o vestido – Sofia disse

Tirei o short jeans e a regata que eu estava usando e coloquei delicadamente o vestido preto.

Era longo, igual o da Sofia, porém era um “tomara que caia” rodado e colado na cintura, com um decote discreto e alguns detalhes em cinza na cintura.

– É lindo – Hêlo falou

– Muito – Concordou Laura

– Só falta o último detalhe – Sofia disse e me estendeu os saltos pretos.

Calcei-os e olhei para elas

– E agora? – indaguei

– Você ta linda – Sofia disse

– Bru vai adorar mãezoca – Hêlo disse me fazendo rir

– Vai ficar da altura dele dessa vez – Laura ressaltou

– Ah, eu nem acredito – falei e as meninas se entreolharam

– Imagine no dia do casamento, se não pirar ela desmaia – Laura sussurrou e eu atirei uma almofada nela

– Ai poxa! Desnecessário a agressividade –

– Ah Lalaaa – choraminguei

– O que ta te machucando nega? –

– E se eu errar alguma coisa? E se eu pisar no pé dele ou rasgar meu vestido? –

– E o que é que tem? E daí se tudo isso acontecer? O Bruno te ama Fê, e nada vai mudar isso, pode parecer que não, mas o Bruno precisa de você, você é a vida dele – Laura disse e sorriu enquanto apertava suavemente minha mão,

– Ele era tão sozinho ano passado, as coisas eram difíceis para ele – Sofia comentou

– Era ele e aqueles fones de ouvidos – Laura continuou – Ele não era o melhor aluno da classe, mas ele tirava notas boas sabe, só que ele não falava com ninguém, ele se auto excluía de todo tipo de programa em grupo que a gente fazia, parece estranho, mas o Harry tentava sim se aproximar do Bruno, mas não conseguia, ninguém conseguia de verdade –

– Mas olha só agora, ninguém imaginaria que o Emo iria estar hoje aqui e assim – Sofia completou

–As vezes, algumas coisas precisam dar erradas para darem muito certo depois, e as pessoas sabem disso muito bem, quando tudo acaba horrível, acontece coisas que não teriam acontecido se tudo acabace perfeito – Laura comentou

Sorri e encarei as duas. Elas tinham razão

– Vem Fê, Bru deve estar esperando – Hêlo puxou delicadamente meu braço

Olhei para as meninas e elas assentiram sorrindo.

Abri a porta do quarto e olhei para o corredor.

– Vamos Fê – Heloisa me puxou para o campus

– Mas Hêlo, o ginásio é para o outro lado –

– Mas eu fui mandada nessa missão por uma surpresinha que está te esperando no campus – ela disse baixinho e eu a encarei

– Uma surpresa? -

– Aham, eu até ajudei a escolher –

– Escolher o que? –

– Vem logo que tu vai ver mãezoca –

Olhei para ela e sorri, ela tinha o semblante divertido e ansioso. As bochechas estavam levemente coradas e o cabelo castanho caído sob os ombros com a californiana definida.

E o que ela estava aprontando?