Aff que sono, sabe aquele momento quando você acorda e só consegue pensar: “Porque eu não fui dormir mais cedo...”

Pois é, eu estou assim.

Levantei-me da cama e olhei ao redor do quarto, eu estava no meu dormitório e Sofia estava na cama dela. Tentei lembrar de ontem e minha última memória foi estar sendo carregada por Bruno. Olhei para meu corpo e eu continuava usando um short e a camisa do Bruno

. - Sofiaaa – falei e joguei uma almofada nela. – Acorda –

— Não taca essa droga em mim de novo ou eu vou chutar tua cara. – ela ameaçou e eu olhei de olhos cerrados para ela.

Eu aqui com toda gentileza do mundo tentando acordar essa guria e ela fala desse jeito comigo! 

Peguei uma almofada e caminhei até a cama dela, subi em cima dela e olhei-a dormindo. Ela parecia uma princesinha dormindo, mas só dormindo mesmo, pena que eu vou acordar ela. 

— Acordaaa – gritei e comecei a debater a almofada fortemente na cabeça dela.

— Ah Caramba! – ela esbravejou – SAI DE CIMA DE MIM SUA OBESA! SAI PESTE! – ela gritou e me empurrou de cima dela, me fazendo cair da cama dela e tacar a cara no chão.

— Ai meu rosto. – choraminguei me levantando do chão – Sua magrela feia -

— Cara, desnecessário isso. – Sofia falou e esticou o braço direito com a almofada na mão.

— Tu não queria acordar. – falei.

— E só por isso tinha que tacar a almofada na minha cara! – ela disse.

— Tu me ofendeu – falei e olhei ela.

— Armaria que sono. – ela disse.

— Mas fía hoje nós tem aula, num pode dormir mais não. – falei

— Marminina eu tarra crente que hoje era domingo ó! – ela falou e eu e ela começamos a rir

— Ok, agora chega de falar assim cangaceira - 

Ela se levantou.

Olhei para ela e ela olhou para mim, sabíamos oque iria acontecer.

Cerrei os olhos e ela falou: - Que a melhor vença – .

Posicionei-me do lado dela e em frente ao banheiro.

Exato Sofia, que a melhor vença.

— Ao meu contar... Um... Dois... Três! – gritei e saímos correndo em disparada ao banheiro, dessa vez eu tinha que entrar primeiro ou Sofia ia passar meia hora lá dentro e eu aqui fora fazendo nada como da última vez.

Puxei a camisa da Sofia e ela ficou um pouco para trás, corri até o banheiro e fechei a porta rapidamente em um estrondo estrondoso. (mas hein ‘-‘) .

— Trapaceira! – ela protestou por eu ter adentrado o banheiro primeiro do que ela.

— É!  – falei de dentro do banheiro fazendo uma dancinha com a mãos – Dessa vez eu ganhei! Quem é que tem experiência agora?!–

— Na verdade, ainda sou eu! – Sofia falou aparecendo atrás de mim e me empurrando para o chão do quarto.

— Você esqueceu de trancar a porta – ela completou vitoriosa e trancou a porta do banheiro

— Merda. – praguejei e me levantei do chão.

Talvez certas coisas nunca mudem... Caminhei até minha cama e olhei o lençol dela, estava bagunçado, o edredom amarelo com estampa de flores pretas estava espalhado pela cama, puxei o edredom e dobrei-o, arrumei a cama e me sentei na beirada dela.

Será que o Bruno vai arrumar dele... Provavelmente não.

Sorri com o pensamento e abri o guarda roupa.

Ah droga, esqueci minha farda no quarto dos meninos, ontem quando eu troquei pela camisa do Bruno e meu short. Não seria uma má ideia ir lá pegar minha farda e aproveitar para dar um beijinho no Bruno.

Refiz meu cabelo em um coque um pouco frouxo e peguei uma sandália.

— Sofiaaa – chamei gritando.

— OIII – ela respondeu gritando também.

— Vou pegar minha farda lá no quarto dos meninos – falei

— Eu vou junto – ela disse e saiu do banheiro, já pronta com a farda.

— Ok – falei

— Tenho que fazer minha vingança – ela disse e eu encarei-a confusa

— Você vai ver quando a gente chegar lá – completou e pegou um pincel preto que estava na escrivaninha.

Saímos do dormitório e fomos andando até o quarto dos meninos, mas antes de atravessar a ala feminina e ir para a ala masculina, um quarto me chamou atenção, era o quarto da Geovanna, eu sei que era o quarto dela porque eu a escutei gritando algo como: “Droga! Chama o faxineiro para matar esse AHH! Chama logo ele para tirar esse rato Júlia!”, então quer dizer que tinha um rato no quarto dela ... Cara que legal!

Obrigado por colocar isso no script de hoje produção!

É bom saber que o dia dela já começou bem...

— Fê tem um rato no quarto dela. – Sofia sussurrou em meio á uma risada

— Eu sei – falei sorrindo também

— A Júlia, a menina que divide o quarto com ela deve está desesperada também – ela disse

Escutamos um barulho vindo do campus do colégio. O campus é como a linha de separação entre as alas feminina e masculina e o prédio com as salas de aula. Caminhei até o campus e vi Laura correndo sorridente.

— Mulher oque tu faz aqui... – perguntei

— AAAh! Que susto Fê! – ela praguejou e eu sorri.

— Não conta para ninguém, mas eu dei um jeitinho de colocar um rato no quarto da Geovadia – ela disse baixinho e eu e a Sofia caímos em uma gargalhada

— Eu não acredito que tu colocou um rato lá! – Sofia falou enquanto caminhávamos para a ala masculina

— Coloquei – Laura disse divertida.

— Toca aqui! – falei e estendi minha mão e ela tocou, fazendo um tipo de High-five.

— Fê e Sofi, essa vai entrar para a história! – ela falou e eu e Sofia concordamos.

— Com certeza – Sofia disse e paramos na frente do quarto dos meninos.

— Vou pegar minha farda, ontem eu deixei aqui e emprestei essa camisa do Bruno – falei

— Ata isso explica o porquê de ela ter ficado enorme em você, eu já ia perguntar se isso era alguma moda. – ela falou e eu olhei para blusa dela, que estava enorme como a minha, mas a dela era verde.

— Que foi... Eu também empresto camisas do meu namorado tá! – ela falou e eu sorri.

— Eu vou pegar minhas coisas – falei e ela assentiu

— Tá, mas tarde a gente se vê e comenta sobre essa do rato – ela falou e sorriu.

Adentrei o quarto deles junto com Sofia e fechei a porta, no mesmo instante estremeci, estava muito frio devido ao ar-condicionado estar ligado.

Ok retiro oque eu disse ontem de que até a janela esfriava mais rápido que aquele ar-condicionado, estava muito frio.

Olhei paras as camas e corei, ambos os meninos estavam sem camisa. Cheguei á duas conclusões:

1- O Bruno tem que já ter ido a alguma academia alguma vez, porque sinceramente é meio impossível ter aquele abdômen sem uma academia.

2- Sim! É possível você dormir sem camisa em um quarto totalmente congelável. (Eu sempre quis tirar essa dúvida.)

Caminhei até a cama do Bruno e me sentei na mesma, puxando o lençol que cobria ele até cintura e deixava a barriga á exposição e me cobri.

— Hey... Bom dia... Já é hora de acordar. – falei passando a mão pelos cabelos dele e depositei um beijinho na bochecha dele.

Ele abriu os olhos lentamente e sorriu.

— Minha vida vai ser maravilhosa se eu acordar assim todos os dias. – ele sussurrou e deitou a cabeça nas minhas pernas.

— E eu tenho que acordar com o despertador gritando... Isso é sério produção? – falei e ele sorriu.

— Qualquer dia eu te faço uma surpresa quando você acordar. – ele falou e eu sorri.

— Olha que eu vou cobrar – falei

— Pode cobrar – ele disse.

— Você vai estar lá quando eu fizer o teste para a peça né Bru? – perguntei

— Claro! Vou estar na primeira fila. – ele prometeu.

— Obrigado, acho que vai ser mais fácil com você lá – falei e ele sorriu

Bruno passou um dos braços pela minha cintura e me puxou para mais perto dele me dando um selinho demorado.

— Agora sim, bom dia – ele falou eu sorri.

— Bom dia para você, bom dia para mim, bom dia para os nossos amigos e bom dia com rato para Geovadia – falei e ele sorriu e me olhou confuso.

— Longa história, depois eu explico meu amor. – Falei e depositei um beijinho na bochecha dele, me levantei da cama e fui até o banheiro do quarto deles, peguei minha farda e saí do banheiro.

— Já vai... – Bruno perguntou

— Já, eu tenho que me arrumar. – falei e dei um último selinho nele.

— Tchau Sofia – Bruno sussurrou

— Tchau – Sofia respondeu

Abri a porta do quarto dele e saí com Sofia que já ia caminhando mais a frente, quando eu ia saindo me lembrei que eu tinha algo para falar para o Bruno, adentrei o quarto novamente e falei:

— Bru, não se esquece de arrumar a cama meu amor. – falei e escutei Jason cochichar ironicamente “Namoradas...”.

— Bom dia para você também Jase. – falei e olhei Jason.

Tive que conter a risada, ou melhor, gargalhada se não eu iria denunciar a “vingança” da Sofia.

Jason estava com um bigode desenhado com pincel preto, e tenho que admitir, Sofia desenha muito bem.

Bruno me olhou confuso e depois encarou Jason, ele começou a gargalhar e eu pisquei para ele e saí do quarto escutando ele rir.

Soltei um risinho e saí da ala de dormitórios masculina, atravessei o campus e entrei na ala feminina, caminhei até meu dormitório e adentrei-o. Sofia estava secando os cabelos e me olhou divertida.

— Eu vi o bigode - falei sorrindo e ela sorriu também.

— Aham – ela concordou e eu a fuzilei com o olhar.

— Não! Nada de “aham” – falei e ela me olhou confusa e assentiu.

Adentrei o banheiro e tomei um banho, lavei meus cabelos e saí do box, passei um creme porque minha pele estava começando a ficar ressecada, vesti a farda e coloquei uma bota preta.

Saí do banheiro e apenas sequei meus cabelos com o secador e deixei-os ficarem lisos mesmo. Hoje eu estava decidida, seria o meu dia! Eu iria deixar tudo perfeito, principalmente porque eu iria fazer o teste para a peça de teatro. Peguei a cadeira da escrivaninha e sentei-me na frente do espelho.

Peguei o estojo de maquiagem e passei um blush concentrado no meio da bochecha, passei lápis de olho e uma sombra e por fim um batom vermelho. Não era a maquiagem mais perfeita do mundo, eu diria até que para um teste era uma maquiagem meio básica, mas era perfeita para mim.

Abri um potinho quadrado de tamanho médio, da cor rosa e encarei as joias que estavam lá, coloquei um brinco preto redondo e uma pulseira de miçangas igualmente pretas.

— Uau! – Sofia falou quando eu saí do banheiro.

— Estou pronta para o teste – falei e ela sorriu.

— Ótimo. – disse ela nervosa - Porque a Lala acabou de me mandar uma mensagem e os testes foram adiantados, corre nega se não tu não faz o teste. – ela completou e abriu a porta.

— Ah meu deus! – falei

— Fê... Eu, o seu namorado e a cambada de doidos que você chama de amigos, vamos estar lá e vamos torcer para você! – Sofia falou. – Não se desespera, vai dar tudo certo -

— Por deuses! – falei – Seja oque o destino der –

— E ele tem que dar o melhor – ela disse.

Sofia abriu a porta e eu a segui. Peguei minha mochila e tranquei a porta do quarto.

Subi as escadas correndo com Sofia e chegamos até uma sala com a porta preta na qual estava escrito em cima: Auditório.

Uma onda de nervosismo percorreu meu corpo, ao passar daquela porta eu estaria declarando continuação à guerra contra Geovanna Rittsen. Eu não sabia se o certo era continuar com essa briga com ela, mas eu iria dar o meu melhor, eu iria dar o troco, não perderia para ela, não dessa vez.