William,
Essa semana que se passou, posso lhe dizer que tenho algo errado.
Depois dos ataques que tiveram aqui, as coisas ficaram estranhas Eu sei lá o que ta havendo, e no meio de tudo isso, não sei por que, mas está tudo confuso.
Mande noticias, estarei aguardando
Joseph
Joe,
Poderei resolver seu problema rapidamente, mas não sei lhe dizer o que está acontecendo.
Estarei no Kansas por esses dias.
William
Joe narrando
Depois que eu terminei de ler a carta, não sabia o que fazer. O que William viria fazer aqui? Estará apenas de passagem ou para ficar? O que ele tem na cabeça? Irmão estúpido. O mesmo meu meio irmão por toda a eternidade, afundados por uma hierarquia que não se desfaz. Mas William nunca poderia assumir, pois não é um vampiro por inteiro.[N/A]: essa dueu Joe] Com o tempo vago na minha ”nova” vida, eu passei alguns anos com William. Sempre fui fechado, mas ele era o contrario disto, mas sempre que precisara ele estava do meu lado. William não é o tipo de pessoa que escuta... Calado, assim, mantinha distancia.
William tem os cabelos claros de sua mãe e aqueles toscos olhos azuis, com certeza nem um pouco parecido comigo e eu agradeço por isso. Não mantivemos uma relação desde que me mudei, foram duas, no máximo, dentro de dois, três meses, mas pude perceber que William estava diferente.
Agora não sei o que fazer, escreverei uma carta de volta perguntando o porquê da viagem e sobre sua estadia. Que diabos ele viria fazer aqui?
(...)
Passei a minha noite toda pensando nas possíveis hipóteses da vinda de meu irmão. Não consegui pensar em muitas, não sou o tipo de pessoa que podemos chamar de perceptivo. Resolvi que ficar mais tempo pensando, em vez disso, levantei-me para começar a me aprontar para a escola. Como o meu humor não era um dos melhores hoje, comecei com uma ducha, para tirar o peso de minha cabeça, foi uma madrugada intensa, peguei a primeira roupa que vi pela frente e a vesti. Apanhei minhas coisas sem prestar muita atenção e adentrei na BMW e fui à escola mantendo a velocidade do carro um ritmo normal para esses meros mortais.[N/A: eei! ] Não o tipo de cara que segue as regras.[N/A: em outras palavras, vandalo]
Ao chegar lá, parei meu carro na primeira vaga que vi. Sai do mesmo trancando. Fui em direção da secretaria para depositar a carta.
Lá, avisto um adolescente, dever ser um aluno novo, isso não importa. Sua fisionomia um tanto familiar, mesmo de costas. Aqueles cabelos claros, nem alto nem baixo, nem gordo nem magro.
O dito cujo se vira para olhar-me. Eu fiquei pasmo, se não fosse vampiro, estaria mais branco do que já sou.[N/A: e isso é possível? oO] Fiquei em choque, a única coisa que consegui pronunciar foi:
- William?
Em hipótese alguma podia ser ele. O que fazia aqui?
Carta estúpida!Porque chegam tão tarde?
- Joe, irmão, que saudades – ele disse com um sorriso no rosto e os braços agora abertos. Abraçou-me, mas como ainda estava em transe não consegui reagir
- Não abraça seu próprio irmão?
- O que faz aqui? – disse agressivo cruzando os braços enquanto ele se desvencilhava de mim.
- Surpresa! – disse isso levantando as mãos para o alto com cara de feliz, patético – Vim morar com você, o que achas?
Ele não fazia a mínima noção do quanto suas palavras me irritaram.
Veio morar no Kansas, é isso?Com qual propósito, me infernizar por toda eternidade? Literalmente. Ele não percebe onde está se metendo.
- Quer saber o que eu acho, William? – disse num tom raivoso
A porra do sinal tocou. Que merda! Ele teria que ir para aula.
- Vou terminar aqui a minha transferência e vou para minha aula de...- ele consultou o papel – Filosofia.
Sai andando sem ao menos me despedir.
Só poderia ser brincadeira!
(...)
O vulto no meio da estrada começou a ganhar fisionomia e não era possível dizer que a semelhança era incrível, mesmo que eu quisesse negar, aquele sorriso era uma mimeografia perfeita de sua mãe.
Desviei o carro alguns centímetros antes de bater, parando no acostamento. Fechei os olhos com força e abri a porta.
-Você de novo? – perguntei categórico.
Um cenho surgiu entre seus olhos, mas o sorriso continuará estampado em seu rosto.
-Não estou entendendo – seu sorriso tornou-se maquiavélico- achei que tinha previsto a você a minha visita.
Meus olhos se estreitaram.
-Sim, há algumas horas atrás.
-Ah eu esqueci como o correio ainda é lento – sua voz era falsamente pesarosa – e eu ainda não anotei o seu Messenger...
-Eu não tenho – disse cruzando os braços.
-O que?
-Eu não tenho nenhuma conta de conversa via internet ou de qualquer coisa do gênero.
-Você só pode estar brincando! – sua voz era fina e incrédula - Meu Deus, qual é o seu problema!Diga, pelo menos, que você tem um Facebook!
Revirei os olhos diante daquela pergunta.
-Twiter? [N/A: ele deve ter problema com a internet, coitado]
Comecei andar em direção ao carro.
De repente ele suspira dramaticamente.
-OK,ok.Vamos todos ficar calmos.Eu posso resolver esse problema em alguns minutos,não se preocupe,Joe – olho para atrás e vejo-o de braços abertos sorrindo fraternalmente -Sorte sua de ter-me novamente.
Apenas revirei os olhos mais uma vez, e entrei no carro.
(...)
As aulas parecem estar arrastando-se e até agora não achei uma presa fácil.
-Joe, posso, com gentileza, perguntar o que fazemos em cima de uma árvore?
Encarei Willian que tentava, inutilmente, tirar as folhas de seu casaco azul.
-Procurando o almoço.
Ele suspirou.
-Depois vemos isso – disse abanando a mão freneticamente- Vamos fazer um tour pelo Kansas, seja meu cicerone!
Ignorando sua presença voltei à atenção para aquele mar de seres humanos indefesos à minha frente, mas um cheiro familiar de orquídeas e limão desestabilizou meu equilíbrio.
-O que foi Joseph? – perguntou serio pela primeira vez.
-Nada.
-Ah, qual é!
-Willian nada aconteceu – disse peremptório.
Mas não era verdade. Há muito tempo descobri que quando sentimos cheiro de limão numa laranjeira algo muito ruim virá acontecer.