Uma Nerd e um Gângster escrita por Risadinha


Capítulo 3
Um lutador que não curte violência


Notas iniciais do capítulo

Hohoho, é natal!!! Eu voltei! Disse que voltaria, não é? Aqui estou eu! Nada melhor que postar esse lindo capítulo no Natal, né? É o meu presente para vocês:3
Gostaria também de compartilhar com vocês um mangá muito, mais muito legal que eu encontrei. Antes de mais nada, eu só o encontrei quando estava escrevendo o segundo capítulo dessa fic, só para deixar claro. Esse mangá se chama Atashi no Banbi. Tá, sobre o que se trata? De uma Nerd e um Gângster... É, muita coincidência kkkkkkkk E os personagens são muito parecidos com a Mari e o Sieghart, até mesmo o relacionamento deles kkkkkk Recomendo ler se você gosta da minha fic. Não sei se tem em português, porque eu li em inglês, mas custa nada tentar ^-^
Enfim, Feliz Natal a todos e que o próximo seja melhor ainda !!!! Espero que gostem desse meu presente bem grandinho kekek
Capa: Ittoki Otoya (Uta no Prince-sama. Eu assisti esse anime só por causa desse personagem que tanto parece o Jin. ELe é muito fofo!! ♥)
Boa Leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/526969/chapter/3

Passou a mão em seus cabelos ondulados e soltou um suspiro com um sorriso no rosto. Amy nunca esteve tão feliz na vida quanto naquele momento.

– Olhe, Mari. - Estica uma folha, mostrando igual ao seu sorriso. - Tirei um A na minha prova de matemática!

Desde que se encontrou com Amy no corredor, ela não parou de falar da nota que tirou. Mari já começava a ficar impaciente com isso tudo.

– Amy, nossas notas são classificadas por porcentagem, não da forma americana. - Dizia a azulada sem delicadeza alguma. - E tudo que veja na sua prova é um 80%, uma nota mediana.

– Por que você tem que ser tão rude? - Faz bico, chateada. - Fique feliz por mim, ao menos. Sieghart ficaria.

Passaram-se semanas desde que Amy entrou para o grupo da Mari e Sieghart. Não houve problema algum entre eles, tudo ocorria como normalmente. Confusões e mais confusões esse trio arrumava.

– Aliás, cadê o Sieghart? - Diz, olhando em volta. O corredor do colégio começava a esvaziar. - Achei que ele fosse com a gente hoje.

– Aquele idiota está de castigo. Arrumou outra briga. - Mari nem alterava a expressão séria. - Eu não vou esperar por ele. Adeus.

– Mari! - A segura pela a manga do uniforme. - Que rude da sua parte. Vamos pelo menos vê-lo.

A garota fez uma expressão de nojo pela a sugestão de Amy. Sem se importar, Mari sai andando direto para a saída, porém sendo impedida quando Amy a chama. Olha para a rosada, que implorava com os olhos.

– 5 minutos. - Disse Mari desistindo de vez e seguindo a garota para o outro lado.

Foram para o pátio da escola, aos fundos. O céu ganhava uma coloração alaranjada com o sol se pondo. O jardim ficava muito bonito em meio àquele tempo.

Andaram por ele à procura do rapaz, até que uma voz as tirou do pensamento:

– Mari! - Ao se virarem, deparam com Sieghart. O mesmo segurava uma vassoura, que usava para limpar o jardim. - Você veio me ver! Vai me esperar terminar o castigo para irmos embora?

– Não. - É direta. - Amy que te veio visitar.

A rosada balança a cabeça, em afirmação.

– Amy acha que você não precisa ficar sozinho. Estarei aqui por você, Sieghart. - Disse ela, se colocando na terceira pessoa. Mari e Sieghart descobriram essa mania dela depois de um tempo, onde deixa Mari incomodada por esse erro de vocabulário.

– Obrigado, Amy. - Abre um largo sorriso em resposta. - Mari é muito ruim comigo. Queria que fosse com ela!

– Não fale como se eu não tivesse aqui. - Menciona Mari.

Sieghart dá a língua pra ela. Em resposta, revirou os olhos e se virou, partindo.

– Nos vemos amanhã. Adeus. - Despediu-se brevemente.

Amy ficou olhando a amiga partir. Não persistiu para que ela ficasse, Mari tinha muitos deveres para fazer e não gostaria de ser interrompida no meio deles. Sieghart fez o mesmo, apenas se despediu alegremente.

– O que você fez dessa vez, Sieghart? - Pergunta Amy, após um tempo.

– Tinha um garoto na minha sala que tava me irritando. Sabe, ele falta muito, e quando vem, é pra fica reclamando da vida. - Joga os braços para o alto. - Que saco!

– Não estou falando do seu castigo. Fez algo pra Mari estar séria?

– Sei lá! Mari já nasceu com a cara assim, disse a mãe dela. - Volta a varrer o chão. - Mas acho que foi por causa da minha prova de matemática.

– O que tem ela?

– Tirei 100%. - Amy quase cai pra trás. Sieghart olha confuso para a surpresa da garota. - E a Mari tirou um 99%.

– 99? Poxa, ela deve ter ficado bem zangada por não ter conseguido gabaritar.

– Sim. - Suspira. - Mas do que adianta eu ter tirado uma nota dessas e ganhar um castigo em seguida?!

Então Sieghart começa a falar sozinho, logo a xingar. Amy solta uma pequena risada enquanto põe sua bolsa no chão.

– Então, no que posso ajudar para esse castigo acabar rápido? - Diz ao arregaçar as mangas.

– Bem, eu tenho que jogar aqueles sacos de folha no lixo. - Aponta. - Acho que você pode carregar.

– Tudo bem, posso fazer isso.

– Na verdade, quem era pra estar fazendo isso era o garoto que tomou o castigo comigo. - Olha em volta. - Ele deve tá limpando outra área.

Amy diz que não tem problema nisso e vai ajudar o rapaz. Parece que a doença das garotas, como Mari diz, pegou nela. Podia achar Sieghart a pessoa mais trouxa que conhece, porém a beleza do mesmo não diz isso. Às vezes ela fica caída por ele, outras não.

É um sentimento estranho, mas tem certeza que não é amor.

Pegou dois grandes sacos de folha e saiu arrastando até que chegasse no latão de lixo. Era um pouco pesado para uma garota delicada como ela carregar, mas conseguia dar conta.

Levantou a tampa da caçamba e jogou um saco dentro, com muito esforço. Amy levou um certo tempo até ter fôlego para jogar o outro. Quando despejava no latão, uma estranha força a ajuda a jogar o lixo de vez. Tinha sentido que seus braços quebrariam com todo peso que segurava.

– Obrigada, Sieghart. - Agradece cansada. Vira-se. - Eu...

Não completa a frase, fica imóvel ao perceber que não era Sieghart. Era um garoto de cara séria e emburrada, escondida sob o capuz do casaco. Quase não se via seu cabelo ruivo por debaixo do tecido.

– Desculpa, achei que fosse outra pessoa. - Diz Amy, sem jeito. - Mas obrigada pela a ajuda.

Ele continua em silêncio, até que se virou e foi embora. Amy tinha certeza que o ouviu murmura algo por seu agradecimento.

Não ficou muito tempo por ali, teve que voltar até onde Sieghart estava. O rapaz já terminava sua parte, felizmente.

– Então, já achou seu parceiro de castigo? - Pergunta ao se aproximar.

– Nada até agora. - Parecia irritado por isso. - Se eu tô fazendo isso sozinho, ele vai se ver comigo.

Como um animal caçando, Sieghart fica em alerta ao ouvir barulhos de passos por perto. Amy estranha seu jeito, não o interrompendo. De repente, Sieghart se vira para uma direção e sai correndo.

– Não foge! - Grita ele.

Amy põe as mãos na boca em surpresa ao ver Sieghart se joga contra um aluno que passava por perto. Corre até eles, brigando antes de chegar perto.

– Onde pensa que vai? - Pergunta Sieghart.

Ao se aproximar, Amy percebe que era o mesmo garoto que a tinha ajudado no lixo.

– Estava indo guardar o material. - Explica o garoto com o rosto enfiado no chão. - Até você me impedir.

– Sieghart, sai de cima dele. - Pede Amy.

Ele olhou emburrado e atendeu ao pedido dela. Ficou de pé, mas não ajudou ao garoto se levantar.

– Por que fez isso? - Amy pergunta.

– Ele tá de castigo junto comigo. - Aponta para o mesmo, que começava a levantar. - Achei que tivesse fugindo.

– Qualquer movimento que dou é perigoso para você, não é? - Fala o rapaz, em um tom baixo e calmo.

– Hããã? - Sieghart leva como um insulto. Dá um passo à frente, irritado.

Amy nota neste instante o garoto recuando um passo discretamente. Estranha, a expressão séria dele não expressava medo. Ou talvez ele escondesse.

– Sieghart!

Os três olham para a mesma direção da voz ouvida. Sentem-se ameaçados ao verem Var ser aproximar, até mesmo Amy.

– Já estão arrumando outra confusão, vocês dois? - Pergunta o professor.

– Na-Nada disso! - Sieghart gagueja. Sua pose irritada some com a chegada de Var. - Estávamos só conversando, não é?

– Sim, sim. - O garoto afirma.

Amy nem ousa ser intrometer, apenas olha a conversa em silêncio.

– Certo, então. Estou indo, é melhor não aprontarem nada até o término do castigo. Entendidos?

Eles concordam juntos. Var se despede e parti. O som do suspiro quebra o silêncio.

– Ouviram? Parem de arrumar tanta bagunça e terminem logo o castigo. – Diz Amy em ordem.

Sieghart faz bico e resmunga algo baixo. Seu parceiro de castigo volta a se afastar, porém dizendo alto o suficiente para que o moreno ouvisse.

– Então coloque uma coleira nesse cara, senão ele arrumará mais encrenca.

Amy olha surpresa, então solta uma risada em brincadeira, o que ela achava que era. Ao contrário disso, Sieghart encara o rapaz como um ameaça de morte.

A risada doce de Amy para ao perceber a aura pesada contornar Sieghart. Imediatamente ela fica preocupada, pois já conhecia o modo furioso do rapaz.

– Repete. – Diz Sieghart.

O garoto para e se vira com uma certa ignorância na face.

– Você não é surdo, ouviu muito bem. – Foi sua resposta.

Amy tentou impedir o moreno, mas não o alcançou a tempo. Sieghart avançou já com o punho erguido. Sua mão fechada só para ao acertar a bochecha do rapaz.

***

O silêncio pela a primeira vez parecia incomoda-las. A ausência de uma certa pessoa fazia falta de alguma forma. Mas em comparação, somente Amy parecia incomodada com isso, diferente de Mari, que continuava seu dever.

– Sorte a sua não ter sido castigada junto. – Comenta Mari, ainda com a atenção no dever.

Como de costume, ela, Sieghart e Amy vinham para a biblioteca no final das aulas para revisar tudo. Mas nesse dia não havia Sieghart para atormenta-las ou fazer as tarefas em segundos, o que deixava Mari furiosa. Seu castigo tinha sido prolongado para mais algumas semanas após a briga com o outro garoto no dia anterior.

– Até gostaria de defender o Sieghart, mas ele estava errado também quando decidiu revidar o insulto. – Fala Amy com um tom deprimente. – O outro garoto também estava errado.

– Amy. – A rosada faz um “hum” em resposta. – Eu não quero me aprofundar no assunto, só disse aquilo para te animar.

– Obrigada pela a preocupação, Mari. – Diz contente.

– Não foi preocupação, só queria que você terminasse seu dever logo. – Aponta para o caderno da garota.

– Ah. – O sorriso some. Era de se esperar vindo da Mari. – Agradeço do mesmo jeito.

Após ter soltado uma risada sem jeito, Amy volta a fazer o dever. Diferente de antigamente, agora tinha poucas dúvidas na matéria, graças à Mari. Suas notas melhoraram consideravelmente, seus pais não brigam mais com ela.

Tudo está melhor.

– Achei que encontraria vocês aqui. – Viram-se para Var se aproximando. – Pelo visto, Sieghart não está com vocês.

– É claro que ele não estaria, está no castigo no momento. – Diz Mari. – Esqueceu disso, Var?

– Só estava brincando, Mari. Cadê seu senso de humor?

– Mari e senso de humor? Acho que não rola. – Fala Amy, rindo.

– É tinha esquecido disso. – Var rir junto. – Mas voltando ao Sieghart, ele mereceu o castigo. Bem, ele e aquele rapaz.

– Mas não acha que isso só vai piorar as coisas entre eles? – Questiona Amy. – Quando perceber, terão castigo eterno desse jeito.

– Na verdade, não. Vocês me ajudarão a impedir isso. – Abre um sorriso estranho, que somente Mari conhecia. Olha para a garota. – Um pequeno favor.

Mari olha em repúdio, pela primeira vez mostrando irritação para o professor. Balançou a cabeça em negação.

– Já é o terceiro favor, Var. Nem pensar.

– Mari esse garoto precisa de ajuda sua, como Sieghart e Amy precisaram. – Percebe que a jovem continua a ignora-lo. – As notas dele são horríveis, e se ele não melhora-las, será expulso. Quero muito pode ajuda-lo, mas ele parece ser do tipo que ignora os professores.

– Não tenho nada a ver com isso. Se ele for expulso, que seja. Não me importo.

Var suspira pela a persistência da mesma. Joga alguns papéis que segurava sobre a mesa. Mari as olha.

– Entregue isso a ele, ao menos. Aproveita que vai ver o Sieghart e entrega isso.

– Se isso for pará-lo de me perturbar, eu faço. – Concorda Mari, puxando os papéis para si. – Mas não ache que sempre estarei fazendo favores para você.

O professor agradece e se despede antes de ir. Após sua saída, Amy se levanta da cadeira, preparando-se para fazer o que o professor pediu.

– Vamos, Mari. Temos que ir entregar logo isso.

– Agora? – Olha cansada.

– Sim, agora! Vamos.

Sem motivação alguma, Mari pegou suas coisas e colocou na bolsa, assim seguindo Amy para fora da biblioteca.

Durante o caminho, Amy estranhou o silêncio de Mari. Quando se aproximava da saída, parou e olhou para a azulada. Fica surpresa ao ver uma expressão de nojo nela.

– Algum problema, Mari? – Pergunta Amy.

– As notas... – Diz com desgosto. Os papéis que segurava eram provas do rapaz. – São piores que as suas.

– Ei! Não precisa ser tão ruim assim. – Faz bico, cruzando os braços. – Minhas notas são muito boas agora.

– Não são. – É sincera. – De qualquer jeito, as notas dele são muito ruim, podendo até ser expulso, como Var havia dito.

Amy nota uma certa preocupação nas palavras de Mari. Ela não parava de olhar as provas com surpresa, como se nunca tivesse visto aquilo na vida; O que é verdade.

Amy abre um sorriso malicioso.

– Está preocupada com ele, Mari? Finalmente vai ajuda-lo?

– Claro que não, isso seria muito trabalhoso. Já basta você, não quero ensinar para outra pessoa.

– Amy se sentiu ferida por isso. – Põe a mão no peito, forçando a risada. – Mas tudo bem, eu me acostumo um dia.

Mari nem se importou pelo o que a jovem disse, continuo o caminho com mais pressa. Amy volta a pôr a mão no peito.

Mari desceu as escadas rapidamente, se dirigindo até o local onde Sieghart fazia o castigo. Ele continuava a limpar o jardim, como no outro dia.

– Sieg. – Chama ao vê-lo.

– Ah, Mari! Você veio me fazer companhia. – Dizia alegre pela a presença da mesma. – Que fofo da sua parte, fico muito grato por...

– Pare de falar. – É direta. Sieghart faz o que é pedido. – Cadê aquele garoto que está de castigo com você?

– Hã? – Fica confuso pela a pergunta vim de Mari. – Ele tá ali. Por qu...

Outra vez, fica sem terminar a frase. Mari saiu correndo para a direção que foi apontada, sem se importar com o moreno a chamando, querendo explicação.

Conheceu o garoto por estar limpando o jardim como Sieghart. Aproximou-se dele em segundos, o que assustou o mesmo ao perceber a presença da garota ao seu lado.

– Como?! – Pergunta Mari, irritada.

– Como o quê? – Fala assustado.

Estica as folhas que segurava, apontando para as notas em vermelho nela. O rapaz analisou a folha, por fim ficando sem reação. Parece que ele não tinha visto aquela nota ainda. Mas isso não explicou a raiva que Mari tinha.

– Como que conseguiu tirar notas tão ruins assim? As questões eram tão fáceis. – Diz Mari, indignada.

Ele permaneceu calado enquanto Mari continuava apontando seus erros. Apertou firme o cabo da vassoura que segurava, encolhendo-se nos próprios ombros. Estava sério, parecendo irritado pelo o que ouvia, mas não pretendia interromper Mari. Só continuava calado.

Amy alcança sua amiga, se aproximando em preocupação. Ouvia Mari e os insultos que ela soltava para o rapaz, que continuava de cabeça baixa. A rosada começava a achar que Mari estava passando dos limites.

Aproximou-se da garota e a segura pelo o ombro, chamando sua atenção.

– Mari, já chega. – Diz Amy.

– Você não entende, Amy. – A olha de relance. – Ninguém é tão burro assim.

– Você que não entende! – Grita o rapaz. As duas olham assustadas. – Pare de falar como se soubesse de tudo!

De longe, Sieghart assistia a cena em silêncio, apenas com um olhar mortal para o garoto. Qualquer movimento que ele desse, o moreno já estaria em cima dele.

– Odeio pessoas como você. – Continua ele, cuspindo as palavras. – Que são espertas e se acham por causa disso. Nem todo mundo pensa como você!

– Não estou me achando.

– Claro que está! Pergunte a qualquer um, eles te dirão a mesma coisa.

Mari o encarou por um tempo, até olhar Amy. Ela olhava para o lado, querendo não ser vista. A verdade estava clara na face da jovem.

Volta o olhar para o rapaz.

– Não sou assim. – Insiste Mari, séria. – As pessoas em minha volta ficam agindo como inferiores, mesmo tendo o potencial de estar no mesmo nível que o meu. Você é um exemplo disso.

Seu corpo é balançado quando a mão do rapaz a segura pela a gola da camisa, com força. Ele a olha furioso, claramente se segurando para não soca-la.

Amy olha assustada para a cena, desesperada pelo o que poderia acontecer. Virou-se rapidamente ao ver Sieghart se aproximar, quase como instinto. A rosada o segurou com força, impedindo que causasse outra briga.

– Sieghart, não. Não se intrometa! – Pede Amy.

Sieghart não forçou, mas Amy ainda continuava a segurá-lo por segurança.

– Cansei disso tudo. – Disse o garoto, sem ter largado Mari. Sua raiva parecia diminuir, sendo que ele estava tentando se controlar. Devia estar confuso com o que fazia. – Não sou obrigado a aturar tudo isso.

Mari quase se segurou no garoto ao ser solta violentamente, tendo que dar alguns passos atrapalhados para trás. Ele a olhava sério, mas com um sentimento de ignorância bem visível.

Fechou a mão. Por que se sentia tão estranha ao ver aquele garoto ferido?

– Não perderei mais meu tempo com essa bobagem. – Falou seco. Largou a vassoura de lado, dando alguns passos para trás. – Já deu.

Foi a última coisa que ouviu dele antes de o ver partir.

Amy finalmente pôde soltar Sieghart, que não tirou o olhar sério do rosto. O rapaz não tentaria nada, já estava cansado de arrumar mais castigo para si, principalmente por ser apenas ele agora, sem ninguém para ajudá-lo.

– Viu, Mari, o que você fez. – Diz Amy, com as mãos na cintura. – Só piorou tudo.

– Não foi minha intenção.

– Bem, acabou sendo.

– E eu ainda tenho que limpar tudo isso sozinho. – Reclama Sieghart, afastando-se com sua vassoura. – Maravilha!

Amy disse algo para acalma-lo, o que não fez muito efeito. Se pudesse, iria atrás do garoto que Mari fez o favor de se afastar. Sentia pena dele.

Chega ao lado de Mari, que continuava a olhar reto, para a mesma direção que o rapaz se foi. Pela primeira vez, Amy via um olhar culpado na jovem. Seu jeito quieto não era porque queria, e sim porque não sabia o que fazer com aquele peso na consciência.

***

Cutucava com a colher em seu sorvete que começava a derreter. Mari não tinha vontade alguma de comer a sobremesa de sua mãe.

– O que houve com a nossa Mari? – Pergunta Linda.

Todos sentados em volta da mesa olham para a azulada, vendo a mesma sem animação, mais que o normal.

– Mari acabou brigando com um garoto hoje e parece estar abalada até agora. – Comenta Amy.

– Então isso explica a aura de ciúmes do Sieghart. – Olha para o rapaz coberto por seriedade enquanto comia seu sorvete. Ele olha para elas, encolhendo-se nos próprios ombros como uma criança.

– Isso não é verdade. – Fala ele. – Só estou zangado porque a Mari nunca ficou assim comigo, mas ela fica assim com um desconhecido.

– Isso é ciúmes. – Diz Amy.

– Acho que está mais para inveja. – Falou a moça em um tom baixo.

Estava tão presa em seus pensamentos que nem ouvia o que eles diziam. Mari negava o sentimento de culpa ser sentido por causa daquele garoto, que nem ao menos sabia o nome dele. Nunca foi amigável, muito menos de sair perguntando o nome dos outros aleatoriamente. As únicas pessoas com quem se relacionava era Sieghart e Amy, sua mãe precisava nem estar inclusa.

– Qual é o nome dele? - Pergunta Mari de repente.

Finalmente param de falar e olham para a mesma. Mesmo tendo falado com a voz baixa, foi o suficiente para chamar suas atenções.

– É Jin. - Sieghart responde, arrependendo-se por isso. - Por quê, vai sair correndo para os braços dele pedir desculpas?

– Por que eu faria isso?

O rapaz não responde, enche sua boca com sorvete e fingi está ocupado com isso. Agora se arrependia pelo o ataque de ciúmes bobo que sentia.

– Ele não é da nossa sala, né? - Pergunta Amy. - Nunca o vi, para falar a verdade.

– Jin faz parte da nossa turma na maior parte do tempo, mas sempre que está parece ser invisível. Ele não tira aquele capuz e costuma dormir nas aulas, então acaba nem tendo presença na sala. - Explica Sieghart.

– Da forma que você fala parece o conhecer bem. - Nota Mari.

– Não somos amigos, se é isso que querem saber. Jin fazia parte do clube de luta comigo. - Fica mais animado quando chega nessa parte. - Sempre derrubava os caras lá, mas o Jin sempre parecia ser mais resistente. Sempre dá empate quando lutamos.

– E o que aconteceu?

– Bem, ele parou de ir no clube, também faltava às aulas. Ele sempre ficava cada vez mais distante de tudo, nunca foi de se abrir muito com os outros, então nunca sabíamos o que ele tinha. - Dar de ombros. - Até que um certo dia eu fui perguntar para ele o que estava acontecendo, isso o deixou irritado...

As três moças olham desconfiadas com a pausa repentina do rapaz. Ele batia com os dedos na mesa, nervoso.

– E...? - Amy exigi.

– Então eu fiquei irritado também e bati nele. Var nos viu e me impediu de continuar a batê-lo.

– Está dizendo que o Jin não revidou, não mereceu o castigo junto com você?

– É, ele apenas deixou eu bater nele. - Coça a cabeça. - Eu perco o controle da situação, vocês sabem.

As três concordam juntas, o que deixava emburrado.

– De qualquer jeito, - Exclama o mesmo. - é melhor para o Jin fica longe da gente, só traria problemas para gente. Não sei da onde aquele garoto é, mas os nós de seus dedos sempre viviam machucados, mas só da mão direita.

– Como assim? - Amy e Mari perguntam juntas.

– Os nós dos dedos são uma parte bem exposta dos dedos, - Dizia mãe de Mari. - então quando socamos algo duro ou de forma persistente, esses nós são machucados dessa forma. Por isso lutadores usam faixas nas mãos, para evitarem esse ferimento.

– Como sabe disso, mãe? - Mari estranha.

– Ora, só sou uma mãe curiosa e muito protetora.

Aquilo deixou a jovem enjoada pelo o que ouve. Volta a atenção para Sieghart ao entender o que ele tinha dito. Jin costumava brigar fora do colégio, e bastante pelo visto.

– Ele também aparecia com alguns hematomas no peito e nos braços. - Continua o rapaz. - Sempre jogava uma desculpa para escapar das perguntas. O que explica os dias que ele faltava, talvez com vergonha de mostrar alguma ferida do rosto.

– Então ele é que nem você, um gângster? - Mari fala sem preocupação alguma com Amy ao seu lado. Já tinha contado para a garota o que ele era, o que deixou a rosada apavorada por um bom tempo. Sempre dizia que Sieghart podia roubar os órgãos dela para vender no mercado negro; Mari sempre a ignorava quando ouvia isso.

– Não, se fosse eu o conheceria. - Joga os braços para o alto. - Sei lá o que ele é, mas alguém comum que nem você, não é.

Isso Mari já sabia. Parecia que tinha um detector de pessoas especiais dentro dela. Primeiro era o Sieghart, depois a Amy. Quem seria o próximo?

Lembra que ainda precisava entregar aqueles trabalhos para Jin. Mas depois de ter o expulsado do colégio, seria um pouco difícil.

– Amy, você me ajudaria a trazer o Jin de volta para o colégio? - Pergunta Mari, determinada.

– Hum? - Olha confusa com a colher na boca.

***

Andava pelas as ruas sem um caminho certo. Desde do que aconteceu no dia anterior esteve desse jeito, perdido. Tudo parecia confuso para ele, até mesmo as simples escolhas que fazia eram complicadas para ele. Tudo culpa daquela garota que o criticou.

Fechou os punhos ao parar de andar. Quanto mais pensava nisso, mais nervoso ficava. De tantos problemas que tinha, esse era o que mais incomodava.

– Pare de se achar a maior. - Pensava irritado. - Você não é melhor que ninguém.

Odiava pessoas daquele tipo, que se achavam superiores. Ele nunca agiu daquela forma, mesmo que vencesse uma luta ou fosse melhor em algo, sempre preferiu ficar no mesmo nível que seu adversário.

– Olha quem achamos aqui. - A voz arrastada o chama a atenção. - Se não é o Jin.

Seu olhar fica pesado, arrependido de ter se encontrado com aquelas pessoas. Inspirou fundo antes de se virar para aqueles dois rapazes. Como sempre, sorriam como se nada os irritassem.

– Querem algo? - Pergunta Jin, evitando de olha-los nos olhos.

– Como assim queremos algo?! - Um deles diz, em voz alta. Aponta no meio da face do rapaz.- Você faltou ontem, esqueceu?

– Não estava me sentindo bem. - Seu tom de voz era desanimado, quase sumindo.

– E você acha que a gente se importa com isso? - O outro diz. - Perdemos grana ontem, por sua causa!

– Me desculpem. Tentarei ir...

– Não vai tentar! Vai fazer, nem que esteja morrendo. Entendeu, garoto?

E lá estava um de seus principais problemas. Achou que conseguiria escapar hoje, mas se enganou. Se pudesse, saía correndo o mais rápido que podia, se não fosse pelo o fato de ser pego depois e pagar as consequências.

Levantou seu olhar para confirmar. Não conseguiu dizer, pois algo vindo por trás dos dois o chamou a atenção, fazendo arregalar os olhos. Os cabelos rosados de Amy foi a primeira coisa que viu.

Um dos homens rugiu em dor quando algo o acerta na cabeça com força. Jin olha sem reação, depois para a garota que segurava um cano de ferro que atingiu o rapaz. A jovem respirava ofegante por aquela simples ação.

– Jin! - Diz Amy ao olha-lo. - Viemos ajudar.

– O quê? - Não entendia o que acontecia, simplesmente nada fazia sentido.

O outro homem ajudava seu parceiro caído no chão, vendo se ele estava bem. Olha furioso para Amy, então se levanta em passos pesados.

– Sua pirralha! - Grita o mesmo.

Tentou acertar um soco na rosada, mas ela simplesmente é puxada e o rapaz passa direto. Jin a puxa para si, sem entender por que fez aquilo. Só consegue se mover novamente pela a voz o chamando.

– Por aqui! - Grita Mari bem à frente.

As consequências, não podia se esquecer das consequências se corresse naquele momento e ajudasse Amy a escapar. Não conseguia tomar uma decisão rápida, era muita pressa para ele. O homem olha mais zangado ainda em sua direção, o congelando.

– Vem! - Diz Amy.

A garota segura seu pulso e começa a puxa-lo enquanto corria. Não a impediu, deixou ser levado pela a mesma, fugindo dos gritos do homem ao fundo. Talvez ele o perseguisse mais tarde.

Chegaram ao lado de Mari e continuaram a correr, sem pausa alguma. As duas que o guiava pelos os caminhos que pegavam, Jin não ousou dizer uma única palavra no meio da corrida.

Pararam em um beco já exaustos, respirando ofegantes. Amy se jogou contra a parede, apoiando-se com as costas. A mesma finalmente larga o cano que tanto segurava durante a corrida.

– O que foi isso? - Jin consegue pergunta. - O que vocês fizeram?!

– O ajudamos. - Fala Mari. - Aqueles caras estavam querendo te assaltar, então nós evitamos isso.

– Assaltar?! - Olha indignado. - Eles não estavam me assaltando, eram conhecidos meu! Suas doidas!

– Ei, você não parecia confortável com aqueles caras. - Amy se intromete, ainda ofegante. - Só estávamos tentando ajudar.

– Que tipo de ajuda é essa?! - Coloca as mãos na cabeça, desesperado. - Ah não, eles vão me matar por isso.

Jin cai no canto do beco, sussurrando coisas sem parar. Ele não parecia grato, como as duas esperavam ser.

Mari inspira fundo antes de se aproximar do mesmo, esticando algumas folhas para ele. O rapaz levanta o rosto, olhando confuso para o que ela fazia.

– Você não pegou os trabalhos ontem quando eu te entreguei.

– Estava mais para humilhação do que entrega de trabalho. - Diz ele sério.

– É por isso que vim aqui para pedir desculpas, se aquilo te ofendeu.

Jin a encara por um tempo, então pega as folhas bruscamente, amassando todas sem importância. O rapaz continuava irritado pelo o que aconteceu.

– Saiam daqui antes que eles venham te pegar. - Fala Jin. - Não quero ver garotas chorando por alguns machucados.

– O que eles queriam com você? - Amy se aproxima e pergunta. - Parecia ser algo sério.

– É pessoal. Por favor, não se intrometam e vão logo, antes que seja tarde demais.

O garoto volta a abaixar a cabeça, querendo parecer invisível naquele beco. As duas não foram embora, como ele esperava. Amy coçou a bochecha sem jeito, olhando para o lado.

– Até iríamos, se soubéssemos o caminho. - Força uma risada.

Jin ergue o rosto surpreso. Não sabia se sentia raiva ou decepção, do mesmo jeito estaria odiando as duas.

– E como vocês chegaram até aqui?

– A gente te seguiu. Vimos você passar perto do colégio, então fomos atrás de você. - Percebe o olhar nervoso do mesmo. Amy sente as pernas tremer. - Desculpa.

O rapaz volta a esfregar as mãos na cabeça, agoniado com a situação. Problemas e mais problemas para o pobre garoto. Maldito tenha sido Sieghart que entrou em sua vida e trouxe aqueles problemas para ele.

Inspirou fundo vagarosamente, então expirou. Fez isso até que conseguisse se acalmar, mesmo que fosse um pouco. Levantou do chão, olhando em volta sem motivação alguma. Estalou com a língua.

– Levarei vocês até a metade do caminho, conseguirão se achar por lá. - Explica o mesmo. - Espero que isso não se repita.

Concordaram, mas não disseram nada enquanto o seguiam. Jin agia de forma grossa e rude, não tendo delicadeza alguma durante uma conversa. Porém, muitas vezes ele parece tentar evitar ser assim, principalmente com elas, garotas. No fundo, ele seja um cara legal.

– Cadê o Sieghart? - Jin quebra o silêncio. - Ele deveria estar com vocês.

– Ele está completando o castigo que você deixou para ele fazer sozinho. - Mari fala como uma facada. O rapaz a olha sério sobre o ombro, porém a mesma não faz nada além de ignora-lo.

– Não voltarei para o colégio, então do que adiantaria continuar o castigo?

– Mas Sieghart não é seu amigo? - Questiona Amy.

– A gente só se conhece, não quer dizer nada.

– Sieghart diz o mesmo de você. - Sussurra a rosada.

Seus passos começam a diminuir aos poucos. Jin estica a mão para as gotas de chuva que começavam a pingar. Tinha esquecido que daria chuva para hoje, o que explicava as escuras nuvens no céu.

As gotas aumentaram rapidamente. A chuva caía sobre eles, os molhando em instantes. Jin apenas se encolheu nos próprios ombros, escondendo as mãos no bolso do casaco. Sorte a dele estar usando um capuz. Mari também não parecia se importar com aquilo, só pôs a mão sobre os olhos para poder enxergar melhor.

Porém, alguém se importava com a chuva que caía sobre seus cabelos.

– Ah, eu fiz meu cabelo ontem! - Amy grita histérica. Joga sua bolsa sobre sua cabeça, uma tentativa falha ao tentar evitar de ser molhada. - Mari, você tem algum guarda-chuva?

– Esqueci o meu em casa. - Disse ela sem preocupação.

– Drogaaaa!

Pretendia sair correndo para poder fugir da chuva, o que não adiantaria de nada, mas ficou em seu lugar, deixando o desespero tomar conta de seu corpo. No entanto, percebe que a chuva para de molha-la. Ergue o olhar, vendo Jin à sua frente com os braços esticados.

– Pare de gritar, vai chamar atenção. - Pede ele ao soltar seu casaco sobre a cabeça da mesma. Continuou com seu moletom por baixo, a qual usava o capuz.

Amy segura a vestimenta quando sente ela ser solta. O rapaz se vira para frente e continua o caminho, as chamando quando percebe que não está sendo seguido. A rosada volta a acompanha-lo, mas sem jeito com a situação. Ninguém nunca tinha feito aquilo por ela, principalmente um garoto. Ela ficava sem saber como reagir.

Mari pega seu celular quando o sente tocar. Atende, já sabendo quem era do outro lado da linha.

– Estou com a Amy e o Jin. - Diz ela. Assente quando fica ouvindo. - Estamos voltando, não precisa vim até aqui, Sieg.

Alguns carros passam perto da calçada, passando pelas poças d'água e molhando o trio. Amy xinga o motorista, só parando quando Jin a pede para se acalmar. Mais carros se aproximam, mas parando perto deles dessa vez.

Jin arregala os olhos quando ver as pessoas saindo do automóvel, indo para suas direções. Segura as duas e as puxa para perto, em proteção. Os rapazes eram o dobro do tamanho de Jin, e em quantidade maior, não tinha a mínima chance dele conseguir vencê-los.

Amy solta um grito quando Jin é segurado por dois homens, afastando delas de forma violenta. A rosada tenta ajuda-lo, mas alguém a pega também como Mari. Ela debate com as pernas, faz de tudo para se soltar. Não adianta.

– Me solta, me solta! - Gritava sem parar. - Socorro, alguém me ajuda!

Ao contrário de Amy, Mari não tentava se soltar, sua força seria gasta à toa. Seu celular foi derrubado no chão quando um homem a segurou pelo os braços e jogaram para trás. Perguntava-se se Sieghart continuava na ligação, provavelmente confuso.

– Cala a boca, pirralha! - Grita o rapaz que segurava Amy.

Com um pano entregue a ele, jogou contra a face da rosada, deixando a mesma sem repirar direito. Em segundos ela parava de se debater e apagava, até que seu corpo ficasse mole.

– Amy? - Mari a chama, pela primeira vez preocupada com a mesma.

Sabia o que tinha naquele pano, já havia estudado sobre isso. Não conseguiu escapar de sua vez, o pano foi enfiado contra seu nariz. Prendeu a respiração, não aguentando e tendo que inspirar aquele cheiro que a deixou sonolenta como Amy. Seus olhos pesaram junto com seu corpo. Achou que cairia, mas o rapaz que a segurava não permitiu.

Tudo que conseguiu ver antes de apagar foi Jin levando um soco que o derrubou no chão. Quis chamar por seu nome, mas não conseguiu.

***

Demorou até que se sentisse despertada. Seu corpo estava estranho, pesado como uma pedra. O moveu, notando que estava deitada em um chão gelado. Seus olhos abriram aos poucos, apenas a escuridão sendo enxergada no começo.

Com braços trêmulos, conseguiu se manter sentada no chão. Olhou em volta, estava em um quarto vazio com pouca iluminação. O que chamou sua atenção foi os cabelos azuis de Mari no outro canto da sala.

– Mari. - Amy disse, mais para um sussurro.

A garota também já tinha acordado, agora ficando sentada para enxergar melhor o local. Pelo visto, a droga ainda estava em seu organismo.

– Onde estamos? - Amy diz em um tom choroso, mas sem lágrimas. - O que tá acontecendo?

– Eu não sei. - A voz de Mari sai arrastada. Até mesmo falar estava sendo complicado. - Coisa boa que não é. Mas não se desespere, não faça nada, Amy.

Já esteve em uma situação daquelas, não tinha como esquecer. Seu passado com Sieghart a faz ter péssimas lembranças. Não cometeria o mesmo erro de revidar, precisava agir calma, o mesmo valendo para Amy. Se ela tentasse algo sobraria para as duras.

A porta do local é aberta, as duas ficando tensas ao mesmo tempo. Conseguem relaxar ao verem Jin entrar na frente, porém com um olhar culpado. Dois homens o acompanhava.

– Olá, garotas. - Diz um deles. - Espero que tenham tido um bom sono.

Elas ficam em silêncio, conseguem nem olhar nos olhos do mesmo.

– Se quiserem culpar alguém por estarem aqui, culpem esse cara aqui. - Aponta para Jin. - Estar junto dele não foi uma boa ideia, pelo o que vocês veem.

– Elas têm nada a ver com isso. - Jin fala. Até sua voz ocupava culpa. - Só estavam para me entregar um trabalho do colégio.

– Não foi o que disseram. A ajuda do colégio envolve uma barra de ferro também?

Jin fecha o punho. Se Amy não tivesse feito aquilo elas estariam livres.

– Por favor, solte elas. - Pede outra vez. - Vocês já tem a mim, não precisam delas. Faço qualquer coisa.

– Qualquer coisa? - Diz debochado.

O homem vai até Amy, a puxando pelos os braços até que ficasse de pé. A rosada solta um grito desesperado pelo o toque do mesmo, assustada pelo o que podia acontecer. É levada para frente de Jin, que olha do mesmo jeito para o homem, sem entender o que ele fazia.

Amy parou quieta, mas trêmula quando seus cabelos são puxados para trás, deixando seu rosto imóvel.

– Beije ela. - Fala o homem.

Jin o olha rapidamente, sem acreditar no que ouve. Não faria aquilo, elas não mereciam nem estar ali, muito menos ser usadas daquele jeito. Volta o olhar para Amy, a garota quase chorando pela a situação.

A risada do homem o assusta.

– Estou brincando, estou brincando. - Larga Amy bruscamente no chão. Jin fica um pouco mais aliviado. Olha para seu parceiro. - Leva as duas lá pra baixo, mantenha os olhos sobre elas. Só a libertem no final de tudo, entendeu?

– Entendi. - Jin é levado para fora pelo o outro, à força. Esse se posiciona na porta. - Vamos, meninas. Não vão querer ficarem aqui enquanto há um espetáculo lá embaixo.

Não fazia ideia do que ele falava, mas Mari ficou de pé do mesmo jeito. Tinha que agir sem ir contra, precisava ficar calma. Chegou ao lado de Amy e ajudou a mesma ficar de pé. Abraçou a azulada, indo junto com ela para fora do lugar.

– Está tudo bem, acalme-se. - Pede Mari ao passar a mão nos cabelos onduladas da jovem.

Passavam por um longo corredor com poucas luzes funcionando. A cada passo que dava, mais o chão estremecia com o barulho do andar de baixo.

– Não está. - Fala Amy chorosa. - Sieghart está longe, nem sabe onde a gente está.

– Eu sei. - Gostaria de inventar uma desculpa para deixa-la melhor, mas não conseguia. Nem ela mesmo sabia onde estava. - Mas eu estou aqui.

Desceram por uma pequena escada, o barulho ficando maior a cada degrau. Era som de música com uma gritaria agitada. Achavam que estivessem em algum clube ou algo similar, porém mudam de ideia ao chegarem na porta para o local barulhento.

– Não tentem nada, meninas. - Ordenou o homem antes de abrir a porta e ir na frente.

Muitas pessoas, nunca tinham visto tantas pessoas em um lugar só. Dão alguns passos à frente e percebem que era um enorme salão, onde pessoas dançavam freneticamente pelo o ritmo da música.

– Isso algum tipo de balado ou o quê? - Amy estranha. Graças à música animada, a garota pôde se soltar da amiga.

– Não, não deve ser só isso. - Mari percebe logo pelas as roupas comuns que todos usavam. Não pareciam estar ali para dançarem. - Vamos tentar acha o Jin.

Amy a segurou pelo o braço ao andarem pela a multidão, evitando de se separarem. Podiam estar andando livremente pelo o salão, mas sentiam os olhares daqueles homens sobre elas. Um passo falso e elas estavam mortas.

Foram indo para o fundo do salão, do mesmo jeito a música continuava sendo ouvida. Mas no lugar do som, gritos eram ouvidos cada vez mais. Não ficaram assustadas, continuaram até que chegaram numa parte mais baixa do salão, tendo que descer alguns degraus.

– Aquilo é o que eu acho que é? - Amy diz.

No fim dos degraus, pessoas circulavam uma arena cercada por grades de ferro. E no meio da arena, duas pessoas lutavam violentamente.

– Um clube de lutas ilegais. - Mari menciona. - Agora tudo faz sentido.

– Não estou gostando disso.

– Vamos lá. - Continua a descer.

– O quê? Ficou maluca? - A seguiu mesmo assim.

– É melhor que fica naquela parte. Talvez Jin esteja ali embaixo.

Amy é obrigada a concordar. Chegam na parte de baixo, em seguida se misturam no meio da multidão animada. Com muito esforço, chegam perto da arena, assim vendo a luta mais detalhadamente.

Amy segura em Mari outra vez, assustada pelo o sangue que escorria dos machucados dos lutadores. A luta ficava pior quando assistida de perto, mais violenta.

Qualquer estilo de luta era permitido, até mesmo jogar sujo. Só acabava quando alguém estava no chão ou morto. Foi o que acabou de acontecer, um dos lutadores tomou um soco no rosto que o derrubou imediatamente. A multidão berrou animada com a vitória, ao contrário de Amy e Mari que pareciam assustadas com tudo que acontecia.

– Hey, hey, galera! - O que parecia ser o apresentador da luta entra na arena. - Esta luta foi empolgante, não? Claro que foi! Mas sei que todos estão esperando para uma boa luta, por isso vamos apresenta o melhor da noite agora!

A multidão grita outra vez. O apresentador sai da arena, dando espaço para um lutador entrar. Ao tocar na entrada, a multidão grita animada ao verem. Ele não se importar pelas as loucas garotas o chamando ou pelos os rapazes o elogiando, só mantinha uma expressão séria e concentrada.

Quando aquele lutador se vira para a direção de Mari e Amy, ambas arregalam os olhos para o rapaz de cabelos ruivos e arrepiados.

– É o Jin! - Grita Amy, apontando.

– Sim, estou vendo. - Mari fica sem reação. Não esperava ver o garoto ali.

– E ele é ruivo. - Isso era o que mais chamava a tenção da rosada. - Será por causa disso que ele sempre está de capuz, porque tem vergonha da cor do cabelo?

– Não, creio que é para esconder outra coisa. - Aponta com a cabeça quando o mesmo se vira de costas.

Se não fosse pela a gritaria da multidão, o berro de surpresa de Amy seria ouvido. O ruivo possuía uma larga tatuagem nas costas que ia até seu braço direito e pegava uma parte de sua nuca. Era uma tribal misturada com chamas vermelhas e douradas, parecendo que seu corpo estava em fogo. Chamava bastante atenção no meio daquela arena, mais ainda pelo o cabelo dar um contraste.

Jin volta a se vira em suas direção, como se procurasse algo na multidão. Ele acha Mari e Amy o olhando surpresas. Correr até a grade, agachando quando elas se aproximam.

– O que vocês estão fazendo aqui? - Diz ele. - Não é bom ficar por aqui.

– Nós que falamos! - Fala Amy. - Desde quando você luta?

– E isso importa?

– Sim, importa!

A multidão grita outra vez quando outro lutador sobe na arena. Jin se levanta, já se afastando das grades.

– Fiquem onde eu possa ver vocês. Não arrumem problema. - Fala como um aviso.

A última coisa que queriam era arrumar alguma confusão naquele lugar.

Jin ajeitou as faixas em sua mão esquerda, a única a qual usava uma enquanto a direita ficava nua. Não tinha muito mistério para a roupa que usava para a luta, usava uma bermuda e ficava descalço. Seu oponente vestia uma roupa similar.

Ficou um profundo silêncio antes do anuncio da luta. Ao anunciar o começo da partida, o barulho do salão volta. Jin avançou já com punhos erguidos, atacando sem pensar duas vez ao chegar perto do oponente.

Enquanto todos sacudiam os braços agitados, Amy se encolhia ao lado de Mari. Não estava ficando muito confortável num lugar daqueles, parecia piorar a cada momento.

– Precisamos achar uma saída daqui. - Menciona Mari. Olhava séria para os lados. - Sinto que eles não serão bonzinhos em deixar a gente ir embora no final de tudo.

– O que pretende fazer, Mari? - Amy pergunta nervosa.

– Se tivesse algum celular, ligaria para o Sieghart nos buscar. Darei uma volta pelo o salão para ver se acho alguma ideia. - Fala já se afastando. - Fique aqui.

– Mari, cuidado.

Amy sente-se desprotegida com a saída da jovem. Chega mais perto da grade e tenta não se apavorar naquela multidão, tudo que podia fazer é olhar para luta de Jin. Era estranho, ficava melhor quando o rapaz estava por perto, embora ele não prestasse atenção nela no momento.

O ruivo não era tingido uma sequer vez, era ágil e veloz, os golpes do oponente eram lentos. Jin deu um rápido recuo para trás e acertou um chute na face do adversário. Ele caiu no mesmo instante, dando fim a luta após 2 minutos. A multidão grita pela vitória.

– Jin é muito bom, Sieghart tinha razão. - Pensava Amy enquanto batia palmas pela vitória do rapaz. - Me pergunto como seria uma luta séria entre eles.

O oponente do ruivo é retirado da arena sendo arrastado. Jin não sai com o fim da luta, ele continua em seu lugar, aproveitando para retomar sua respiração ofegante. Amy se assusta ao ver outro rapaz entrando na arena para outro combate.

A luta volta a começar, a multidão ficar agitada. Seguia dessa forma os combates daquele lugar, existia as lutas comuns e também essa, onde um lutador que a multidão queria era colocado na arena e era obrigado a lutar contra todos os lutadores da noite. Pouco conseguiam seguir naquele ritmo que Jin estava, o rapaz derrubava seus oponente o mais rápido o possível para economizar energia.

Logo o segundo lutador é derrubado e o terceiro entra na arena. Jin já sentia as dores de certos golpes que o acertaram, mas ele escondia tudo com a expressão concentrada.

– Isso é absurdo. - Pensava Amy, incrédula quando percebe como funcionava os combates. - Como alguém pode aguentar tanto tempo numa luta desse jeito? Esses caras são malucos ou o quê?

Cada luta leva, no máximo, 3 minutos. Amy é obrigada ficar ali assistindo mais 4 lutadores entrando na arena e tentando alguma chance contra Jin. A rosada só começa a sentir falta de Mari quando se passa 15 minutos e o último lutador é derrubado pelo o ruivo.

– Onde que ela foi parar? - Sussurra preocupada.

Dessa vez, lutadores não entram mais na arena, Jin fica sozinho enquanto apoiava-se nos próprios joelhos para recuperar o fôlego perdido. O apresentador entra na gaiola e anuncia que dará uma pausa nas lutas do ruivo, agora seria a ser feita outra. Jin olha aliviado, saindo da arena antes que sobrasse para ele.

– Cadê a sua amiga? - Ele pergunta ao chegar do lado de Amy. A multidão por perto olham surpresos para o rapaz ali, como se fosse um ídolo deles.

– Eu não sei, Mari disse que iria dar uma volta pelo o salão e logo voltaria. - Falava com o rosto virado para o lado. Seu rosto queimava de vergonha com o rapaz daquele jeito ao seu lado. - Até agora, nada.

– Espero que ela não esteja perdida.

Suas atenções se voltam para o apresentador na arena. Já ao lado dele, uma lutadora feminina se aquecia.

– Para esquentar as coisas, iremos apresentar o combate feminino! Aqui temos nossa lutadora favorita. - Aponta para garota ao seu lado. - E sua adversária parece ser muito interessante, nunca vista aqui antes. Uma colegial!

Jin e Amy ficam sem respirar quando veem Mari sendo empurrada para dentro da arena. A jogaram ali dentro, deixando o público animado.

– Ela deve ter sido pega por aqueles caras. - Amy diz apavorada. Vira-se para Jin. - Tire ela de lá! Mari vai ser morta por aquela garota!

– Eu não posso fazer nada, não sou permitido. Eu disse para vocês ficarem aqui!

– Isso não tá ajudando. - Aponta para a amiga dentro da gaiola. - Mari vai ser aniquilada por aquela garota se você não fizer nada.

Não tinha nada mesmo para se fazer, se fizesse algo, só pioraria a situação. Jin abre a boca para falar, mas fica sem o que dizer. Amy bufa e sai correndo em direção ao portão da arena. O ruivo não tenta a impedir, só passa a mão em seus cabelos, sem saber o que fazer.

– Mari! - Grita a rosada a se joga contra as grades.

A azulada se levanta do chão e vai até onde Amy está. Sua expressão não parecia apavorada, e sim neutra como sempre, mas por dentro ela devia estar desesperada.

– Desculpa, eu falhei na minha missão. - Diz a garota.

– Mari, você precisa sair daí.

– Não tem como, eles não vão deixar. Mas está tudo bem, eu vou conseguir sair viva.

Não estava nada bem, Amy enxergava o nervosismo que Mari sentia. Ela seria morta por aquela lutadora em segundos. A rosada precisava fazer algo.

– Eu faço isso. - Diz de repente.

– O quê?

Amy dá a volta até chegar na porta da arena. Entra no lugar, chamando a atenção de todos e de até Jin que fica pasmo pelo o que vê. Mari é pega pelo o braço e levada até o portão, mas falando bem alto antes:

– Eu vou lutar no lugar dela! - Gritou Amy para que todos ouvissem. - Mari, fica com o Jin e nem ouse se afastar de novo.

– Mas...

– Vai logo!

Não se sentia bem em aceitar aquilo, mas fez do mesmo jeito. Mari chegou ao lado de Jin, que estava com um olhar de pena no momento. Amy queria agir corajosamente, provar que não era uma garota mimada. Ela ainda queria provar que tinha mudado, que não era mais egoísta como foi no passado.

Amy tenta acalmar sua respiração antes da luta começar. Ouve ser chamada, olha para direção de Jin e Mari. Aproxima-se da grade, eles também.

– Punhos erguidos. - Fala o ruivo. - Sempre que se sentir ameaçada, recue. Aquela lutadora é muito rápida, vai acabar com você em instante se não tomar cuidado.

– Entendi. O que mais?

– Não tem como eu te ensinar a luta agora, isso só foi dicas.

Engole seco e concorda. A desejam boa sorte, então se afasta das grades e se posiciona no seu lugar. Ergueu os delicados punhos antes do anuncio da partida.

O apresentador começa a luta e Amy congela no lugar. Sua oponente avança contra ela já com um chute na lateral. A rosada consegue se jogar no chão a tempo de desviar. Porém, recebe um chute na barriga que a fez perder o ar. Cai de lado no chão, encolhendo-se enquanto gritava de dor.

– Levanta, Amy! - Mari grita, mais parecendo seu tom de voz normal.

Jin olhava a garota caída na arena, usando toda sua força só para poder ficar de pé. Sua adversária nem levava à sério a luta, ela via que Amy era uma garota fraca e frágil. Aquela luta duraria bastante tempo.

Amy consegue levantar, voltando a erguer os punhos tremidos. Tenta atacar a oponente, mas ela desvia facilmente e acerta um soco na cara da rosada. Amy cai novamente, batendo as costas no chão manchado de sangue de outras pessoas que lutaram ali. Seu rosto começa a queimar de dor, sente sua bochecha ficar maior.

– O que acontece se ela não conseguir levantar mais? - Pergunta Mari.

– Ela perde a luta. Mas nesse momento é um exceção, eles não deixariam ela ir embora ser a machucarem bem.

Deveria ser ela lá, não Amy. A rosada se machucava em seu lugar enquanto Mari apenas assistia sem poder fazer nada. Por que ela tinha feito aquilo? Por que se sacrificar para salvá-la? Amy nunca a deveu nada, então por qual motivo ela queria fazer aquilo por ela?

– Por que todos são assim comigo em minha volta? - Pensava ela. - Amy se machuca por mim, Sieghart me protege dos insultos. O que eu fiz para eles gostarem tanto de mim? Nada. Eu não sou especial como eles pensam, não sou.

Suas mãos se fecham e ela pretende dar um passo em direção à porta da arena. Para, olhando surpresa quando Jin a ultrapassa com pressa, indo para onde ela iria. Ele parecia sério, irritado.

O ruivo abre a porta sem se importar com o aviso do apresentador o impedindo. Entra na arena e chama a atenção de todos, principalmente da lutadora. Já prevendo o que aconteceria, ela ataca Jin. O rapaz se esquiva, avançando em seguida e a agarrando pelo pescoço. A ergueu e jogou com força contra o chão. Como se não fosse o suficiente, acerta uma sequência de socos em sua face até que ela parasse de reagir, até que o sangue escorresse de seu nariz.

Um longo silêncio da plateia. Amy olha sem reação para o rapaz, mas ainda assustada por tudo. Sua bochecha estava vermelha por começar a inchar.

– A luta acabou! - Grita ele. - Chega de show por hoje.

Vaias e mais vaias são ouvidas. Jin não parece se importa, apenas com o estado de Amy quando se aproxima dela. Ela diz que está bem antes mesmo da pergunta.

Nota o problema que cometeu quando alguns homens se juntam na porta da arena. Jin suspira, chamando a atenção de Amy ao encostar em seu braço.

– Fique com a sua amiga. - Diz ele. - Eu resolvo isso.

Amy assente e sai correndo para a saída. Consegue passar pelos os rapazes sérios, assim correndo para os braços de Mari. Abraça ela e esconde sua face no peito da mesma.

Seis ou mais rapazes entram na arena, lutadores pelo visto. Jin não devia ter feito aquilo, mas ele não se arrependia. Ver aquela garota apanhar por sua culpa não era justo, nunca seria. A única coisa que ele ficava sem entender era por que tinha feito aquilo, por que as protegeu até aquele momento? Era por causa de Sieghart que o mataria por isso ou o quê?

Não se importava. Ergueu os punhos em combate, apoiando com um pé para trás. Teria que ser bastante cauteloso naquele momento.

Dessa vez, não há anuncia para iniciar a luta, Jin faz o favor de começar por si próprio. Atacou o lutador mais perto, então o outro com um chute na garganta. As coisas começaram a complicar quando todos vieram em sincronia para cima dele, ficando complicado para se defender e atacar.

É jogado contra a grade quando é acertado em cheio. Perde o fôlego por um momento, só voltando quando sentia o sangue manchar sua boca. Passou as costas da mão sobre os lábios para retirar o sangue que já começava a escorrer.

Não conseguiria sair vivo dessa vez, estava morto já. Se não tivesse lutado aquelas outras lutas, provavelmente escaparia dessa. Era tão ridículo tentar mesmo sabendo o resultado.

– Com licença! - Um grito é ouvido no meio da multidão agitada. Todos param ao ouvirem aquela pessoa. Uma mão é levantada no meio do público. - Eu poderia participar disso também? Parece divertido.

Não espera uma resposta, sai andando até a arena. Só conseguiram ver como era aquela pessoa quando chega nos degraus para a porta da gaiola.

As únicas que reagiram foram Mari, Amy e Jin. Sieghart parecia não estar surpreso por aquele lugar, ele até sorria para todos e tudo. Para de andar quando percebe Mari e Amy o observando. Deu um aceno e se dirigiu para dentro da arena. Ninguém o impediu de entrar, seria apenas outra carne fresca como Jin estava sendo.

– O que está fazendo aqui? - O ruivo pergunta quando o rapaz chega ao seu lado.

– Vim me juntar a você. Também, você não parece muito bem para lutar sozinho. - Olha para seus oponentes. Nega com a cabeça. - Isso é tão injusto, um contra sei lá quantos! Deixe-me te ajudar nessa.

Jin o segura pelo o ombro.

– Sieghart, vai embora! Será que ainda não entendeu o que está acontecendo? Você vai morrer.

Impaciente pela a discussão que os dois estavam tendo, um dos lutadores partiu para cima de Sieghart. O moreno percebe, recuando sem problema do soco do mesmo. Acerta um chute no estômago do oponente, o fazendo se jogar para frente pela dor. Com um rápido ataque, socou o rosto do homem, que o derrubou no chão.

A multidão olha assustada para Sieghart, até mesmo seus adversários. O rapaz tira sua expressão sorridente para uma seriedade que assustava a todos que o olhava.

– Eu odeio esses lugares. - Sua voz sai rouca, arrastada em raiva. - Tão sujo quanto essas pessoas. Dá vontade de matar todos vocês pelo o que já fizeram.

Estala dos dedos da mão ao dar passos para frente de Jin. Os lutadores olharam tensos para a expressão séria do rapaz.

– Ei, ele não parece aquele garoto de uma gangue famosa? - Um dos lutadores sussurra para o outro. - O chamam de Imortal.

Os outros ouvem e olham imediatamente para Sieghart. Vários rumores já foram ouvidos sobre ele, o quão violento é o mesmo. Porém, quando começou a conhecer Mari, os rumores aos poucos sumiam junto com seu jeito agressivo.

– Sieghart! - Jin grita outra vez para que ele recuasse.

– Sieghart?! - Os lutadores olham sem reação, então a plateia faz o mesmo. Parece que aquele nome assustou mais que a expressão do mesmo. - Ele é um Sieghart também?

O próprio Sieghart começa a entender nada que eles falavam. O que seu nome tanto os assustavam?

Assustados ao máximo, todos os lutadores saíram da arena apressadamente. Não enfrentariam Sieghart, talvez por causa de seu nome ou por ele ser o Imortal. Bem, ele nunca saberia o motivo.

– Vamos embora. - Diz de repente, virando-se para Jin. - Você vem junto.

– Eu não posso. - O ruivo fala com o rosto virado. - Eu tenho que ficar aqui.

– Ahãm, vai sonhando. - Aproxima dele. - Bora.

– Sieghart, você não...

Jin consegue nem terminar quando o moreno dá uma cabeça em seu nariz. Colocar as mãos no local que começava a escorrer sangue.

– Você nunca mais vai colocar o pé num lugar desse outra vez. - Seu tom de voz séria volta. - Ou eu mesmo faço questão de lutar contra você. Agora, vamos.

Não o espera, sai na frente enquanto Jin vinha atrás, ainda segurando o nariz sangrento. Desceu os degraus, percebendo que a multidão se afastava quanto mais se aproximava. Chega perto de Mari e Amy, que ainda estavam surpresas por sua aparição.

– Como nos encontrou? - Mari pergunta.

– Eu tenho minhas fontes. - Abre um sorriso orgulhos.

Mari sabia o que aquilo significava. Olha para as mãos do rapaz e ver que os nós de seus dedos estão feridos, como se ele tivesse brigado bastante antes de chegar até ali. Preferiu não persistir na pergunta.

– O que aconteceu com o seu rosto, Amy? - Ele pergunta ao ver o resultado do soco na jovem. - Tá parecendo uma bola de tênis.

– Não repare. - Ela põe a mão sobre o local ferido, ficando sem jeito.

– Deixe ela, Sieg. - Diz Mari. - E obrigada por ter vindo. Foi um pequeno erro nosso ter vindo atrás do Jin.

– Pequeno? - Diz o moreno. Dar de ombros e segura Mari pela a mão, a puxando para fora daquele lugar. - Agora vamos embora antes que eu comece a bater em algumas pessoas.

Amy se segura na sua amiga para segui-la. O trio para quando ouve o chamado de Jin. Ele ainda estava inseguro de tudo que poderia fazer naquele momento, como escapar daquele lugar. Sentia medo das consequências, mas sentia que Sieghart não deixaria isso acontecer.

– Eu não conheço vocês e ainda assim querem me ajudar. - Dizia ele. Tirou as mãos do nariz, sentindo que o sangramento havia parado. No entanto, seu rosto estava manchado pelo o sangue, que continuava a pingar pelo seu queixo. - Qual é o problema de vocês?

– Só somos um bando de pessoas com problemas variados. - Explica Amy, animada, apesar disso. - Achamos que você se encaixaria bem aqui, com a gente.

– Aliás, você não vai durar muito nesse lugar. - Sieghart o avisa, sério outra vez. - Posso não ter feito parte disso, mas conheci alguém que fez e até hoje não se curou de tudo que aconteceu. Não quero ver outra pessoa que conheço sofrer desse jeito. - Coça a nuca, tirando a seriedade. - E também, eu sou o único homem do grupo, isso é um pouco constrangedor.

Eles pareciam mesmo estranho após aquela explicação. Sieghart não se importava com ele como se importava com Mari, mas ele parecia tentar querer ajuda-lo. Não o conhecia, mas isso não impedia de querer.

Pela primeira vez, via alguma luz naquela escuridão que ele tanto viveu. Sim, estava cansado de tudo aquilo, estava a ponto de desistir, até que aquele trio apareceu que nem um trem maluco. Ele riu, precisava rir de tudo aquilo que acontecia com ele.

– Acho que eu posso ir com vocês. - Diz Jin, pela primeira vez sorrindo para eles.

Foi recebido por um aperto no pescoço por Sieghart. O rapaz o deixou bem perto enquanto saíam daquele lugar, começando a falar coisas aleatórias.

– Olha, mas eu sou o macho alfa, ok? - Diz Sieghart para ele. - O líder, entendeu?

– Acho que sim.

***

O clima ainda não tinha melhorado, a chuva continuava a bater na janela de sua sala. Mari não era muito fã de clima assim, acabava não tendo boas lembranças de tudo que aconteceu com ela. Preferia o sol sem o calor exagerado, sempre o neutro.

Levantou de sua cadeira e arrumou suas coisas na mochila. Olha pela janela e consegue ver Sieghart do lado de fora, ainda completando seu castigo. Ele tinha confessado para Var sobre o que havia acontecido, então seu castigo foi duplicado para mais uma semana. Mesmo o vendo sob a chuva, se molhando todo, Mari não sentia pena dele, nunca sentiu. Ainda se perguntava por que tanto andava com ele.

Quando estava pronta para ir, viu Jin no final da sala, concentrado no trabalho que fazia. Var deu uma chance para ele consertar suas notas, lá estava ele no momento. Chegou perto do mesmo, que a percebeu.

– Parece ter problema com a matéria, Jin.

– Nunca fui bom mesmo. - Disse ao olha-la. Percebe que alguns hematomas começavam a aparecer em sua face, mas que fosse nada de chamativo. - Sempre passei por pouco. Var sempre me ajudou nisso, então...

– Eu posso te ajudar.

O ruivo olha surpreso. Mari pega uma cadeira próxima e a puxa, sentando-se ao lado do mesmo. Começou a explicar para ele sobre a matéria no trabalho.

– Você deve fazer o mesmo com o Sieghart. - Diz ele enquanto fazia o deve. - Ele não parece ser o cara mais esperto do mundo.

– Sieg é mais esperto que eu.

Outra surpresa. Mari sacode a mão para que esquecesse.

– Ao contrário de você, que parece sempre adorar fazer uma confusão. Desde quando gosta de lutar daquele jeito?

– Eu não gosto de lutar. - Dessa vez, Mari olha surpresa. - Quer dizer, odeio violência, sempre tento evitar. Quando Sieghart me bateu, eu não revidei justamente por causa disso. Só lutava para conseguir algum dinheiro para mim, só isso.

Como Sieghart, Jin era um poço de mistério que não seria revelado tão em breve. Desde daquela dia, ele nunca mais voltou ou foi forçado a voltar para aquele lugar, felizmente. Começou a vim mais nas aulas e tentar se dedicar mais. Durante esses dias, não foi para seu clube treinar, mas sabia que seus parceiros de luta sentiam sua falta.

– Onde... - Ele coça a bochecha, um pouco quieto até demais. - Onde que tá sua amiga, a Amy?

– Ela não está vindo para as aulas por causa do machucado no rosto, com vergonha de ser vista daquele jeito. Talvez ela volte amanhã.

– Ah, que bom pra ela.

Mari o observa. Nota algo de estranho, no seu comportamento. Parecia nervoso, principalmente por suas bochechas estarem coradas.

– Você está vermelho. - Diz Mari.

– Não, não estou. - Rebate na hora.

– Está sim.

– É impressão sua.

– Não sou daltônica, você está vermelho. - Encosta a mão na testa de Jin. - Você não tá com febre. Estranho.

Jin olha mais envergonhado ainda pelas as acusações da garota. Toma um susto quando ouve um barulho vindo da janela.

– Macho alfa! - Grita Sieghart com o rosto enfiado na janela, apontando sério para o ruivo. - Tira a mão dela, Jin!

– Ela que tá com a mão em mim! - Debate o rapaz.

– Sieg, achei que tivesse um castigo para fazer. - Mari se intromete na conversa, já retirando a mão da testa do ruivo.

– Só vou quando sentir que não estou criando chifres na cabeça. - Fala tudo em um tom ameaçado para Jin.

– Chifres? - A garota olha confusa.

– Como se você fosse dono dela. - Murmura em deboche.

– Quê?! - Sieghart ouve. - Ah, não, agora você conseguiu!

Abre a janela e entra por ela. Jin olha tenso quando o rapaz todo molhando começa a se aproximar dele. Prepara o punho para acerta-lo, mas nada que fosse sério. O ruivo chega arrastar a cadeira para trás com medo. Ele não queria briga, muito menos praticar violência, como ele disse.

– Sieg, pare. - Mari diz. Tarde demais.

A azulada se intromete no meio, recebendo o soco na bochecha por Jin. Tudo parece parar após aquilo. Sieghart olha assustado, abaixando seu punho em medo. Já Jin fica surpreso, sem saber o que fazer.

Mari ergue o rosto, mais séria que nunca. Ela pega sua bolsa, se vira e parti. Mas fala algo antes de sair da sala.

– Fiquem longe de mim, vocês dois. - É uma ordem.

Ela se vai. Sieghart e Jin se entreolham, então correm para porta desesperados, pedindo desculpas pelo o que acontece.

– Mari, não vá, eu faço qualquer coisa por perdão! - Gritava o moreno parado na porta, choroso.

– Eu preciso da sua ajuda para o trabalho! - Berra Jin.

Mari os ignorou quando saía do colégio. Outra vez, lá estava ela tendo que aguentar mais um idiota em sua vida. Fez um estalo com a língua e soltou um suspiro.

Ainda sentia que teria mais problemas vindo por aí.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Review?
* É, esse capítulo foi o Jin, quem será o próximo? kekekek Mal posso esperar para escrever os próximos capítulos, que serão bem legais!
*Jin pode não ter ficado muito tempo junto com o grupo, mas no próximo mostrará como ele é com esses malucas kkkkkk
*Nessa fic, quis deixar o Jin usando capuz justamente para deixar uma marca maior nele. Cada um tem sua peculiaridade, e essa é do Jin :3 Espero não ter ficado estranha!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Uma Nerd e um Gângster" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.