Controlados- Interativa escrita por White Rabbit, Soulless


Capítulo 9
Capítulo 8- Novo Mundo- Parte III


Notas iniciais do capítulo

Olá meu povo, desculpem a imensa demora que tive para poder postar este capítulo, mas é que meu tempo é curto. Desculpem se não saiu muito bom, mas fiz o melhor que minha cabeça podia aguentar. A partir daqui, apresentaremos dois ou três personagens por capítulo para adiantar as coisas. Beijos e boa leitura!
— Murilo!!



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Soraya Dragonclaw

Creator of Dragons

Discord- The Living Tombstone

Ergueu a mão direita, pondo-a por cima do sol. Era incrível saber que apesar de tão grande, o sol podia caber na palma de sua mãe. Sentiu o calor em seu corpo, um calor real, um calor convidativo. Suspirou abaixando a mãe, havia deixado o vilarejo principal. Estava apenas andando a esmo pelas campinas procurando um lugar tranquilo para deixar as ideias no lugar.

Sua mente vagueava como se tudo estivesse sendo tragado por um gigantesco buraco negro. Sentia como se tivesse vivido ali a vi inteira, não sabia por que, mas reconhecia aquele lugar. As pessoas, as casas, até mesmo o característico cheiro de flores selvagens que emanava por todos os lados. No entanto, todas as suas memórias daquele lugar estavam apaziguadas. Presas em sua zona morta.

Uma brisa suave veio do leste, uma brisa úmida e fresca, que esvoaçou os seus longos cabelos negros enquanto ela fechava os olhos aproveitando aquele momento. Quando a brisa foi embora ela ergueu os olhos, dando de cara com aquela insígnia que cintilava acima dela. A prova da sua realidade, existem mesmo certos mistérios que ninguém pode resolver.

Continuou andando na direção do próximo vilarejo, estava ainda um tanto longe, mas se ela se apressasse talvez chegasse lá antes do entardecer. Ficar no Vilarejo Central ouvindo aquele barulho de mercadores e pessoas conversando não a ajudava em nada, apenas atrapalhava sua mente de poder fluir.

Ela sentia como se algo estivesse incendiando dentro dele, um calor inumano e incontrolável, como se a qualquer momento fosse cuspir fogo pela boca, talvez fosse apenas um mal-estar ou uma sensação esquisita que sua mente havia criado para retirá-las dos pensamentos sobre sua própria realidade.

Sentia-se dividida, uma parte de si acreditava piamente que era real, que havia vindo de outro mundo, transportada para um local totalmente estranho e novo onde ela era apenas uma peça que não conseguia se encaixar. A outra parte preferia acreditar que ela sempre pertencera aquele mundo, que por algum motivo ela havia perdido suas memórias e tudo aquilo pelo qual ela estava passando era apenas um grande engano.

Quem dera que tudo fosse simplesmente tão fácil assim. Se pelo menos ela tivesse alguma prova, algo que fosse a chave para a sua libertação. Uma coisa qualquer que provasse que ela pertencia a aquele mundo. Ou, que mostrasse de uma vez que ela não pertencia a ele, mas algo que finalizasse sua guerra anterior.

Mas o quê? O que poderia acabar com todo o seu sofrimento? Sentou-se na grama alta e verdejante um tanto desiludida com ela mesma. Enfiou a mão dentro da bolsa de couro que havia recebido. Examinando o seu conteúdo. Uma simples adaga, um pão fresco, um cantil com água, algumas moedas douradas- dracmas- e só. Mas espere, ainda havia algo dentro da bolsa, numa espécie de fundo falso. Ela puxou com cuidado, era um pequeno livro avermelhado.

Sua capa era grossa e muito brilhante, tinha detalhes em dourado e escrito em letras prateadas, dizia: “Livro dos Dragões”. Riu da própria sorte- ou azar, nunca soube- ela era a “Criadora de Dragões”, talvez isso fosse uma vantagem. Enquanto ria dos seus próprios devaneios, ouviu como se uma voz ecoasse em sua mente:

Socorro!

Ela pôs tudo na sacola o mais rápido que conseguiu e levantou-se, olhou em volta, nada.

Socorro!

Não era bem uma voz, era mais um grunhido, um som agudo e estridente que ela nunca havia escutado anteriormente. De onde vinha aquele som? Quem seria o dono dele?

Ajude-me, estou aqui na floresta! Preciso de ajuda!

Ela puxou o gládio- a arma que tinha recebido- da cinta, fosse quem fosse precisava de sua ajuda. Embora ela quisesse mais correr pra longe e deixar que o dono da voz se virasse, ela sentia que devia ajudá-lo, como se conhecesse aquela voz, mas sabia que nunca havia escutado ela antes.

° ° °

O bosque verdejante parecia nunca ter fim, era como se por mais que ela andasse nunca encontraria uma saída, todas as árvores eram praticamente idênticas e um tapete de folhas mortas impedia seus pés de deixarem rastros, então ela não poderia seguir suas pegadas e saber como voltar a campina. Merda, além de não poder ter ajudado quem estivesse pedindo socorro ainda tinha se perdido, um dia cheio de grandes realizações. Já pensava em desistir quando a voz voltou a falar, dessa vez mais alta e com mais intensidade.

Vire à direita!

Ela obedeceu cegamente, seria alguma armadilha? Então ela estaria completamente ferrada, mas e se não fosse? Continuou a correr naquela direção quando a voz falou novamente:

Agora à esquerda!

Virou-se num reflexo, seus pés quase escorregaram nas folhar alaranjadas. Continuou a correr, sua mente a mandava parar e voltar agora mesmo, mas algo dentro dela a mandava correr cada vez mais naquela direção. Foi quando ela viu, a poucos metros dela diversas criaturas faziam uma espécie de círculo em volta de uma árvore.

Um cheiro putrefato invadiu suas narinas de assalto, eram goblins. Ela segurou o gládio com força, as folhas secas denunciavam sua presença e os goblins já a fitavam com seus olhos enojados e suas expressões monstruosas. Em cima da árvore um pequeno lagarto se recolhia assustado, tinha as escamas amarelas de uma cor bem viva, olhos cristalinos e amedrontados e uma cintilante joia azul em sua testa.

Então era isso que ela veio salvar? Um animal? Sim, era mesmo um dia grandioso, mas se já estava ali não tinha como voltar atrás. Os goblins avançaram em sua direção, a saliva esverdeada deles esvoaçava, Soraya teve vontade de vomitar, mas se conteve. Segurou o cabo do gládio com as duas mãos e jogou-se na direção do primeiro goblin, não sabia como o seu corpo conhecia aqueles movimentos, mas quem ligava pra isso numa hora dessas.

Deu um impulso com seu pé esquerdo, jogando o seu corpo alguns centímetros para o lado, o goblin passou a frente dela, rodopiando nas folhas, tentando voltar para agarrá-la, mas ela foi mais rápida e cortou a cabeça dele num único golpe. Continuou a correr em direção a árvore, um segundo goblin corria loucamente em sua direção, tropeçando-nos próprios pés. Ela usou o impulso da velocidade para saltar sobre ele em uma cambalhota no ar. Ela caiu meio desajeitada, suas botas escorregavam nas folhas mortas. Seu corpo pedia para ela parar, todos os seus músculos doíam. Ela estava a dois metros da árvore e diversos goblins a rodeavam, como se protegessem uma relíquia sagrada.

Ela pulou pra cima do terceiro goblin que corria em sua direção, ergueu seu gládio o mais alto que podia, pronto pra enterrá-lo no corpo da criatura. Mas as mãos sujas e fétidas do mesmo agarraram o seu braço, enfiando as garras dele em sua carne. Ela grunhiu de dor e acertou o joelho na barriga dele acertando o gládio em sua cabeça numa velocidade quase espantosa.

O ser caiu de lado, seu sangue verde jorrava do seu corpo sem vida. Soraya deu alguns passos para trás, segurando o gládio com força, um pequeno filete escarlate saía da ferida provocada pelo goblin, ela mordeu o lábio inferior olhando quantos ainda faltavam. Muitos para se contar, talvez uns dez ou doze. Ela poderia dar conta de mais dois ou três, talvez até quatro. Mas eles apesar de imbecis eram rápidos quando agiam em grupo e ela precisava atacar cada um individualmente se quisesse vencer.

Não entendia como podia sentir dor de verdade, se aquilo era mesmo apenas uma farsa de sua mente. Então ela não deveria sentir nada além de um incômodo, mas tudo doía de uma forma que ela não podia imaginar. Foi quando ela olhou para o ser que viera salvar.

O lagarto a fitou curiosamente, pondo a língua para fora como uma cobra. Ele recuou um pouco e Soraya achou que ele fosse se esconder, mas para sua surpresa- e dos goblins também- ele saltou em sua direção. Caiu precisamente em seu colo e enrolou-se em seu pescoço, ela nem teve tempo de fazer alguma reação.

A joia azulada começou a brilhar, de súbitos todos os goblins saíram em disparada, grunhindo alto e tropeçando uns nos outros, agora eram eles quem estavam amedrontados. Soraya não entendeu direito a situação. Apenas tentava assimilar os poucos minutos que haviam passado.

Seu coração batia a mil, parecia até que ia explodir. Sua cabeça latejava e suas pernas doíam de uma forma que ela sabia que nunca tinham doído antes. O lagarto pulou de seu pescoço, colocando-se diante dela e encarando-a curiosamente, foi quando a voz voltou a falar:

Obrigado por ter me salvado! Dragões como eu são um prato cheio para aqueles goblins nojentos!

V-você fala?- ela perguntou mais surpresa do que esperava que fosse ficar.

Sim, minha espécie tem esse privilégio de telepatia, mas só podemos nos comunicar com bardos que se especializem na criação de dragões, mesmo que estejam longe. E você é uma criadora de dragões não é verdade?

– Sim, pelo menos é isso que eu acho que sou...

Perdoe-me a intromissão, mas li seus pensamentos durante a minha comunicação. E percebi que está um tanto confusa, sua mente está uma verdadeira zona se é que me entende. Algo a aflige Soraya?

Como você...- ela iria perguntar como ele sabia o seu nome, mas se ele lia mentes, poderia muito bem descobrir algumas informações sobre ela- Sim, estou muito confusa desde que cheguei aqui.

Entendo, sua mente está tendo lapsos de memória. Está misturando fatos do passado a fatos atuais, é normal isso acontecer, mas em pouco tempo tudo vai se encaixar, não se preocupe. Muito obrigado por ter me salvado.

– De nada, agora eu preciso ir.

Ela levantou-se e limpou as folhas secas de sua calça, o lagarto continuava a fitá-la com uma pena extrema, um olhar de piedade. Ele olhava para o seu braço que ainda ardia por causa do golpe do goblin:

Está machucada?

– Não é nada!

Arranhões de goblins podem ser problemáticos, sente-se e eu dou um jeito nisso- mesmo a contragosto, ela sentou-se e estendeu o braço na direção do dragão, sua joia azul cintilou e uma pequena esfera de luz emanou da mesma, fazendo círculos em volta do arranhão, em poucos segundos seu braço estava como antes, limpo e sem nenhuma cicatriz- minha raça também tem poderes curativos, mas só podemos utilizá-los em nossos donos e...

– Donos? Mas eu não sou sua dona?

Agora é sim, eu sou um dragão de princípios, você salvou minha vida e agora sou seu dragão particular. Não precisa ter medo, nem pareço um dragão, ninguém vai prestar atenção em mim, basta dizer que me comprou de algum mercador.

– Eu não vou levar você!

Eu não perguntei o que você queria, eu vou com você, queira ou não!

Dito isso ele saltou para o seu pescoço, enrolando-se em volta dele. Sua língua arroxeada lambeu o rosto da garota que bufava de raiva. Mas era inútil discutir, aquele dragão até poderia ser uma boa companhia. Ela ajeitou os cabelos e voltou a andar pelo bosque, seguindo as orientações do seu novo mascote para onde seria a próxima vila.

° ° °

Sim, a ordem era clara e ele sabia disso. Fazia cerca de um mês e meio que ele havia recebido aquela ligação que o metera naquilo. Ainda podia ouvir a voz arrogante e prepotente que o chantageava com seus mais íntimos segredos, coisas que ninguém deveria descobrir. E ele teve de curvar-se as vontades de seu mais novo amo. Ele sabia que era loucura o que estava fazendo, destruindo a única escapatória dos seres humanos.

Mas era uma proposta irrecusável, a menos que ele quisesse que todas as barbaridades cometidas viessem a tona num piscar de olhos. E seu novo chefe tinha lhe oferecido um bom dinheiro. E dinheiro sempre foi a máquina que fez o mundo girar. Enquanto ele andava nas ruas frias e quase vazias da Base da Esperança, fitava o grande prédio no alto da colina que servia para a realização do projeto.

Sim, ele teria que fazer aquilo. Não importa quanto custasse ou quantas vidas precisassem ser apagadas para que ele realizasse sua missão, o mundo já estava acabado mesmo, então pra que tentar se salvar? Ele riu dos próprios pensamentos, a vida ali não valia quase nada. Lembrava até a Segunda Guerra Mundial, aonde a vida dos judeus chegou a valer pouco mais de dois dólares.

E era bem parecida com aquela situação, à vida da humanidade vali muito menos de dois dólares. Dependendo é claro da posição e do destaque social. Se bem que em pouco tempo, nada disso valeria mesmo, tudo seria apenas mais uma grande e completa mentira, uma farsa de que estava tudo bem. Em poucos meses, as nações restantes estariam se autodestruindo para sobreviver, mas no final, nenhum deles iria vencer o inevitável.

E ainda ouvia claramente a voz do seu algoz no telefone, a voz modificada por aparelhos de som dos mais modernos impedindo de reconhecer até mesmo o sexo de seu dono, mas soava alto e claro em seus ouvidos:

Destrua o Projeto Esperança, ou, eu é que vou destruir você!

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Manual das Criaturas

Dimensão 1

Criaturas Descobertas: 02/25

Goblins

São a espécie mais comum, vivem geralmente em bandos nos bosques, ás vezes eles se aventuram nas campinas para roubar comida dos vilarejos. Por morarem nos brejos e pântanos, possuem um odor bastante ruim e característico. Apreciam muito carne de répteis e aves. Tem garras afiadas que podem infeccionar se a ferida não for tratada o mais rápido possível.

Pequenos Dragões

São dragões raros e geralmente confundidos com simples lagartos, podem possuir a coloração esverdeada, avermelhada ou amarelada. Caracterizam-se pela telepatia, fidelidade e pelos poderes que possuem. Costumam ter uma joia na testa de diferentes cores, que dão diferentes habilidades aos seus donos. Encontrar um destes é sinal de boa sorte para os aldeões. Costumam viver nas profundezas dos bosques e são presas fáceis dos bandos de goblins.

° ° °

Soraya Dragonclaw


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, peço desculpas a dona da personagem se ficou faltando alguma coisa importante ou coisas do gênero, mas não estava com muita inspiração nos últimos meses. O manual das criaturas é uma espécie de uma dos guias do jogo, que dão informações aos seus jogadores- afinal essa é a finalidade da realidade não é?- então, espero que tenham gostado!! E eu tenho uma outra fic interativa que estou fazendo, participem, o link está abaixo:

http://fanfiction.com.br/historia/542244/Campeoes_do_Caos-_Interativa/



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