Controlados- Interativa escrita por White Rabbit, Soulless


Capítulo 5
Capítulo 4- A Bruxa


Notas iniciais do capítulo

Último capítulo de apresentação, os outros personagens serão explorados durante a fic. Aqui é o Murilo, o Khaos não vai poder postar por alguns problemas, mas garanto que ele escreve super bem!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/526940/chapter/5

Julie Pierce

The Witch

Dangan Ronpa- Never Say Never

Os corredores do segundo andar da escola pareciam estar mais longos do que antes, ela andava fitando o chão, estava de aula vaga e não havia nada melhor para fazer do que dar uma volta pelos corredores da escola. A Base da Esperança era a maior base de todas, dividida em bairros e distritos. Ela morava com seus avós em um bairro nobre desfrutando da herança de seus pais. Duas lágrimas rolaram pelo seu rosto ao se lembrar daquele acidente, aquele onde apenas ela sobrevivera.

Enxugou as lágrimas com a manga do casaco, fazia um frio bastante estranho naquele dia. As pessoas passavam pelo corredor sem notar a sua existência, não que ela fosse excluída da sociedade, mas é como se ela fosse invisível de verdade. Assim podia pegar o que quisesse das lojas sem pagar nada e burlar os boletins, tinha uma vida boa enfim.

Mas a ausência de seus pais era um vazio em sua alma, um vazio que não poderia ser preenchido facilmente. Ela precisava da presença deles, ainda mais agora na adolescência onde os hormônios afloravam de uma forma indescritível. Ela continuou vagando pelos corredores vazios da escola, a escola mais conceituada da Base onde apenas os melhores- ou os mais ricos- eram aceitos.

Desde pequena fora tratada como uma princesa e gostava disso, sempre fora um pouco mimada, culpa de seus pais que a mimaram. Mas agora tudo tinha mudado, seus avós davam todo o amor que ela precisava, mas não era a mesma coisa de um amor de um pai ou de um afago de uma mãe. E o pior, agora ela guardava um terrível segredo familiar.

Enquanto vasculhava o porão de sua casa, encontrou o diário de sua bisavó. Tinha a capa de couro rosado e as páginas já amareladas pelo tempo que estivera guardado no porão, e o mais estranho de tudo, ele estava cheio de encantamentos e receitas esquisitas, fora uns medalhões esquisitos e uns diademas e símbolos colados nas páginas.

Demorou dois dias para descobrir que sua avó era uma autêntica bruxa, mas não era como bruxas más como aquelas que dão maçãs envenenadas as princesas indefesas, ela usava sua habilidades para o bem, curando pessoas, retirando maldições e coisas do gênero. E pelo visto, ela herdara aqueles dons. Ela era uma bruxa digna, o sangue de magia corria por suas veias e ela se orgulhava disso, poderia continuar o legado de sua bisavó.

O problema era simplesmente os outros, ninguém acreditaria nela. Nem mesmo com o mundo a beira do fim a humanidade continuava cética ao lado mágico do mundo. A mesma humanidade que aos poucos destruiu o próprio lar, poluindo o ar, a água, as florestas. Agora era tarde demais, nem mesmo o famigerado Projeto Esperança poderia salvá-los e ela sabia muito bem disso, todos sabiam disso. Mas a humanidade precisava de uma fagulha de esperança não é mesmo?

Ela esperava que o planeta resistisse mais algumas décadas, o tempo de ela viver um pouco mais, desfrutar de suas verdadeiras habilidades, conhecer o mundo além da Base Esperança que era controlada por mão de ferro pelos militares, aqueles malditos homens de farda verde que se achavam os donos do mundo, mas eram apenas peões descartáveis do governo.

Ela andava olhando para o chão e quando virou o décimo corredor esbarrou em alguém, levantou os olhos para pedir desculpas, mas desejou nunca ter encontrado aquele ser. Cabelos castanhos, olhos verdes enjoativos e um tom de voz capaz de irritar qualquer ser humano. Marie, a sua inimiga a fitava com um estranho sorriso em seus lábios rosados:

– Que foi esquisitona? Por acaso ficou cega de repente e não vê por onde anda?

– Desculpe, eu não tinha visto você!

– Ah, mas tudo bem- ela falou em tom de deboche- sei que você é meio lerda, então não posso te culpar por ser uma estranha estúpida, nem sei como é que você tira notas tão boas.

– Dá pra parar Marie- Julie aumentou seu tom de voz- está me irritando.

– Então eu estou irritando a grande Julie Pierce? O que foi? Vai pedir a ajuda dos seus pais? Ah, é mesmo, eles estão mortos.

– Não fale nos meus pais.

– Eu falo de quem eu quiser- gritou Marie- você é uma covarde que se esconde atrás de toda essa timidez, não tem ninguém que a proteja não é mesmo? A não ser os cadáveres podres dos seus pais!

– Cale a boca!

– Então eu finalmente estou te irritando de verdade?- Marie riu- estou conseguindo tirar você do sério Julie?

– Eu mandei você calar a boca!

– Eu? Mas nossa conversa está tão animada. Ficou magoada porque eu falei dos seus pais não foi? Mil desculpas. Vamos mudar de assunto então. Vamos falar das suas roupas fora de moda...

– Marie eu juro que você vai se arrepender se não sumir daqui.

– Me arrepender? Por acaso uma barata como você vai poder fazer algo contra mim?- Marie deu uma sonora gargalhada- você teme até a própria sombra... E sabe o que eu ouvi falar de você? Que você sai com caras mais velhos pra se consolar. É verdade Julie?

Julie apenas fechou os olhos, queria que ela sumisse dali, seu coração palpitava violentamente como se fosse saltar para fora do seu tórax, ela continuou a ouvir as ofensas de Marie. Queria que aquela desgraçada fosse lançada dali, queria que ela sumisse como num passe de mágica e que ela pudesse viver sossegada, porque é que sua vida tinha de ser tão sofrida?

De súbito uma ventania tomou conta do corredor, um vento forte e estrondoso balançava o vestido que a menina usava e as folhas das árvores do segundo andar, as janelas batiam produzindo sons altíssimos pareciam que iam ser arrancadas. O vento continuava levantando a poeira que havia no corredor. Julie continuava de olhos fechados.

– O que está acontecendo?- gritou Marie- é você que está fazendo isso?

Ela não obteve resposta e o vento continuou cada vez mais forte, as folhas das árvores se desprendiam e eram lanças pelo corredor, voavam como pássaros. Marie lutava contra o vento que teimava em querer arrastá-la.

– É você não é sua vadia!- ela gritou desferindo uma tapa na cara de Julie.

Julie deu um passo para trás, seu rosto ardia e provavelmente a marca da mão de Marie estava lá, uma raiva incondicional tomou conta dela. Ela fechou os olhos com força e imaginou Marie sendo lançada para longe e foi exatamente o que aconteceu. Em poucos minutos a garota foi lançada por uma espécie de força sobrenatural. Ela gritava enquanto voava para longe, o seu corpo ultrapassou a janela do segundo andar que estava aberta, indo de encontro ao térreo.

° ° °

Marie havia quebrado as pernas quando caiu do segundo andar, Julie não sabia como havia feito aquilo. Seriam os seus poderes aflorando? Não podia saber, não poderia mais usá-los ou outras pessoas terminariam machucadas. Como resultado, ela fora expulsa da escola. Engraçado, Marie havia xingado seus pais e a provocado, fora um acidente, não fora culpa dela. Mas os pais de Marie eram pessoas bastante influentes na base e exigiram a expulsão da garota.

Agora ela não podia fazer mais nada a não ser lamentar aquele dia em que ela jogou sua inimiga pela janela do segundo andar. Ela sorriu lembrando-se da cena, foi como se ela tivesse tirado um peso de suas costas, afinal ela havia ofendido a memória de seus pais e ninguém tinha o direito de ofender aqueles que não se encontravam mais entre os vivos.

Seus avós procuravam outra escola para colocá-la, suas excelentes notas com toda certeza iriam contribuir para que ela voltasse a estudar o mais rápido possível, até porque alguns diretores deviam favores imensos a sua família e iriam mexer alguns pauzinhos para que sua ficha fosse limpa novamente.

Ela observava as ruas da base pela janela de seu quarto. As pessoas corriam de um lado para o outro como um monte de formigas alienadas. A vida naquela base se resumia apenas ao estudo e ao trabalho, ninguém queria promover uma festa ou algum evento. Sei lá, já que o mundo estava se acabando, se divertir um pouco não iria fazer nada demais.

Ela observou no horizonte a gigantesca base do Projeto Esperança, uma construção faraônica, feita com o intuito de descobrirem a salvação da humanidade. Seria mesmo isso? Ou talvez fosse apenas um modo de o governo gastar o dinheiro que tinha com bobagens, pois os Estados Unidos haviam gasto muito dinheiro na Batalha do Petróleo e conseguir mais recursos era difícil. Por sorte a Base Esperança, tinha muitas alianças e tinha o suficiente para a sobrevivência de seus habitantes, o problema era... por quanto tempo essa paz duraria?

O céu azulado mandava os seus raios de sol pelas ruas brilhantes, era uma paisagem bela de se aproveitar, até que jogar Marie do segundo andar não foi uma coisa tão ruim. Ela bocejou enquanto apoiava os cotovelos na janela, ficou fitando ao longe o Projeto Esperança. Ficou imaginando o que eles estariam tramando naquela base: clones, aquecedores de núcleos, naves espaciais de fuga... Uma infinidade de coisas para salvar o que restou da humanidade, pois as catástrofes naturais deram cabo de boa parte dela.

Estava ainda observando o horizonte quando ouviu pancadas repetitivas na porta, de início não ligou muito, mas as batidas tornaram-se mais fortes. Devia ser algo bastante importante para que batessem em sua porta com tanta urgência. Ela espreguiçou-se e rastejou pelo quarto, desceu as escadas de madeira da casa lentamente enquanto as batidas continuavam. Seus avós tinham saído de casa, então quem seria?

– Já estou indo- ela gritou enquanto aproximava-se lentamente da porta, tinha medo do que poderia esconder-se atrás dela- quem é?

– Aqui é a Milícia da Base Esperança!- disseram num tom rude e sério, o que os militares iriam fazer em sua casa?

Ela abriu a porta temerosa, dando de cara com dois homens fortes e de expressão sádica que levavam algo nas mãos. Ela engoliu em seco rezando para que não tivesse a ver com o incidente da escola, afinal ela já havia pago pelos seus “erros” não era mesmo? Um dos militares ergueu uma espécie de papel e olhou para ela com expressão fúnebre.

– Você é Julie Pierce?- ele perguntou sério.

– S-Sim, tem alguma coisa errada.

– Você tem excelentes notas e é excepcional- disse o segundo militar que até então estava em silêncio- por isso foi recrutada para o Projeto Esperança.

– E-Eu? Deve ter tido algum engano, eu não...

– É você mesmo, pode vir conosco por bem, mas pode vir por mal.

– Você devem estar enganados para que eu seria recrutada?

– Sinto muito moça, estamos apenas cumprindo ordens- o militar retirou do bolso uma espécie de spray e espirrou no rosto da moça- é um convite irrecusável. Sinto muito!

Ela sentiu seus membros amolecerem e a sua vista embaçar, tentou correr, mas ela cambaleou e caiu de cara no chão, já não podia ver ou ouvir qualquer coisa. Sentiu-se ser erguida pelos militares. Então ela iria conhecer de perto o que aqueles cientistas malucos estavam tramando, respirou fundo enquanto seus sentidos desapareciam. Até que ela apagou de vez.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!!! Aqui está link da foto da Julie

http://data3.whicdn.com/images/61914673/large.png