Somebody To You escrita por CarolHust


Capítulo 37
O Caso de Juvia Lockser. - Fique.


Notas iniciais do capítulo

Tá tudo nas notas finais.

LEIAM *-* *-*

Para quem gosta de ouvir música, esse capítulo foi (dá para perceber) idealizado com a música Stay de Rihanna.


Boa leitura (esse é o maior e talvez o mais legal) ;)



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Uma das piores coisas a respeito de se morar junto são as brigas. Tudo bem que elas ocorrem independentemente dessa situação, mas quando se vive sob o mesmo teto parece não existir opção “evitar” ou “ignorar” a outra pessoa. O que eu queria mesmo era ter me afastado de Gray, ficando sem vê-lo, por tempo suficiente para que os ânimos se acalmassem e eu pudesse fazer o que precisava sem me preocupar em ser descoberta.

Se eu não tivesse o evitado, talvez tivéssemos voltado a nos falar mais cedo. Eu não tinha certeza se ele ainda estava tão irritado, mas tinha uma boa noção de que, não importava o quando Gray pudesse parecer bruto, não era exatamente assim a sua verdadeira identidade. Diversas vezes o peguei me encarando de longe com um olhar melancólico ou fazendo menções de que iria se aproximar, então desistindo. Da minha parte, não havia muito esforço para qualquer tipo de contato. Além dos motivos já ditos, eu não estava disposta a reatar a o que quer que nós tivéssemos e como condição para isso ter de esquecer sobre os questionamentos que preenchiam minha mente. Então, a cada vez que eu o via se aproximar, lhe dava as costas e apertava o passo.

Por uma precaução talvez desnecessária, esperei a noite antes de fazer qualquer tipo de pesquisa relacionada ao que Lyon me contara. Preferia estar sozinha em meu quarto, com o meu computador, sem haverem chances de ninguém nele entrar subitamente. Não sabia exatamente o que procurar, onde procurar. A primeira coisa que achei , ao digitar “Praia do Deliora” foi o site oficial de um grupo de surfistas, que informava a localização do lugar (na costa Sul de Fiore) e tinha uma reportagem não profissional sobre como corajosos surfistas por vezes se arriscavam a lá nadar. Inicialmente, não entendi muito bem o que o escritor queria dizer com isso, até achar e clicar no segundo resultado da pesquisa, o Wikipedia:

“Conhecida por suas enormes ondas, a Praia do Deliora se localiza na região costeira de Fiore, repleta de pedregulhos e tendo uma fauna impressionante. Seu nome surge do mito do monstro Deliora.”.

Cliquei no link relativo à história do ser, e no início da nova página havia uma representação rudimentar de uma enorme criatura de dentes e chifres enormes, saindo do mar e golpeando banhistas.

“O Deliora é o nome dado ao ser que, supostamente, habitaria o fundo do Mar do Deliora, Fiore. Sua anatomia se assemelha à de um humanoide misturado a um ser marinho, provavelmente um crustáceo. Em linhas gerais, não se sabe se a história surgiu baseando-se no conto do “Monstro do Lago Ness” ou não, desde que há muitas características de comportamento e forma que são idênticas.

A primeira aparição do gigante (a estimativa é de quatro metros de altura) teria sido no século dezenove, após um período de muitos naufrágios de navios nas redondezas. A população local acredita que, uma vez encontrado por um morador, o monstro teria sido treinado para atacar aqueles que o pequeno garoto desgostava. Com o passar dos anos, teria perdido o controle e passado a machucar banhistas e destruir barcos aleatoriamente.

O Mar do Deliora e a Praia do Deliora, que receberam os nomes em sua referência, provavelmente serviram como base para a criação da história, devido às características de serem áreas de ondas bastante violentas e grandes formações de coral.”.

Eu estava suando frio. Não compreendia exatamente os detalhes da história, mas algumas peças começavam a se encaixar em minha mente, e a imagem final não parecia ser nem um pouco agradável. Se estivesse certa, não entendia o porquê de Gray se considerar culpado, porém... Tudo era bem mais pesado do que eu imaginara.

Voltei para a página anterior, tentando buscar pela parte do texto a respeito dos acidentes no local.

“A região é conhecida como um segundo Triângulo das Bermudas. No inverno, tempestades tornam a navegação pela área quase impossível, e os navios cargueiros então buscam novas rotas de viagem. Já no verão, o nível do mar sobe, fazendo com que as grandes ondas levem embarcações a se chocarem com as rochas. Entretanto, periodicamente, alguns jovens se aventuram na Praia, a única porção do perigoso Mar que entra em contato com o continente.

A lista de mortos, de acidentados e de naufrágios encontra-se abaixo.”.

O texto prosseguia em uma numeração que parecia interminável. Sentia-me meio culpada por ignorar todos os nomes que não fossem o de meu interesse, mas prossegui do mesmo modo. Não soube se tinha encontrado a resposta ou se havia voltado a ficar perdida quando terminei de ler o texto.

O nome de Ur não estava nele.

...

− Você quer mais alguma coisa? – Ultear me perguntou antes de pagarmos nossas compras no mercado próximo ao Casarão.

Un? Eu... Não, obrigada. – balbuciei sem prestar muita atenção, enquanto me lembrava de primeira vez que fora ali.

A “briga” com os garotos e o meu “chute fenomenal” pareciam ter ocorrido havia bastante tempo.

Ul exibiu uma careta e se virou para o atendente. Ela queria falar algo, mas preferiu esperar até que estivéssemos na metade do caminho da volta para comentar qualquer coisa.

− Gray tem... Esse terrível defeito de só dar valor às coisas que ele se importa quando está prestes a perdê-las.

− O que você quer dizer com isso?

Ela suspirou, passando as mãos pelos cabelos e então tentando se expressar de uma melhor forma.

− Eu sei que às vezes parece que ele não se importa. Tipo, muito. Mas é só que... Ele não sabe como demostrar afeto. Na verdade, ele meio que não percebe ou não quer aceitar que se importa, não sei. Demorou um bom tempo até que ele começasse a me tratar “feito irmã”. É o jeito dele. – ela deu de ombros. ­– O que eu quero dizer mesmo é que... Eu sei que ele está sendo bem chato, mas no fundo ele não queria estar dizendo tudo aquilo. Você, de um modo ou de outro, tem uma importância para o meu irmão. É só que... Tem muita coisa passando por aquela cabeça.

Foi então a minha vez de bufar, cansada, demonstrando que eu compreendia a situação.

O que importa é o quão fundo isso está escondido dentro dele.

Ultear se calou depois do meu comentário. Assim que soube da briga, ela teve uma pesada discussão com Gray diante de mim e de Ur, que começou e acabou sem muitas palavras da parte dele. Ao fim, ela parecera desistir de ficar irritada (era muito desgastante) e cedeu somente à preocupação. Eu queria que os problemas acabassem logo, não só por mim, não só por Ur ou por Gray, mas por ela também. Ultear era, a meu ver, quem acabava por unir todos no Casarão, ainda que supostamente não fosse um membro ativo no nosso treinamento. Talvez por ter consciência disso, ela se sentia culpada por não estar conseguindo manter essa unidade. Na verdade, e apesar de não conhecê-lo ainda, eu contava com o “cara” dela para tranquilizá-la.

Pensei em perguntar-lhe algo sobre o que conseguira descobrir, mas recuei antes de proferir qualquer palavra. Eu não tinha comentado com ninguém, nem ao menos com Lyon, sobre o que eu estava supondo. Não sabia como iniciar o tópico e achava que no fim a conversa não daria em nada. No máximo, Ultear ficaria ainda mais estressada e não me daria todas as respostas. Sabia que no final eu teria que buscar a Gray e ter outra discussão. Só não sabia se estava preparada para gritar e ouvi-lo gritando e arriscar ser odiada mais uma vez.

Na porta do Casarão, Ultear demorou um pouco para achar as chaves, e nesse meio tempo observei a casa e a inscrição ao lado da porta de entrada. Descobrira, há certo tempo, que ela fora feita Chelia e Freed, que chegaram ao Centro de Treinamento mais ou menos na mesma época e que ficaram inconformados com o modo como quase todos na casa “pareciam ser surdos ou viviam com fones de ouvido ou hibernando” (isso nas palavras dos dois). Na segunda noite deles no local, saíram com um canivete do garoto e marcaram a frase.

Parecia meio antagônica a comparação dessa lembrança ao estado então atual da nossa “casa”: quando abrimos a porta, as únicas risadas que consegui ouvir foram as de Lyon, Chelia e Freed. Os outros dois estavam nos andares superiores, novidade. Ur ainda descia e assistia TV conosco em vários momentos, apesar de não conseguir se divertir genuinamente. A ruga entre suas sobrancelhas estava sempre lá, se aprofundando a cada dia.

Tentei me ocupar conversando com os garotos na sala de estar, mas parecia tão falso rir enquanto eles obviamente fingiam acreditar que estava tudo bem comigo e que não tinham ouvido a briga do outro dia que não aguentei por muito tempo. Subi para o meu quarto. Tirei o casaco pesado e andei de um lado para o outro. Joguei-me na cama tentando parar de pensar. Desisti. Saí do quarto, fui até a frente do quarto do Fullbuster e voltei a andar de um lado para o outro, buscando coragem onde eu não tinha.

Como eu fazia todo dia.

Pensar em todos que ali viviam me motivou um pouco, mas o que realmente me levou a abrir a porta foi ter ouvido passos vindos do andar de cima: Ur estava descendo. Acho que por aquele medo natural de ser “pega no flagra”, ainda que não se esteja fazendo nada realmente errado, me desesperei e entrei no primeiro cômodo que achei. Isso fez com que eu me deparasse com a escuridão completa, exceto por alguns raios de luz que provinham de cantos da janela, e com o monte de travesseiros e cobertores que era Gray Fullbuster.

Muito bem, Juvia.

Inicialmente, eu considerei dar meia volta e sair em silêncio, mas então ponderei a respeito de quando teria uma oportunidade semelhante. Varri o cômodo com os olhos. Não havia lá nada de diferente do que eu me lembrava, ou seja, nada que me pudesse realmente me dizer algo sobre o que tinha ocorrido. Isso é, até que eu avistei um álbum de fotos. No meio de uma nova bagunça de um dos cantos do quarto, em cima de um bando de outras coisas misturadas e reviradas, ele lá estava aberto. Ok, pode parecer sonhador eu imaginar que a “grande resposta” estivera o tempo todo em imagens, mas não custava tentar.

Observando de perto, fui folheando página por página. Claramente se percebia o “antes” e o “depois” do acidente de Ur pelas fotos, e assim se confirmava que ele ocorrera havia cerca de dez anos. Concentrei-me nessa transição, o cenário, o clima... Quem estava lá.

Gray não parecia que ia acordar tão cedo, e não sentia que ajudaria na manutenção de sua calma eu o acordar para “conversarmos”. Pelas horas seguintes, fiquei então esperando sentada do lado de fora do seu quarto, até o momento em que ele, saindo do local, tomou um susto ao notar-me encarando-o.

...

− Diga logo, Juvia. – o moreno murmurou após esperar por mais do que cinco minutos eu começar a minha fala.

É que, na verdade, eu entrei no seu quarto sem você saber, descobri sobre você sem você saber e vim agora confirmar se estou mesmo certa.

Sorri ironicamente ao pensar no possível efeito que teriam tais palavras. Eu estava sentada de frente para ele, sob minhas pernas e em sua cama, me balançando nervosamente. Gray tentava manter a expressão de desinteresse, mas parecia um pouco preocupado e confuso em relação ao porque de eu estar ali. Provavelmente imaginava que não iria querer vê-lo depois da gritaria do outro dia. Senti vontade de começar meu discurso dizendo que, naquele momento, eu com certeza não estava pensando só nele.

Tentei ser o mais honesta possível.

− Isso precisa acabar, ok? E nem comece. – o adverti antes que ele revirasse os olhos. – Você já sabe os porquês e tudo mais, mas sei que não quer ouvir. E... Sério, eu posso querer saber e tudo mais, mas você não precisava me contar desde que conseguisse resolver isso. Só que isso não está dando certo.

− O que você quer saber, exatamente? Porque não há nada que você possa fazer para ajudar.

Ele não estava gritando e nem aparentava estar irritado, mas seu tom mostrava o quanto ele não estava gostando da situação. Respirei fundo antes de seguir em frente.

− Eu falei com Lyon. Eu falei com quase todo mundo, na verdade, mas só ele que de algum modo colaborou. Por favor, não fique estressado com ele, que achou que estava fazendo o que era melhor para você.

− O que...? – ele coçava a base do pescoço nervosamente.

− Eu sei... Sobre Deliora...? – soltei a informação como uma isca para ver se o “peixe” iria fisgá-la.

Ele reagiu mais violentamente do que eu imaginei. No choque inicial, levantou o olhar, respirando com força, e me encarou de olhos bem abertos. Em alguns segundos a surpresa foi seguida pela revolta. Não em relação a mim, ao que parecia. Em relação à lembrança.

− E aí? Para além disso?

− Bem, eu procurei. Lyon só me disse que o que ocorreu tinha algo a ver. Eu sei que lá é bem violento. O mar, quero dizer. Vim aqui exatamente para tentar entender melhor.

Encarei, vacilante, a sua mão próxima à minha. Imaginei como seria estender a meu braço e segurá-la sem que ele me afastasse.

− ...Eu...Foi lá, tá? – ele acabou por desistir e dar a informação. – O acidente, onde tudo aconteceu. Era um dia mais tranquilo do que o normal para a região, eu queria entrar, insisti em entrar na água. Estávamos em um barco. Não quis sair quando avisaram que ia começar uma tempestade. Quase... Quase me afoguei, mas Ur me salvou. Depois de me colocar em “segurança”, foi levada por uma onda e se bateu nos pedregulhos, e foi aí que machucou sua perna. − seu tom então se alterou. − Desde então não melhora, e se saber ou não nadar naquela época não foi algo capaz de salvá-la, duvido que o faça agora.

− E... Os tabloides? Quero dizer, como isso não vazou para a mídia?

Ele bufou.

− Ela deu um jeito. Estava toda machucada, mas ficou se preocupando com o meu “estado mental”.

A ironia de Gray só mostrava que ele não reconhecia que aquele evento tinha tido sim um forte efeito nele. Enquanto observava sua feição, fiquei calada. Isso talvez pela clássica “falta de palavras” diante de algo tão sério, mas ainda parecia faltar algo para completar a explicação. Ele não parecia tão aliviado ou sofrido quanto eu supunha, ou ao menos não demonstrava isso.

− Satisfeita? Agora que sabe que foi minha culpa?!

Bingo? Não sabia se aquela era toda a resposta, mas havia algo de muito estranho ali.

− Isso...

− Sei que não vai concordar sobre a questão da culpa, e blá, blá.

− Mas você só foi nadar, você era só uma criança. – uma sensação ruim se apoderou de mim. − Alguém já tentou colocar a culpa em você?!

Gesticulei com força enquanto ficava de joelhos sobre a cama. Ele se levantou e me estendeu o braço, me “oferecendo” ajuda para levantar-me e ir embora.

− Eu acho que você e eu já dissemos tudo o que tínhamos para dizer. Não vou concordar com você e nem você comigo, e você não desiste. Acho que você deveria ir, Juvia. – ele suspirou pesadamente quando pronunciou meu nome, em um cansaço revoltante.

Não me movi um centímetro. Sinceramente, ele tinha conseguido me deixar irritada novamente. Ele devia ser “fofo” e deixar-me consolá-lo (ou algo assim), e não agir daquele modo. O comportamento dele era tão frustrante...

− Você pode ter acabado, mas eu não. – tentei me manter firme enquanto tremia internamente. – Me ouça: foi um acidente.

Ele parecia compreender o que eu lhe dizia, como se já tivesse tentado internalizar a informação à força muitas vezes.

− Ter sido um acidente ou não, não é algo que vai mudar essa sensação. De um modo ou de outro, se eu nunca tivesse entrado na água, ela nunca teria se machucado. Fui responsável, minha decisão que mudou tudo. Você sabe o que é ter que conviver com isso? – sua expressão era acusatória.

− Eu sei muito bem. Ou será que você esqueceu? – ele vacilou ao lembrar-se de minha experiência semelhante. – Eu sei que no seu caso é pior porque foi com alguém que você ama e comigo foi com uma equipe que sempre odiei, mas... Você tem que aprender a conviver com isso. Eu sei que mesmo que te digam que você não planejou nada daquilo, nunca quis nada daquilo, você vai ficar com isso na cabeça, mas é preciso saber controlar esse sentimento. Aprenda a se perdoar.

Não dava para definir se minhas palavras estavam tendo algum efeito ou não sobre ele. Gray parecia estar começando a me ouvir, mas isso de modo algum significava que ele estava concordando comigo.

− Quero te mostrar uma coisa. – eu sussurrei.

Pedi que ele esperasse no quarto e fui buscar meu celular. O garoto não compreendeu a minha intenção quando abri a galeria do eletrônico e selecionei um vídeo específico.

“− Tem certeza que consegue manter essa velocidade?! – eu gritei para Ur na primeira vez que ela me pediu pra ficar do lado de fora da piscina apenas a observando nadar.

Ela, que já tinha terminado de dar duas voltas, com a ajuda de uma prancha emborrachada, ergueu-se sozinha para o lado de fora e balançou os cabelos.

− Acho que vocês tem de parar de me subestimar. Você vai ver, Juvia, eu vou ficar muito boa e vou ser a melhor nadadora dessa casa.

Ur e eu rimos.

− E você acha que... ”.

O vídeo foi interrompido no meio da conversa entre mim e ela. Lembro-me de que parara de filmar para entregar algo à Ur, e que ela comentara como desejava ver a expressão dos filhos quando descobrissem que ela estava tentando “voltar à ativa”.

Ao ver a gravação, Gray se retesara ao meu lado, como se tivesse medo de que, mesmo que em vídeo, a mãe se afogasse. Fiquei observando sua expressão de desespero, e então de alívio, com o final da gravação.

−Acho que você tem mesmo é que conversar com ela. – completei. – Nenhum de vocês pode se manter como estão se quiserem “voltar ao normal”. Você se impede de seguir em frente e ela leva sua opinião em consideração excessivamente.

O moreno respirou fundo e passou as mãos sobre o cabelo. Ficou um bom tempo encarando o chão, batucando as pontas dos dedos na beirada da cama e com os olhos perdidos. Então se virou para mim, refletindo sobre algo. Sorriu de canto, por um momento voltando a se parecer com o garoto que gritava comigo toda vez que eu chegava atrasada para algum compromisso. Só que ainda não era mais tão natural.

− ... Vou falar com ela. – ele murmurou, após menear com a cabeça.

Gray me olhou, como que esperando que eu me desse por satisfeita. Ao notar que eu não iria embora ou me pronunciaria até que ele o fizesse, completando sua fala afirmando que ele estava bem com aquilo e consigo mesmo, ele levantou-se e agarrou minha mão, tentou me puxar em sua direção, ao que eu respondi retesando os músculos e me agarrando à beirada da cama, em resistência.

O que aconteceu em seguida foi ele tropeçar e... Pausa. Sabe quando um acontecimento quebra toda uma sequência de eventos? Todo o clima foi desfeito, todos os sentimentos e assuntos esquecidos no momento quando em que ele caiu sobre mim, expulsei o ar em meus pulmões, e, então, em um choque rápido e um pouco doloroso, a boca dele tocou a minha. Ou eu acho que tocou.

Pode parecer, ao ser lido ou narrado, que isso foi um fato ínfimo, minúsculo. Ou pode parecer de suma importância também. É meio “mágico” um tropeço conseguir mudar tudo. A questão é que aquilo era o tipo de coisa que para os dois poderia significar muito, mas no final tudo no que resultaria seriam risadas envergonhadas, um pedido de desculpas e a minha fuga para longe. Eu não queria que as coisas fossem assim.

Não considero aquele o nosso primeiro beijo – seu caráter acidental e nem um pouco recíproco impedia-me de lhe dar tal classificação. Ainda assim, e ao menos para mim, ele foi como uma descarga elétrica: eu não era acostumada a toques de qualquer tipo, mas sentir seus lábios (o calor deles) se sobrepondo aos meus, ou melhor, tomar consciência de que isso ocorrera, fez meu coração palpitar loucamente quando nos afastamos o suficiente para nos encararmos nos olhos.

Tanto ele quanto eu tínhamos olhos arregalados e expressões de “desculpe-me, foi sem querer”, e Gray se mantinha deitado em cima de mim, apoiado sobre os joelhos e braços. De um modo ou de outro, foi aí, eu acredito, que ele finalmente parou para pensar algo como “Ah é, ela está fazendo isso tudo porque é apaixonada por mim.”, ou pelo menos foi o que sua expressão pareceu revelar. Enquanto sentia meu corpo esquentar, assisti Gray lentamente descer o olhar para minha boca, semicerrando os olhos.

Sim, talvez tivéssemos nos beijado de verdade se tudo seguisse naturalmente. Porém, para mim, parecia não haver momento mais errado para isso ocorrer. Um beijo, no meio de uma discussão tão importante e inacabada, seria mais um instinto natural da parte dele, uma “atração comum”, algo que iria começar e acabar ali, possivelmente apenas dificultando a continuidade da conversa. Assim, e com um peso no coração, antes que ele pudesse fazer qualquer coisa eu segurei os seus ombros e o puxei de vez para mim. Para um abraço, o que ele realmente precisava naquele momento.

O garoto então pareceu notar o que estava prestes a fazer, pois o senti ficar tenso em meus braços. Antes que eu mesma perdesse o bom senso, me tornasse da cor de um tomate ou algo do tipo, escapei pelo espaço entre a cama e seu abdômen e corri até a porta.

− Pense sobre isso, por favor. – eu lhe implorei. – Não concorde só porque eu disse que deveria ou diga que está tudo bem para Ur só para que ela fique bem. Pense mesmo, você tem tempo.

Voltei-me para a saída, abrindo a porta enquanto tremia de nervosismo, e pisei fora do quarto. Não sei identificar exatamente o que ouvi, mas tive a sensação de ser algo como um “obrigada”.

...

Não voltei ao segundo andar por horas, e não só por conta da “história do tropeço”. Na verdade, nem sabia como encarar Gray, e, verdadeiramente, não fazia a menor ideia do que se passava em sua cabeça. Era impossível para mim imaginar tudo pelo qual ele deveria ter passado, por mais que tentasse. Ainda que sua explicação tivesse sido o que poderia ser chamado de “curta e grossa”, tinha sido possível compreender (ou assim eu achava) a base da história.

Ur apareceu na cozinha quando, depois tomar banho e enquanto me preparava mentalmente para estudar, eu brincava com os restos do meu lanche – um sanduíche velho. Ela ainda não sabia sobre a conversa que eu tivera com seu filho naquele dia, mas ainda sim parecia querer tratar de algo relevante.

− Juvia, será que nós poderíamos... Falar do lado de fora?

− Claro. – eu coloquei o prato vazio sobre a bancada da pia. – O que foi?

Ela fez sinal de que não era nada de mais, mas para mim a impressão é de que era exatamente o contrário.

− É... Nem preciso dizer, não é verdade? – ela sorriu de leve e eu concordei.

Ur disse então que achava melhor termos privacidade nesse tipo de assunto, e além do mais estava na hora da caminhada diária dela. Peguei o mesmo casaco que largara na minha cama, mais cedo, e me preparei para o choque térmico ao sair na rua. O clima de meio para fim de outono já era bem gelado, o que tornava necessário, por exemplo, a utilização do sistema de aquecimento da piscina do Casarão. A maioria das árvores, nas calçadas por onde andávamos, já tinham perdido ou estavam perdendo suas últimas folhas.

− E então?

− Eu gostaria de agradecer novamente. – ela me olhou por um instante. – Percebi agora... Na verdade, acho que já tinha percebido, mas não tinha coragem de colocar em prática. Enfim, a questão é que não posso deixar que o medo de Gray, sua preocupação excessiva controle minha vida. Isso... Acredito que ele tenha te contado a história?

Soltei o ar com força. Uma grande coincidência tinha ocorrido, com ela vindo falar sobre isso logo após...

− Acabei de saber.

− Ótimo. É bom que ele tenha alguém além de Natsu em quem ele confie assim. – ela comentou e eu me impressionei pelo número reduzido de “confidentes” do adolescente. – Nunca quis que ele ficasse com isso na cabeça, mas acho que evitar o tópico talvez não tenha sido a melhor das estratégias. Hoje acho que se quero mostrar para ele que estou bem, preciso enfrentá-lo mesmo.

− E... Se está tão decidida, porque me chamou para conversar, e não a ele?

Ela parou de andar, interrompendo a conversa. Indicou uma entrada lateral entre duas casas antigas, e seguimos então pelo beco, em silêncio. O caminho levava à sem graça praia de Magnólia. Poucas pessoas ao menos se lembravam de mencionar que a cidade era litorânea, mas não era necessário que se dessem o trabalho: o mar era tão frio (especialmente em certas épocas do ano) que poucos tinham prazer em nele nadar, mesmo que durante o verão. Para não dizer feia, a costa de Magnólia era cinzenta e vazia, assim como a maioria das praias que não fossem as do sul de Fiore.

Ur sentou-se na areia molhada, um pouco longe do ponto até onde as ondas conseguiam chegar, e aspirou profundamente o odor marinho. Fiquei logo ao seu lado, em uma pedra sobre a qual pousei também a bolsa que carregava. Ao longe, era possível ver um pescador, ou algo do tipo, pulando sobre as enormes rochas que se erguiam acima do nível da água, no meio dela, e nas quais as fortes ondas se chocavam.

− Gray precisa parar de se fechar, e você parece ser a única determinada a forçar sua abertura. Ele...

− Desde o acidente que ele é assim?

Ur me olhou torto, inquisidora.

− Desde os pais dele.

Ela não entendeu quando eu me mostrei confusa. Talvez imaginasse que eu sabia mais do que Gray me contara.

− Espera... O que os pais dele têm a ver? Não tinha sido porque você se jogou no mar para salvá-lo e acabou por sofrer o acidente?

Ur apertou os olhos com força, notando que as coisas não eram tão simples com desejava.

Os pais dele morreram lá, Juvia. Naquela mesma praia. Gray... Depois que eu o adotei e tudo mais, ele me contou que eles trabalhavam em outras áreas, mas que eram mergulhadores no tempo livre. Foi em uma dessas excursões mais extremas para mergulho que uma tempestade destruiu o barco. Gray foi salvo, mas...

− Mas como os nomes dos pais dele não estão na lista de óbitos e tragédias? Procurei pelo sobrenome Fullbuster nela para ver se Gray tinha se envolvido em algum acidente.

− Deveriam estar. Acho que... Nunca acharam os corpos. – a última palavra pareceu ser dolorosa para ela, que estremeceu. – Enfim, alguns meses após a adoção, ele me pediu para que fizéssemos um passeio de barco por lá, algo como uma última despedida dos pais. Eu estava meio incerta, mas concordei. Não sei se estava tudo planeado em sua mente ou se foi uma reação de desespero, mas...

− Ele se jogou no mar para procurar os pais? – meu coração doía enquanto eu pronunciava tais termos.

− E para encontrar e se vingar de Deliora. Ele sabia da história e acreditava que o monstro poderia estar esperando que ele voltasse, com os pais dele presos e vivos.

Era complicado pensar em como, depois de ter passado por tanto, uma pessoa poderia estar na minha frente como Ur estava. Talvez fosse a milésima vez que eu assistia a outro ser humano chorar e sentia a vontade de fazer o mesmo.

Quando comecei a considerar abraçá-la, perguntar mais, ou simplesmente ter um segundo de paz em meio a tudo aquilo, ouvimos o grito. Um grito estridente e desesperado.

Já havia um tempo, eu notara, que não era mais possível ver o pescador com sua vara sobre as rochas, mas imaginara que ele tivesse ido embora. Varrendo a praia com os olhos, no entanto, não avistei seu chapéu de palha, nem a vara e nem a rede que ele segurava. No meio das ondas, enquanto desesperadamente o procurávamos, Ur foi a primeira a o achar.

− Vá procurar ajuda! – ela berrou para mim.

Virei-me para as casas, instintivamente, mas parando ao olhar para trás. Eu sabia que não devia a deixar sozinha ali. Meu subconsciente e minhas lembranças das expressões de Gray me alertavam de que aquilo não era uma boa ideia. Ao que pareceu, no entanto, os poucos instantes em que eu vacilei foram suficientes.

Eu saíra correndo entre as casas da redondeza, clamando por ajuda. Estava determinada a retornar logo. Assim que achei dois jovens andando de bicicleta e os implorei para que ligassem para a emergência, solicitando resgate, e então me acompanhassem até a praia, voltei em disparada para o local onde estávamos.

Só que Ur não estava mais lá.

Isso é, suas roupas estavam, mas a mulher em carne e osso não. Vasculhei todos os cantos da costa com os olhos, até consegui enxergar dois pontinhos se agitando na água.

Ur! − eu esperneava, com a voz rouca.

Ela tinha pulado no mar para tentar salvar o homem. Realmente, esperar o socorro não garantia sua sobrevivência, mas pular atrás do pescador (ainda por cima em temperaturas tão baixas e com as ondas tão fortes) era colocar sua vida no mesmo nível da dele.

Não era nada inteligente se jogar na água. Pior ainda, quando havia mais de uma pessoa para ser salva, as duas − ao que podia ser observar − estavam quase se afogando e não teriam força para nadar, e ainda por cima quando tudo o que se via eram borrões. Fui mesmo assim.

Os garotos tentaram me agarrar pela cintura, mas eu chutei, empurrei e provavelmente até os mordi para que eles me largassem. Gritei, antes de tirar as roupas e ficar apenas de camisa e meias, para que eles indicassem onde eu estava quando a ajuda chegasse, e que deveriam priorizar puxar Ur e o pescador para fora quando eu chegasse perto da parte rasa.

A temperatura estrema não me impediu de nadar desesperadamente até eles. Eu não podia deixar Ur, a mãe de Gray, Lyon e Ultear, a dona do Casarão, a atleta, se machucar. Também não deixaria o velho pescador para trás, nenhuma vida poderia ser ali perdida. Demorou razoavelmente até que eu os alcançasse. Lembro-me que Ur me ajudou, por um tempo, a remar de volta, mas perdeu as forças logo depois. A correnteza era forte demais. Os adolescentes cumpriram com o prometido e tiraram os dois adultos dos meus braços, o que me aliviou imensamente. Meu coração batia como louco, e, por alguns segundos, tudo o que vi foram alguns pontos pretos. Senti as pernas latejando de frio quando tentei me levantar para caminhar para fora da água.

Foi então que uma nova onda me engoliu e fui arrastada para a escuridão, para algum lugar totalmente desconhecido.

...

Gray P.O.V.

...

Bip, bip, bip... Headshot!”

− Ahá! Perdeu Gray, pela quinta vez! – Natsu levantou-se da poltrona ao meu lado e começou a dançar/rebolar.

Tentei rir ao observar o quão ridículo ele estava, ao menos para alegrá-lo. Sim, a cena era engraçada, mas... Obviamente aquilo era forçado. Era extremamente vergonhoso imaginar que, vendo o meu estado, Natsu tivesse surgido na minha casa naquele dia para tentar me animar. Isso era algo que ele nunca admitiria, mas o idiota tinha esse costume. Nenhum de nós sabia lidar diretamente com conflitos.

Ao notar que eu não reagiria nem à derrota (nem estava tão animado para jogar) nem à sua ridicularização, Natsu bufou, desistindo, e voltou a se jogar no móvel acolchoado. Ele não tentou iniciar nenhum tópico, e ficamos em silêncio, encarando o teto, o chão, a janela.

Havia muitos assuntos nos quais eu tentava não pensar a respeito. Toda vez que eu me lembrava de Ur, todos os conflitos recentes enchiam minha cabeça, e não conseguia parar de considerar o que Juvia me dissera. Eu tinha visto a expressão de minha mãe durante a gravação. Assim como tinha medo por ela, era terrível privá-la da... Felicidade? O que eu pensava deveria então ficar em segundo plano? Enfim, algo como o que a azulada dissera.

Azul. Era estranho, mas eu sentia uma dor no abdômen ao pensar nela, na cor dos seus cabelos quando ela saía da piscina, no maiô que ela repetia quase sempre durante os treinos. Não aquela dor simples, de raiva ou de excitação. Era como uma constante frustração, tristeza, compreensão, a lembrança de como ela tentava mostrar que me entendia, o seu calor. Isso conseguia vir a minha mente e dela sair em cerca de segundos.

− Natsu, você acha que...?

− Ah! – ele jogou as mãos para o alto.

− O que?!

− Você falou alguma coisa. Geralmente as pessoas tem aquele sensor de “silêncio constrangedor”, mas parece que desde uns tempos atrás você o perdeu. – ri um pouco do quanto a escandalização então parecia natural. – Enfim, continue.

− Você acha que eu estou errado? Em relação a tudo isso?

O rosado franziu as sobrancelhas, parecendo achar a questão complicada. Talvez, também tivesse um pouco de medo de expor sua opinião.

− Não acho que você esteja errado, é só que... Existem meios melhores de lidar com isso. E você está ferindo muita gente importante no meio disso tudo.

Eu chiei um pouco. Sabia que era verdade o que ele dizia, mas estava um pouco cansado da conversa e o modo como a maioria das pessoas fazia parecer que seria fácil para mim, que tudo não passava de teimosia da minha parte.

− Eu pretendo... Quero ajeitar as coisas, mudar algumas coisas para fazer tudo do jeito “certo”.

As palavras ainda me pareciam meio forçadas, mas o que eu pensava era basicamente aquilo. Desde as várias conversas que eu tivera com ela, com Ultear, com Natsu, eu começara a ouvi-los um pouco, e houve um ponto que, só querendo ficar sozinho, eu passei a considerar mudar meu posicionamento. Eu ainda tinha medo por Ur, achava que nunca conseguiria vê-la andar sem me lembrar de tudo, mas... Talvez tivesse que ”seguir em frente”.

− Posso lhe fazer uma pergunta agora?

Natsu estava cauteloso, meio triste e inseguro. Fiz sinal para que ele seguisse em frente, já imaginando do que se tratava. Em alguns aspectos que ele insistia, eu ainda não concordava com suas opiniões e estava meio... Perdido.

­− Juvia está inclusa nesse seu “plano de mudanças”?

Não respondi.

− Acho que você ainda deve algumas respostas a ela. Ok, ocorreram esses problemas, mas quando tudo acabar, como as coisas vão ficar entre vocês?

− Vão ficar como devem ficar, Natsu. Eu não sei, não acho que quero isso. Não sou dessas coisas. O que você gostaria que acontecesse?

− Nesse caso a decisão depende de você e não tem a ver com ética ou comportamento ou... Minha opinião não vai influenciar ou mudar alguma coisa. Mas ela é a primeira garota que já te enfrentou assim, sabe? Se ela não quisesse alguma coisa para valer não beteria de peito com você. Sabe que é verdade, e o que me faz insistir é que parece que tem alguma coisa da sua parte, também. Você não acabou de dizer que ela já sabe de quase tudo?

Eu havia contado os acontecimentos do início da tarde para Natsu – exceto certo momento. Já era noite, e eu não tinha visto ou procurado Juvia desce então. Ela provavelmente queria ficar sozinha, assim como eu. Não achava que deveria ir até ela até obter minha resposta final a respeito das nossas discussões.

− Ela é alguém importante, ok? Mas isso não significa que seja... Que eu deseje tudo isso. Nunca quis e acho relacionamentos e esse “amor meloso”, sinceramente... Você sabe que eu não aguentaria dois minutos na sua relação com Lucy. – ele riu de leve.

Deu de ombros, suspirando.

− Você que sabe. Ela é uma grande garota, e você não suporta ver os outros valorizando isso. Acho que isso já serve de razão para você parar para pensar. Sei que ela disse que você tem tempo e tudo mais, porém para essas coisas é mais complicado...

O telefone do primeiro andar começou a tocar, o que fez Natsu parar no meio da fala. Como não havia mais ninguém na casa, fomos obrigados a descer e corrermos para a cozinha ­– eu poderia não estar falando muito com minha mãe, mas sabia como ela odiava que não a atendêssemos e eu não sabia quem estava ligando.

Antes de atender a ligação, dei uma resposta a Natsu:

− Acho que já tenho muita coisa para lidar por agora, ela... Vai entender. Lembra? Tempo. Não posso demorar, mas também não preciso correr.

Coloquei o telefone no ouvido assim que Natsu revirou os olhos e foi até a geladeira murmurando que eu estava enrolando ela demais e que era melhor ele ir comer para não se irritar mais.

− Alô?

Boa noite, aqui é da recepção do Hospital de Fiore, quem fala está na residência de Ur Milkovich?

Estremeci, e Natsu voltou-se para mim, já com metade de uma cenoura dentro da boca. Não tinha nenhum trauma com hospitais, mas ouvir notícias, ou melhor, receber notícias diretamente deles nunca era um bom sinal.

− Sim, sou o filho dela. Aconteceu a-algo à minha mãe?

A mulher demorou a responder. Pude então ouvir o som dela folheando o que deveriam ser fichas de pacientes.

Não, não, nada sério. Ela apenas foi examinada e já está bem, foi liberada. O caso mais grave foi o de Juvia Lockser, fomos informados de que ela também é residente da casa...

Deixei que o telefone caísse no chão. O barulho provocado por ele não me afetou, estava perdido demais tentando controlar a minha respiração. De novo não. Natsu me balançou para que eu acordasse, estranhando meu comportamento.

− Gray!

Aspirei o ar com força. Não tinha tempo para pensar, não tinha tempo para ter dúvidas, não tinha tempo para fazer qualquer outra coisa que não fosse estar naquele lá, fazer o que eu pudesse e não pudesse.

­− Precisamos ir ao hospital agora.

...

Juvia P.O.V.

...

Acordei com a sensação de uma mão emborrachada segurando meu pulso. O cheiro de desinfetante dominada o ambiente. Aliás, desde que eu me lembrava, a minha primeira inspiração tinha sido extremamente dolorosa e eu percebera logo que havia algo dentro das minhas narinas. Alguém tinha gritado ao me ouvir tossir, chamando outros desconhecidos, mas eu não tive forças para abrir meus olhos. A sonolência me fez acordar e adormecer várias vezes seguidas, por um período indefinido, e eu nunca conseguia me mover muito ou enxergar algo (os olhos pesavam demais), não me lembrando também do que ocorrera da última vez que estivera em consciência.

Depois de algumas repetições desse ciclo eu já tinha forças e disposição para me perguntar o porquê de eu estar em tal situação, e exatamente qual era ela. O lapso de memória não era como os comuns, que gradualmente eu recuperava: havia um “buraco” em branco após eu entregar Ur aos adolescentes e antes de eu chegar ali. Já era suficiente saber que provavelmente ela estava bem, no entanto. Comecei a considerar que poderia estar em um hospital. O que ocorrera comigo? Eu só sentia um frio intenso, e era isso.

Em certo momento consegui me revirar na cama e finalmente abrir os olhos, balbuciar algumas coisas. Tinha finalmente “acordado”. A primeira pessoa que vi, no que confirmei que era um quarto de hospital, foi Ul. Ela tinha adormecido em cima de um livro da faculdade, tinha olheiras horríveis, mas sua mão ainda assim segurava a minha. Era tarde, pude ver pelas frestas da janela. Comecei a pressionar a palma de sua mão, tentando acordá-la. Enquanto tentava me soltar dos milhares de cobertores que me envolviam e então me faziam suar, tentei chamar seu nome:

U-Ul... Ultear... ­ − minha voz estava extremamente rouca, mas continuei tentando, em falha.

Depois de alguns minutos e quando eu estava perto de desistir e esperar que ela acordasse por si só, um garoto de olhos e cabelos negros até os ombros entrou pela porta do quarto. Ele segurava dois cafés e olhou com carinho para Ultear antes de, finalmente, me notar ali. Sua reação foi até meio cômica: ele pareceu não acreditar quando eu o indiquei ela e pedi que me ajudasse. Talvez ele fosse algum amigo dela, talvez o tal “namorado”. Me senti agradecida quando ele a balançou desesperadamente para que Ul acordasse.

Eles tiveram uma rápida conversa quando ela o fez, que começou com ela reclamando por ele tê-la acordado. Antes que ela pudesse dizer muito mais, no entanto, ele me indicou e ela sentiu minha mão apertando a sua.

­− Juvia? ­

Ela tinha os olhos marejados quando se aproximou de mim, e então comecei a pensar que algo sério talvez tivesse ocorrido.

− C-como você está? Está com frio?

Limpei a garganta, o que ajudou bastante, antes de falar:

− Não, está quente. Muito. ­– ela riu enquanto chorava um pouco e eu me abanava. ­– O que aconteceu?

Ultear, antes de me responder, foi até o um painel o lado da cama e apertou um botãozinho.

− Estou chamando os médicos para te examinarem. Juvia, você... Não sou a melhor pessoa para explicar o que aconteceu, mas você sofreu hipotermia média-grave. Depois de ser levada pelas ondas, você engoliu muita água e quando o socorro chegou você estava inconsciente e muito gelada. Te trouxeram para cá, junto com a minha mãe. Ah, mas ela estava bem, fique tranquila. Isso foi há dois dias, e você só acordou agora.

Dois dias? Eu ficara inconsciente por dois dias?!

Perguntei-lhe rapidamente sobre mais alguns detalhes, como a respeito do pescador, de Ur, do meu estado. Ela respondeu a tudo calmamente. Eu tinha ficado em uma espécie de “coma”, e não tivera ferimentos graves. Demorei a começar a recuperar a temperatura corporal normal.

­− E me desculpa por perguntar, mas quem é você? – eu me dirigi ao adolescente próximo.

Ele se envergonhou, corando e arregalando os olhos. Abriu e fechou a boca antes de, finalmente, falar algo:

­− Prazer, sou Rogue Cheney. Sou... O namorado de Ultear...? ­– ele não tinha muita confiança em sua resposta, franzindo as sobrancelhas e olhando para Ul.

­− Algo assim. ­– ela sorriu. ­

Se eu tivesse a disposição, teria gritado e batido palmas. Depois que ele se apresentara, eu o reconheci como o jovem que passara para as nacionais no dia em que Ul “saiu” para encontrar com alguém. Era adorável ele ter a acompanhado na visita ao meu quarto. Me contentei em sorrir antes de não aguentar e tossir mais um pouco. Eles pareciam preocupados, e foi então que me lembrei do questionamento mais importante:

− Como está Gray-sama? Onde ele está?

O rosto de Ultear murchou imediatamente, o assunto era entristecedor para ela.

− Gray... Está aqui. Ele não saiu do corredor desde que você chegou. – ela me encarou de soslaio.

Sinceramente, não soube se ficava feliz ou triste, a situação era delicada demais. Grave demais para eu pensar em muitas interpretações naquele momento. Antes que eu pudesse perguntar mais, no entanto, os médicos chegaram e começaram a me examinar. Enquanto o faziam, um baque surdo me chamou a atenção, e vi Gray me olhando com alegria e um desespero que me preoculpou, no corredor do hospital, pelo lado de fora da janela do quarto.

...

Fiquei “sob observação” no hospital por mais dois dias. No primeiro deles, eu já me sentia bem novamente, comendo como o habitual, falando e me movendo. Recebi a permissão de ter até três visitas no meu quarto nos horários em que isso era permitido.

Nenhuma delas foi Gray Fullbuster.

Ur, Chelia, Lyon, Freed, Cana, Mira, Ul e até Aquarius: todos tinham vindo falar comigo ou deixar presentes de “melhoras”. Ur me explicou melhor como eu perdera a consciência e a minha sorte por não ter me chocado em uma rocha como ocorrera com ela no passado. Quando questionei sobre ele, ouvi que estava na recepção e soube que perguntava sobre mim. Mas era isso, ponto final.

− Nós tivemos uma longa conversa enquanto você estava aqui, Juvia, por iniciativa dele. ­– ela demonstrava estar imensamente feliz a respeito disso. – Acho que ele se abriu um pouco graças a você, e tentamos entender os lados um do outro. Ele sempre teve esse... Medo de perder mais alguém. – ela olhou para minhas pernas sob o cobertor. ­– Vai acabar se acostumando com a ideia de que não vou ficar parada para sempre.

Fiquei feliz por ela e por ele também. Ainda assim, me sentia meio solitária por ele não estar vindo me ver. Não sabia se ele estava irritado por algo ou minha “quase-morte” o afetara, o lembrando do passado, mas desejava que ele tivesse se dirigido ao quarto ao menos para vociferar um “oi”.

− Ele está tentando criar o tempo que não teve. – Natsu me contou, mas não consegui entender do que ele falava.

No dia em que fui liberada, Ultear, Ur, Lyon e Gray vieram me buscar. Trouxeram mais uma muda de roupas, vieram de carro e Gray pela primeira vez me viu (desde o momento quando eu acordara). Ele ficou no canto do cômodo enquanto os outros se preocupavam em checar cada centímetro do meu corpo para verem se eu realmente estava bem.

Sentei-me ao lado dele no carro. Como de costume, o cabelo estava bagunçado, então molhado, e ouvia música. Fora do costume, ele estava com olheiras semelhantes às de Ultear, no outro dia, e apenas encarava o chão do carro. Enquanto eu analisava seu rosto, com saudades não só dele como de tudo o que tínhamos antes de todas as confusões, ele se virou e me encarou. Não foi um olhar incomodado. Ele olhava para o meu rosto, buscando algo, e suas pupilas estavam dilatadas, demonstrando estranha intensidade. Gray desviou o olhar antes que eu pudesse notar algo mais.

Assim que chegamos à frente do Casarão, no entanto, subitamente ele agarrou minha mão. Evitou que eu desse um gritinho ao me lançar um olhar repreendedor. Enquanto todos saíam do carro e se preocupavam em pegar a minha bagagem, ele me puxou para fora do veículo e me arrastou para dentro do Casarão, sem se preocupar com os olhares inquisidores que a nós foram dirigidos.

− Gray-sama! O que você quer?! – esperneei quando já estávamos no corredor do andar superior.

Ele então me conduziu até o seu quarto, mais carinhosamente, e me sentou no chão, ao seu lado. Notei que ele não tinha um olhar apenas intenso, ele não só olhava para mim, como corpo, de um modo diferente: ele estava tímido, confuso. As bochechas coraram assim que ele se viu sozinho comigo, apesar da feição ainda ser dura.

− Eu... Precisamos conversar.

− Sobre?

Ele se aproximou mais.

− Você estava certa. Sobre não adiantar de nada eu “prender” minha mãe, e que se algo acontecesse a ela só estaria mais vulnerável. Percebi que eu só tinha que observar as coisas mais de perto, o melhor jeito de ajudar é estar por perto.

Achei fofo o modo como ele parecia ter dificuldade em se desculpar, sorri para ele, mas não entendi quando ele me impediu de sair do quarto, mesmo após ficarmos em silêncio. Eu não sabia o que falar, não depois de todas as brigas (que em especial ocorreram naquele quarto), e achava que deveria ir embora. Ele também estava quieto. Era difícil nos imaginar retomando as conversas do passado como se nada tivesse ocorrido.

“Gray tem... Esse terrível defeito de só dar valor às coisas que ele se importa quando está prestes a perdê-las.”.

Eu não soube dizer o que tinha dado nele quando avançou em minha direção e sugou meus lábios com força. A sensação foi de que, de um momento para outro, ele simplesmente surgira colado a mim. Não entendi. Não sabia se ele queria provar algo ou agradecer ou só sentia pena. Foi tão rápido que tudo em que eu pensei inicialmente foi em como era bom sentir ele me puxando para perto pelas costas e a sua mão no cabelo atrás da minha orelha.

Se eu tivesse tido tempo para raciocinar, talvez tivesse me complicado pensando em como fazer as coisas, onde colocar as mãos. No entanto, ele começara tudo e tomara o controle, e mesmo que eu não soubesse muito bem o que ele estava fazendo com a boca ou o corpo, tentei me adequar ao ritmo.

Mas... O que?

Empurrei-o com força. Segunda vez que o rejeitava. Ele franziu as sobrancelhas enquanto apertava os lábios que tinham ficado avermelhados. Limpei os meus com raiva, tentando não me lembrar da sua saliva ou do modo como ele me apertara.

Eu não quero isso. ­– murmurei. – Eu não sei quais são suas intenções, mas eu não quero que me beije para que voltemos a nos dar bem ou apenas por que você “está afim”! Toda vez que você faz uma coisa dessas, eu penso que posso ter uma chance! Qual é o seu problema?! Você sabe muito bem qual é a situação.

O silêncio de Gray era irritante. Achei que assim ele fosse se manter assim, como sempre. Ele levantou o olhar da minha boca para os meus olhos, enrubescendo ainda mais, e vacilava ao tentar vociferar o que quer que fosse que queria.

Argh! Eu odeio essa situação! – ele puxou os cabelos da nuca, respirou fundo, olhou para mim mais uma vez. – Juvia... Você sabe que não sou bom com essas coisas. Sentimentos. Não dá para entender o que eu quero dizer pelo que acabei de fazer?

Neguei com a cabeça. Já tinha desistido de tentar deduzir tudo o que se passava por sua mente.

− Se eu tentasse descobrir tudo pelo que você faz... Já tinha me perdido muitas vezes. – ironizei, machucando-me com minha própria piada. – Gray-sama, eu não quero que isso aconteça a menos que seja de verdade. Me desculpa, mas é assim! Eu não compreendo o que você quer, e não quero mais ser a única a tomar a iniciativa!

Gray parecia ter se frustrado com minha resposta. Sentia que nós estávamos nos afastando cada vez mais do tópico que era o alvo da conversa, e ele preferiu então de expressar do modo possível.

− Você... É importante, ok? – não respondi quando ele me olhou, inseguro. – Tipo, mais que o normal. E você me ajudou muito, mesmo que essa conversa não seja sobre minha mãe. O que eu disse inclui você: acho que o melhor jeito de proteger coisas importantes talvez seja se aproximando, e não afastando delas ou as afastando de algo, como pensava antes... Entendeu?

Tentei me acalmar, dizendo ao meu subconsciente que não podia levar o que eu ouvia a sério. Nunca era sério.

− Você precisa me dizer com todas as palavras o que você quer... E de uma vez. Eu estou... Cansada, Gray-sama.

Ele se desesperou um pouco ao notar algumas lágrimas nos cantos dos meus olhos. Teria rido da situação, em outro momento, pois me lembrava Gajeel e seu terror à “exageros femininos”. O Fullbuster se inclinou para perto, colocando uma mecha do meu cabelo para trás, e, com uma expressão esquisita, tentou mais uma vez:

Errrr... Tem aquela coisa do coração palpitando, sabe? E o nervosismo, e o desejo físico, e a amizade, o c-carinho... – ele parecia ter nojo das próprias palavras.

O riso que saiu da minha boca foi um misto de confusão e tristeza: para desviar do assunto e fugir do importante, muitas vezes as pessoas o faziam. Eu não iria acreditar, não... Pode parecer artificial ou besteira de minha parte, mas na realidade as pessoas simplesmente não sorriem e se beijam logo após a declaração: há aquele período de tempo em que não se acredita no que está acontecendo, é vergonhoso imaginar que pode-se estar compreendendo tudo errado. Gray provavelmente viu esse medo no meu rosto, e foi quando se aprumou sobre mim.

− Sabia que isso não ia dar certo. Não sou tão bom com palavras.

Lentamente, ele aproximou nossos rostos e encostou sua testa na minha.

− Gray-sama, se você fizer isso eu posso achar que...

Pode achar o que você quiser... – ele murmurou no meu ouvido, quase soprando.

Foi aí que a ficha caiu. Meu amor não era mais platônico? Estranho. Do nada assim? O que eu tinha feito? Para completar, ele puxou meus braços para seus ombros, e, roçando seu nariz no meu, tentou perceber se havia uma abertura para se aproximar mais.

A resposta foi óbvia.

Mais uma vez ele me puxou para perto, mas então foi diferente: havia a minha participação. Senti meu corpo pulsando da cabeça aos pés quando ele me deitou sobre o chão, as mãos na minha cintura, e me beijou muito mais profundamente do que antes. Senti de perto o cheiro que sempre achara maravilhoso, passando as mãos entre os fios de seus cabelos.

O que seria de nós depois dali? Digo, seríamos diferentes, mas como retomaríamos as conversas, como ele me trataria? Tentei deixar as preocupações para depois, ao sentir suas mãos subindo e descendo pelo meu tronco.

A lembrança da respiração presa, a sensação da pele do seu rosto no meu. Fechar os olhos e querer que durasse para sempre. Gray saiu de cima de mim lentamente, voltando a se sentar. O ar gelado penetrou no espaço entre nós.

− Eu quero ficar com você.

Aposto que fiquei tão vermelha quanto ele. Como uma boba, tudo o que eu consegui foi esboçar um sorriso pateta, me aproximar com o primeiro traço de confiança e dar-lhe um selinho. Ele riu quando repeti o ato várias vezes, e enxugou as lágrimas que corriam por minha face. Nem tinha notado, mas o alívio de saber que já tinha “conquistado” o que queria me fizera chorar. Ambos estávamos precisando de momentos mais “idiotas”.

− Que bom que entendeu. – ele sorria de canto, com uma expressão de divertimento, ao me observar balançando de alegria em meu lugar.

Achei que ele parecia satisfeito. Provavelmente, depois de alguns minutos iríamos descer e falar coisas que eu não sabia quais – não tinha a menor ideia de como encararia Ur depois daquilo. Eu, no entanto, queria mais um tempo ali. Pode ser o tipo de coisa que uma garota obcecada falaria (tudo bem, eu era mesmo), mas para mim não tinha sido ”suficiente” ainda, o que me levou a beijá-lo outra vez. Eu tinha esperado tanto...

Não sabia se ele se comportaria como na primeira vez, se me afastaria, mas ele acabou entrando no clima rápido. Quando tentava recuar, eu o puxava pela gola da camisa para perto. Daquela vez fui eu que me deitei sobre ele, em um beijo mais lento e com paradas para que ríssemos, e pude sentir algumas coisas que antes não fora possível. Sua boca ressecada. Ver de perto as olheiras que depois descobrir que haviam sido culpa do meu acidente; o cabelo um pouco mais curto que o habitual.

Pela intensidade do momento – aquele era o momento −, minhas mãos se guiaram para a barra da sua camisa. Ela já estava meio retirada, eu soltara meus cabelos e o ajudava, e ele começou a dirigir os beijos para o meu pescoço...

− Gray, Juvia, não sei sobre o que é a conversa, mas...

Ultear havia aberto a porta sem bater. Nos viu naquela posição extremamente vergonhosa. E derrubou o copo de plástico (ainda bem) que tinha em mãos. Nos apressamos para voltarmos à posições normais, mas não pareceu fazer diferença. Ul estava em um mundo paralelo, em êxtase. Ela então deu um riso histérico, se voltando para o corredor. Quando percebemos o que ela faria, cambaleando desesperadamente para alcançá-la, já era tarde demais.

Finalmente! Gray deixou de ser assexuado! – ela berrou.

Virou-se para mim, deu uma piscadela, murmurou um “Muito bem, Juvia!” e correu para o andar de baixo, provavelmente para contar a história para todo mundo.

É, eu não tinha mais razões para me preocupar em como contar tudo para Ur.


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Notas finais do capítulo

TTTT_TTTTT Finalmente escrevi essas cenas, demorou demais... Foi enorme, não?
O que acharam? Sério, preciso de opiniões pq estou surtando com a minha própria história. Gente, Gruvia é maravilhoso *0*. (Não por causa da fic nem nada, só é kkkk). ELES FINAMENTE FICARAM JUNTOS!
O que acharam do casal com Ul? Vou explicar melhor a relação deles depois. Espero que vocês gostem dos ships que eu literalmente "criei".
ok, parei.

Eu tinha planejado postar esse e o outro cap que falta no feriado, tinha ajeitado tudo... mas aí meu pai virou e disse que íamos viajar para o interior. Eu fiquei tipo: "mas pai... Eu gosto do interior, mas eu tinha me programado toda para... ". "Mas você vai".
E assim eu só escrevi o início desse cap no feriado. Qualquer mensagem de ódio em um review enviada deve ser, logo, endereçada a ele kkkkkk.
Acho que por causa disso infelizmente não vou poder postar o último capítulo antes de viajar.... Mas daqui dá para esperar um pouco, não?

Obrigada a todos os que comentaram/favoritaram/começaram a acompanhar. Prometo citar nomes depois, mas tem muita coisa para falar e tenho de dormir, já madruguei ontem para terminar essa budega (adoro essa palavra hehe).

IMPORTANTE IMPORTANTE IMPORTANTE
(todos os avisos nas notas finais de agora em diante serão MUITO IMPORTANTES, fiquem atentos kkk)
Como a fic daqui a pouco completa um ano e estamos nesse finalzinho... Ai, não consigo me segurar e tô me achando muito chata.

Pausa aqui: pessoas, vcs me acompanhariam em uma segunda temporada? (Eu tenho ideias para uma eternidade.)


Enfim, continuando kkkk. Como vai ter o aniversário da fic e eu queria fazer uma coisa legalzinha para vocês, além dos extras, vou lançar uma proposta:
Até o fim da minha viagem (daqui a um mês), todo mundo que comentar NESSE capítulo pode fazer um pedido sobre o que gostaria de ver na fanfic. Tipo, se você tem uma cena ou algo que quisesse que ocorresse. Vai ser mais ou menos como no especial de natal do ano passado, só que agora... Não vai ter votação. Vou sortear um pedido sem olhar e vai ser o que tiver de ser.
Agora vem a parte chata (as regras kkk):

— Sobre hentai e traições, já estão avisados.
— Infelizmente, não valem pedidos em que aparecem personagens ainda não apresentados. Tipo, alguém me pede que Mest apareça. Mas quem sabe lá para frente ele não é o primo mexicano de Jellal que vai tentar roubar Erza dele? (ou algo do gênero) kkkk

Fora isso, acho que vale tudo (inclusive AUs). Por mais que eu não fosse expôr caso isso ocorresse, eu posso sortear e rejeitar uma ideia se ela se encaixar em um dos casos acima ou por algum motivo pessoal.



Beijos e espero vocês nos comentários ;).