Somebody To You escrita por CarolHust


Capítulo 13
O Caso de Juvia Lockser. - Visitantes indesejados.


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Novamente, o capítulo ficou enorme!! Mais trabalho para mim, mais diversão para vocês! Não? Ok T-T
kkkk enfim, gostaria de agradecer a: Neko Erza, Juliana Daniel, Babi Petrova e Tha, por favoritarem/acompanharem a história. E, claro, a todos os que comentaram! Inclusive à Liga dos Unicórnios, a nova leitora! Enfim, a todos vcs: tenho preguiça de escrever todos os nomes por extenso mas sintam-se todos aqui citados: Urabe, Peters, Carolina, Nataly e Mih. hehe
Aqui está!



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A notícia da minha entrada no time não demorou muito a se espalhar. Melhor dizendo, em alguns casos, como o de Gajeel, as pessoas souberam poucos minutos após todos sermos liberados. Segundo ele, fora proibida a entrada de pessoas que nada tivessem a ver com o clube, então ele não pudera assistir nada.

– Mas e aí, como foi? – perguntou ele. – Confiante como sempre?

Meredy caminhava ao nosso lado. Gray havia ficado para trás, conversando com a treinadora a respeito dos horários dos treinos. Ao que me parecia, eles seriam toda terça e quinta. O que significava que a partir daquele momento o único dia consideravelmente livre durante os dias de semana (por que ainda havia o trabalho) seria a sexta.

– Ela pode até ter sido no passado, mas estava toda nervosa quando foram dar os resultados. – Meredy riu debochando. – Como se fossem eliminar ela depois de ter sido a primeira com uma grande vantagem.

Corei enquanto – mesmo que eu não desejasse isso – o orgulho enchia meu peito. Sim, eu estava com vergonha pela minha preocupação sem sentido. Mas também... quem não se sente mais feliz ou capaz quando é elogiado? Na quantia certa, isso fazia muito bem a todos.

E isso me lembrava de muitas coisas. Talvez ser muito elogiada fosse de certo modo perigoso. Quando se sente ser o melhor, muitas vezes as pessoas perdem a noção, como eu já vira ocorrer com alguns atletas ou gênios de diversas áreas. Em alguns casos, a mudança ocorrera diante dos meus olhos. E graças ao que quer que seja que me deu essa sorte, Gajeel nunca se tornara mesquinho nem nada do tipo. E nem eu, ou pelo menos nunca percebera isso em meu comportamento.

Mas essa reflexão não cabia na situação ou momento. Balancei a cabeça para afastar os pensamentos.

– Ge-he, então significa que tudo correu bem.

– Acho que sim. O treino foi uma loucura, apesar de eu ter entendido o propósito da treinadora. E a Meredy também passou. – disse.

– É, mas ainda tenho muito a melhorar. Se não fosse por uns dois segundos nem no décimo lugar eu estaria. – apesar de feliz, ela perecia preocupada.

A preocupação dela era válida, considerando que eu também me sentia assim e realmente ela correra certo risco, mas a reconfortei lembrando-lhe de que ela nunca nadara competitivamente. Ela não se convenceu completamente, mas acredito ter melhorado seu humor um pouco.

– E você? – indaguei a Gajeel. – Pronto?

Ele confirmou com a cabeça.

– Sempre. Acho que vai ser por volta das três, então você vem, né?

– Claro.

“E talvez com mais alguém...”, eu pensara. Levy verdadeiramente parecia interessada em ir. E eu, naturalmente, adoraria surpreender Gajeel. Mesmo que eu achasse que ele fosse ficar feliz, e não irritado ou qualquer outra coisa.

A conversa não durou muito mais. Eu teria de correr para o trabalho, que começava cinco horas. Mesmo já tendo tomado banho no vestiário feminino, faltava pouco tempo. Despedi-me deles e corri para a estação.

Chegando ao café, Mirajane imediatamente veio me perguntar a respeito do teste. Eu havia entrado pela porta dos fundos, e estava cruzando a cozinha em direção aos armários. Laxus estava atrás do balcão, preparando sabe-se lá o que. Como na maioria das vezes, ele não falara muito, mas me cumprimentara. Ele não sorria nem nada do tipo, mas achava o gesto muito gentil, pois se repetia todos os dias.

– Ah, não acredito! – a garota dava pulos de felicidade. – Estamos tão feliz por você. Não é, Laxus?

O loiro estava muito concentrado girando uma panqueca.

– Isso aí...?

Mira deu um sorriso simpático esperou ele terminar o prato para lhe dar um cascudo forte. Não era a primeira vez que eu a via repreender Laxus por algo.

– Ei! – ele reclamou, mesmo que não parecesse irritado. – E sim, que bom que você conseguiu, Juvia.

– Obrigada. – eu disse e fui me trocar.

Como sempre, o trabalho foi tranquilo. Muitos clientes, muitos pedidos, muita correria. Mira me chamara ao final do expediente para perguntar-me a respeito de um evento no restaurante. Ao que parecia, eles estavam desenvolvendo diferentes atividades no local para aumentar o sua popularidade.

– E o que você acha de fazermos um dia de cosplay?

Já notei que eu não gostaria muito da ideia. Mirajane era o tipo de pessoa que ficava feliz ou excitada pelos motivos mais estranhos.

– Acho... tenho outra opção? – indaguei.

– Que bom que você já está entrando no ritmo. – ela disse ignorando minha má vontade e colocou um de seus braços em volta dos meus ombros. – Agora imagine: todas nós de power rangers... ou melhor! Que tal as meninas superpoderosas? Poderíamos fazer grupinhos e cada um representaria um desenho ou anime.

E tudo o que eu pude fazer foi me conformar com a ideia. Não tinha como discutir com ela. Quem sabe não fosse tão ruim como parecia.

...

Naquela noite o jantar fora especial. Com a volta de Lyon, ele passara a ser o responsável pelos jantares de segunda. E ele havia preparado meu prato favorito para comermos: lasanha. A minha vontade foi de agradecê-lo um milhão de vezes ao entrar na casa. Eu me animara e esquecera todo o cansaço do dia.

– Quem é a nova integrante do clube de natação? – ele gritou de dentro da cozinha.

A brincadeira infantil me animou, e eu corri para seu lado sorrindo. Abracei-o.

– Obrigada! E pelos treinos também.

Ele me afastou um pouco e colocou uma mecha do meu cabelo para trás da orelha. A outra mão estava na minha cintura.

– Não foi nada. Mas não pense – e nesse momento seu tom era sarcástico. – que só por que você passou vai conseguir vencer da Lamia.

– Ah, mas é claro que eu nunca nem imaginei isso. Vencer de time de Lyon-sama... impossível. – eu balançava a mão no ar gesticulando.

Caímos na gargalhada, enquanto nos mantínhamos na mesma posição. Só nos soltamos quando ouvimos passos. Olhando para trás, me deparei com Gray, que nos direcionava um olhar estranho.

Me sentei imediatamente. A vergonha tomava conta de mim enquanto eu lembrava a mim mesma que era impossível Gray sentir algo como ciúmes. Eu não tinha nenhum problema com complexo de inferioridade ou algo do tipo, mas não achava que Gray fosse do tipo que caísse nos encantos de uma garota rapidamente (ou facilmente). Principalmente, e isso não se poderia negar, de uma garota tão desastrada quanto eu.

Mas ele pareceu relutante em abandonar a posição e olhar de desconforto. Principalmente ao citarmos os treinos extras. Como eu já esperava, não foi só ele: Chelia estufou as bochechas em um claro desagrado.

– E quando vocês combinaram isso? – perguntou Gray.

– Eu que sugeri. – Lyon colocou os dois cotovelos sobre a mesa com uma expressão presunçosa.

Gray desviou o olhar com o rosto corado. Sendo raiva ou alguma outra coisa, ele estava afobado.

Quando acabamos o jantar, fui tomar banho. Foi bem tranquila essa parte da minha rotina naquele dia, considerando que eu era a única que estava suja. Ur nem parecia ligar mais para a questão de jantar de banho tomado. A regra era infligida sete dias por semana, sem falta. E quando eu me dava conta disso, verdadeiramente tinha pena dela. Viver com adolescentes não era lá a coisa mais fácil.

Eu relembrava a conversa que ocorrera durante o jantar. Meu dia a dia seria bem mais corrido a partir daquele momento. Gray me informara que os treinos na escola seriam das uma e meia ás quatro, e que começariam na quinta feira da mesma semana.

Só esperava que não houvesse tantas confusões.

...

Na manhã seguinte, a maioria do “nosso grupo” veio me parabenizar. Não que fosse um feito tão grande, considerando que a maioria da sala tinha um papel de destaque em algum esporte ou clube. Até Levy, que se dizia neutra nesse aspecto, ajudava o clube do jornal com resenhas literárias. E Erza, que já havia se candidatado ao posto de presidente do conselho outra vez, ainda que as eleições fossem apenas dois meses à frente, já havia ganhado diversas medalhas em judô.

No horário do intervalo, estávamos sentadas nós três, já que os garotos haviam sumido e Lucy, Lisanna e Mirajane foram organizar os testes para as líderes de torcida.

– Você vai ficar para mais tarde, Levy?

A garota engoliu seu sanduíche com dificuldade.

– Vo-você quer dizer, para os testes do clube de karatê?

Eu concordei com a cabeça.

– Acho que sim. Ele... teria de voltar sozinho, né? – ela enrubescia ao falar.

Ri enquanto ela se atrapalhava ao se levantar e ir jogar seu lixo fora. Ela disse que precisava ir à biblioteca fazer algo, e eu fiquei em dúvida se não era apenas uma desculpa para ir embora. De todo modo, acabamos por ficar apenas eu e Erza.

Nenhuma de nós duas era de falar muito, então muitas vezes ficávamos apenas comentando aquilo que passava. E nos mantemos assim por alguns minutos. Mas havia algo que tanto eu quanto ela queríamos falar a respeito.

– Bastante responsabilidade, não é? – perguntou ela. – Digo, estrear como um dos destaques da Fairy Tail logo nas primeiras competições.

– Acho que sim...

Erza parecia conseguir ver coisas imperceptíveis no mais exterior. Sim, eu estava muito feliz, mas havia o outro lado da moeda. Por razões não tão antigas, grandes responsabilidades me deixavam insegura, mesmo sendo a Fairy Tail do jeito que era. Mesmo que eu houvesse decidido esquecer tudo aquilo e estivesse sendo bem sucedida.

E não havia ninguém melhor do que a Scarlet para falar a respeito disso. Só de ver como todos a reverenciavam, de certo modo eu visualizava o meu desconforto caso estivesse em seu lugar.

– Você não... cansa, Erza? De sempre ser o exemplo?

Ela pareceu pensar brevemente, logo me dando um sorriso tranquilizador. Eu não sabia se ele era forçado ou não.

– Acho que nem sempre toda essa pressão é boa, mas se você se esforçar e fizer seu melhor, a maioria das pessoas vai te reconhecer. Mesmo que você tropece e nem sempre consiga atender a todas as expectativas colocadas sobre você, seus amigos de verdade não vão ligar para isso.

Amigos de verdade. Esse era um assunto engraçado.

– Verdade. – eu menti.

Por que... bem, aquilo não era o que havia ocorrido comigo.

...

Meio dia e meia fomos liberados, e enquanto o tumulto de alunos saía em direção às portas da frente, eu e Levy fomos para o refeitório almoçar. A comida da cantina não era a das melhores, pelo menos ao que tinham me informado, mas os testes começariam logo, então tínhamos de ser rápidas.

Corremos para a entrada do ginásio dirigido às artes marciais, porém a porta estava fechada e com um grandalhão na frente.

– Com licença... – eu balbuciei.

O garoto baixou os olhos e perguntou o que queríamos. E por mais estranho que parecesse, ele se disse um aluno.

– Nós queríamos assistir os testes.

– Um... amigo nosso vai participar. – sussurrou Levy.

– Sinto muito, mas vocês não vão puder entrar. É uma regra da escola esse ano que os teste sejam “secretos”.

O garoto foi rígido em sua resposta. Não parecia ter grande influência no clube, apesar de seu tamanho. Isso deduzimos pelo modo como ele se referia ao capitão do time como figura superior.

– E agora? – perguntei a Levy.

Ela suspirou.

– Agora... ou esperamos ele ou vamos embora.

Ao ver minha expressão de desagrado ela levantou os ombros como se não soubesse mais o que fazer. Até que...

– Talvez... venha comigo. – ela me conduziu pela mão até a área esquerda do ginásio. – Quem sabe eles ainda não tenham tapado... Aqui!

A pequena me mostrou o que vinha a ser uma rachadura grossa na parede. Se nos aproximássemos o bastante, era possível ver o lado de dentro. Agachamo-nos e observamos os garotos sentados no tatami. Todos vestiam kimonos brancos.

Eu já estava acostumada, mas era um pouco estranho ver Gajeel com aqueles trajes. Ele prendera o cabelo em um rabo de cavalo e cumprimentava o professor/treinador.

– Como é que esse buraco surgiu? – eu perguntei a Levy.

Ela perecia absorta enquanto o moreno cumprimentava seu primeiro oponente.

– Ano passado um dos componentes do clube era bastante estressado. – Gajeel dera o primeiro golpe. – Ai... e ele se revoltou por que não foi escolhido como o capitão do clube, então... pelo que a lenda diz, ele chutou essa parede e a fenda se abriu.

Ela riu desviando os olhos da luta.

– Ou simplesmente foi a idade do prédio, a chuva e o fato de que um desses veículos de construção, que estava ajudando na reforma de algumas partes do colégio, esbarrou aqui.

– Acho mais provável.

– Mas ainda é um mistério. Enfim... o garoto era bem esquentadinho mesmo.

Gajeel acabara de vencer o seu primeiro oponente. Ao que parecia, todos lutariam entre si para se definirem os melhores. E nesse grupo se incluíam os membros do clube.

– E quem é esse garoto? – eu perguntei.

Levy varreu os olhos por todo o local, até soltar um gemido amedrontado.

– O mesmo que acabou de se levantar para lutar contra Gajeel.

E eu não poderia dizer que ela não tinha razão em temer por ele. O garoto era enorme. Não um enorme gordo ou musculoso, mas uma mistura dos dois. Aquele tipo de pessoa que já nasce alta e larga. Eu confiava em Gajeel, e daquela vez não seria diferente, mas tive de reconhecer o oponente. Internamente, eu temia um pouco por ele.

A luta começou e nós nos mantemos em silêncio ao observá-los. Eles ficaram se analisando e circundando um ao outro por muito tempo. Eu não sabia muito de karatê, e acredito que nem Levy, mas ambas sussurrávamos quando a luta realmente começou. E Gajeel foi derrubado nos primeiros cinco segundos.

Fiquei chocada. Geralmente a situação era a inversa. A cena se repetiu algumas vezes, e Levy roía as unhas ao meu lado. O placar estava três a zero. Não havia muitas chances do jogo virar, mas ainda havia uma possibilidade.

Nem sempre isso ocorria, mas Gajeel já utilizara-se de uma estratégia um tanto quanto peculiar, nas vezes em que não conhecia muito bem o oponente e fisicamente estava em desvantagem. Isso só se confirmou quando, apesar de imobilizado, ele soltou um “ge-he”.

Depois disso apenas me deleitei ao vê-lo, em uma velocidade incrível, derrubar o oponente. Levy, ao meu lado, vibrou. Dos três pontos seguintes, todos foram dele. E já estava feita a sua vitória.

Não que fosse nada elaborada a sua estratégia: ele simplesmente se permitia apanhar para perceber os pontos fracos do oponente. Não era a primeira nem a segunda vez que alguém se utilizava desse plano, mas mesmo que o outro lutador notasse a situação, não havia como evitar. Se ele não atacasse para marcar, Gajeel ficaria imóvel, o tempo se esgotaria e seria empate. Ou seja, basicamente, noventa e nove por cento das vezes, Gajeel vencia. E era por isso que fora o campeão nacional na sua categoria no ano anterior.

Depois daquilo, não houveram outros grandes desafios. O capitão, que tinha grande técnica e do qual eu já ouvira falar, empatou com ele. Não havia como comparar a força dos dois: seus pesos eram muito distantes. Talvez se Gajeel não fosse tão pesado, o capitão venceria. Talvez pelo seu menor tamanho e com isso agilidade, o mesmo tenha tido uma vantagem.

Mas o que importou para nós duas, e o motivo pelo qual Levy sorriu orgulhosa, foi que ele passou. Corremos para a porta da frente do ginásio, tomando cuidado para não sermos vistas pelo grandalhão da frente. Levy tinha os olhos brilhando quando Gajeel se aproximou e gesticulamos chamando sua atenção.

– Por que vocês não entraram? – ele olhava para mim, mas era claro que seu desejo era que ela estivesse lá dentro.

– Eles não deixaram nós entrarmos. O mesmo motivo de ontem. – eu disse. – Mas nós arranjamos um jeito de assistir.

– Como?

– Eu conhecia um lugar de onde dava para ver tudo. - afirmou Levy.

Ele apenas ouviu enquanto relatávamos a nossa experiência clandestina. O modo como eles agiam misturado por tudo o que eu já havia observado previamente me fez pensar... se havia alguma possibilidade de eles estarem se gostando/começarem a se gostar.

– Eca. – eu sussurrei.

– O que? – eles perguntaram.

– Nada... mas enfim, como foi?

...

Depois de terça, a semana fora consideravelmente tranquila. Eu havia me aproximado notavelmente de Lisanna, a irmã de Mirajane. Não tínhamos nos falado tanto assim, porém nossos gostos e personalidades eram compatíveis. Era perceptível que ela tinha uma queda por Natsu. E – ainda que eu não tivesse pedido por detalhes -, ela me contara algumas coisas.

Basicamente, ela fora apaixonada por ele durante anos, e desistira. Se conhecendo desde crianças, sempre andaram juntos, mas ela achava que não fosse dar certo.

– Acho que o Natsu não pensa muito nessas coisas. – ela disse. – E mesmo que pensasse, não seria comigo. Ele é bem mais próximo da Lucy do que de mim, hoje em dia. E olhe que ela entrou ano passado no colégio. Além do mais, até eu não consigo nos ver como um casal.

Seu tom certamente era melancólico, mas ela não parecia estar em conflito interno. Mesmo que ainda não tivesse obtido sucesso total, ela estava decidida. Mas claramente uma das coisas que mais me irritou – e isso não era novidade - foi o posicionamento de Lucy na história. Estando ela interessada nele ou não, em Gray ou não, não era correto ficar bambeando entre os dois.

Procurei esquecer isso enquanto lanchava com Gajeel. Ele, que só teria treinos na semana seguinte, conversava comigo sobre meu clube.

– Ah, e você já teve a chance de usar o meu presente, Juvia? – ele claramente me provocava.

– Que presente? – perguntou Natsu ao se sentar do nosso lado.

Minha vontade era de esconder meu rosto embaixo da terra. O presente do qual ele falava, era o maiô “indecente”, o que eu vestira no dia do meu primeiro treino no Casarão. E que fizera questão de nunca mais usar.

– Aposto que o senhor-sama ia adorar.

Natsu parecia confuso. Não tive vergonha de dizer o que disse em sua frente, já que não havia a mínima possibilidade de ele entender algo.

– Infelizmente, sim, eu o usei. – eu me levantei da mesa. – E não, Gray-sama não disse nada a respeito, ele não é um tarado.

Me lembrei do dia em que Gray me vira no trabalho. Ele não era tão tarado.

– Mas que bom que você me lembrou. Agora vou ter a chance de incinera-lo.

E me levantei, deixando os dois lá.

...

Lucy havia ficado naquela tarde, pois seriam os testes para as líderes de torcida. Depois de almoçarmos juntas, a garota pareceu fazer questão de me acompanhar até a porta da piscina.

– ... mas você não acha que ele é bem melhor do que o outro?

Eu já nem sabia mais do que ela falava. A garota parecia se esforçar para puxar assunto, mas minha raiva apenas crescia. Me lembrei da fala de Lisanna.

– Lucy, você tem alguém de quem você gosta? – eu perguntei e ela corou imediatamente.

– Eu... por que você pergunta?

Eu já não tinha paciência. Revidar com outra pergunta não daria certo.

– Olha, eu sei que Gray-sama não está comigo, mas ele definitivamente não está com você. Então não fique achando que...

– O que? – a garota se fazia de confusa. – Mas eu não estou interessada no Gray!

Eu estava no ápice da minha raiva.

– Claro que está! O Gray-sama é maravilhoso!

– Mas...

– Vai dizer que também não dá em cima do Natsu?!

Dessa vez ela não negou.

– Juvia, e-eu... – ela fazia força para falar. – Eu não gosto do Gray. Se é por isso que você não... fala tanto comigo, então saiba que é tudo um grande mal entendido.

Eu analisei a garota. Não era como se eu fosse acreditar nela de primeira. Por isso, pus o dedo na ferida:

– E quanto ao Natsu?

– Ele... é um outro caso.

O modo como ela parecia envergonhada fez com que eu acreditasse nela. E eu ainda não entendia como ela fora capaz de não gostar do Gray. Não me dei totalmente por vencida, não foi como se esse fato resolvesse tudo, mas resolvi deixar a garota em paz. Se ela realmente gostasse do Natsu, não seria realmente algo em que eu pudesse me meter. Seria assunto de Lisanna, mesmo que eu acreditasse que para ela o assunto estivesse resolvido.

– Então... desejo boa sorte para você. Mais saiba que você faz muitas coisas que passam a impressão errada. – ela levantou as sobrancelhas. – Pode deixar que eu te aviso. – fui irônica ao dizer isso.

Nos mantemos em silêncio. Ao olhar para o lado, a vi sorrindo. Talvez eu tivesse sido muito dura. Ao chegarmos na frente do ginásio, ela parou, mesmo que eu já estivesse entrando. Parecia nervosa.

– Vai ficar? – perguntei.

– Vou... Eu não gosto muito da treinadora. – a loira estremeceu como se estivesse tendo calafrios. – E... é recíproco o sentimento.

...

Aquarius nos fizera nadar durante duas horas, com pequenos intervalos. Gray e ela apenas nos observavam enquanto íamos e voltávamos na piscina.

– Você tem que concentrar a força no abdômen. – disse Gray colocando suas mãos em minha cintura.

Me senti quente imediatamente. Não havia nenhum interesse romântico ali, eu sabia. Enquanto ele me instruía eu só aproveitava o momento.

– Obrigada, Gray-sama.

Ele desviou o olhar.

– Se você... tivesse pedido – ele coçava a cabeça. -, eu poderia ter treinado com você.

Algumas vezes Gray sabia ser bem gentil, ou simplesmente fofo.

A maioria das pessoas já havia saído da piscina, e eu resolvera dar algumas voltas a mais. Verdadeiramente, eu já estava liberada. Exatamente por causa disso, Gray pudera me parar para me corrigir. Durante o treino, verdadeiramente, eles só anotaram o que eu imaginava serem os pontos a melhorar de cada um, e suas modalidades mais fortes.

– Se sentindo confortável, Juvia? – Aquarius perguntou enquanto eu me enxugava com uma toalha, ao lado de Gray.

Seu tom rígido nunca sumia, mas ela já não era mais grossa. Mas parecia curiosa a respeito de algo, enquanto me observava cuidadosamente.

– Sim. – eu afirmei.

– Que bom. Seus tempos foram uns dos melhores que já tivemos, sabe? – eu sorri. – Juvia, eu não me lembro exatamente do seu rosto... você participou das competições no ano passado?

– Sim. – eu afirmei, desconfiada.

Gray parecia confuso também.

– Mas com certeza com essa velocidade você conseguiu ir longe. Por que eu não vi você nas nacionais?

Um calafrio subiu pela minha espinha. Ah, não.

– Eu... não consegui passar.

– Mas com o seus tempos você conseguiria. – Gray entrou na conversa. – E com uma grande vantagem.

Eu tinha de sair dali. E o mais rápido possível.

– E-eu... Juvia evoluiu muito desde o ano passado. Juvia não era tão boa antes. – peguei minhas coisas, me apressando. – Com licença, e-eu tenho de ir trabalhar.

O que era uma mentira, por que Mirajane havia me dispensado naquele dia. Mas eles não sabiam disso. E nenhum deles pareceu muito convencido, mas não me impediram enquanto eu me atrapalhava correndo. Nem se lembraram de que era impossível eu ir para o trabalho de maiô e toda molhada.

...

Enquanto eu caminhava em direção ao Casarão, relembrava a pergunta de Aquarius. Se eu não quisesse que todos soubessem, teria de inventar uma desculpa melhor. A vergonha infantil e o medo ainda não tinham sido totalmente esquecidos.

Eu ficara circulando pelo centro da cidade para poder fingir que havia ido trabalhar, e já estava muito cansada. A noite estava escura, e os postes da rua, ao longe, pareciam pontinhos de luz. Minha roupa já havia secado, mas eu estava com frio do mesmo jeito. Na rua anterior ao Casarão, avistei um Camaro amarelo. Nunca o vira por aquela região, e pelos meus pensamentos no momento me lembrarem de um certo conhecido que tinha tal carro, me afastei, indo até o outro lado da rua.

Perto de onde o carro estava, havia duas pessoas encostadas no muro de uma casa. As figuras estavam escondidas pelas sombras, e logo acelerei o passo. Não conseguindo resistir, olhei para a placa do carro. E, por coincidência ou não, no mesmo momento uma risada cortou o ar. Uma risada estranha, sinistra, cheia de si.

Só por isso, me arrepiei e tive vontade de correr. Não poderia ser possível. Eu deveria estar bem longe deles.

– Juvia Lockser, - a voz fina, porém masculina, disse. – há quanto tempo. Ou nem tanto assim, não é? Afinal, você nem nos deu tempo para nos despedirmos.

Arfei, com o medo. Monsieur Sol e Aria estavam ali.


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Notas finais do capítulo

E agora, o circo pega fogo! sqn
comentem! ;)



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