Undeniable escrita por quinchillin


Capítulo 7
Capítulo 7




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São sete horas e Quinn já estava pronta há algum tempo.

Ela está tão nervosa, como ela nunca esteve antes com ninguém.

Seus namorados no colégio? Por favor.

Eles não causavam um arrepio comparado ao terremoto de sentir algo vindo de Rachel. Um sorriso, um olhar. Rachel passando os dedos sobre sua mão, enquanto a aperta de leve. O cheiro de Rachel invadindo seus sentidos e nublando todo o resto. Rachal gargalhando e seu coração se aquecendo em instantes.

Sair com Olívia estava se tornando sufocante. Tudo deu errado. Elas não tinham um manual de instruções, claro, mas algo quebrou no meio do caminho.

Quinn pensa no quão idiota ela era achando que qualquer outra pessoa substituiria Rachel de alguma forma.

Quando ela está aqui, entre as coisas de Rachel, no dormitório de sua faculdade, esperando o horário para buscar a garota onde elas irão à um encontro, tudo o que Quinn pensa é:

“Eu nunca vou superar Rachel.”

E de agora em diante, parece que ela nunca vai precisar. Nunca mais.


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Rachel saiu vestida da loja. Nada muito especial, apenas uma calça jeans com detalhes e uma blusa com estampa divertida, um casaquinho bege cobrindo seus ombros. Sua mente foge o tempo inteiro e a vendedora tem que perguntar algumas repetidas vezes a mesma pergunta para a morena entender.

Depois de se olhar no espelho, na loja, ainda sem a maquiagem que colocaria para a noite, ela passa seus olhos sobre cada detalhe do seu rosto. Uma imagem de Quinn na cozinha de NYADA, com a cabeça encostada contra um dos armários e uma tigela de massa de brownie entre elas. Quinn dizendo que ficou atraída por ela um tempo antes de perceber que outros sentimentos também estavam lá. Que isso aconteceu pela primeira vez no verão antes do segundo ano. E que nunca, em toda a vida de Quinn, ela havia odiado Rachel. Rachel era algo que a loira queria de uma forma aterrorizante.

Quinn disse que nunca a odiou, e nunca houve um momento em que ela não achasse que Rachel era... linda. Que Rachel estava linda no primeiro dia do segundo ano escolar, quando as duas se esbarraram, e que estava linda no momento, sentada no chão da cozinha.

Então por que Rachel se sente como se nada nela fosse suficiente para Quinn?

Ela não consegue evitar. Quinn a ama, e ela tem certeza disso. Quinn a acha bonita, e ela consegue aceitar isso. Mas a insegurança bate nela como um trem desgovernado e ela não consegue se desviar. Vai ser sempre assim?

Ela reza para que não.

“Q, me espere na frente da praça principal do Campus!”

Rachel manda a mensagem e tenta pensar apenas no nervosismo bom que invade seu interior. A agitação e suor nas mãos que Quinn lhe causa, à distância. Com mensagens do tipo:

“Eu já estou aqui, Rach. Achei que você queria guardar suas coisas e se maquiar. Apesar de eu ter certeza que você já está linda”


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Sem planejar, embora planeje algo assim há tanto tempo, Quinn terminou a surpresa de Rachel e foi caminhar por NYADA, esperando Rachel avisá-la quando chegaria ao dormitório. Custou alguns doláres, e talvez fosse uma atitude extremamente boba, mas quando ela terminou de instalar tudo em seu devido lugar, seu sorriso foi inevitável. Era tão Rachel. E faria Rachel sorrir seu sorriso mais lindo.

Rachel queria ver Quinn apenas na hora de ir ao show. A vergonha de ter que pedir isso havia passado, e agora ela terminava de delianear seus olhos de leve. “Indo a um encontro com Quinn Fabray”, ela pensava. A garota que já despertou nela tantos sentimentos... ela já ficou tão horrorizada com alguns deles. Ela odiava toda a insegurança. Toda a mágoa. Com a amizade, ela amava quando Quinn se livrava das amarras e era boba, doce e gentil. E agora... apaixonada por Quinn. Querendo beijá-la e abraçá-la porque o círculo magnético que Quinn possuía fazia ela se sentir segura, protegida.

Elas não disseram eu te amo, depois de toda a confissão de Rachel. Elas não se beijaram outra vez, a não ser o beijo suave daquela noite. Mas Rachel sentia que certas coisas iriam mudar hoje a noite.

Ela pega o necessário e sai, dando os primeiros passos em direção ao lugar que Quinn está, que não é muito longe.

Quando Quinn vê Rachel, desviando de algumas pessoas apressadas, ela sabe que Rachel está com vergonha e provavelmente se manterá tímida a princípio. A dinâmica delas mudou depois que seus sentimentos foram expostos e Quinn observa que há vezes que Rachel se mantém segura, e parece que ela tenta controlar seus impulsos e manter seu corpo até um pouco afastado. Outras vezes ela não quer se impor de forma alguma, ela tem medo da reação de Quinn diante de alguns comentários e até evita trazer situações conflitantes. E Quinn sabe que Rachel caminhando até ela com passos calmos, olhando para o chão e não para seu rosto, é um desses momentos.

“Rach!”, Quinn diz e abre os braços para recebê-la ali, “Você está linda”

Rachel ruboriza e se aperta mais no abraço de Quinn. A loira fecha os olhos e suspira, levando consigo a lembrança do cheiro do perfume suave de Rachel para dentro.

“Você também está, Quinn. Como sempre”, Rachel dá um sorriso suave, se separando do calor de Quinn e olhando em seus olhos diretamente pela primeira vez na noite. Um arrepio se forma e percorre seu corpo, deixando-a ainda mais nervosa. Ela olha apenas de relance para a roupa de Quinn, uma calça justa preta que revela bem suas coxas grossas e bem desenhadas, e uma camiseta com algumas frases de música do Passion Pit escritas à mão. “Essa camiseta é novidade pra mim”

Quinn olha para si mesma, “Oh, sim. Eu comprei em uma loja de discos uma vez. Quando viemos para New York com o Glee Club e eu fui até o MOMA. Eu passei pela Antonio’s e essa camiseta me conquistou. Little Secrets, escrita nela, Rach!”, Quinn comemorou com as mãos e Rachel riu.

“Let this be our little secret, no one needs to know were feeling, higher and higher and higher!” (deixe este ser o nosso pequeno segredo, ninguém precisa saber que estávamos sentindo, mais e mais e mais), Rachel leu a frase cantando ela na melodia da música. O sorriso de Quinn se expandiu.

“Então, animada?”, Quinn perguntou, teremerosa.

“Yeah. Eu estou realmente feliz de compartilhar isso com você”, Rachel responde e elas começam a caminhar.

O lugar não é muito longe, e pelas fotos do site, nem muito grande. Não é necessário seguranças no palco, então elas poderão ficar bem na frente, se conseguirem. Quinn não acha que isso tenha importância, no entanto. Elas caminham lado a lado pela calçada, tentando se manter juntas, apesar de várias pessoas passarem com pressa por elas, pedindo licença e às vezes esbarrando seus ombros.

“E-Eu posso...”, Quinn olha para a mão de Rachel e estende a sua.

Rachel hesita um pouco, mas não pelos motivos que Quinn deve estar pensando.

“Não”, a morena diz, e Quinn ergue as sobrancelhas em surpresa.

O rosto de Rachel se mantém sem expressão, e ela apenas está testando Quinn.

“Não?”, a loira pergunta chorosa e Rachel quase deixa escapar um risinho.

“Hum-hum”, a morena brinca balançando a cabeça em negação, “Isso é um encontro, certo?”, Quinn apenas a olha e confirma devagar, ainda com receio de toda a situação, “Nosso primeiro encontro. Eu nunca deixei alguém pegar na minha mão assim no primeiro encontro. Quem sabe um beijo no rosto antes de me deixar em casa, mas talvez nem isso”, Rachel termina de falar com um sorriso travesso no rosto.

Quinn está tão aliviada. E envergonhada. E surpresa. E seu coração pulando no peito, por Rachel ser tão dual em uma situação. Ela ama tanto essa garota, por Deus. A brincadeira de Rachel – que Quinn vai levar à sério agora – deixa tudo mais real para a cabeça da loira. Não que antes ela tivesse qualquer dúvida. Ela só ficava incrédula da sorte e de como a vida apronta com ela.

“Oooook”, Quinn diz, levantando os braços em rendição e brincando também, “Isso vai ser interessante”

Ela e Rachel compartilham um olhar cúmplice e se mantém caminhando.


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“Eu amo essa música!”, Quinn diz levantando os braços e cantando as primeiras palavras da canção da banda de abertura do show.

Rachel sorri e observa Quinn. Ela nunca esteve num show com a loira antes. Seu coração palpita com a energia de Quinn, tão vibrante e leve. Quinn está apenas se deixando levar, pelo menos nessa noite. Rachel não conhece a letra de nenhuma das músicas, apesar de já tê-las ouvido algumas vezes por causa de Quinn. Mas ela não trocaria esse momento por nada, nada parece mais interessante aos olhos dela do que Quinn pulando e levantando seus braços, cantando bem forte e fechando os olhos em alguns momentos. Em outros apenas pulando ao ritmo da batida e suspendendo os braços de Rachel para ela curtir também.

Quinn observa Rachel também, apesar de estar vibrando com o show. Elas estão em um lugar mais afastado do palco, mas tem uma visão boa de onde os instrumentistas estão e a acústica do lugar é incrível. Realmente ele não é muito grande, e afortunadamente não há tanta gente a ponto de ninguém conseguir caminhar de um lugar até outro. O pub fica totalmente escuro até alguma música começar, e depois as luzes coloridas explodem para todas as direções. Quinn está tão feliz. Este é um lugar bom e equivalente ao sentimento que ela tem emaranhado em suas entranhas agora.

Nenhuma das duas bebeu álcool, apesar de algum cara mandar oferecer um drink até a mesa onde as duas estavam antes de começar a banda de abertura. Quinn apenas ignorou e voltou a prestar atenção completamente em Rachel, não deixando dúvidas de que a morena era a única coisa que lhe importava. Rachel sorriu genuinamente e continuou conversando, grata à Quinn pela atitude.

Aliás, Rachel estava surpresa com o comportamento de Quinn durante a noite.

Quinn foi extremamente cavalheiresca e doce. Ela nunca agia como alguém que não pensava nas escolhas da morena antes, e pedia sua opinião à tudo. Tudo estava fluindo tão bem.

Rachel lembrou rapidamente de como seu encontro com Luke, o único cara com quem ela esteve depois de Finn, e os tipos de pensamentos que rondavam sua cabeça em cada minuto que passou com ele. Tudo o que ele falava era parcialmente de seu interesse, e ele gostava de ouvir a morena, como Quinn estava fazendo também. Mas Rachel não estava genuinamente interessada, e a maioria das coisas que ele dizia, ela imagina que Quinn iria dizer o oposto e concordar com ela. Entendê-la. Em alguns momentos ela desejou que fosse Quinn que estivesse à sua frente tomando café, e não Luke.

E quando Rachel o beijou, e a lembrança dos últimos lábios que tocaram os seus vieram imediatamente à sua cabeça. Quinn, sorrindo e pulando, chegando cada vez mais perto dela. A confusão instantânea e depois os lábios de Quinn nos seus.

Aquele breve momento.

Rachel apenas fez uma comparação do quanto as coisas com Quinn pareciam certas e com Luke ficaram distorcidas depois de um tempo. O interesse inicial dela por Luke era, mesmo que ela tentasse enganar Naomi ou quem quer que seja, apenas por que ele se mostrou interessado nela antes. O que o diferenciava completamente de Quinn.

Com Quinn, Rachel pensou, se ela fosse apaixonada pela loira desde a escola, como Quinn era por ela, ela faria de tudo para tê-la. À sua maneira, claro, devagar, seus princípios ainda ali, mas ela daria tudo para ter Quinn para ela como ela estava tendo naquele momento.

Era viciante.

Quinn era tão inteligente. Rachel sempre soube disso, mas agora ela enxergava de uma forma diferente. A loira era sagaz e culta, sabia falar com precisão sobre assuntos importantes. Quinn não era uma “analfabeta” em musicais, apesar de esse não ser seu gênero favorito. Quinn era linda, por dentro e por fora. Quinn tinha olhos que desafiavam Rachel a manter seu olhar por muito tempo. Seu nariz era um desenho perfeito e apenas fazia seu rosto mais angelical. E quando Quinn sorria, ou gargalhava, e seus lindos dentes se mostrava... Rachel observava cada detalhe e agora cada um deles causava algo em seu corpo. Sua respiração ficava rasa e ela procurava de todas as formas achar algum motivo para a loira sorrir. Ela sentia que era quase um dever, fazer Quinn se desvencilhar das amarras e máscaras que a prendem e escondem sua verdadeira pessoa.

E o corpo de Quinn? Rachel sempre admirou a anatomia feminina. Ela se lembra de perguntar para Brittany como diferenciar apenas a apreciação de um desejo por algo a mais. Brittany era um simbolo de leveza para Rachel. A loira era linda, e feliz, abraçava a todos e dava amor a quem a recebesse de braços abertos. Então Rachel pensou que fosse a pessoa certa. Brittany parecia ser como ela em relação às meninas, apesar de nunca ter ficado com nenhuma, ela as abraçava sem pudor e etc.

Rachel nunca sentiu desejo,propriamente dito, por alguma garota, ou mulher que viu e apreciou seu corpo. Mas ela sabia que poderia se interessar por alguma garota. Ela sabia que seria aberta ao amor dessa forma. E sendo assim, sabia que a garota que talvez possívelmente em um futuro distante chegasse a lhe cativar, ela sentiria o desejo necessário por algo a mais. Beijos e toques, e sexo.

E Quinn? Quinn sempre foi um equivalente à perfeição para Rachel. Seu intelecto e seu corpo. Eram magníficos. Ela jamais negaria tal fato. Saber que Quinn a desejava? Era uma piada e de muito mal gosto.

Mas de um tempo pra cá, desde que seus sentimentos ficaram cinza para depois se desfazer em vários tons e ela decidir deixar tudo as claras com Quinn, pedindo para que fossem devagar, Rachel pensa sobre o efeito que o corpo de Quinn tem sobre o dela. A boca seca. A respiração enfraquece; parece que o ar nunca chega aos seus pulmões e ela tenta tirar a imagem de Quinn da cabeça mas é impossível. Ela sabe que isso vai levar à algo a mais e que ela confia tanto em Quinn, que nada vai parecer errado ou inconcebível.

O vocalista da Two Doors Cinema Club anuncia que o show acabou e em poucos minutos o público terá Passion Pit. Quinn para de pular e olha para Rachel, seus cabelos um pouco úmidos pelo suor e bagunçados. Rachel sorri pela cena e leva sua mão direita até a mão esquerda de Quinn e entrelaça seus dedos.

Quinn arregala os olhos em surpresa mas nada diz; apenas sente seu coração desesperado bater em seu peito.


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E sem soltar a mão de Quinn, Rachel levanta seus braços para cima. Michael Angelakos está no palco e cumprimentando o público com suas clássicas frases curtas. Depois de um “boa noite, New York”, a música I’ll be Allright começa, com a batida característica e os sintetizadores explodindo e fazendo todo o pub tremer. Quinn e Rachel cantam a música inteira, e Rachel soltou a mão de Quinn para as duas pularem sem contratempos. Mas valeu à pena para Quinn, que sentia o olhar quente da morena sobre o seu.

“The Reeling” e “Carried Away” se seguiram, levanto o público ao delírio. A introdução de “Moth’s Wings” começou e Rachel sentiu seu coração falhar uma batida. Sua cabeça viajou para o verão onde ela e Quinn tomavam sol e descansavam com uma revista cada uma, conversando aleatóriamente de vez em quando e dividindo um fone de ouvido.

“Whose side are you on? What side is this anyway? Put down your sword and crown, come lay with me on the ground” (De que lado você está? Que lado é esse, afinal? Coloque de lado sua espada e coroa, venha deitar comigo no chão), as duas cantam no ritmo da música, seus olhos nunca se desviam. As luzes continuam alternando em diversas cores para todos os lados, alguns refletores passando do palco principal para onde o público está. Centenas de pessoas cantando até mais alto do que a voz do cantor.

Mas para as duas, esse momento é apenas delas. A música está tocando só para que uma possa olhar fundo nos olhos da outra e cantar cada palavra com o que aquilo realmente significa. Só para que o magnetismo que existe ali se faça presente no corpo de ambas.

Nove músicas depois, alternando entre sucessos do primeiro e segundo cd, a banda agradece ao público e anuncia sua última música. A introdução de Sleepyhead ecooa nos alto falantes e todos dentro da casa de shows entram em êxtase. Gritos se fazem presentes. Todos pulando no ritmo da batida, alguns de olhos fechados.

Quinn sente seu coração apertar e olha para Rachel, que está com a mesma expressão que a dela. As duas sabem o que essa música representa para elas. É a música que Rachel escuta quando quer apenas relaxar de seus exercícios escolares e ouvir algo que lhe tire daquele mundo. Algum barulho agradável, e que a lembre coisas boas. Que a lembre Quinn. Quinn e as tardes que elas passaram juntas, conversando, fazendo comida vegan, dançando, rindo. Quinn e tudo de maravilhoso que a loira poderia trazer consigo à vida de Rachel.

“Eu te amo, Rachel”, Quinn diz perto do ouvido da morena, gritando, para que ela possa escutar. Apesar de todo o barulho e gritaria, Rachel escuta perfeitamente. E seus joelhos fraquejam. Ela abre um sorriso com lágrimas; não há como contê-las em uma hora como essa.

Quinn também tenta segurar duas lágrimas sem sucesso, e ao ver que Rachel as solta também, sorri.

“É a nossa música, certo?”, Quinn berra e aponta para o palco. Rachel assente e luta com todas as suas forças contra a vontade animalesca de beijar Quinn naquele momento.


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“Eu ainda estou atordoada”, Quinn diz sorrindo e esperando Rachel passar na frente dela na fila para sair do lugar.

“Eu também!”, Rachel grita e balança suas mãos, “Foi uma das noites mais incríveis da minha vida”

“Cuidado, Rach – “, a loira traz o corpo de Rachel para si com os dois braços, tentando salvá-la de bater fortemente contra um apressadinho que corria no pequeno espaço que tinha para várias pessoas que tentavam sair ao mesmo tempo, “Hey, idiota! Cuidado para não machucar ninguém!”, Quinn grita e o homem corpulento sai sem olhar para ela, “Estúpido!”

Ela olha para Rachel, mantendo seus dois braços em volta do ombro da morena protetoramente. Rachel sorri e olha agradecida para Quinn. Seus olhos alternando entre os lábios e os olhos de Quinn. O hálito da loira tão perto e parece que ela está suspirando e deixando seu rosto ir de encontro ao de Rac –

“Vocês duas aí! Dá pra caminhar? Isso aqui é uma fila!”, uma mulher de cabelo vermelho grita e tira as duas do transe momentâneo. Ambas ruborizam envergonhadas e saem do local, não conseguindo segurar um risinho deboxado de vez em quando.


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Depois de chegarem ao dormitório e pedirem algo para comer, elas levaram o resto de comida para a cozinha e se preparavam para dormir. Rachel tomou um banho, tirou a maquiagem e colocou um pijama leve, não estava tão frio dentro do quarto. Quinn esperou pacientemente a morena, ajeitando o projetor que havia comprado em uma loja perto do campus ainda essa tarde. Rachel não havia notado a caixa relativamente grande mal escondida atrás de uma poltona.

Quinn banhou-se e ainda secava o cabelo com a toalha, enquanto sentava na cama de Naomi.

Rachel estava sentada na própria cama, olhando para ela de um modo engraçado. A loira franziu a testa.

“O quê?”

“Nada!”, Rachel balançou a cabeça saindo de seus pensamentos, “Só... você é linda Quinn.”, a morena sentiu suas bochechas esquentarem e baixou os olhos.

Quinn se levantou e pendurou a toalha em uma cadeira, sentando-se ao lado de Rachel com os cabelos ainda bagunçados. Levantou o rosto de Rachel com o indicador delicadamente e a fez olhar em seus olhos. Os lindos olhos que Rachel estremeceu diante da intensidade.

“Você é linda, Rach. E a noite de hoje foi a noite mais feliz da minha vida”, Quinn suspira e se sustenta na cama com a mão esquerda apoiando seu corpo. Rachel sorri.

“Eu também nunca vou esquecê-la. Michael Angelakos estava na minha frente, Quinn! Ele é ainda mais bonito ao vivo!”, a morena brinca fazendo uma comemoração exagerada. Quinn ri. “Apesar dele ser estranho...”

“Estranho?”, Quinn ri ainda mais.

“Ah, mais ou menos. Ele desafinou em alguns momentos e isso é inaceitável, para começar”, Rachel fez sua voz mais autoritária possível e Quinn gargalhou intensamente. Típico. Típico de Rachel Berry.

“Do que você está rindo?”, ela pergunta se fingindo ofendida.

“Você, Rachel, é inimaginável. Você não existe. É como um sonho”, Quinn termina a frase, sua voz se acalmando e saindo cada vez mais baixa, enquanto seu coração parece um animal enjaulado dentro do peito.

Ela e Rachel ficam em silêncio apenas se fitando. Por um momento que parece a eternidade.

“Você está pronta para dormir?”, Rachel pergunta, desviando seus olhos e agarrando os lençóis com as duas mãos.

“Sim, sim, eu já escovei meus dentes, então...”, Quinn se levanta e vai até a cama de Naomi. Rachel fica surpresa e levanta as sobrancelhas. “O que houve?”

A morena cora outra vez, “Achei qu- que você quisesse deitar aqui comigo”, ela fala como uma criança envergonhada, “Tudo bem se você não quiser, eu só queria que talvez pudéssemos deitar e conversar mais um pouco, mas se você está muito cansada, podemos fazer amanhã quando acordarmos. Aliás, não marcamos nada para amanhã e você deve estar me odiando por agir tão desleixada com a sua estadia aqui quand –“

Quinn apaga a luz. Rachel se cala por um instante e depois questiona, “Quinn?”

Quinn sorri de tão adorável que Rachel pode ser em alguns momentos.

“Está tudo bem, Rach. Eu estava pensando se você nunca me perguntaria isso”, a loira ri e Rachel sorri envergonhada, ligando o abajur ao lado da cama.

Quinn pega o travesseiro e mais um cobertor, espera Rachel se deitar no canto da parede e a tapa. Põe seu travesseiro ao lado do de Rachel, amassando-o um pouco para as duas ficarem confortáveis, pega o controle remoto do projetor e se deita.

“O que é isso que você pegou?”

“Você já vai ver”, ela se arruma debaixo dos cobertores, seu corpo um pouco distante do de Rachel, mas mesmo assim sentindo o calor que ele transmite. Ela treme um pouco antes de desligar o abajur e apertar o botão principal do controle.

Rachel franze a teste, imaginando o que vem a seguir. Mas tudo o que ela pensou, nada se parece com isso que aconteceu. É infinitamente mais surpreendente.

No quarto completamente escuro, pequenas luzes começam a se formar no teto, luzes brancas e amarelas, em formato de estrelas. Algumas surgem e logo depois se apagam, mas outras permanecem sempre no mesmo lugar. E não são só estrelas que se formam, um azul escuro vai em degradê para a cor preta em determinados pontos do teto, ocupando quase todo o comprimento do quarto. Algumas estrelas começam a se juntar com outras, formando estrelas maiores, que parecem brilhar mais também. Depois de apenas alguns segundos, todo o teto do lugar já está iluminado com a via láctea como pano de fundo.

Quinn observa cada mudança no rosto de Rachel; a princípio confusão, mas não aflição, ela apenas quer muito saber o que Quinn aprontou. Depois que as luzes vão aparecendo e atravessando todo o teto do lugar, com a imagem do espaço sideral atrás das estrelas, Rachel vai arregalando seus olhos e sua boca se abre. Ela lambe os lábios secos e se vira para Quinn, que está nervosa e ansiosa.

“OH, Meu Deus!”, é tudo o que a morena consegue falar.

“Você gostou?”, Quinn pergunta com a voz quase falhando.

“C- Como? O que é isso?”, Rachel sente um nó se formando na garganta, mas ela logo trata de descê-lo.

“É um projetor de constelações”, Quinn responde sorrindo diante da expressão de Rachel.

“Quinn! É lindo! Mas... como você – Você não pode ficar gastando seu dinheiro comigo, Qui –“

“Rachel, não!” Quinn a interrompe, “Não pense assim. Eu quis comprar isso porque eu queria fazer uma surpresa para você. Não me custou nenhum sacrifício e...”, ela tirou a dureza da voz e passou o polegar pelo rosto da morena, “e pelo visto, você gostou. Então valeu à pena”

Rachel sorriu intensamente. Pegou a mão de Quinn e deu um beijo delicado nela, prendendo entre as suas e voltando sua cabeça para cima outra vez para admirar a obra de arte que estava o teto do seu dormitório. Elas ficaram em silêncio alguns instantes, Quinn apenas sentindo seu corpo entrar em colapso segurando firmemente nas mãos de Rachel. Observaram cada detalhe, as estrelas se dissipando e novas constelações surgindo, algumas brilhando mais forte, outras mais fracas. Lindas.

Rachel se virou para olhar os olhos de Quinn, “Eu não sei se você sabe”, ela começou divertida enquanto colocava uma mecha de cabelo loiro atrás da orelha de Quinn, “mas estrelas são meio que minha marca”

Quinn não consegue segurar a gostosa gargalhada e Rachel a acompanha.

“Tem mais uma coisa”, Quinn diz, pegando o controle remoto e apontando para cima, “Preparada?”

Rachel assente, parecendo uma criança ansiosa esperando pela próxima brincadeira.

Quinn aperta dois botões secundários e uma estrela cadente passa diante dos olhos das duas.

Rachel sorri como nunca antes em toda a sua vida.

“Faça um pedido, Rach”


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Notas finais do capítulo

:)



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