Undeniable escrita por quinchillin


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

um bj pra quem concorda que o vestibular é o banquinho e a Sandra Annenberg sou eu!



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“Megan!”

Silêncio.

“Hey!!!!!”

Não há resposta.

“MEGAN!”

“Oh- Oi!”, ela se recupera do susto e coloca a mão sobre o peito, ajeitando os óculos, “o que houve professor?”

“Como assim o que houve? Rachel já saiu do palco e daqui a quarenta e cinco segundos eles irão te chamar”, o homem empurra a garota menor delicadamente em direção ao palco, “Está tudo bem com você?”, ele pergunta ao perceber que Megan se mantém estática e parece perplexa.

“S-sim, claro”, ela responde no modo automático.

A única imagem que martela em sua cabeça é a de Rachel.

Rachel abraçando a garota de cabelo moicano e roxo, para logo depois abraçar uma linda garota loira. O modo como elas deram as mãos. A maneira que a loira puxou Rachel para um abraço, para logo depois Rachel beijá-la brevemente.

Foi tão rápido...

Foi o suficiente. Tão íntimo. Parecia que as duas estavam envoltas em uma áurea de proteção, um mundo apenas delas.

Megan sentiu várias coisas olhando para aquela cena.

Ela chegou à conclusão que Rachel Berry também apreciava garotas. Pelo menos a loira.

E ficou se perguntando do porquê a morena não ter falado nada com ela.

Será que não se sentia à vontade o suficiente?

Mas por que ela falaria algo sobre isso? Não é como se alguma vez elas tivessem flertado ou algo parecido. Bom, pelo menos Rachel.

Rachel parecia não perceber o olhar de Megan sobre ela mesma. E Megan nunca disse uma palavra sobre estar a fim da garota menor. Ela não disse, mas gostaria de dizer após o espetáculo.

Gostaria.

Porque agora tudo o que ela tem são esses sentimentos confusos em seu peito.

Rachel já tem uma garota.

Ela já tem os beijos e abraços de uma loira irritantemente bonita. Daquele tipo que faz você não olhar diretamente para os olhos dela, porque dói. Daquele tipo que deveria vir com um aviso de precaução: tome cuidado, não tenha uma queda por alguém que goste dessa loira; ela inevitavelmente irá te vencer.

Megan está seriamente decepcionada com como sua amizade com Rachel... iria se tornar apenas amizade mesmo, e não algo a mais. Logo Rachel... logo ela, tão pequena e linda, com sua voz suave e suas feições delicadas, seu leve perfum—

“Eu gostaria de chamar ao palco, como parte do projeto clássico do professor Robert Vieggmann, com a ajuda do coro e da orquestra principal de NYADA, a acadêmica veterana Megan Sophie Campbell”

Ela é tirada novamente de seus devaneios, mas dessa vez por uma grave voz que ecoa o salão. Mãos que Megan nem sabe de quem são empurram-na para o palco, e ela ajeita os óculos outra vez, nervosa, enquanto caminha para o centro.

Há centenas de pessoas a aplaudindo. Ela consegue reconhecer muitos de seus amigos e colegas de classe. Eles estão de pé, e acenam para a morena de olhos azuis antes dos aplausos cessarem.

Essa é a hora.

Megan pensou por um momento, antes de ver Rachel beijar aquela infeliz garota loira, que ela chegaria no palco empurrada com suavidade por Rachel, segundos depois da pequena lhe desejar boa sorte baixinho no seu ouvido. Ela realmente acreditou que esse seria um momento tranquilo, ao invés do turbilhão de sensações que passavam pelo seu corpo.

Tanto nervosismo.

E silêncio.

Ela engole seco, e o piano começa. Ah, sim, o piano. E uma orquestra inteira olhando de cara feia para ela.

Foco, Megan.

Concentre-se.

“I've heard there was a secret chord that David played, and it pleased the Lord, but you don't really care for music, do you? It goes like this: the fourth, the fifth... the minor fall, the major lift... the baffled king composing Hallelujah...”

Sua voz não é tão doce quanto a de Rachel. Seu timbre é mais marcante e acentuado, e sua professora de canto afirma com veemência que ela é uma mezzo-soprano. Mas nada importa nesse momento. Não quando Megan vê na platéia Rachel Berry.

Rachel Berry e a inseparável loira que tem seus dedos finos entrelaçados nos dedos da morena.

Que Deus a perdoasse desses pensamentos, mas Megan estava morrendo de ódio daquela garota.

Vadia.

“Hallelujah, Hallelujah, Hallelujah, Hallelujah...”




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Quinn está conhecendo a cada dia uma forma nova de felicidade. Entre todos os profundos significados que essa palavra pode ter, Rachel está mostrando cada um deles à ela.

Elas ainda seguram a mão uma da outra, como se disso dependesse suas vidas.

“Vocês pegaram um bom lugar”, Rachel comenta, enquanto segue Naomi e tem Quinn caminhando à seu lado.

“Eu falei que estaríamos na terceira fila”, a loira responde amorosamente e Rachel sorri.

“A terceira fila é perfeita para espetáculos”, Naomi ri, “é onde a baba do artista que está no palco não alcança”

Rachel estreita os olhos para aquela linda e excêntrica garota que se acha uma comediante.

“Muito engraçado”, ela finge estar brava.

“Eu não me importo de ficar na primeira fila, Rach”, Quinn comenta sorrindo, “Se você estiver no palco, à minha frente”

A morena pára de caminhar e apenas observa os olhos aveludados da loira encobrirem ela de amor.

“Por que vocês pararam de caminhar?”, Naomi diz alguns passos à frente, “Vamos logo casal, eu gostaria de assistir à todas as apresentações”

Quinn beija a testa da pequena, fazendo-a sorrir antes de apertar ainda mais suas mãos e voltar a caminhar. Rachel enrubreceu imediatamente.

Elas eram um casal, certo?

Quinn sempre representou tantas coisas em sua vida... a partir de que momento ela começaria uma nova etapa como sua... namorada?

Sim, ela conseguia enxergar um mundo onde Quinn fosse sua namorada. E esse mundo era indescritivelmente maravilhoso. Algo como agora. Como ela consegue distinguir o cheiro natural da loira em todos os ambientes em que ela se encontra. E da forma como ela consegue reproduzir ele em sua mente, assim como ela fez algumas noites atrás, sozinha em sua cama. E como seu coração se acalmou da saudade arrebatadora.

Rachel definitivamente queria tudo o que Quinn fosse capaz de dar.

“É sua amiga Megan que vai se apresentar agora?”, Naomi pergunta curiosa.

Rachel comentou sobre Megan algumas vezes, do modo como suas personalidades se encaixaram rapidamente e como Megan era pro-ativa em suas atividades escolares, assim como ela.

Quinn vira seus olhos para Rachel bruscamente, esperando ansiosa uma resposta. Ela finalmente veria Megan, em carne e osso. Seu coração já batia em um ritmo diferente, mas ela tratava de ignorar esse sentimento.

A morena se senta na poltrona marcada para ela, no meio de Naomi e Quinn que também se acomodam.

“Oh, sim... eu totalmente esqueci!”, ela passa a mão na nuca, “eu combinei com Megan de vê-la após a minha apresentação, mas eu fiquei tão feliz que você estava ali me esperando”, Rachel olha para Quinn, que sorri nervosa.

“Obrigada pela parte que me toca”, Naomi brinca, “Quinn não estaria ali te esperando se não fosse por mim, Rachel Berry”, ela termina cruzando os braços e Rachel ri.

“Obrigada Naomi, eu vou te agradecer eternamente pela sua ajuda e o modo doce como você trata Quinn”, ela abraça de lado a amiga, largando a mão da loira por alguns instantes.

“Eu estou tirando com a sua cara, mas aprecio sua gratidão mesmo assim”, a garota maior sorri e Rachel volta seu olhar para a loira.

“Por que você precisou apenas de um piano e Megan vai precisar de uma orquestra inteira?”, a loira desvia o assunto desconfortável, apenas para saber mais sobre Megan e sua apresentação.

“Meu professor que organizou parte do espetáculo preferiu que fosse assim. A minha canção seria pop enquanto a dela vai ser clássica... já a do meu outro colega será contemporâneo e do outro será ópera”, Rachel explica.

“Eu gosto muito da canção que você interpretou”, Quinn sorri com delicadeza enquanto faz carinho com a ponta dos dedos na mão da morena.

Rachel responde com as borboletas fazendo estragos em seu estômago, “Eu sei”, ela sorri, “...Eu meio que influenciei na escolha da música por causa disso”

Elas se silenciam por um momento, e seus olhos nunca se desviam. Até uma voz grave no microfone romper o auto falante.

“...Eu gostaria de chamar ao palco, como parte do projeto clássico do professor Robert Vieggmann, com a ajuda do coro e da orquestra principal de NYADA, a acadêmica veterana Megan Sophie Campbell”

Quinn suspira nervosa, e levanta junto com Rachel para aplaudir a colega da pequena.

Segundos depois, uma garota apenas um pouco maior que Rachel invade seu campo de visão.

Ela dá passos tímidos até o centro do palco, onde um refletor está à sua espera.

A orquestra já está posicionada, assim como algumas pessoas integrantes do coral de NYADA.

Mas Megan parece paralisada. Como se ela, antes de entrar no palco, tivesse recebido uma notícia terrível.

Por estar tão perto do palco, Quinn consegue ver que os olhos azuis claros da pequena garota estão um pouco arregalados, e ela aperta o óculos ainda mais em seu rosto, com as mãos levemente trêmulas. Até que o piano começa.

Quinn se senta e entrelaça novamente sua mão com a de Rachel, que sorri em resposta.

A voz de Megan é simplesmente incrível, Quinn pensa enquanto a orquestra começa a dar corpo à música. Tem personalidade e é tão imponente. E a garota canta como se estivesse com raiva, e passa seus olhos pela platéia inteira, enquanto cada frase da canção sai de sua boca.

Até que ela acha Rachel.

E seus olhos cravam na morena. Quinn vê o exato momento em que Megan cravou seu olhar nas mãos das dias, fortemente entrelaçadas uma na outra. E então ela franze a testa. Porque o semblante de Megan muda imediatamente.




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“Baby I've been here before... I've seen this room and I've walked this floor, you know, I used to live alone before I knew you. And I've seen your flag on the marble arch and love is not a victory march, it's a cold and it's a broken hallelujah...”

Megan continuou sua apresentação, mesmo sentindo seu coração quase subir pela garganta. Ela encontrou Rachel na platéia, perto do palco, mais precisamente na terceira fila. E a loira ao seu lado, que parece observar seus olhos azuis trêmulos tentando passar confiança.

Enquanto canta, ela segura o microfone com as duas mãos, apertando-o firmemente para se manter com postura. Ela nunca sentiu algo assim antes, esse ciúme misturado com decepção. Mas é mais forte que ela; definitivamente mais forte, então Megan tem que controlar suas ações e mandar de volta para dentro de si qualquer possível sinal de lágrimas.

“Hallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelu...uuuu...jah”

Ao soar a última palavra e o último acorde, ela recebe a merecida ovação.

É tão bom essa resposta do público. É basicamente para isso que ela sente que a atuação deve estar presente em sua vida; realizar performances como essa e receber esse tipo de resposta. Por mais acelerado que seu coração estivesse por causa de Rachel, agora ele batia em um ritmo diferente também pela gratidão aos aplausos.

Ela faz uma reverência de leve antes de sair do palco, e sem olhar para onde Rachel estava, sai do local em direção ao backstage. Seu professor a espera com um sorriso empolgado no rosto.

“Você foi perfeita!”, ele abraça Megan rapidamente.

“Obrigada”, ela responde envergonhada e logo seu colega que irá apresentar a próxima música chega até onde eles estão, “Boa sorte, Jason”

“Oh, obrigado, Meg”, ele sorri em resposta e Megan vê os dois saindo para lados opostos: o professor para os fundos do saguão e o colega para o palco principal onde ela estava.

A morena de olhos azuis tira os óculos do rosto, se senta em uma cadeira ao lado do piano de ensaio e passa a mão esquerda pelas têmporas; sua cabeça parece que vai explodir.

Rachel havia combinado com ela de estar ali após sua apresentação, mas como essa promessa também foi quebrada no início da performance, Megan não cria expectativa de encontrar a pequena nos bastidores. Provavelmente ela está lá, ao lado da garota loira, abraçando-a e beijando-a nos lábios de vez em quando.

Mas tudo bem, Megan não vai se abalar com isso.

Não tanto.

“Oi, Meg”, uma colega de sua classe a abraça, um tempo depois que Megan havia sentado para descansar.

“Hey, Julie”, ela devolve o abraço.

“Parabéns pela performance, você detonou”, ela sorri.

“Obrigada”, Megan responde ruborizando outra vez.

“Acho que você está livre agora, meu professor liberou os alunos pelo resto do dia para ver as apresentações, então... se você quiser eu e nossos colegas estamos indo dar uma volta por NYADA até de noite, e depois resolvemos se vamos pra outro lugar”, a garota convida amavelmente.

“Oh, e- eu...”, Megan pigarreia e se levanta, “eu posso te ligar daqui a pouco confirmando se vou ou não? Eu preciso resolver algumas coisas antes”

“Claro”, elas se despedem com um beijo no rosto, “Te vejo mais tarde, então”

“Até mais”

Megan vai até a sala onde ficou guardada sua bolsa. Ela encontra no meio de todo o material do resto dos alunos e checa seu celular: uma chamada não atendida de um número desconhecido.

Contra sua vontade, seu coração acelera e ela fecha os olhos, suspirando.

Ela sabe que a ligação é de Rachel.

“Alô?”

“Megan?”, uma Rachel Berry animada surge do outro lado da linha.

“Sim, sou eu”, ela tenta manter um tom de voz neutro.

“Onde você está? As apresentações já acabaram e eu estou procurando você nos bastidores”

Ela olha para seu relógio de pulso e vê que se passou quase meia hora do fim da sua performance, “Oh- me desculpe, eu vim... pegar a minha bolsa e já ia sair”

A morena hesita um pouco, “V-você pode pegar a minha bolsa também? Porque eu meio que esqueci completamente dela”

Megan solta uma gargalhada, “Claro, Rach”

“Eu estou aqui fora do teatro com alguns amigos, e Naomi nos convidou para ir até um pub aqui perto de NYADA... você quer ir com a gente?”, Rachel pergunta tímida e Megan sorri.

“Eu adoraria”, ela responde sincera.

“Ok! Eu te vejo em alguns minutos? Você vai nos encontrar rapidamente: Naomi é uma garota de cabelo roxo difícil de não ser identificada”

Megan escuta uma voz feminina gritar, “Hey!!!!”, e solta uma gargalhada ao ouvir Rachel rindo.

“Claro, eu te vejo daqui a pouco”

“Bye”




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“Megan!”, Rachel solta a mão de Quinn para abraçar a amiga assim que a vê caminhando em sua direção.

“Rachel”, Megan tenta responder no mesmo tom alegre, mas falha na tentativa.

Rachel logo apresenta a turma em que está para Megan, que se encolhe ruborizada.

“Megan, essa é Naomi”, as duas trocam um sorriso amigável e um rápido aperto de mão, “Aquele é Chad, colega de classe dela”

“Prazer, eu sou Chad Phillips”, o garoto vai até ela e dá um beijo em sua bochecha, fazendo-a ruborizar ainda mais.

“Ok, Chad, bela apresentação”, Naomi dá um tapa no braço do moreno e todos riem.

“E essa é Quinn...”, Rachel olha para a loira que ergue as sobrancelhas. Ela hesita por um momento.

Essa é Quinn. Minha melhor amiga. Minha pessoa. Minha paixão enterrada desde o ensino médio por camadas e camadas de outros sentimentos ruins que nublaram minha real visão sobre o quão maravilhosa ela é. Essa é Quinn, a garota que tem olhos lindos que habitam meus sonhos, a pessoa que deita comigo em uma cama de solteiro quando está em New York, e que tem o calor mais perfeito do mundo... a garota que beijou cada milímetro das minhas pernas uma noite dessas. Essa é Quinn... minha...

“...Fabray. Quinn Fabray”, Rachel sorri nervosa e sente suas bochechas esquentarem.

A loira sorri diante da hesitação da pequena. Ela não ficou incomodada, nem com raiva. A demora de Rachel em dizer para os outros o que Quinn era dela estava apenas confirmando o fato de que elas precisavam conversar. E rápido.

Quinn sorri para seu alvo de ciúmes durante todo o começo da semana, e estende a mão gentilmente.

Ela é Quinn Fabray. A garota que deixa Rachel Berry nervosa. Seu ego fica feliz com isso.

“Oi, Quinn... é um prazer... conhecer vocês”, ela se vira para Naomi e Chad ao terminar a frase, “Rachel, sua bolsa”

A morena estende a mão e pega a bolsa, checando se tem alguma ligação em seu iPhone, “Obrigada, Meg!”, ela sorri.

Megan olha para Quinn outra vez. Ela capta cada particularidade de seu rosto, e realmente, Quinn parece um anjo perto daquelas pobres garotas mortais. Naomi é linda à sua maneira, excêntrica e exagerada. Rachel é graciosa e tem olhos preciosos e verdadeiros, e sua personalidade peculiar faz dela ainda mais bonita. Mas Quinn? A loira era um pecado. Era um atentado aos olhos dos outros. Ela tinha uma aurea especial e magistral. Seus olhos eram duas orbes aveludadas que pareciam perfurar a alma e encaixava-se perfeitamente bem no rosto liso e esculpido, assim como seu nariz delicado e sua boca com lábios grossos e rosados. Quinn deu um meio sorriso e Megan não precisava de mais do que isso para saber que, rindo ou gargalhando, a loira era ainda mais bonita.

“Então, bora?”, Chad diz com tom brincalhão abraçando os ombros de Naomi e começando a caminhar.

Rachel começa a caminhar ao lado de Quinn e Megan, uma de cada lado. Ela sorri para a loira antes de suavemente encostar seus dedos. Quinn não se furta da sensação maravilhosa de entrelaçar suas mãos.

“Você cantou muito bem, Megan”, Naomi comenta depois de um tempo.

“Obrigada”, ela responde envergonhada, “Mas Rachel cantou antes de mim, então nada poderia ter mais impacto. Minha chance de cantar antes dela e parecer que eu canto bem mesmo foi desperdiçada”, Megan brinca e olha para Rachel que sorri de volta para ela.

E então ela nota que as mãos de Quinn e Rachel estão juntas. Seus dedos se acariciam levemente.

Parece mais doloroso vendo isso de perto.

Megan pigarreia desconfortavelmente, e continua caminhando em silêncio depois disso.

Eles andam mais alguns minutos, conversando de vez em quando.

“E-então, onde vocês pretendem ir mesmo?”, Megan pergunta.

Naomi olha para o relógio no pulso, “São quatro da tarde, então pensei em irmos até um pub aqui pertinho. Já estamos quase chegando. Lá tem café e se ficar bom, eles passam a servir bebida alcoólica”

Rachel ri, “Megan aprecia bebidas alcoólicas, Naomi”

“Rachel!”, ela finge estar brava e todos começam a rir.

“Calma Megan, todo mundo aqui bebe, menos a Rachel, certo Quinn?”, Naomi ri e olha para a loira.

Quinn ruboriza. Ela lembra exatamente do que aconteceu algumas vezes antes, quando ela bebeu.

“É aqui?”, Quinn aponta para a porta do lugar.

Rachel olha para cima e vê a placa em cima da porta do pub: “Moron’S”. Depois olha para Naomi e balança a cabeça.

“Você é maluca”, ela fala baixinho para Naomi, que solta uma gargalhada.

Chad entra e Naomi acena para alguns amigos ao entrar, “É aqui sim... vocês vão adorar”

Megan assente e entra no lugar. Quinn dá um passo em direção à porta, mas sente sua mão sendo puxada e vira seu corpo para onde Rachel está.

A morena sorri amavelmente e o coração da loira derrete.

“Obrigada por vir, você sabe, até New York e ver minha apresentação... eu fiquei mais calma vendo você na platéia”, Rachel diz tímida e Quinn ajeita uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.

“Eu viria de qualquer forma, Rach, eu estava morrendo de saudade de você”

“Eu percebi que você hesitou em me beijar depois que eu sai do palco”

“N-não, Rach!”, a loira assegura, “Eu queria te beijar! Eu estava apenas pensando... se você – como ali estávamos dentro de NYADA, seus professores e seus colegas de classe estavam na mesma sala, então eu não queria de forma alguma causar algum desconforto pra você e-“

Rachel cala Quinn com um selinho prolongado, e o coração dela vai parar em sua garganta.

“Geralmente é ao contrário”, Rachel solta uma gargalhada ao ver a expressão confusa da loira, “Geralmente é você que me cala com um beijo”

Quinn sorri e dá um beijo na morena. Um beijo de verdade, que faz Rachel ficar na ponta dos pés para acompanhar o ritmo da loira.

“Então tudo bem se eu beijar você em NYADA?”

“Tudo bem”, a pequena sorri e entrelaça suas mãos novamente, entrando no pub e avistando a mesa onde Chad, Naomi e Megan estão sentados.




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São exatamente nove e meia da noite de sexta feira, e Rachel se encontra sentada no confortável sofá que rodeia uma mesa grande dentro de um pub para estudantes, perto de NYADA. É um lugar que Naomi gosta de ir, pela luz, pelas pessoas e principalmente pela diversão. O próprio dono do lugar é um “tiozão” chamado Brad, amigo dos clientes, e frequentemente está em suas mesas e rodas participando de jogos ou mediando um ou outro que quer passar dos limites. Os atendentes também são conhecidos do público em geral, e muitas das vezes sabem o gosto de seus clientes de cor.

A música ambiente, mais as vozes se misturando, adicionada à iluminação escura do bar fazem um ambiente bastante acolhedor para aqueles jovens que querem se divertir. Como Rachel.

Chad está ao lado de Naomi, que está ao lado de Megan. Rachel está entre Megan e Quinn, e a conversa entre o grupo está animadíssima.

“Rachel, de vez em quando Brad abre uma sessão de karaokê surpresa, e se ele fizer isso hoje, você totalmente tem que cantar!”, Naomi comenta animada. Ela já está em sua segunda cerveja.

Os olhos de Rachel se iluminam com a possibilidade. E com as lembranças de ter cantado em um karaoke há alguns meses, em Yale. A música foi ótima, a companhia de Quinn também. O que aconteceu depois não foi muito agradável, mas hoje já está superado.

Bom, pelo menos os olhares e as mãos das duas que não se separaram estavam garantindo isso.

“Se Quinn e Megan cantarem também, eu canto”, ela decreta e toma um gole de seu suco de abacaxi.

Quinn e Megan se entreolham.

A loira se deu conta do quão bobo foi seu ciúmes, e de certa forma se sente culpa (ainda mais). Megan era uma jovem e linda garota de Savannah, Georgia, filha de uma atriz off-off Broadway que largou o sonho para ser mãe. Ela sempre quis fazer teatro musical por estar em seu sangue e é muito, mas muito parecida com Rachel. Ambas são morenas e baixinhas. Suas feições são diferentes, mas suas personalidades são próximas em quase tudo. O modo como ambas falam e falam e falam... como defendem uma diva musical que veneram (Barbra e Julie), ou mesmo o fato de, num grupo novo de amigos, irem se soltando apenas aos poucos.

E Megan se deu conta de muita coisa, também.

Além da beleza externa inegável de Quinn, a garota era inteligentíssima. Uma leitora assídua que provavelmente já leu mais do que ela pode contar. E era muito, mas muito carinhosa com Rachel. Algo entre uma melhor amiga super protetora e uma namorada dedicada e preocupada.

Megan não fazia ideia do quão certa ela estava em relação à isso.

Seu coração se acalmou um pouco; agora era claro que Rachel e Quinn tinham alguma coisa em desenvolvimento. E por mais interesse que ela tivesse na pequena, ela não iria atrapalhar aquelas duas. Não quando Rachel parecia tão borbulhante e alegre perto da loira.

Ou como toda vez que Rachel voltava sua atenção para Quinn a loira parecia iluminada e apaixonada, e como ela levava à mão da pequena até seus lábios para depositar um breve e carinhoso beijo.

Ok, talvez seu coração não tenha se acalmado tanto. Ela sentia ciúmes daquelas cenas fofas que as duas protagonizavam, mas Rachel parecia tão feliz...

Em cima do muro, Megan passou boa parte da noite. Dividida entre os ciúmes e ver Rachel incrível e intensamente alegre.

Megan sorriu para Quinn e se deu conta de que era uma boa garota.

Alguns meninos e meninas que a magoaram no passado não tinham essa noção e entendimento de como relacionamentos funcionam, e só pensavam em si mesmos, no que eles estavam sentindo. Algo como um grande e ruim ego, que ela sabia que não tinha. Apesar de doer um pouquinho, ela sorria vendo Rachel sorrir.

Ela só não esperava (e rezava para aquele mal não acontecer) se apaixonar de verdade por Rachel algum dia. Por enquanto que tudo era só uma quedinha, tudo bem. Não leve às coisas tão serias aqui, coração.

“Hey, crianças”, uma voz masculina grave se faz presente e todos olham para o homem barbudo, “Naomi, não passe dos limites hoje hein! Eu não quero ter que mandar o Jack parar de te servir bebida”, ele brinca.

“Isso não será necessário, Brad, mas obrigada por me fazer parecer uma delinquente sem responsabilidade na frente dos meus amigos”, Naomi responde fazendo todos sorrirem, “Esse é o Chad, que você já conhece, essas são Megan, Rachel e Quinn, que veio diretamente de Yale”

“Wow”, ele pega a mão de Quinn e a beija, fazendo uma reverência, “Bem vinda ao meu pub senhorita Ive League”

A loira sente suas bochechas esquentarem e cumprimenta o homem, “Seu pub é muito agradável”

Ele sorri, “Mi casa, su casa”, ele termina piscando o olho para a loira que arregala os olhos.

“Braaaaaaaaaad!”, Naomi reclama, “Isso é nojento!”

Quinn sente o vermelho inundar seu rosto, mas todos na mesa estão rindo, inclusive Rachel, então ela tenta sorrir também.

O homem levanta as duas mãos, como se estivesse se rendendo, “Brincadeira, gente, calma”, ele ri, “Eu só estava comentando, se por acaso ela não tiver aonde ficar em New York, mi casa seria su casa”

“Ela tem aonde ficar, Brad, não se preocupe”, Naomi responde enquanto olha para Quinn que parece um pimentão, “Você é que vai ficar sem lugar se continuar importunando a vida dos clientes”, ela brinca.

“Estou me retirando, já”, ele responde sorrindo, “Mas antes quero oferecer para as moças algo por conta da casa... senhoritas?”, Brad olha para Megan, Rachel e Quinn.

“Eu estou bem”, Rachel levanta seu suco.

“Eu também”, Quinn responde baixinho.

Megan apenas levanta sua cerveja – a segunda da noite e sorri para aquele simpático maluco.

“Eu aceito algo por conta da casa”, Naomi comenta diante do silêncio que se estabeleceu e todos riem, “O quê?”

“Se eu seguir esse ritmo com você, vou falir”, ele passa a mão pela barba, “Ok, mas só uma! Jackson, traga outra para Naomi”

“Yey”, ela comemora enquanto todos da mesa vêem o homem se afastar.

O garçom se aproxima alguns minutos depois com uma cerveja.

“Então, Megan... eu posso te chamar de Meg?”, Chad se dirige à Megan fazendo a morena de olhos azuis sorrir.

“Claro”

“Bom, eu já sei que você veio da Georgia cursar Teatro Musical em NYADA, que você tem alguns irmãos e que gosta de cervejas caras, além dos lindos olhos azuis que você tem”

“Wow”, Naomi dá um leve tapá no ombro da garota, “Cuidado com esse aí. É um garanhão”

Megan sorri envergonhada, “E você quer saber mais alguma coisa?”

Ele faz uma cara pensativa, “Na verdade, eu gostaria de conhecer todas vocês”, ele olha para Rachel e Quinn que estão sorrindo uma para a outra e logo passam a prestar atenção nele, “Eu faço uma pergunta e todas respondem”, ele aponta o dedo para a amiga, “Isso inclui você Naomi”

Naomi solta uma gargalhada, “Eu adoro suas perguntas... pode mandar”

“Uma coisa que vocês levariam para uma ilha deserta?”

Megan solta uma gargalhada, “Eu achei que as perguntas seriam sérias ou profundas”

“Você não conhece o Chad”, Naomi ri, “Ele é um palhaço”

“Hey garotas”, ele briga, “Eu nunca brinquei tão sério. Você, Quinn”, ele aponta para a loira.

Quinn bebe um gole do suco que pediu para acompanhar Rachel e ajeita o cabelo.

“Algum livro... Não, espera! Um álbum de fotos”

“Rachel?”, ele aponta para a morena.

“Minha coleção de CDs e DVDs da Barbra”, ela responde orgulhosa fazendo todos rirem, menos Megan.

“Não tem eletricidade na ilha, Rachel”, Brad sorri.

“Não tem importância, eu também levaria minha coleção de CDs e DVDs da Julie Andrews”, Megan responde.

“Oh, Deus, suas malucas”, Naomi brinca, “Eu levaria meu iPod e meu caderno de desenhos. Com meus lápis de cor, claro”

“Você é uma criancinha”, Chad aperta o nariz de Naomi brincando, “Eu levaria todas vocês, assim eu seria o único homem para todas vocês e o resto...”, ele para de falar depois da careta das garotas e porque Naomi arremessou o porta-guardanapos em seu rosto, “Hey, eu estava brincando”, ele ri.

“Sei”, Naomi responde colocando o objeto de novo no centro da mesa.

“Agora uma pergunta séria: alguma vez vocês quase morreram? Do tipo, quase me afoguei no lago, ou papai e mamãe me deixaram cair quando criança?”

As garotas pensam sobre e Megan é a primeira a responder.

“Eu já sofri um acidente de carro. Meu pai estava levando minha mãe até o hospital porque ela quebrou o pé e na pressa e nervosismo ele bateu em outro carro. Felizmente ninguém se machucou (mais) e chegamos no hospital até um pouco mais rápido”

Eles riram e Rachel completou, “Quando eu tinha um ano e meio eu engoli uma pecinha de um brinquedo que eu ganhei de natal. Era um pequeno microfone de uma boneca, que se desprendeu e eu engoli. Foi horrível”, a morena aperta a garganta.

“Você engoliu um microfone?”, Naomi pergunta segurando uma risada e Rachel revira os olhos.

“Eu sei que parece engraçado, mas não foi! Eu quase morri”, ela argumenta se fingindo de brava ao ver seus amigos rindo, “Q, você acredita em mim certo?”

Quinn está gargalhando do tom de voz de Rachel e Naomi.

Rachel parece ofendida e Naomi ri de sua expressão.

Ela fica tão grata que a morena tem esse tipo de amizade verdadeira com alguém. Ela se sente na obrigação de fazer com que Rachel se sinta bem diante de seus amigos, por causa do ensino médio. Por causa das torturas e todas as outras coisas que no começo, serviram para afastar Rachel das pessoas. O modo como Quinn a fez se sentir sozinha era algo que a loira nunca iria se perdoar. Mas ela tentava se redimir, e Naomi era um anjo agindo dessa forma com Rachel. Uma verdadeira amiga.

“Eu acredito em você, meu amor”


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Notas finais do capítulo

VOCÊ É BOBA, RACHEL