My dear best friend escrita por Lu Salvatore Mikaelson


Capítulo 1
I love my best friend




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Sabe quando os adultos dizem que “Amizade entre homem e mulher é impossível. Um sempre acaba se apaixonando”? Pois é, eles têm razão. Apesar de tentarmos contrariá-los acima de tudo, eles sempre têm razão.

Me chamo Anna, tenho 18 anos e moro no Rio de Janeiro, num apartamento lindo de frente para o mar, junto com meu melhor amigo de infância, Lucas. Nos conhecemos no primeiro ano do fundamental e crescemos juntos, como irmãos. Até nossas mães viraram amigas. Por isso, assim que acabamos o ensino médio, nos mudamos para esse apartamento.

Até aqui não tem problema nenhum, certo? Errado. O fato de nos conhecermos bem facilitou a paixão que eu sinto por ele. Estou apaixonada há exatamente dois anos e ele não desconfia de nada. Lucas tem ciúmes dos garotos que eu namoro e fala que nenhum deles é bom o suficiente. Ou seja, todas as vezes que eu tento esquecê-lo, ele vem com os ataques de ciúmes, eu me iludo e acabo sozinha vendo um filme qualquer no computador enquanto ele traz alguma garota totalmente desconhecida e se diverte com ela.

Ele namorou com uma garota ano passado, a Melissa, por um ano. Eles eram muito fofos juntos, apesar de eu não gostar, eu até apoiava. Depois de tanto tempo de namoro, ela terminou com ele, dizendo que queria um tempo para se divertir sem se importar com ninguém. Resultado: passei semanas vendo filmes românticos, comendo pipoca e sorvete com ele. Tudo isso porque não queria vê-lo magoado.

A questão é que ele me vê como uma amiga. Uma grande amiga. E faz tudo isso para me proteger. O que ele não sabe é que a única forma de me proteger e não me fazer ficar com raiva dele, é estando com ele.

Acordei mais uma vez com meu despertador irritante e desci para tomar café da manhã ainda de pijama. Fui até a cozinha e coloquei um pouco de chocolate quente na noite anterior no micro-ondas enquanto arrumava a mesa. Eu estava disposta a fazer Lucas me notar e contar a ele o que eu sentia. Sei que ele continuaria me vendo como a irmãzinha, mas talvez parasse de trazer aquelas garotas para casa enquanto eu estivesse aqui.

Coloquei o pão, a manteiga, o suco de laranja que ele gosta e peguei minha bebida. Sentei e fiquei esperando ele acordar. Escutei um barulho vindo da escada e sorri. Ajeitei-me na cadeira e quando achei que ele fosse passar por lá, apareceu uma garota, sem sapatos, com a roupa amassada e marcas no pescoço. E logo atrás Lucas, com os olhos de sono e marcas de batom.

Engoli o seco e a tristeza. Tomei o último gole de chocolate e assim que ele sentou da mesa eu levantei, indo em direção a pia.

–Bom dia, Anna!-ele sorriu e eu continuei olhando para a pia

–Bom dia-respondi, seca

–Acho que alguém está de mau humor. O que aconteceu?-ele perguntou chegando perto de mim e me abraçando pelas costas

–Desgruda de mim, você está cheirando perfume barato-eu o empurrei e comecei a lavar a louça.

–Anna!-ele riu- Isso tudo é ciúmes?

–Diferente de você, eu não pego no seu pé com essas garotas - eu disse com raiva.

–Você sabe que eu faço isso para te proteger. Você é minha maninha e...

–NÃO SOU SÓ SUA MELHOR AMIGA, LUCAS!-eu gritei e apertei o cabo da xícara, que quebrou- SOU UMA GAROTA DE 18 ANOS QUE VIVE COM O MELHOR AMIGO E QUE QUER TER UM NAMORADO E ALGUÉM QUE A NOTE! É DIFÍCIL ENTENDER ISSO?

Ele chegou perto de mim e me abraçou. Nossos corpos se juntaram, causando um arrepio inevitável por todo o meu corpo. Tentei me aconchegar, mas ele estava realmente cheirando mal. Afastei-me e ele me olhou.

–Está apaixonada por alguém, não é?

–Não interessa. Você não pode fazer nada.

–Eu te ajudo - ele bufou-Se isso te deixar feliz, eu te ajudo.

É você idiota, não tem como ajudar! Segurei isso dentro de mim e tentei me acalmar

–Não tem como –abaixei a cabeça e ele foi chegando mais perto, mas o contive com as mãos- Você está realmente fedendo.

Saí da cozinha e fui para meu quarto. Coloquei uma roupa de ginástica e desci. Era verão, o sol escaldante quase me cegava, o barulho do mar misturado com o dos carros estava me deixando irritada. Coloquei meu fone e esperei o sinal vermelho para atravessar para a praia. Pessoas de todas as idades andavam, corriam com cachorros, andavam de skate e bicicleta por toda a volta da praia de Copacabana.

Comecei a correr e tentar tirar a imagem do Lucas com aquela garota da minha cabeça. Eu estava prestando a atenção nas músicas e cantando mentalmente quando alguém colocou as mãos no meu ombro e me assustou.

–Calma, Anna, parece que viu um fantasma-ele riu e me abraçou.

–Foi quase isso. Você sumiu, não me ligou mais, achei que tinha morrido. Ou que foi viajar pelo mundo e nem me avisou-tirei meu fone e coloquei no bolso do short.

–Estava em São Paulo, a Carol não podia vim por conta das provas e eu, como sou um maravilhoso namorado-ele colocou a mão no peito, se gabando-, resolvi ir até lá. Vai correr ainda?

–Na verdade não, estou cansada. Vamos comigo pegar uma água de coco?-eu perguntei e ele assentiu, andando do meu lado- Me conte as novidades.

–Nada de mais. Minha vida é sempre a mesma coisa: estudos, namoro, estresse, trabalho... -ele disse e foi abaixando o tom, me fazendo rir- Isso foi sofrido demais não é?

–Completamente!-eu ri e cheguei até um quiosque- Uma água de coco, por favor -me virei para o Rodrigo e ele olhava o mar- Pensando no que?

–Como era bom quando estávamos no ensino médio-eu peguei a água e fomos em direção ao mar- Quando só nos preocupávamos em passar nas provas finais e não estudávamos para o resto-sorri, ele tinha razão.

–Pelo o menos você entrou na faculdade mesmo assim-ele riu também-Eu tenho que fazer cursinho.

–Já está acabando, Anna. Não reclama. E além do mais, você está de férias.

–Eu sei. Mas não foi isso que eu planejei. Acho que quando minha mãe ficava pegando no meu pé dizendo que eu tinha que estudar meses antes, ela estava certa.

–E você demorou todo esse tempo para descobrir?-ele riu e eu dei um leve tapa no meu ombro-Ai-ele reclamou

–Só você para me fazer rir nessas horas - nos sentamos na areia.

–Problemas com Lucas?-nem eu sabia que ele me conhecia assim

–Como sempre-bebi o coco-Não sei como, depois de dois anos, ele ainda não percebeu nada. E ainda atrapalhou TODAS as minhas relações-eu disse dando ênfase no “todas”.

–Talvez seja ciúmes - eu ri

–Já cansei de me iludir com isso. Eu ia contar para ele hoje. Eu ia contar tudo. Mas acordei e tinha mais uma garota estranha saindo de casa.

–Não desista

–Tarde demais-olhei para ele- Já sei-larguei minhas coisas no chão e puxei-o- Vamos dar um mergulho.

–Ei, não estamos em uma novela não, viu? As pessoas roubam as coisas.

–Vem logo e para de reclamar – ele me encarou e comecei a tirar minha blusa- Para de me comer com os olhos

Ele começou a tirar o short e eu também. Nossos tênis, celulares e roubas estavam na areia e nós começamos a correr em direção ao mar. Tenho sorte de sempre correr de biquíni. Pulamos na água e ela não estava gelada. O sol já tinha aquecido tudo.

Fomos mais para o fundo e nos jogamos na água novamente, me fazendo engasgar. Ele levantou e começou a rir, enquanto eu tossia feito uma louca. Joguei água nele e avisei para bater nas minhas costas.

–Ai!-gritei quando ele bateu- Não tão forte!

–Para reclamar você para de drama, não é?

–Obrigada-eu disse e passei a mão do meu cabelo-Ele já estava ruim, agora piorou.

–Você sempre teve o cabelo ruim, aceite.

–Está falando isso só porque sua namorada tem um cabelo de seda-dei de ombros

–Isso porque você nunca viu quando ela dorme com ele depois de ir para a piscina. Fica pior que o seu.

–Se ela te ouvir, você é um homem morto.

–Eu te amo, gata-ele olhou para o céu e para os lados.

–Cachorro-eu joguei água nele e saímos do mar- Vai fazer o que daqui a pouco?

–Almoçar.

–Onde?

–Sim, podemos almoçar juntos-ele disse e eu sorri- Passo na sua casa em uma hora.

–Tudo bem. Até lá-acenei e peguei minhas coisas.

De volta para minha casa, tudo estava quieto. Entrei sem fazer barulho e tentando não fazer meu cabelo pingar água no chão. Que na verdade foi uma tentativa falha, pois o chão já tinha se ensopado. Passei pela sala e encontrei Lucas sentado, vendo alguma coisa no celular. Respirei fundo e ele me olhou.

–Foi correr de um assaltante e pulou na água?

–Já saiu lá fora hoje?-ele negou com a cabeça- Está um calor do caramba! Encontrei o Ro e ficamos conversando, depois entramos na água.

–Ele terminou com a Carol?

–Não. Por quê?-ele voltou para o celular

–Cuidado, vai que ele tenta te agarrar enquanto ela está longe-bufei e tirei meus fones.

–Diferente de você, ele não fica saindo com várias. Muito menos quando está namorando. Agora, se me dá licença, vou me trocar para almoçar com ele.

–“Ele não fica saindo com várias” - ele repetiu imitando muito mal a minha voz

–Somos amigos. Como eu e você-não que eu queira ser sua amiga, pensei e ele riu sínico- Não vou discutir com você.

–Vai me deixar almoçando sozinho?

–O que aconteceu com a garota que saiu daqui hoje de manhã? Ah, esqueci-sorri irônica-, era só mais uma.

Entrei no banho e deixei que a água gelada levasse a minha raiva. O barulho das buzinas estava mais alto do que o normal, provavelmente deve ter acontecido algum acidente. Saí do banho e fechei minha porta da varanda. Coloquei uma roupa bem fresca e saí para ver o porquê das buzinas. Era realmente um acidente, como se isso fosse novidade.

Terminei de me arrumar na hora certa e o interfone tocou, avisando que o Ro estava lá em baixo. Almoçamos e passamos a tarde inteira no shopping. De noite voltei para casa e Lucas não estava lá. Passei pelo quarto dele e deitei em sua cama. Senti uma lágrima se formando no meu olho e cheirei seu travesseiro, que tinha o seu perfume. Sorri involuntariamente e escutei barulhos na porta. Escondi-me e vi-o entrar aos beijos com outra garota diferente.

Entrei no meu quarto e comecei a chorar. Eu tinha pedido para ele parar, mas o mesmo que ignorava. Tentei falar de todas as formas implícitas possíveis que estava apaixonada por ele, mas nenhuma adiantou. Demorei para dormir e quando acordei ela estava saindo de casa. Eu voltei a chorar e resolvi tomar um copo d’água gelada, quando dei de cara com ele na cozinha, só de bermuda.

Abaixei a cabeça, mas ele já tinha visto meus olhos. Peguei a água e continuávamos em silêncio, até que ele se sentou e respirou fundo.

–O que aconteceu?-resolvi contar tudo, já estava chorando mesmo.

–Estou apaixonada por uma pessoa

–Continue - eu juro que vi ele cerrar os punhos.

–Não tem o que continuar. É isso. E ele é meu amigo. Me vê apenas como amiga.

–Sabia que o Rodrigo faria isso com você-ele disse bravo

–É você, idiota!-eu gritei-Estou apaixonada por você há dois anos! Eu tentei, de todas as formas de avisar disso. E sempre que eu tentava te esquecer, você fazia algo que me deixava iludida, me fazendo desistir de tudo! E todo dia que eu chegava em casa você estava com uma vadia diferente. E eu? Eu passava a noite chorando, escutando vocês dois no seu quarto. Caralho, você é idiota! Eu tentei me afastar, mas você sempre me trazia de volta. Te ajudei quando terminou com a Melissa, mas na verdade estava com vontade de gritar e dizer o quão feliz aquilo era - ele só me encarava, sem resposta- E você só me vê como uma maldita amiga.

–Anna... -ele tentou falar alguma coisa, mas eu peguei meu celular e abri a porta- Espera...

Não o deixei terminar e desci pelo elevador. Comecei a andar sem rumo. Só segurava as lágrimas. Cansei de chorar por ele. Meu celular não ajudava: só tocava música depressiva. Peguei um táxi e fui para um shopping, onde passei a tarde, novamente.

Entrei no elevador do prédio de casa e meu coração se apertou. Eu estava me preparando mentalmente para entrar e encontrar duas pessoas se pegando e quando abri a porta tive uma surpresa.

A casa era iluminada por velas, tinham pétalas de rosas no chão e um cheiro de incenso que estava até forte. Ele tinha decorado objetos estranhos. Guarda-chuva que ficava ao lado da porta estava enfeitado com luzes de natal metade queimadas metade funcionando. O ar condicionado estava ligado, fazendo o calor do Rio de Janeiro diminuir um pouco. As lágrimas que caíam agora eram de surpresa e meu coração batia forte.

–Para de ficar parada na porta e entra logo-escutei ele dizer e eu ri

Passei pela cozinha e cheguei à sala de jantar, onde tinha uma mesa toda arrumada e ele estava parado na minha frente, sorrindo.

–O que é isso?

–Só me deixa falar - eu assenti e ele começou-Primeiro quero que me desculpe por tudo. Eu sempre fui apaixonado por você. Bem antes de você ser por mim. Mas, naquela época, você só me via como amigo. E então tentei seguir minha vida. Eu arruinei todos os seus relacionamentos porque queria que você só minha. Mas você sempre brigava comigo por fazer isso, eu sempre perdia a cabeça e acabava com qualquer uma. Eu não queria me iludir, por isso descartava todas as dicas que você me dava. Desculpe-me, mas... -ele pensou e finalmente disse às palavras que mudaram a minha vida- Eu te amo. E sei que pode ser patético ou coisa do tipo, mas não me importo. E eu corro o risco de ser rejeitando, mas vou perguntar mesmo assim: quer namorar comigo, pequena?

Eu sentia meu coração querendo sair pela boca, minhas pernas e mãos tremiam e eu já estava quase desidratada de tanto chorar. Apenas pulei em seu colo, apertando-o forte contra mim e lhe dando um beijo. O beijo que eu sempre sonhei. Meio olhado por conta das lágrimas e do meu suor, mas o melhor beijo do mundo.

–Não sei se isso responde sua pergunta, mas sim, aceito namorar com você-ele me beijou de novo e eu sorri quando nos separamos- Eu te amo - ele me deu um selinho-E sei que você fez tudo isso com carinho, mas será que pode apagar o incenso, tenho alergia-eu disse baixo como se fosse um segredo e ele riu, apagando logo em seguida.

E então nos beijamos de novo. E nos abraçamos. E sorrimos. E jantamos, conversamos, nos acalmamos e fomos dormir. Eu finalmente estava na cama dele, mas não chorando de tristeza, e sim abraçada com ele, com um sorriso tão grande que era possível fazer meu rosto rasgar.


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Notas finais do capítulo

Espero que tinha ficado legal.XOXO,Eu.



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