The Pain In Between escrita por bia souto


Capítulo 7
Chained


Notas iniciais do capítulo

...Mas é claro que eu consigo ficar um dia sem atualizar...



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Kurt se levantou lentamente da cama, sentindo o frio do outono em seu peito nu e seus pés sem meias. Ele tentou ignorar Blaine, e entrou no chuveiro, ensaboando cada parte de seu corpo com atenção desnecessária. Ao sair, foi atingido mais uma vez pela baixa temperatura, dando-o arrepios. Ele rapidamente se enrolou na toalha e começou a se secar com a outra que ficava no banheiro. Kurt entrou em seu quarto levemente mais quente e colocou sua roupa.

Ele desceu as escadas com uma calça jeans apertada preta, um colete cinza claro por cima de uma blusa social branca e suas botas pretas de cadarço. Burt e Carole estavam, como sempre, na mesa da cozinha enquanto tomavam café.

– Bom dia, Kurt. – Cumprimentou Carole, um sorriso honesto em suas feições. Kurt lhe respondeu com o olhar e um aceno da mão direita. – Eu fiz panquecas hoje. Eu e seu pai sabemos que o Alabama High não é lá muito amigável com você, então queria fazer isso para alegrar seu dia. – Ela disse, oferecendo as panquecas de blueberrie para o enteado.

– Parecem deliciosas, Carole. Muito obrigado. – Disse o castanho, e a madrasta serviu-o o café da manhã de bom grado. Kurt se sentou e colocou duas colheres de açúcar no suco de laranja que o esperava, brincando com a colher dentro do copo enquanto sonhava acordado.

Seria diferente se Blaine não tivesse morrido? Ou se ele tivesse morrido em outro lugar... Talvez Kurt também teria morrido, caso Blaine não estivesse por perto. Ou o castanho poderia estar namorando o mesmo e esperando Blaine lhe buscar de carro para os dois irem para a aula. Tudo por causa de Sebastian. Aquela vadia lhe pagava por aquilo, algum dia. Ele pode começar a esperar pela vingança de Kurt Hum-

– Kurt! – Seu pai lhe chamando o tirou de seus planejamentos. – Kurt, por favor, eu estou falando com você.

– Perdão, pai. Estava distraído. – Kurt desculpou-se, sacudindo a cabeça. – Mas o que dizia?

– Eu estava falando que você não deveria passar tanto tempo na casa de Blaine. Sei que machuca, mas Kurt, você não pode dedicar seu tempo para aquela casa. Eu entendo que ela guarda memórias, mas não se culpe por isso. Tenho certeza que Blaine não matou sua famí- – Burt parou e pensou. Ele não havia falado para Kurt que o moreno havia... feito, uhm, aquilo. Mas Kurt não parecia surpreso. – Você sabia disso, Kurt?

– ...Eu sabia, papai. Um homem me falou quando eu fui lá. Seu nome era Tate... – Merda, qual era o sobrenome de Tate? Ele tinha certeza que Blaine havia contado justo no dia anterior. – Langdon! Tate Langdon, pai. – Carole se virou.

– Tate Landgon? Cabelos loiros, olhos negros? – A mulher perguntou, e Kurt assentiu, hesitante. – Eu tratei dele quando trabalhei na ala psicológica do hospital daqui. Ele... ele morreu, Kurt. Matou vários colegas de escola com uma arma. Faz um tempo, já. – Kurt congelou. Que mundo pequeno. – Ele morava na mesma casa de Blaine, se não me engano. Era muito chique para a época, e ficaram famosos por ter tal casa.

– Kurt, o que significa isso? Você está brincando? – Burt quis saber, ficando irritado. Aquilo era obviamente uma mentira, seu filho não podia ver gente morta! Claro que não, aquilo não existia. – Me diga a verdade, garoto, aonde você passou o domingo?

– Na casa de Blaine, papai. Eu juro. – Disse o castanho, e checou as horas no celular. – Eu tenho que ir para o ponto de ônibus. Até mais, amo vocês dois! – Desculpou-se esfarrapadamente Kurt, saindo de casa correndo e deixando Burt e Carole ainda mais confusos.

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Naquela manhã, Blaine acordou com gemidos vindos do quarto ao lado, mais ou menos às onze da manhã. Ele bateu na parede fina algumas vezes e ouviu a voz de Violet mandando-o se foder. Apenas mais uma manhã normal, pensou Blaine, enquanto saía da cama quentinha. Ele olhou para a vermelhidão de seus lençóis e aquela foi a primeira vez no dia que as memórias voltaram.

Ao se livrar do pensamento, Blaine desceu as escadas após ouvir seu estômago rugir. Ben estava na cozinha, fazendo alguma coisa com o fogo das lenhas que Larry, um amigo de Tate ou algo assim, que ainda estava vivo e fornecia a casa com lenha e frios todos os dias às sete. Ben fazia um sanduíche de algo que parecia presunto enquanto bebia um copo de leite.

– Bom dia, Blaine. Larry trouxe cereal e leite hoje, o que acha? – Ofereceu o homem, e Blaine assentiu, agradecendo enquanto Ben colocava sucrilhos e leite em uma tigela redonda. – Quem é aquele menino? Burt... não é? – Perguntou, e Blaine riu baixinho.

– Não, seu nome é Kurt. Coincidentemente seu pai é quem se chama Burt. – Explicou o moreno, arrancando um sorriso de Ben. – Ele era meu melhor amigo. Fico surpreso que o senhor nunca tenha visto ele aqui antes. Costumávamos passar dias juntos aqui.

– Eu não saía muito do porão. – Respondeu, e Blaine assentiu em entendimento. – Eu e Vivien fizemos certeza que Violet conseguia aparecer e desaparecer tão bem quanto nós- é engraçado, hoje em dia ela é melhor do que eu nisso. Ela e Tate são os melhores da casa. Bom, eu ouvia algumas brigas de seus pais. – O homem parou, pensativo. – Mas acho que vi ele no porão com você alguma vez.

– Sim, nós fomos ao porão, mas foi aquela vez para nunca mais. Aposto que Beau trabalhou muito naquele susto. – Beau era o filho de Constance que havia nascido com uma deformação física. – E acredite, eu também escutava as brigas. Não se preocupe. – Blaine pegou a tigela com seu café da manhã. – Eu vou comer no meu quarto. Obrigado pelo café, e agradeça Larry por mim se o vir novamente! – Pediu o moreno, e seguiu para seu quarto. Ele sabia que não pensar em Kurt era difícil, então se rendeu e, enquanto saboreava o cereal, pensou de novo e de novo nos lábios do castanho, não se importando em sonhar acordado.

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Foi um choque para aqueles que não se formaram na antiga escola de Kurt no ano passado ver o castanho e o irmão nos corredores outra vez. Principalmente depois de Blaine. Tina, Brittany, Artie e Sam os olharam incrédulos na medida que os mesmos entravam em suas aulas junto com os amigos.

– Finn, Kurt, sejam bem vindos de volta. – Mr. Schue cumprimentou os irmãos no Glee Club daquele dia. – Tem alguma coisa que vocês gostariam de falar? Kurt, eu sei que você deve estar passando por tempos difíceis com Blaine, e- – Kurt o cortou. Ele já estava cheio de ter pessoas sentindo pena dele.

– Eu estou passando por tempos muito difíceis, Mr. Schue. E é por isso que prefiro ficar mais quieto por enquanto. Mas antes, por favor, gostaria de cantar uma coisa.

– Claro, Kurt. – Respondeu o professor, ainda incerto com a atitude do aluno. – Você tem a palavra. – Kurt sentia a curiosidade e espanto de todos os ex-amigos (convenhamos que todos perderam contato) sobre ele, mas foi até a frente da sala familiar.

Somewhere in the end of all this hate

There’s a light ahead

That shines into this grave that’s in the end of all this pain

In the night ahead

There’s a light upon this

House on a hill

Living, living still

Their intention is to kill

And they will, they will

But the children are doing fine

I think about them all the time

Until they drink the wine

And they will, they will

[...]

Kurt cantou cada palavra com emoção. Ele ainda tinha dúvidas sobre o grave de sua voz naquela música, mas deu tudo certo. A casa da música era a casa de Blaine. Ele se lembra de quando os dois, pequenos, viram vultos no porão. Vultos que agora foram descobertos para serem assassinos ou vítimas cruéis, sedentos por vingança. Bom, a maioria, pelo menos. Eles queriam matar, e matariam.

Kurt e Blaine brincavam de pique esconde quase todos os dias, independentemente de terem treze anos, mas nunca Kurt havia entrado no porão... não podia fazer mal, era só um pouco de poeira. Ele acendeu as luzes e desceu as escadas, com a mão abanando em sua frente caso houvesse alguma teia de aranha. O castanho sabia que porões eram sujos e antigos, e começou a espirrar de imediato.

– Ahá! Te ach- – Blaine começou a falar, mas sua voz falhou. Kurt congelou aonde estava. – K-Kurt, você viu aquilo? – O amigo lentamente assentiu. – Temos que checar! Pode ser um rato, e mamãe tem medo de ratos.

– Blaine, eu não vou entrar lá. Não depois do filme de terror de ontem. – Protestou Kurt, cruzando os braços. Ele sentiu as mãos de Blaine massageando seus ombros e sentiu os familiares arrepios junto com a ponta dos dedos do amigo. – Blaine, não.

– Por favor, Kurtie... – Pediu Blaine, docemente. O castanho finalmente desistiu e os dois pegaram uma lanterna cada antes de entrarem novamente no porão. – Isso vai ser tão legal!

– Blaine, fique quieto. Alguém pode estar por aqui. – O moreno reprimiu um riso e levou um tapa de Kurt. – Você- Você não sente? Parece que tem várias pessoas nos observando.

– Deixe de bobeira, Kurt. Aposto que é só seu subconsciente. – Tentou tranquilizar o castanho, mas Blaine estava com um pouco de medo também.

– Shhh, Blaine, olhe. – Kurt apontou sua lanterna para o chão, aonde havia uma bolinha vermelha. – Aquela- Aquela bola é sua?

– Não, as minhas duas estão dentro da calça, quer que eu cheque? – Brincou Blaine, recebendo mais um tapinha de Kurt. – Eu não sei de onde veio isso. – Kurt estava quieto... – Kurt? – Blaine seguiu a lanterna do amigo e viu que apontava para uma criatura com uma deformação física horrível e a bolinha vermelha.

– Blaine, corre. – Foram as únicas palavras que o mais velho conseguiu dizer, e seguiu o amigo à toda a velocidade escada acima.

O castanho secou uma lágrima e voltou a tentar prestar atenção em algo que Mr. Schue sugeria para as competições.

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Blaine se recostou na cama, rindo. Ele olhava enquanto Violet, ele e Tate jogavam Twister. A menina estava com o cabelo todo na cara, duas mãos em cada ponta do pano que estava estirado no chão, as pernas juntas, dificultando seu equilíbrio. Tate, por sua vez, tinha seu rosto enfiado na barriga de Violet, estava virado para o teto, com as mãos juntas e os pés enroscados na namorada. Eles grunhiam e queriam socar Blaine quando o moreno fazia hora para girar a roleta, mas nenhum dos dois queria desistir.

– Violet... vejamos... – Blaine disse, lentamente, na vez da amiga. Ele deu um peteleco na roleta e sorriu. – Vi, mão direita no verde. – Para o movimento ser completado, ela deveria se esquivar por baixo de Tate, e assim a loira fez, esmagando as costelas do namorado. – Como assim você consegue fazer isso?! – Indagou o moreno, e Violet tentou falar, mas seu pescoço estava agora pressionado contra o joelho de Tate.

– Blaine, por favor. – Pedia o loiro. – Gira essa merda. – O moreno obedeceu, sorrindo maliciosamente ao perceber o que o amigo deveria fazer para atingir a bola colorida sem cair.

– Pé direito... no amarelo. – Ele disse, sem deixar o sorriso cair. Violet ficou vermelha, sorrindo.

– Vá se foder, Blaine. – Resmungou Tate, colocando o rosto nos peitos da namorada pelo decote da camisa. O ranger da porta foi ouvido, mesmo do segundo andar, onde os três jogavam Twister. O moreno não pôde deixar de pensar em Kurt, mas seu amigo o tirou de suas preocupações. – Blaine, você vai girar ou não? Violet está começando a sua na minha bochecha! – Perguntou Tate, sentindo a namorada se ajustar em cima dele e um molhado na maçã de seu rosto.

– Claro, me desculpe. – Disse Blaine, e girou mais uma vez. – Violet, mão esquerda no az- – Antes que Blaine pudesse terminar, ele ouviu um baque no chão e viu um bolo de cabelos loiros e corpos, e começou a gargalhar. – Ok, minha vez! Quem caiu primeiro? – Os dois se desenroscaram e levantaram-se ajeitando suas roupas.

– Ele caiu primeiro. – Violet disse, apontando para o namorado. – O que foi? – Ela perguntou, sorrindo docemente sob o olhar brincalhão de Tate. Uma figura apareceu na porta aberta e Blaine congelou.

– Boa tarde, Blaine.

– Sebastian?


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Notas finais do capítulo

oopsie :3
desculpa, eu nem tinha planejado isso :O