O Meio-Youkai, Hakuryuu! escrita por Rodrigo Kira


Capítulo 4
Natsume


Notas iniciais do capítulo

E aí, pessoas? Bom dia, boa tarde, boa noite! Como estão?
Bem, aqui vai o próximo capítulo! Este tem um bom toque de romance (sim, eu sou um romântico, fazer o quê né? ^^)
Espero que gostem e boa leitura!



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Enquanto InuYasha e Miroku seguiam Hakuryuu, que se encontrara com a garota chamada Natsume...

Na casa de Saitou, Kagome acorda. “Hmm? InuYasha? Miroku? Hakuryuu? Pra onde eles foram?” ela pensa, sonolenta. Ela nota que o Saitou está com sua filha, Karin, olhando para Lua.

– Seus amigos foram atrás de Hakuryuu. – responde Saitou, como se lesse os pensamentos de Kagome. – Ele deve ido ver a a casa daquela garota, Natsume.

– Senhor Saitou? – ela pergunta, sem entender.

– Eu imagino que o Hakuryuu estivesse nervoso sobre vir a esta cidade, certo? – Saitou pergunta. Kagome se lembra do comportamento do amigo, quando chegavam à cidade. “Ele estava mesmo estranho. Preocupado com alguma coisa, mas não disse nada pra gente. Hakuryuu, o que aconteceu?”.

– Foi há alguns anos. – disse Saitou, virando-se para Kagome. – Aconteceu um grande incêndio que matou muitas pessoas. Hakuryuu ajudou a salvar muitas vidas e a apagar o fogo. Mas uma das pessoas que faleceram... era insubstituível para ele. Essa pessoa era uma jovem chamada Natsume.

– Natsume? – pergunta Kagome.

– Ela trabalhava em uma das bibliotecas dos templos. Não sei que tipo de relação ela tinha com Hakuryuu, mas imagino que eram muito próximos. Quando ela faleceu, ele ficou arrasado. Ninguém, nem mesmo a família de Natsume, o culpou pela morte dela. Mas parece que ele não conseguiu se perdoar.

Kagome pensa em Hakuryuu. Como aquele jovem sempre tão vivaz, forte e feliz poderia ter uma dor tão profunda em seu coração? Por quanto tempo ele mantivera aquela tristeza trancada em seu interior?

– Senhor Saitou. Pode me dizer onde ficava a casa dessa Natsume? – ela pergunta.

Enquanto isso, Hakuryuu continua abraçando Natsume. “Esse cheiro... essa voz... não tenho dúvidas... é a Natsume... a minha Natsume...”, ele pensa. Miroku e InuYasha continuam escondidos.

– Que droga! – reclama o youkai cachorro. – Quanto tempo mais eles vão ficar daquele jeito?!

– Eu não sei, mas eu nunca achei que o Hakuryuu fosse tão baixo a ponto de tentar ficar com duas mulheres ao mesmo tempo – comenta o monge.

– Você é a última pessoa que pode falar disso, monge pervertido – retruca InuYasha.

Kagome logo chega, com Shippou em seus ombros.

– Pessoal! Eu descobri porque o Hakuryuu estava estranho! É por causa de uma garota chamada Natsume, que morreu em um incêndio, no passado!

Miroku e InuYasha se mostram confusos.

– Natsume? –pergunta Miroku.

– É! O senhor Saitou disse que ela morreu quando essa parte da cidade foi incêndiada! – fala Shippou – E que o Hakuryuu ficou muito, muito triste com isso.

– Mas... como ela pode estar morta, se ela está com o Hakuryuu, bem ali? – pergunta InuYasha, confuso.

– O que?! - agora Kagome está confusa.

– O InuYasha tem razão. Eles estão abraçados ali faz um bom tempo. – Miroku aponta para o casal. Agora os quatro, Kagome, InyYasha, Shippou e Miroku, espiam Hakuryuu. Ele agora conversa com Natsume, sem que ela saia de seus braços.

– Natsume... eu senti tanto a sua falta... todos esses anos. – ele diz, com lágrimas em seus olhos, e esperança em seu coração.

– Eu sei, Hakuryuu. Mas agora estaremos juntos pra sempre... – ela lhe acaricia o rosto. Ao mesmo tempo, o outro braço de Natsume cresce e se transforma em uma lâmina, apontada para a nuca do youkai.

Quando seus amigos percebem, tentam alertá-lo.

– HAKURYUU!!! – grita InuYasha.

A lâmina se prepara para arrancar a cabeça de Hakuryuu.

– ... juntos pra sempre... NA MORTE!! – ela tenta cortar-lhe a cabeça. Quando Hakuryuu percebe, consegue se afastar a tempo. Seus amigos correm para junto dele.

– O que?! – Hakuryuu exclama, em choque. – Quem é você?!

A falsa Natsume se limita a rir, com uma voz diferente.

– K-k-k-k-k... quem você acha? Sou a sua amada Natsume, se lembra?

– MALDITO!! Se revele de uma vez! – grita InuYasha, sacando a Tessaiga.

– Hmm... InuYasha... é uma pena que seu irmão tenha falhado em te derrotar – diz a falsa garota – Mesmo com toda a ajuda que lhe dei...

– Ajuda? – InuYasha fica temporariamente confuso. – Você... é aquele tal de Naraku?!

– K-k-k-k... é um prazer finalmente conhece-lo – responde Naraku, através de Natsume.

Todos se preparam para lutar, com exceção de Hakuryuu, que permanece estático.

– Esse desgraçado do Naraku se disfarçou como a Natsume pra tentar matar o Hakuryuu! – exclama Miroku.

– Seu covarde! – exclama Kagome.

– EU VOU ACABAR COM VOCÊ, NARAKU!! – grita InuYasha – Hakuryuu, vamos!

Mas Hakuryuu continua parado, como se estivesse em transe.

– Hakuryuu! – InuYasha o chama novamente.

A boneca de Naraku continua rindo.

– K-k-k-k-k... HAHAHAHAHAHA!! Que ser mais patético! Hakuryuu, você continua preso nesse passado? Eu achei que se você visse sua amada Natsume uma última vez, talvez acordasse desse mundo de sonhos. Mas vejo que me enganei.

InuYasha volta a encarar Naraku.

– Seu maldito!! – ele salta, pronto para atacar com a Tessaiga. Um golpe e tudo estará acabado. Porém...

– PARE!! INUYASHA!!! – grita Hakuryuu.

O chamado faz InuYasha hesitar, obrigando-o a deter seu ataque.

– Hakuryuu... porque? – o youkai cachorro pergunta.

– Haahahaha! Ele não pode nem permitir que seu amigo ataque a figura dessa garota. – ri Naraku.

– CALE A BOCA!! – berra Hakuryuu.

Todos olham para o tigre.

– Seu maldito... – ele continua. – Você a matou e agora tem a ousadia de se passar pela Natsume! – uma lágrima escorre por seu rosto. – Não perdôo... NÃO PERDÔO!!

Quando Hakuryuu ergue os olhos, seu rosto está se banhando em lágrimas, a fúria ardendo em seus olhos. Ele fecha os punhos com tanta força, que pequenos filetes de sangue escorrem por suas mãos.

– NÃO VOU TE PERDOAR JAMAIS, SEU DESGRAÇADO!! – Hakuryuu ataca a falsa Natsume com suas lâminas. A energia sinistra qu ele libera lhe causa uma transformação. Mais duas listras surgem em seu rosto. Seus olhos se tornam fendas. Os caninos e garras crescem. Os pelos em seus braços crescem como se fossem a pele de um tigre.

A boneca se transforma novamente, criando várias garras e lâminas em forma de foice. E inicia o contra-ataque. Hakuryuu desvia de todos os ataques, cortando o inimigo com extrema velocidade.

– Vamos ajudar! – Miroku prepara para liberar o Buraco do Vento, mas InuYasha o impede.

– Pare, Miroku. – ele diz. – Essa luta é do Haku. Não temos o direito de nos intrometer.

Miroku assente recoloca o selo de seu braço. Eles se limitam a ver Hakuryuu atacar o inimigo com toda a sua velocidade. Pedaços de carne voam e caem como pedras. Hakuryuu se aproxima cada vez mais da falsa Natsume, sem que seu ódio desapareça por um segundo sequer. Como poderia? Naraku se passara por Natsume para iludi-lo. Hakuryuu era capaz de perdoar muitas coisas. Mas aquilo seria algo que ele jamais esqueceria.

– Vou acabar com isso agora!! – Hakuryuu anuncia. Concentrando energia sinistra em suas garras, de tal forma que parecem arder em chamas, ele dá o golpe final – GARRAS DO DEUS TIGRE!!!

Com um movimento rápido, ele faz um corte em X com suas seis lâminas, destruindo a boneca. Quando os pedaços de carne se dissipam, um totem de madeira, com um fio de cabelo enrolado, cai no chão, partido ao meio.

– Era um fantoche. – explica Miroku.

InuYasha se aproxima de seu amigo e põe a mão em seu ombro. O sol começa a raiar no horizonte, tingindo tudo com um brilho dourado, como se perdoasse o ódio de Hakuryuu.

– Agora acabou, Haku. – diz o cão.

Hakuryuu volta ao normal e recolhe suas garras. As lágrimas ainda escorrem em seu rosto.

– Não acabou, não – ele diz, quase soluçando – Nunca vai acabar, enquanto o Naraku estiver vivo.

Todos se aproximam de Hakuryuu. Como poderão acalmá-lo? Não há nada que possa lhe servir de consolo? Exausto, o youkai tigre cai de joelhos, as lágrimas agora mais intensas. Tentando se recompor, ele senta de frente para seus amigos, com a cabeça baixa, os braços apoiados sobre os joelhos e as mãos pressionando os ombros.

– A Natsume... foi a pessoa mais maravilhosa que eu já conheci – ele diz. – Quando ganhei permissão de visitar as bibliotecas...

– FLASHBACK (INÍCIO) –

.... fui logo pesquisar sobre selos mágicos, achar um jeito de libertar o InuYasha. Ela era filha do bibliotecário e passava o dia ajudando o pai. Enquanto eu lia os livros e pergaminhos, ela sempre ficava me vigiando, como se desconfiasse de mim. De começo eu não me importava, afinal, eu sou meio-youkai.

Mas aquilo logo começou a me incomodar. Todo dia eu ia até as bibliotecas e todo dia ela ficava me espiando. Por fim, um dia eu perdi a cabeça...

– VOCÊ QUER PARAR?! PELO AMOR DE DEUS!! – eu gritei, quando saí da biblioteca. – O QUE UM CARA TEM QUE FAZER PRA PODER LER EM PAZ?!

Achei que ela ia ficar apavorada, mas ele andou até mim e ficou me encarando.

– Porque você fica vindo pra cá, todo santo dia? – ela me perguntou. Mas eu já tinha perdido a paciência.

– GRRR.... Não é da sua conta, fedelha!

– Ah, vamos lá! Me conta!

– NÃO!! Me deixa em paz! Droga!!

E por muitos dias foi assim. Eu ia ler, ela me espiava e a gente começava a discutir. Ela era insuportável, mas eu também não conseguia me afastar. Com o passar dos dias, eu ficava ansioso por aquelas brigas. Eu me pegava pensando sobre que roupa ela estaria vestindo ou como arrumaria o cabelo.

Quando ela não estava na biblioteca, eu não conseguia me concentrar. O rosto dela não me saía nunca da cabeça. Quando percebi, eu já estava visitando ela em casa, e ela trazia lanches pra mim, quando eu ficava muito tempo estudando. Ela me ensinou sobre pinturas, eu ensinei sobre youkais. Ela me ensinou sobre Buda, eu ensinei como correr e brincar nas florestas. Eu não aguentava mais ficar longe dela, nem por um segundo. Só de pensar em não vê-la, meu coração doía muito.

Até que chegou o dia em que eu já tinha lido todos os livros e pergaminhos sobre selos das bibliotecas. Já era hora de eu voltar pro vilarejo e tentar libertar o InuYasha. Eu me despedi dela, na beira do rio.

– Bom, Natsume. Acho que está na hora de eu ir.

– Porque você tem que ir embora? – ela me perguntou, com lágrimas nos olhos.

– Eu tenho que cumprir uma promessa. Meu melhor amigo está selado, e eu tenho que ajudá-lo.

Ela não conseguia me encarar. Eu a abraçei com força.

– Não fique triste.

– Então, você faz uma promessa pra mim, também? Jura que vai voltar pra mim? – ela perguntou, chorando.

– Eu prometo. Voltarei pra você.

E eu cumpri essa promessa. Sempre que eu viajava, procurando um novo meio de liberar o selo, eu sempre passava na casa da Natsume. Eu contava as minhas aventuras, e corríamos pela cidade. Foi assim por vários anos. No aniversário dela, de dezoito anos, eu havia voltado mais uma vez, para vê-la e ela estava com o cabelo trançado, usando uma flor amarela. Estavámos só nós dois, sentados em uma colina, iluminada pelo pôr-do-sol. Ela descansava em meu peito, e eu a envolvia em meus braços.

– Natsume, eu tenho um presente pra você. – eu tirei do bolso um apito de madeira, meio torto. – Eu mesmo que fiz. E coloquei um pouco da minha energia sinistra nele. Sempre que você precisar de mim, é só apitar e eu virei voando pra você. Não importa onde eu esteja.

Ela segura o apito nas mãos, com muito cuidado e com lágrimas de alegria. Parecia que estava segurando um filhote de passarinho. Eu a abraçei um pouco mais forte, e disse as palavras que estavam presas no meu coração, tentando sair desesperadamente.

– Natsume, eu te amo.

Por um minuto agonizante, ela não falou nada. Então ela deitou a cabeça em meu peito e fechou os olhos, como se fosse dormir ali mesmo. E ela disse as palavras que eu mais queria ouvir.

– Eu também te amo, Hakuryuu.

Meu coração parecia que ia explodir de alegria. Nunca me senti mais feliz. Eu estava completamente apaixonado pela Natsume e ela me amava também. Tudo estava perfeito, tão perfeito, que eu queria que durasse pra sempre. Eu podia ver a nós dois, casando, vivendo juntos, e construindo uma família.

Mas eu ainda tinha que ajudar o InuYasha. Eu me sentia mal por deixar a Natsume, mas ela também não me deixava esquecer disso.

– Você prometeu que ia ajudar o seu amigo, não foi? Se você não cumprir essa promessa, eu vou ficar muito brava. – ela me dizia com uma cara séria, só pra depois mostrar aquele lindo sorriso, que eu tanto amava.

Então mais uma vez, eu ia partir em viagem, e ficaria longe da Natsume. Quando estávamos nos despedindo, ela me deteve por um momento. Ela estava meio envergonhada, mas segurava a minha mão.

– Eu... quero te dar uma coisa... antes de você ir.

– O que foi, Natsume? – eu perguntei, acariciando o rosto dela. Ela parecia nervosa em fazer aquilo... tremia um pouco, o que era engraçado pra mim. A minha Natsume, que sempre fora tão determinada e forte, agora estava tremendo? Mas todas as perguntas... ou melhor, todos os pensamentos simplesmente sumiram da minha cabeça quando ela... me beijou.

– Você ainda vai voltar pra mim, não vai? Meu Tigre Cabeça-Dura?

Eu podia ficar ali o dia todo, tentando lembrar se meu nome era Hakuryuu ou Tigre Cabeça-Dura, mas me toquei que tinha que dar uma resposta.

– C-claro... – foi a única coisa que eu consegui dizer. Ela riu de mim, e me disse pra ir embora logo.

– Vai logo. Quanto mais cedo você for, mais cedo você volta pra sua Natsume.

Então eu fui. Minha cabeça estava tão distante, que podia parecer que eu estava completamente bêbado.

Uma semana depois de eu ter deixado a cidade, eu estava em uma pequena aldeia, passando a noite na casa de um conhecido. Eu estava indo dormir... quando eu escutei o som do apito. Não pensei duas vezes. Pulei da cama e corri de volta para a cidade, saltando por entre as árvores. “O que aconteceu? Natsume! Você estará bem? Natsume!!” eram as únicas coisas nas quais eu conseguia pensar.

Foi então que eu vi a luz do fogo, despontando no horizonte, iluminando a escuridão da floresta. Eu fui o mais rápido que minhas pernas permitiam, e ainda assim, senti que não era rápido o bastante.

A casa dela e de alguns vizinhos estavam em chamas. Várias pessoas tinham se reunido pra tentar apagar o fogo e resgatar quem estivesse em perigo. No meio daquele caos, eu encontrei o senhor Saitou.

– O que aconteceu?!

– Não sei! – respondeu ele – Do nada, as casas incendiaram!

Eu entrei no fogo. Eu tinha que achar a Natsume. Eu tinha que salvá-la. Enquanto eu a procurava, resgatei uma criança, um velho, e os pais dela. Até que eu a encontrei. Uma viga tinha caído sobre suas pernas. Eu consegui erguer a viga, mas as pernas dela estavam quebradas. Eu tentei tira-la do fogo, mas as chamas nos cercaram, como se estivessemos no próprio inferno.

– Natsume, calma! Vai ficar tudo bem! – eu gritava. Hoje, percebo que estava tentando convencer a mim mesmo, e não a ela. – Você ... suas pernas... vai ficar tudo bem!

Quando eu a segurei nos braços, ela sorriu e tocou o meu rosto.

– Não vou, não. Eu fiquei presa e respirei muita fumaça. Nós dois sabemos que não tem mais jeito – ela falou, tossindo.

– Não! Natsume!! Por favor, resista! Fique comigo! Eu te amo! Por favor!! – eu implorei.

– Eu sei, Hakuryuu. Eu também te amo. Te amo muito. Mas agora, é hora de eu ir. Só vou deixar, um presente de despedida – ela disse e me beijou de novo. Os lábios dela estavam quentes e secos, com gosto de fumaça e fuligem.

Quando ela me olhou de novo, ela disse suas últimas palavras. As palavras que eu menos queria ouvir, uma última lágrima rolando pelo seu rosto...

– Adeus, meu amado meio-youkai... meu amado Hakuryuu... – e ela se foi, como se estivesse dormindo.

Eu não pude fazer nada... a não ser...

– Natsume!! Por favor, abra os olhos, Natsume!! NATSUMEEEEE!! – gritar por ela...

Mesmo cercado pelo fogo... eu só conseguia chorar e chamar por ela. Não sei quanto tempo tinha ficado lá... até que ele apareceu, do meio das chamas. O desgraçado com pele de babuíno branco.

– Hahahahaha!! Que garota mais idiota. Tudo o que eu queria eram os pergaminhos que a família dela guardava, sobre a Jóia de Quatro Almas. Mas ela preferiu gritar e soprar aquele apito ridículo. Porque tanta confusão por causa de uns míseros pergaminhos? Não tive outra escolha a não ser tomá-los e garantir que ninguém iria me deter.

Eu tentei enfrentá-lo... “Você causou esse incêndio, por causa de pergaminhos?” era o que eu queria gritar, “Você a matou por malditos pergaminhos?!”. Mas as palavras estavam presas na minha garganta... sufocadas pelas lágrimas e pela fumaça. Ele apenas riu de mim, e sumiu no meio das chamas, tão rápido quanto surgira.

Eu a levei pra fora do fogo e a entreguei aos seus pais. Pedi perdão por não ter conseguido salvar a filha deles. Se eu tivesse sido mais rápido, talvez... talvez ela tivesse sobrevivido...

– FLASHBACK (FIM) –

O sol está nascendo. Hakuryuu continua sentado, exatamente do mesmo jeito. Seus amigos olham para ele. Kagome está com lágrimas nos olhos. Shippou, triste, tenta entender tudo aquilo, com a ingenuidade que só uma criança poderia ter. Miroku o olha com compaixão. Somente InuYasha o olha com seriedade.

– Depois, é claro que tentei procurar rastros dele... – conta Hakuryuu – Pegadas, algum cheiro... mas não tinha nada. Isso foi há três anos. Quando o Jaken falou sobre aquele tal de Naraku, eu soube que era ele...

– Mas ninguém culpou você por isso, Hakuryuu! – Kagome fala.

Mas o youkai tigre balança negativamente a cabeça.

– A Natsume me chamou. Se eu não a tivesse deixado, ou se, pelo menos, tivesse sido mais rápido...

– ORA, CALE ESSA BOCA!! – grita InuYasha. – Pare de ficar se lamentando! Isso não a trará de volta! Você salvou quatro vidas naquela noite! Acha que a Natsume iria ficar satisfeita em ver você assim?!

– Cale a boca você, InuYasha – Hakuryuu responde. – Não fale como se entendesse. Aquele maldito Naraku arruinou a parte mais feliz da minha vida.

InuYasha dá um passo a frente.

– InuYasha, não! – Kagome tenta impedi-lo.

Ele se abaixa e coloca a mão sobre o ombro de Hakuryuu.

– Eu entendo, sim, Haku. – diz o meio-youkai. – Naraku trouxe problemas a todos nós. E vamos dar um fim a ele, juntos!

– InuYasha tem razão, Hakuryuu – diz Miroku, dando um passo à frente. – Vamos derrotar o Naraku juntos!

– E agora, você não está mais sozinho! – emenda Kagome. – Todos nós estamos com você!

Hakuryuu ergue a cabeça, e vê seus amigos, iluminados pelo sol nascente. InuYasha se levanta e lhe estende a mão. Hakuryuu sorri, aceitando a mão que lhe é oferecida, para ajudá-lo a se levantar. Ele se vira para o monge.

– Miroku, posso lhe pedir uma coisa? Pode rezar pela Natsume, por favor?

– É claro.

Enquanto Miroku faz a cerimônia com Shippou, Hakuryuu e os outros voltam à casa de Saitou, para se preparem para a partida. Quando Karin vê o youkai tigre, se aproxima dele, hesitante.

– Senhor Hakuryuu, posso... falar com o senhor por um momento?

– Hmm? Ah, Karin. É claro.

Eles caminham para um terreno nos fundos da casa.

– Karin – diz Hakuryuu. –, o que você quer comigo?

Ela olha para o céu, por um tempo, antes de responder.

– Sabe, quando eu tinha quinze anos, eu estava na casa de uma amiga minha. Estava tudo bem, até que um incêndio começou, do nada. A minha amiga e sua família conseguiram escapar a tempo, mas eu me apavorei com o fogo, e fiquei pra trás. Quando eu achei que ia morrer ali, alguém entrou na casa, arrebentando as paredes e me tirou do fogo.

Hakuryuu percebe que fora ele quem salvara Karin.

– Naquela... noite há três anos... aquela menina...

– Era eu. Sei que é meio tarde, mas... obrigada por ter salvo a minha vida, senhor Hakuryuu – ela diz, sorrindo. – E desde aquele dia... eu não consegui esquecê-lo. Nenhum outro rapaz me interessava...

– Karin...

– Senhor Hakuryuu, o que eu quero dizer... eu gosto muito do senhor... eu te... amo...

Hakuryuu fica sem palavras por um tempo. O que ele pode dizer? A verdade é única opção.

– Eu.. não posso.

– Senhor Hakuryuu?

– Eu perdi uma pessoa muito importante... e ainda não superei. Não estou pedindo pra que espere por mim. Você tem que viver a sua vida, Karin. Você ainda tem muito pela frente e...

– Eu espero! – Karin exclama. – Espero o tempo que for preciso! Mesmo que sejam dias ou até anos! Eu vou esperar pelo senhor Hakuryuu!!

Hakuryuu agora está totalmente contra a parede. Como explicar a Karin o que se passa em seu coração? Ele se apaixonara por uma humana e por uma falha dele, ela morrera. Hakuryuu ainda não conseguia esquecer e isso era algo que o atormentava. Ficaria para sempre preso ao passado, ou teria forças para seguir em frente? Ambos os caminhos eram perigosos. Viver no passado parecia ser mais confortável, mas uma vez lá, não haveria como sair. Por outro lado, se forçar a tocar sua vida era algo que lhe trazia insegurança e medo... quanto tempo precisaria para se recuperar e ser forte novamente? Não era algo mensurável.

– ...Eu... preciso de tempo... – ele disse. – Tem um youkai... que precisamos derrotar. Talvez seja o único jeito pra mim e para os meus amigos seguirmos em frente.

Karin tenta assimilar a resposta. Ela abrira seu coração e Hakuryuu a estava reijeitando?

– Não disse que é um “não”. – ele continuou. – A verdade é que “eu não sei”. Eu sinto muito, Karin. Muito mesmo.

Hakuryuu volta para dentro da casa, se reunir com seus amigos. Está tudo pronto para partir.

– Boa sorte em sua viagem! – diz Saitou, quando se despedem. – Cuidem-se todos e voltem sempre que quiserem.

– Obrigado, senhor Saitou – diz Hakuryuu. – Até qualquer dia desses.

InuYasha e os outros seguem pela estrada, quando Karin corre atrás deles.

– Adeus, senhor Hakuryuu!! Boa sorte e tomem cuidado! Eu espero pela volta de vocês!!

O youkai tigre acena em despedida.

– Você contou pra ele, então? – pergunta Saitou à sua filha. – Eu disse que ele ainda estava se recuperando.

– Eu sei. – responde a garota. – Mas se eu não tentasse, nunca saberia como poderia ter sido. Ele vai voltar. E eu estarei aqui.

O grupo continua sua caminhada. Pela primeira vez em dias, Hakuryuu tem um sorriso no rosto. Ele seria forte. E nunca mais estaria sozinho. Seus amigos eram sua família, e onde descansassem, seria sua casa.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Então galera? O que acharam? Comentem, comentem!
Alguém ficou emocionado com a história? Alguém chorou? Uma amiga minha que leu ficou quase às lágrimas. Considerei um sucesso pra mim, já que (embora eu me emocione muito) eu não consegui chorar.
Logo eu mando mais!



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