Eu posso suportar as brincadeiras quando você está sóbrio. Sei que tem um espírito brincalhão e piadas lhe são tão naturais quantas as palavras me são. Sei de tudo isso. Aceito isso. Mas não me venha com o seu senso de humor bêbado e estúpido. Com as piadas sujas, duras e com duplos sentidos; não apareça na minha frente quando o maldito álcool estiver te deixando "desinibido" e eu não ter a mínima noção do que seu olhar baço significa. Porque no fundo, por mais que eu acompanhe as risadas e não diga o que penso na hora, eu tenho medo desse seu lado. Não sei lidar com alguém que na maioria das vezes ao menos sabe o que está fazendo. E Deus sabe que amanhã eu vou estar te idolatrando como sempre faço. Mas não agora. Agora eu te odeio e espero que a cerveja te engasgue na próxima vez — pois haverá uma próxima, sempre há — que descer pela sua goela. Esse dia virá, fique avisado. No ritmo que as coisas estão, mais cedo do que pode imaginar, acredito. Mas enquanto esse dia não chega eu vou ficar aqui ouvindo suas piadas ridículas e rezando para que os meus medos não se concretizem.

Mas não agora. Por hora, não se aproxime de mim.