Uma Babá Sem Noção escrita por Sáskya


Capítulo 41
Capítulo: 40 - Momentos


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Estou de volta em poucos dias outra vez - se a inspiração continuar a me auxiliar, os capítulos sairão rápidos mesmo ;).
Boa Leitura!



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 Bella

Já estávamos no glorioso mês natalino: dezembro. Hoje, especificamente, era a manhã do segundo sábado do mês. Eu estava no elevador do prédio em que Emmett morava. Tínhamos ido ao mercado junto com mamãe e Adam para comprar coisas – o moreno também precisava reabastecer a casa.

Depois do nascimento dos bebês de Alice, eu só tinha visto as crianças aos finais de semana, já que a semana em si era agitada para elas. Já Edward, eu não tinha o visto mais. Nem nada mais sobre ele foi comentado. Confesso que me sentia um pouco incomodada com isso – talvez até curiosa – mas eu tentava reprimir essas coisas. Não fazia muito bem.

— Eu vou ter que ajudar Alice com a ceia natalina. As empregadas estarão de folga e só tem ela e Jasper para cuidar dos preparativos e dos filhos. – comentei, abrindo a porta do apartamento.

— Eu também posso ajudar? – perguntou Renné, enquanto nos dirigíamos para a cozinha – Não deve ser fácil ter que cuidar de dois recém-nascidos e uma ceia.

— Claro! – sorri para ela, colocando a sacola de compras em cima da bancada – Esme e Carlisle estarão chegando na próxima semana e ajudarão também.

— Já é mais um fim de ano. – suspirou Emmett, sentando no banco do balcão – Como esse ano passou rápido. Até parece que foi ontem que estávamos vendo Alice casar-se.

— É a vida, cara. – Adam disse, tocando no ombro do Emmett.

— E você, Addy? Vai passar o natal aonde?

— Ah, pelos bares da vida, apreciando um bom vinho e atrás de uma boa companhia. – sorriu de lado com um olhar distante.

— Não vai para Washington? – estranhei, afinal, os pais deles moravam lá.

— Não consegui passagens a tempo. – confessou, sentando-se ao lado de Emmett – Só tinha para o dia 26, então só estarei indo para Seattle para o ano novo.

— Poxa Addy! Eu não posso abandonar um amigo na época do natal. Você passa o natal conosco. – decidiu Emmett com o seu típico sorriso de covinhas no rosto.

Mamãe e eu nos entreolhamos e balançamos a cabeça simultaneamente. Emmett e o seu grande coração.

— Eu não sei não, Emm. – disse, coçando a nuca – O natal é uma coisa em família e...

— E nada. Você vai conosco e pronto. Alice não vai se importar. E a festa não é só dela. Apenas a casa é. – colocou com muita maestria, achando-se esperto.

Adam olhou para mim, perdido, e eu apenas dei de ombros. Não achava que Alice criaria caso.

— Então tá bom. – ele aceitou, apesar de não está muito confortável – Devo levar quantos presentes?

— Não vamos ter presentes esse ano. Alice disse que seria melhor fazer uma dinâmica. Nas palavras dela, isso seria ‘’interessante e divertido’’. – expliquei.

— E o Phill, mãe? Ele vem para cá? – perguntou Emmett, pegando uma maçã na fruteira.

— Ah, não. – negou, começando a ajeitar as compras no armário – Ele vai ficar com a família por lá.

— Ah. – Emmett franziu as sobrancelhas, mas ficou calado.

Eu, por outro lado, fiquei olhando para Renné, realizando a tarefa de forma distraída. Não que fosse muito da minha conta, mas eu tinha percebido que ela e o marido pareciam distantes.

— Vai passar quanto tempo aqui, mãe? – perguntei, escorando-me na pia e cruzando os braços.

— Talvez até o começo de janeiro. As aulas voltam por essa data. – parou, olhando para mim de forma divertida – Por quê? Está expulsando sua mãe?

Arregalei os olhos, descruzando os braços. Os rapazes riram.

— Longe de mim. Foi apenas curiosidade.

— Relaxe, Bella. – piscou um olho, bagunçando o meu cabelo – E então, o que vão querer para o almoço?

— Vocês eu não sei, mas eu tenho algo muito saboroso para mim no almoço. – começou Adam, levantando-se do seu assento – Inclusive, estou indo para casa. Ainda tenho algumas compras para organizar. – ergueu a sacola que segurava.

— Vai lá, dono do lar. – brincou Emmett, empurrando-o de leve.

Adam lhe fez uma careta divertida antes de se despedir e ir embora. Emmett saiu da cozinha minutos depois, falando que ligaria para Rose. Eu também saí da cozinha, só que com Renné expulsando-me e dizendo que o almoço seria por conta dela hoje.

Querendo tomar um banho, peguei o caminho para o meu quarto, entretanto, o som da campainha fez com que eu parasse.

— Será que o Adam esqueceu alguma coisa... – pensava comigo mesma, traçando o caminho a entrada.

Abri a porta, não encontrando ninguém. Olhei de um lado para o outro no corredor e não tinha ninguém. Quando fecharia a porta, achando que tinha sido alguma brincadeira das crianças do prédio, eis que um ponto de cor em direção ao chão prende a minha atenção.

Olhei para baixo, percebendo um buquê generoso de tulipas amarelas. Tulipas amarelas e alegres. Tulipas que me encantaram de imediato. Um pouco deslumbrada, peguei o buquê em minhas mãos, questionando-me quem diabos o tinha mandado. Procurei por entre as flores amarelas alguma pista e encontrei um papel, igualmente amarelo, bem dobrado no fundo.

Intrigada, trouxe as tulipas para dentro e fechei a porta do apartamento com o pé. Coloquei as flores em cima da mesa de centro e abri o papel, encontrando apenas uma frase.

‘’Tulipas amarelas como você gosta e vibrantes como você é.

Com amor, para Bella.’’

Infelizmente, não estava assinado e a frase estava digitada.

— Uau. – soltei, sorrindo um pouco para aquela frase.

Ok. Eu estava sorrindo muito para aquela frase. Sorrindo tipo o coringa, porque eu era boba para elogios. Quem será que foi o mandante daquelas tulipas?

Quase que instantaneamente um nome piscou em minha cabeça, mas eu me recusei a acreditar, porque, oras, por qual motivo Edward Cullen me mandaria tulipas com uma frase curta, mas impactante?

Talvez seja porque ele goste de você. Cantarolou a voz iludida da minha cabeça

— Oh, meu Deus, Isabella. Não se iluda com isso. – repreendi-me em voz alta.

Porém, não consegui conter o calor que se apossou do meu corpo com aquela possibilidade. Eu era um ser apaixonado, no final das contas.

[...]

— Uau, Jess, boate? – perguntei para ela. E mesmo que ela não pudesse me ver – porque estávamos ao telefone – arqueei as sobrancelhas.

Sim, Bella. Boate. Dança. Festa. Bebida. Diversão. Beijar. Essas coisas que os seres humanos gostam de fazer às vezes. – falou sarcasticamente.

— Ok, miss Sarcasmo. Qual a boate?

Aquela que o seu amigo gostosão é dono.

— Jess.

Qual é, Bella. Estou mentindo por acaso?— não respondi, esperando que ela prosseguisse – Bom. Está indo Pietro, Bree e eu, claro. Encontramo-nos na entrada?

— Claro. – concordei, pensando em algo – Jess será que eu posso levar um amigo?

Oh, minha nossa! Da última vez que você disse isso, apareceu com um deus grego bronzeado que me fez ter sonhos pecaminosos por uma semana! O que você vai me aprontar agora, Isabella Swan?

Ri abertamente do desespero fingindo de Jessica.

— Mulher, apaga esse teu fogo. Um italiano não faz conta do serviço?

Oh, se faz querida. Principalmente quando estamos em cima de máquina de lavar e...

— Informações demais. – interrompi antes que a louca começasse a divagar sobre a sua vida sexual.

Jess pigarreou.

Voltando aos eixos... Sim, o seu amigo pode ir. O horário é dez horas, ok? Venha carregada porque a noite vai ser nossa e a cachaça também.

— Jess!

Ela começou a rir histericamente, fazendo-me revirar os olhos.

Não de uma de puritana, senhorita ‘’eu fodi com o meu chefe’’.

— Jess. – lamuriei, colocando uma mão na testa.

Bella, querida, eu ainda acho que você deveria pegar esse homem de jeito outra vez.

— Você sabe a história. – suspirei, desenhando formas irregulares no sofá.

E também sei que você deveria pegar de novo. Conselho de amiga.— revirei os olhos, sabendo que discutir aquilo com ela seria inútil – Bom, bebê, eu preciso ir. Anne está gritando por mim de algum canto dessa casa. Ai que saudades de você por aqui, Bella.— terminou com um tom nostálgico.

Eu sorri, sentindo a mesma nostalgia que ela.

— Também sinto falta. Mande um beijo para Anne por mim, tudo bem?

Claro. Até mais, B de bitch. Quero você bem vadia sexy hoje, ok? E cuide!

— Foda-se, Jess. Beijo.

Ela riu alto, e eu desliguei o telefone antes que ela tagarelasse mais alguma coisa. A porta do apartamento foi aberta naquele momento e por ela passou Rosalie. Ela deu um grande sorriso a me ver.

— Olá, meu amor. – veio para um abraço.

— Você por aqui essa hora? – estranhei, retribuindo ao abraço.

— Bella, querida, são seis horas. – piscou os olhos rapidamente para mim como se eu tivesse algum tipo de retardo mental.

— Vadia. – resmunguei, pulando do sofá.

— Eu dou amor e carinho e é assim que sou retribuída? – Rose perguntou com falsa mágoa.

— Não é com você. Estou falando da vadia da Jessica. Ela me ligou agora para chamar-me para a boate. – expliquei, caminhando para o meu quarto.

— É de que horas? – perguntou curiosa, seguindo-me.

— Dez.

— Ah, temos tempo.

Parei, olhando para trás.

— Temos? Você está indo? – sorri, gostando da ideia.

Ela fez sinal de desdém com a mão.

— Nah, estou acabada. – suspirou – Eu só estou me escalando para arrumar você.

— Te amo. – sorri, pulando em Rose para outro abraço.

— Sinto cheiro de interesse... – brincou, afastando-se de mim para olhar-me nos olhos – Estou liberando a noitada, mas nada de chegar atrasada no trabalho na segunda, ok? Aquilo está louco por conta do final do ano e eu não tenho Alice para auxiliar-me.

Revirei os olhos, mas sorri, lembrando-me que já tinha retornado ao meu trabalho. As dores nas costelas se foram, e com elas os dois remédios passados – e que foram muito úteis.

— Rose, hoje é sábado. – fiz o favor de lembrá-la. Ela apenas mirou sua língua para mim – Que tal comermos pizza hoje? – mudei o foco da conversa, sentindo meu estômago roncar.

— Acho ótimo. – concordou, tirando seus sapatos de salto – Emmett já chegou?

— Não. Ele disse que só vem de sete horas. As coisas também ficaram apertadas na empresa com a licença de Jasper.

— Ai, meus sobrinhos congestionando o trabalho. – disse Rose com a voz transbordando em amor – Estou indo fazer uma visitinha a eles amanhã. Vamos comigo?

— Claro! – pulei feliz em poder ver os bebês da Alice outra vez (apesar de que na minha última semana de repouso e eu vivi praticamente lá, babando nos meus afilhados).

— Renné está por aqui? Quero dá um beijo nela. – sorriu com carinho. Rose realmente gostava da minha mãe e a recíproca era verdadeira.

— Ela está no quarto de Emmett.

— Eu vou lá. – falou e saiu do aposento logo em seguida.

Como aqui no apartamento só tinham dois quartos, Renné passou alguns dias dormindo no quarto de Emmett, até eu falar para ela se transferir para o meu. Eu sabia que meu irmão estava louco para que Rose voltasse a dormir com frequência aqui em casa, então como eu era a solteirona, eu cedi meu espaço. Porém, Renné só vinha para se trocar e dormir, preferindo ficar na sala, cozinha ou o quarto de Emmett.

Às vezes eu me questionava se ela fazia isso para não me perturbar de alguma forma e ficava mal com isso. Ela era minha mãe e estava corrigindo seus erros. Mas, algo em mim ainda deixava-me um pouco retesada.

Querendo espantar aqueles pensamentos, peguei meu celular para mandar uma mensagem para Adam. Sim, ele era o amigo em questão, e eu sabia que Jessica ficaria encantada por ele.

[...]

Adam e eu fomos de táxi para a Dance Night, afinal, nenhum de nós tinha pretensão em ficar sóbrio. Na verdade, eu queria mesmo era tomar bons drinques e dançar boas músicas. E o meu amigo não parecia distante do meu pensamento.

— Bella, eu adoro você um pouco mais agora. Faz tempo que eu não vou para uma balada. – comentou, enquanto descíamos do táxi após pagarmos a corrida.

— Eu também. Agora que eu estou novinha em folha – mexi-me de um lado para o outro a fim de provar o meu ponto – eu quero me divertir!

Nós sorrimos um para o outro e caminhamos lado a lado para entrada, que possuía uma pequena fila de pessoas para poder entrar. Para nossa felicidade – e economia de tempo – Jess já estava lá junto de Pietro e Bree.

Assim que eles nos avistaram, acenaram, mas logo a mão de Jess foi perdendo a força quando ela avistou quem era o meu amigo. Sua boca foi abrindo aos poucos e Pietro olhou-a de forma esquisita. Já Bree revirou os olhos.

— Boa noite gente. – cumprimentei, abraçando um de cada vez.

— Boa noite, garota bonita. Quem é o seu amigo? – minha amiga colocou, não fazendo questão de mascarar a curiosidade em sua voz.

— Esse é o Adam. Adam, esses são Jessica, Pietro e Bree. – apresentei-os, apontando para cada um respectivamente.

Jesse estendeu a mão, a qual Adam apertou com um sorriso torto, fazendo-a sorrir de forma maliciosa. Pietro a cutucou e ela fez careta para ele. A próxima da fila foi Bree, que sorriu de forma simpática e foi retribuída. Já Pietro foi um pouco de má vontade para o cumprimento, não gostando do olhar comprido de Jessica.

— Senti tanta sua falta, Bella. – Bree falou, vindo para um abraço outra vez.

— Eu também senti, baixinha. – passei a mão por seus cabelos.

Esperamos cerca de cinco minutos na fila antes de conseguirmos entrar no estabelecimento. Jessica deixou os rapazes irem à frente enquanto puxava Bree e eu para o seu lado. Percebi que, enquanto eu usava calça, cropped de mangas longas e saltos, as meninas usavam vestidos e saltos. Rose até tentou me enfiar em um de seus vestidos, mas eu sentia frio demais para usá-los – mesmo com ela insistindo que a boate era um local quente.

— Bella, eu quero saber onde você vai encontrar esses homens, porque eu preciso dá uma volta por lá. Um colírio para os olhos sempre é bom. – maliciou, dando outra olhada em Adam.

Bree e eu reviramos os olhos.

— Se você não serve para a vida de casal, porque ainda tenta? – questionei realmente interessada na questão.

— Eu não tenho uma vida de casal. – empinou o nariz – Enquanto eu não for pedida em casamento, não tenho essa vida bandida.

— Então é essa a raiz do seu problema? Casamento? – Bree perguntou, arqueando uma das sobrancelhas.

— Bom... – parou, fazendo com que Bree e eu também parássemos – Não diria que seria a raiz, mas uma das. Na verdade, eu sou uma força da natureza. – deu de ombros, achando a resposta inteligente.

Eu ri enquanto Bree resmungava algo como ‘’Doida da selva’’.

— Mas e então... Você e o Adam? Por isso que não quer pegar o gostoso Cullen? – mexeu as sobrancelhas com malícia – Quando eu digo que essa mulher esconde um vale encantado...

— Jess! – exclamei – Não vou tocar nesse assunto de novo, e Adam é só um amigo, por favor. – passei direto por ela, indo até o bar onde os meninos estavam.

Eles conversavam entre si. Talvez a tensão, imposta por Jessica de forma indireta entre eles, tivesse sido superada. Ambos tinham uma garrafa de cerveja em mãos.

— Vai dizer que não acha ele bonito? – perguntou um pouco mais baixo, enquanto Bree fazia o favor de pedir três cranberries para nós.

— Não é esse o ponto. – balancei a cabeça, olhando o ambiente ao meu redor.

A boate com um forro preto, e cheia de luzes roxas, amarelas e vermelhas espalhadas por todos os lugares, tocava uma música eletrônica alta. Muitas pessoas já se espalhavam pela pista de dança, enquanto outras se direcionavam ao bar ou então aos sofás macios espalhados em pontos estratégicos.

— Claro que é esse o ponto. – ela rebateu com veemência – O cara é bonito, provavelmente legal e você o conhece! O que custa lhe dá uns beijos?

— Não sei, talvez a falta de necessidade que eu tenho de sair me jogando em cima dos caras? – debochei, sorrindo para ela.

Jess semicerrou os olhos para mim.

— Não seja ruim, Isabella.

Revirei os olhos, pegando um dos copos de cranberry que o barman tinha acabado de deixar sobre o balcão.

— Não estou sendo ruim. – sorri inocentemente, tomando um gole da bebida.

— Eu só quero que você se divirta. – pontuou com uma pitada de comoção em sua vez.

Fiz bico, abraçando Jess apertadamente.

— Eu sei que você quer o meu bem. E vamos deixar só a noite rolar, ok? Nada de pressões. – ela assentiu com a cabeça e eu me soltei dela.

— Que tal irmos dançar? – sugeriu Pietro, olhando para nós.

— A primeira música da noite vai ser feita pelas garotas. – falou Jessica, piscando para mim e Bree.

— Então Adam e eu podemos ir encontrar algumas parceiras antes que queiram dançar conosco?

— Mova um músculo desse banco sem mim e Pietro Tardoc você será a porra de um italiano morto. – ameaçou com os olhos flamejantes para ele.

Pietro arregalou os olhos e engoliu em seco. Ao seu lado, Adam escondeu uma risada enquanto tomava outro gole de sua cerveja.

Terminávamos de beber mais outra dose de cranberry— com os meninos nos acompanhando – conversando sobre assuntos aleatórios, quando Jessica avisou que estava na hora da primeira dança, antes que caíssemos de bêbados.

No momento que nos levantamos dos bancos, uma música com uma boa batida tocou, fazendo com que Bree, Jessica e eu soltássemos gritos animados.

This Is What You Came For – Calvin Harris feat. Rihanna

Praticamente corremos até a pista de dança, formando um pequeno círculo e soltando o corpo sem preocupações, apenas aproveitando a batida e o ambiente clareada por luzes coloridas. Nós fazíamos coreografias engraçadas e riamos da nossa própria idiotice. Quanto tempo fazia mesmo que eu não me sentia assim? Livre e longe de preocupações, somente curtindo a vida e dançando.

Ao final da música, Jessica chamou os rapazes com a mão, que vieram correndo, loucos para dançarem também. Formamos um quinteto bem divertido – e graças a Deus, Jessica manteve os olhos longe de Adam, para o bem do nosso pequeno grupo.

As músicas foram passando, as bebidas foram sendo tomadas e as pessoas iam e viam da boate. Não tínhamos deixado a pista de dança muitas vezes depois da meia noite, pois estávamos altos demais para pensar em alguma coisa. Quer dizer, eu ainda me questionei onde diabos Jake estava, já que ele sempre descia para ver como estava o movimento na boate.

— Hei. – chamei um dos seguranças. Ele arqueou uma sobrancelha para mim – Onde está Jacob Black?

— O senhor Black não veio hoje.

— Não? – estranhei. Jake nunca faltava ao trabalho – Por quê? – a pergunta saiu um pouco embolada.

— Acho que isso não remete à senhorita. – sorriu forçadamente, voltando a olhar para frente.

— Grosso. – resmunguei – Eu vou dizer ao senhor Black isso. – fiz minha ameaça de bêbada, fazendo o cara balançar a cabeça.

Voltei para onde o pessoal estava com os passos firmes – eu só estava alta para falar besteiras. Porém, só encontrei Jess e Pietro se pegando com todo o fervor no meio da pista. Fiz uma careta, sentindo-me constrangida e olhei ao redor, atrás de Bree e Adam. Os achei no bar. Eles pareciam conversar algo quando um cara boa pinta chegou perto de Bree, convidando-a para dançar. Um pouco abestalhada, minha amiga foi, deixando Adam sozinho com o seu copo de bebida transparente.

— Sozinho, bonitão? – pisquei um olho para ele, sentando-me ao seu lado.

— Ninguém quer dançar comigo. – fez bico, olhando para mim de forma carente.

Eu sorri de lado, puxando-o pela mão.

— Eu faço esse sacrifício.

— Engraçadinha. – fez uma careta e eu ri.

No momento em que chegamos à pista, a música mudou para uma mais lenta, propícia para dançar em pares. Adam sorriu maliciosamente para mim e eu revirei os olhos.

— Idiota. – chamei, passando as mãos por seu pescoço e puxando seu corpo para perto do meu.

Surpreso e animado, Adam passou os braços por minha cintura. Nós começamos a nos movimentar de um lado para o outro, sorrindo feito idiotas um para o outro – a bebida era uma maravilha.

Lentamente, senti uma mão de Adam subir pela lateral do meu corpo até chegar a minha bochecha, local em que ele fez um carinho. Fechei os olhos, apreciando o gesto.

— Eu posso te beijar hoje, Bella? – sua voz saiu em sussurro sensual, muito próxima ao meu ouvido.

Abri os olhos, percebendo que ele estava próximo demais. Um tanto surpresa, eu pensei em negar, mas as palavras de Jessica mais cedo me fizeram pensar. Eu era uma jovem adulta que queria curtir um pouco a vida, que mal faria beijar alguém legal e que queria me beijar de volta? Eu não tinha compromisso com ninguém, no final das contas.

— Bom... – deixei um suspense no ar – Estou esperando.

Adam sorriu como se tivesse ganhado um belo presente e em questão de segundos os nossos lábios estavam conectados. O beijo foi tranquilo, doce e só. Não teve arco-íris, nem fogos de artifício. Foi um beijo bom, mas nada que fizesse com que eu surtasse feito louca. E eu sabia bem o motivo.

Um dia sentiria de novo a mesma sensação que sentia quando era beijada por Edward Cullen? A resposta era um pouco óbvia demais, entretanto não me deixei abalar, não naquela noite. A noite era sobre diversão, não sobre as desventuras da vida.

[...]

Algo cutucava meu ombro insistentemente acompanhado de uma voz que me chamava, parecendo muito distante em minha cabeça. Eu resmunguei algo como ‘’me deixe dormir’’, mas a pessoa não respeitou.

— BELLA!

O grito despertou-me em um átimo e eu abri os olhos, sentindo toda a claridade ao meu redor me envolver e fazendo com que tudo girasse. Meu estômago se contraiu de forma estranha e eu não precisei pensar muito para saber o que era. Corri até o banheiro mais próximo e despejei tudo o que tinha no meu estômago.

Eu estava um caco. Com uma puta dor de cabeça. Estômago ruim. Os famosos sintomas de uma ressaca.

— Com licença. – pediu Adam, vomitando na privada também.

De onde ele tinha surgido?

— Isso que eu chamo de verdadeiro show dos horrores. – caçoou Emmett, encostando-se na soleira da porta.

— Acho que eu vou morrer. – gemi, encostando a cabeça na parede fria atrás de mim e fechando os olhos.

— Pense nisso na próxima vez que sai para encher a cara.

— Fui me divertir! – corrigi com a voz débil.

— Que diversão dolorosa. – murmurou Adam.

— O que está fazendo aqui? – perguntei não me mexendo um centímetro.

— Você e ele chegaram ontem juntos, cantando e derrubando tudo o que achavam pela frente. – quem respondeu foi Rosalie e então reconheci que era ela quem me chamava – Tentei fazer com que ele fosse para casa e você para cama, mas não obtive muito êxito. Adam achou confortável o tapete da sala e você o sofá.

Eu quis rir, mas eu estava tão ferrada que meus lábios só se esticaram em um sorriso.

— Sinto-me constrangido. – Adam disse com a voz abafada.

— E deve mesmo. A porra do tapete está todo babado! – reclamou Rose, visivelmente chateada.

— Agradeça por ser apenas baba, querida. – Emmett sussurrou para ela.

Abri os olhos, tentando olhar para Rose de forma focalizada.

— Porque estava me acordando? Que horas são?

— São onze horas da manhã, Bella. E você esqueceu que íamos à casa do meu irmão hoje? – minha cunhada não parecia muito satisfeita.

— Droga. – resmunguei, lembrando-me do fato – Dê-me alguns minutos, sim? Preciso de um banho e remédios. O vômito já foi.

Levantei-me de forma trôpega e vi que Adam estendeu a mão para mim. Tentei ajudá-lo, mas tudo que aconteceu foi a minha volta para o chão – agora ao seu lado. Nós dois rimos da situação cômica.

— E então... Como foi a noite de ontem? – meu irmão questionou com curiosidade evidente no seu tom de voz.

Semicerrei os olhos, tentando me lembrar do que aconteceu ontem à noite, mas tudo que eu lembrava era de eu chegando à boate, tomando cranberry, dançando e... Tudo não passava de um borrão.

— Deve ter sido boa. Lembro de porra nenhuma. – gargalhei, sentindo-me idiota.

— Eu também não. Tudo parece desfocalizado, né? – assenti com a cabeça para as palavras de Adam.

— Depois a gente lembra. – dei de ombros, não dando importância para aquilo.

Para completar o quadro trágico, Renné apareceu com olhos preocupados para nós que estávamos no chão.

— Fiz café para eles. Estão bem? – perguntou, dirigindo-se ao meu irmão.

— Vão ficar. – garantiu, beijando a bochecha dela.

— E o Adam vai para casa, Renné. Ele já me torrou demais para um dia. – Rose colocou com a voz venenosa.

— Poxa, Rosesinha! Porque tão má comigo? – fez bico, olhando dramaticamente para a minha cunhada.

— É um dom. – retrucou despreocupadamente, olhando para as unhas pintadas de azul.

— Dane-se. Eu tenho que alimentar o Fred mesmo. – deu de ombros, conseguindo se levantar com sucesso.

Franzi o cenho.

— Quem é o Fred? – perguntei.

— O meu peixe. Eu falei dele para você.

— Falou?

— Bella, você também é má. – fez bico, parecendo está magoado

E com essa ele foi embora e eu permaneci mais alguns segundos no chão, tentando pensar que merda estava sendo aquela.

[...]

Com óculos escuros do tamanho do mundo, roupas quentes e minha mais nova companheira de moda ugg, eu segui para casa de Alice com Rose. Já estávamos na tarde de domingo e eu dei graças a Deus por isso, pois teve tempo para minha cabeça relaxar um pouco, apesar de ainda não recordar-me de muita coisa da noite passada.

— Finalmente vocês chegaram! – Alice exclamou, surpreendendo-nos ao abrir a porta.

Ela trajava um casaco rosa, calça vermelha e saltos altos com um tom marrom. Seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo alto e ela tinha maquiagem em seu rosto. Parecia muito bem para quem tinha tido bebês em um pouco menos de duas semanas. 

— Culpe a adorável madrinha dos seus filhos que resolveu sair para o mundo e só voltou às quatro da manhã para casa. – Rose sorriu de forma falsa.

— Quatro horas? Uau. – expressei-me, realmente surpresa.

— Garotas só querem se divertir, Rose, não seja abusada. – defendeu-me Alice e eu sorri por isso – Agora eu entendo esses óculos de sol. A coisa deve ter sido brava. – comentou, dando espaço para que nós entrássemos.

— Eu não lembrei quase de nada. – confessei, sentando-me em um dos sofás de Alice.

Rose bufou.

— Ok. Talvez eu esteja com um pouquinho de inveja por não ter ido encher a cara também.

— Porque não foi? – Alice estranhou.

— Bella foi com as amigas dela do antigo trabalho e o Adam. E eu tinha que organizar algumas coisas da boutique.

— Que bom que você ainda mantém contato com as meninas da mansão. – Alice disse com um sorriso satisfeito para mim.

— Elas são ótimas. – elogiei, lembrando-me das boas moças.

— Onde estão Renné e Emmett?

— Preferiram ficar em casa. Parece que tinha algo a ver com a televisão, não me recordo muito bem. – olhei para o chão, sentindo minha visão um pouco desfocada.

— Onde estão meus sobrinhos? – Rosalie partiu para o ponto que a interessava. Seus olhos brilhavam intensamente.

Confesso que me empolguei também. Já Alice revirou os olhos de forma dramática.

— Tô sentindo que estou sendo esquecida por aqui. Sei que meus filhos são lindos, mas, pô, quero atenção também. – fez biquinho, dando uma de carente.

Rose e eu a pegamos em um abraço. Alice acabou nos arrastando pelo corredor da casa, provavelmente nos levando até onde os gêmeos estavam. Percebi que na parede direita do corredor tinha sido colocado mais uma foto. Além das fotos de formatura da universidade de Alice e Jasper e do dia do casamento, agora tinha uma de ambos no jardim da casa, sentados um de frente para o outro de mãos dadas e com o olhar fixo na imensa barriga de Alice.

— Foi tirada há uns dois meses, mas o book só chegou recentemente. – comentou Alice, percebendo meu olhar.

— Eu quero ver as fotos. – pedi e Rose assentiu, também querendo a mesma coisa.

Alice apenas sorriu, abrindo a porta do seu quarto para que entrássemos. E então nos vimos uma cena muito fofa: Jasper estava sentado na cama, enquanto babava com todo zelo os filhos deitados nela.

— Aw, eles estão dormindo. – desanimou Rose em um sussurro.

Jasper percebeu a nossa presença nesse momento e se levantou para nos receber com um abraço.

— Algum problema com os seus olhos, Bella? – perguntou, olhando estranho para os grandes óculos na minha cara.

Me sentido idiota, retirei-os do meu rosto, mostrando todo o cansaço que eu carregava. Seu rosto de contraiu em uma leve careta.

— Uh, você parece péssima.

— Estou péssima. E essa merda é de Rose. – olhei feio para ela, que deu de ombros com um sorrisinho do mal nos lábios.

Minha cunhada gostava de me ver sofrer.

— Jazz, isso se chama ressaca. – Rose explicou, batendo a mão no ombro de Jasper e passando para a cama.

Sentamo-nos os quatro ao redor dos bebês, conversando aos sussurros e babando em cima daqueles seres minúsculos. Quando percebemos que eles demorariam em acordar, Alice sugeriu que fossemos conversar na sala, enquanto Jasper prepararia uma bandeja de suco e biscoitos – os empregados tinham recebido folga hoje.

— Alice, você parece ótima. – comentei ainda deslumbrada com a falta de gordura extra de Alice.

— Oh, não se engane com essas roupas largas, Bella. Eu tenho algumas gordurinhas extras por aqui que precisam ser erradicadas.

— Mas ainda parece bem para quem teve dois bebês recentemente. – Rose continuou com a minha fala.

Alice sorriu de forma prepotente.

— Obrigada. – agradeceu, cruzando as pernas – E então, faz tempo que não nos juntamos para uma boa conversa. Fiquei sabendo que saíram vocês duas e Jake e nada da Alice aqui. – fez drama com um beicinho.

— Você tinha acabado de parir duas crianças, Alice. E Bella precisava explicar algumas coisas. – Rose olhou sugestivamente para mim.

— Falando explicações... – agora era outro olhar sugestivo para mim – Eu fiquei de falar com você, mas depois de toda essa loucura com os gêmeos acabou saindo pela tangente.

Ai meu Deus...— murmurei, sentindo que não vinha coisa boa por aí.

— Você andou falando com o meu irmão? – questionou, olhando para as suas unhas despreocupadamente.

— Não... – respondi vagamente, não sabendo ao certo onde ela queria chegar.

— Mesmo? – arqueou as sobrancelhas, ainda de olho nas unhas – Nem no dia que eu tive os bebês? – subiu o olhar para mim.

Minha cara de desespero deve ter me entregado, pois Alice sorriu como o gato cheshire. Não querendo cair na sua armadilha, semicerrei os olhos.

— O que você sabe sobre isso?

— O suficiente.

— O suficiente quanto?

— O suficiente. – pontuou, descruzando os braços – A questão é: você parou para pensar no assunto?

— Não tem o que se pensar, Alice. Não sei nem se aquilo foi uma conversa direito.

— Ah, foi sim. – intrometeu-se Rose – Conte-lhe as palavras, Isabella.

Alice assentiu, esperando. Sem alternativas, contei-lhe a história que tinha contado para Rose e Jake no dia do almoço.

— E você ainda acha que não tem o que pensar, por favor, Bella. Será que passou pela a sua cabeça que o meu irmão goste de você?

Olhei de forma incrédula para Alice, perguntando-me se a gravidez pudesse ter afetado alguma parte do seu cérebro.

— Alice está se ouvindo?

— Perfeitamente.

— Seu irmão não gosta de mim, Alice. Você sabe disso. – respondi, começando a me sentir mal ao tocar naquele assunto.

Eu o odiava, essa era a verdade. Odiava lembrar-me do maldito dia, das malditas palavras despejadas com tanto desgosto, das lágrimas que derramei e do sentimento estúpido que ainda carregava comigo. Eu odiava essa merda toda, mas mesmo assim as pessoas pareciam fazer questão de lembrar-me.

Alice suspirou, percebendo que eu não estava confortável.

— Ok. Eu não vou me meter no assunto. – afirmou, balbuciando mais alguma coisa que eu não entendi – Vamos falar de outros assuntos, o que acham? – sorriu, como se não estivéssemos tendo uma conversa tensa agora há pouco.

Jasper escolheu justamente este momento para entrar na sala com a bandeja de comida e o book de fotos da Alice. Eu me perguntei se ele estava dando espaço para nós.

Provavelmente.

Para o meu alívio, a tarde se seguiu com assuntos amenos. Conversamos sobre o parto – e de como Alice ficou feliz em saber que estava no grupo das 40% gestantes que poderiam ter os seus gêmeos por parto normal —, sobre o dia a dia com as crianças – e de como era trabalhoso cuidar de dois, mesmo com ambos os pais em casa – sobre a escolha dos nomes – Chase, que lembrava a palavra ‘’cheesecake’’ para Alice, pois foi algo que ela comeu muito durante e a gravidez; e Charlotte que era a homenagem a irmã falecida de Jasper.

Com o despertar dos gêmeos, eu peguei a pequena Char no colo enquanto Rose se apossou de Chase. Claro que isso ocorreu depois de ambos comerem, pois essa tinha sido a real motivação para acordá-los. Com os bebês no colo, prosseguimos para o assunto natal e do que seria preparado para noite. Alice também mostrou uma lista de convidados e eu aproveitei a oportunidade para falar que Adam viria também, já que ele não tinha para onde ir à noite natalina. Ela me lançou um olhar estranho, mas não fez nenhum comentário – muito menos proibiu a vinda do rapaz, o que era de se esperar de Alice.

Às seis horas, Rose e eu voltamos para o apartamento de Emmett, encontrando-o tomando cerveja e assistindo jogo junto de Adam e Renné.

— Você gosta de uma manguaça, hein, Harris. – Rose semicerrou os olhos para ele.

— Tintin, Ravenna. Tintin. – tirou onda com a cara dela, ganhando um dedo do meio em troca – EU SEI QUE VOCÊ ME AMA! – gritou, quando ela passou reto para o quarto.

— Ei, rapaz, pegue leve com a minha garota. – Emmett deu uma tapinha em sua cabeça – Se quiser algo com alguém, encontre uma mulher solteira, tipo a minha irmã. – apontou para mim, piscando um olho – Ela é um bom partido.

Fiquei vermelha na hora. Que merda era aquela que Emmett estava falando? Adam pareceu irritado com algo também, pois devolveu a tapa na cabeça que Emmett tinha lhe dado. Meu irmão riu e Renné apenas olhou de cenho franzido para nós três.

— Não está mais aqui quem falou. – tirou o seu da reta, olhando para mim – Os mini-Cullens ligaram. Estão querendo saber por que você não apareceu esse fim de semana por lá e querem o retorno da ligação. Como vai falar que passou o fim de semana na bagaceira? – zombou, tomando um gole de sua cerveja.

Agora foi a minha vez de dá o dedo, só que para o outro idiota que estava presente no cômodo. Segui direto para o meu quarto, a fim de falar com as crianças. Meu coração tremeu de ansiedade, denunciando que eu estava sentindo falta delas.

[...]

A semana se passou de forma rápida e estranha. Rápida, porque os dias pareciam correr enquanto eu trabalhava, ficava ansiosa para a universidade, e ocupava meu tempo livre com receitas loucas, crianças, leituras e superficialidades da internet. E estranha, porque Adam estava estranho. E para piorar, eu sentia que tinha algo perdido em minha memória. Até cheguei a perguntar a ele se tinha acontecido algo, mas ele sempre dizia que não tinha nada demais. Também estava sendo constrangedor as indiretas que Emmett soltava sobre ele e eu formar um casal de alguma forma. Parece que meu irmão estava disposto a arrumar-me um par para o fim de ano.

De resto, as coisas estavam tranquilas. Nada de sequestros, buquês anônimos, perguntas constrangedoras ou gente louca.

Balancei a cabeça, desligando o chuveiro e pronta para enfrentar a sexta-feira. Vesti meu habitual uniforme da C&H e saí do quarto, encontrando meu irmão perfeitamente arrumado e me esperando. Renné ainda estava dormindo em meu quarto.

— Vamos?

— Vamos. Hoje eu tomo o café no Starbucks.

Emmett deu de ombros, abrindo a porta do apartamento para que nós pudéssemos sair.

[...]

Estava organizando um vestido no manequim quando o meu celular tocou. Olhei em volta, vendo se algum cliente precisava da minha ajuda. Apenas duas mulheres estavam na boutique, sendo já atendidas por Jane e Ashley. O dia tinha começado movimentado – por conta dos trajes de fim de ano – e só agora pelo final da tarde tinha dado uma trégua.

O celular tocou outra vez e eu resolvi ver quem era.

Casa Cullen.

Animada com a grande possibilidade de serem as crianças, atendi sem delongas.

Isa?— um coral de vozes chegou aos meus ouvidos, fazendo-me rir.

— Olá, queridos. Estou em horário de trabalho. O que querem? – perguntei, caminhando para mais perto da vitrine.

A gente queria te convidar para tomar um chocolate quente depois do trabalho. Você pode vim? Diz que sim!— insistiu Lily.

— Claro, querida. Por volta das seis estou aí, só não vou ficar para dormir, certo?

Tudo bem.— respondeu com uma pitada de chateação, mas ainda sim de forma animada – Beijo e te amamos!

— Amo vocês também. – sorri rendida como todas as vezes que eles falavam isso.

Desliguei o telefone no mesmo momento em que uma nova cliente entrava na boutique. E lá vamos nós. Falei em pensamento, caminhando com um sorriso simpático no rosto até ela.

[...]

Fui recebida com quatro abraços calorosos assim que passei pela porta que dava acesso a casa Cullen.

— Venha. Papai quer ver você também. Ele está na cozinha preparando os chocolates! – tagarelou Lily, puxando-me pela mão.

Parei, fazendo a pequena garota estancar também. Edward estava em casa? Edward participaria?

— Isa, você tá bem? – perguntou Peter com a preocupação colorindo a sua voz.

Pisquei os olhos, voltando para a realidade.

— Claro. – sorri para ele e deixei que Lily me carregasse para a cozinha.

Ela me deixou lá e saiu pulando e dizendo que escolheria um filme junto dos seus irmãos. Fiquei olhando para ela, até que a mesma desaparecesse do meu campo de visão. Sem alternativas, subi meu olhar, encontrando os olhos de Edward cravados em mim e um sorriso em seu rosto.

— Você parece estranha nessas roupas, mas continua linda. – disse com a voz mansa, fazendo-me corar.

— Estranha? – perguntei, não sabendo ao certo como reagir aquilo.

— É. Estou acostumada com as cores em seu corpo, não com a neutralidade. – deu de ombros, pegando algo no fogão.

— Uniformes. – murmurei, como se aquela palavra explicasse tudo.

— Eu sei como é. – sorriu, apontando com a cabeça para o paletó deixado em cima do balcão.

Eu apenas sorri para o chão, pensando que de alguma forma os ternos de Edward eram o seu uniforme de trabalho. Ele começou a colocar o chocolate quente nas canecas e eu me ofereci para ajudá-lo. Para o meu bem estar, fui aceita para colocar biscoitos dos mais diversos tipos em uma tigela – eu que não queria ficar ali assistindo a forma que Edward era lindo até colocando chocolate quente em canecas!

— Pensei que estaria na empresa. – comentei, não querendo que o silêncio nos engolisse.

— Saí mais cedo hoje. Adoro tomar chocolate quente também. – piscou um olho para mim, sorrindo largamente.

A nostalgia se apossou de mim, levando-me para as lembranças do tempo em que éramos amigos e gostávamos de implicar um com outro. Lembranças do tempo em que tínhamos uma felicidade genuína, o tempo em que tudo parecia ser mais fácil.

— Por quê? – minha pergunta saiu com tom de voz um pouco sôfrego por conta das lembranças.

Edward olhou para mim sem entender.

— Porque eu gosto de chocolate quente?

— Porque está fazendo isso. Agindo como se tudo estivesse bem entre nós, quando a verdade é totalmente outra. – sussurrei, olhando para as minhas mãos sobre a pia. Eu não queria olhar para Edward.

Entretanto, Edward não parecia pensar da mesma forma. Muito delicadamente, pegou o meu queixo com a sua mão direita, fazendo-me olhar diretamente em seus olhos. O verde estava quente e ao mesmo tempo triste.

— Porque eu quero que tudo esteja bem entre nós, Bella. Eu quero que possamos ter de novo uma boa relação. – suspirou — Por mais que não acredite você é especial para mim. E eu não quero te machucar de novo. Nunca mais, se for possível.

E então ele soltou o meu rosto, pegando a bandeja com os copos e a tigela de biscoitos e indo para fora, deixando-me sozinha com o meu coração batendo mais do que o normal.

O que você está fazendo comigo, Edward? 


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Notas finais do capítulo

Bom, sei que tem gente pensando ''nossa, como o Edward é lento'', então, não é que ele esteja lento, é que a tática dele para (re)conquistar a Bella é ir aos poucos, e não despejar a verdade logo de cara e correr o risco de levar uma tapa kkkkk. Enfim, não vou falar muito aqui nas notas finais, a única coisa que eu digo é: vamos esperar os próximos capítulos :). A bola agora é de vocês e eu quero ver muita gente nos comentários, nas recomendações, favoritos, acompanhamentos, enfim, quero ver vocês brilhando por aqui de alguma forma. O próximo capítulo sairá no sábado - ele já tá prontinho, quem sabe se alguém dê uma forcinha (cof, recomendação, cof) ele não sai antes?
Obrigada a todos que estão acompanhando e até a próxima :).



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